Diferenças entre edições de "Babylas de Antioquia"
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− | O '''Santo Hieromártir Babylas, Arcebispo de Antioquia''' (séc. III), foi um hierarca martirizado à espada junto com três crianças pelos pagãos. Sua memória é celebrada pela Igreja no dia [[4 de setembro]]. | + | O '''Santo Hieromártir Babylas, Arcebispo de Antioquia''' (séc. III), foi um hierarca martirizado à espada junto com três crianças — a mais jovem tendo somente sete anos de idade — pelos pagãos. Sua memória é celebrada pela Igreja no dia [[4 de setembro]]. |
== Vida == | == Vida == | ||
Na primeira metade do século III, Babylas era um dos mais sábios e piedosos sacerdotes da Síria. Mesmo convivendo com a hostilidade dos pagãos, Babylas era um como um farol da Fé verdadeira para seu rebanho. | Na primeira metade do século III, Babylas era um dos mais sábios e piedosos sacerdotes da Síria. Mesmo convivendo com a hostilidade dos pagãos, Babylas era um como um farol da Fé verdadeira para seu rebanho. | ||
+ | === A crise no Oriente === | ||
A Síria, embora tivesse sido conquistada pelo Império Romano no séc. I a.C., possuía uma aristocracia que confessava uma fé sincrética, o que amenizava a perseguição contra não-pagãos. Essa mesma aristocracia descendia da antiga dinastia semita de Homs (também conhecida como Emesa), sacerdotes de Baal que agora viviam na capital Antioquia. Em 218, o sírio Elagábalo (latinização de ''Ilah al-Jabal'', ou ''Deus da Montanha''), além de ser o sumo-sacerdote de Baal em Homs, tornou-se imperador de Roma e tentou sincretizar o paganismo colocando o deus Sol (Baal) no lugar de Júpiter, um dos motivos que levariam ao seu assassinato mais tarde, aos dezoito anos de idade. | A Síria, embora tivesse sido conquistada pelo Império Romano no séc. I a.C., possuía uma aristocracia que confessava uma fé sincrética, o que amenizava a perseguição contra não-pagãos. Essa mesma aristocracia descendia da antiga dinastia semita de Homs (também conhecida como Emesa), sacerdotes de Baal que agora viviam na capital Antioquia. Em 218, o sírio Elagábalo (latinização de ''Ilah al-Jabal'', ou ''Deus da Montanha''), além de ser o sumo-sacerdote de Baal em Homs, tornou-se imperador de Roma e tentou sincretizar o paganismo colocando o deus Sol (Baal) no lugar de Júpiter, um dos motivos que levariam ao seu assassinato mais tarde, aos dezoito anos de idade. | ||
Se por um lado a perseguição aos cristãos era menor na Síria em comparação às outras províncias do império, sacerdotes como Babylas também deviam lutar para manter a Fé purificada do sincretismo promovido pela aristocracia. O primo e sucessor de Elagábalo, Severo Alexandre, era igualmente sincrético, e sua mãe Júlia Mameia chegou a custear uma viagem de Orígenes a Antioquia na década de 230, com escolta do exército romano. A partir de então, cristãos passaram a ser aceitos como funcionários da província (àquele tempo chamada de Celessíria). | Se por um lado a perseguição aos cristãos era menor na Síria em comparação às outras províncias do império, sacerdotes como Babylas também deviam lutar para manter a Fé purificada do sincretismo promovido pela aristocracia. O primo e sucessor de Elagábalo, Severo Alexandre, era igualmente sincrético, e sua mãe Júlia Mameia chegou a custear uma viagem de Orígenes a Antioquia na década de 230, com escolta do exército romano. A partir de então, cristãos passaram a ser aceitos como funcionários da província (àquele tempo chamada de Celessíria). | ||
− | Naquele tempo, o Oriente romano estava fragilizado com a unificação de várias tribos persas, lideradas por um rei | + | Naquele tempo, o Oriente romano estava fragilizado com a unificação de várias tribos persas, lideradas por um rei de nome Artaxes, seguidor do zoroastrianismo. O exército de Artaxes conquistara a principal cidade da Mesopotâmia – Ctesifonte – em 224, dando início ao Império Sassânida e a uma série de ataques à Mesopotâmia romana, concentrada na cidade de Nísibis. Na década de 230, além das invasões persas, o Império Romano também enfrentou saques de tribos germânicas na Europa e esteve próximo ao colapso, num período conhecido como “crise do terceiro século”. Em meio à anarquia, o Imperador Severo Alexandre foi assassinado pelo exército romano e substituído pelo tão mais ímpio Maximino Trácio em 235, defensor da pena de morte aos cristãos. |
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+ | === A entronização de Babylas === | ||
+ | Em Antioquia, os cristãos tiveram de deixar seus cargos públicos em meio às ameaças, e foram orientados pelo então Arcebispo Zebino de Antioquia a procurarem pelo sacerdote Babylas, o qual prontamente os recebeu e consolou. O padre tornou-se como um verdadeiro pai espiritual para os antioquinos e seus filhos, ensinando-os na Fé e nas virtudes divinas. No final da década de 230, o Arcebispo Zebino adoeceu e repousou no Senhor, e os cristãos, certos de que não havia ninguém maior que Babylas para pastorear o rebanho antioquino, elegeram-no arcebispo em unanimidade. | ||
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+ | Durante seu arcebispado, os impérios Romano e Sassânida realizaram um acordo, finalmente trazendo paz à guerra no Oriente. A corte do rei sassânida Shapur I (240–270) enviou um jovem da família real a um certo governador romano Numeriano, para que fosse criado e educado na corte romana, como um sinal sincero do lado sassânida de que a paz prevalecesse. | ||
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+ | Numeriano era, na verdade um tirano. Certo dia, para agradar aos pagãos e impulsionar sua fama, tomou a criança e golpeou-a até a morte com suas próprias mãos na presença do imperador, o qual visitou Antioquia justamente para esse fim. Depois, levaram seu corpo ao principal templo pagão de Antioquia e ofereceram-no aos ídolos. | ||
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+ | A alegria dos pagãos, cegos em idolatria, pôde ser ouvida por toda a cidade. Ainda com as mãos manchadas do sangue inocente, o imperador decidiu realizar um comício, visitando diversos lugares em busca de aclamação popular. Finalmente, esperando o mesmo dos cristãos, o cortejo do imperador chegou às portas da igreja no momento em que São Babylas orava com os fiéis. | ||
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+ | Quando soube quem estava à porta, o hierarca interrompeu o ofício e foi a encontro do imperador.<ref group=nota>Embora incerto, é possível que o referido imperador fosse Filipe, o Árabe, que governou de 244 a 249.</ref> São Babylas corajosamente censurou o tirano, dizendo que um idólatra como ele jamais poderia entrar em um templo onde o Deus Uno e Verdadeiro fosse glorificado. O imperador, envergonhado pela repreensão em frente a tantas pessoas, dispensou seus soldados e retornou ao seu palácio, em busca de vingança. | ||
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+ | Nesse dia, o santo ensinou aos cristãos por palavras e ações que nenhum homem — por mais importante que seja — pode ultrapassar os limites da autoridade a ele concedida por Deus, bem como mostrou aos seus sacerdotes como utilizar de sua autoridade clerical para impedir que a presença dos tiranos macule os templos de Deus. | ||
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+ | === Vingança === | ||
+ | No dia seguinte, um grupamento de soldados posicionou-se em frente à igreja onde São Babylas se encontrava, e leram em voz alta a sentença de que o hierarca seria conduzido ao tribunal da província. | ||
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+ | Chegando lá, o santo foi feito réu pelos juízes pagãos, e o imperador subiu ao púlpito do tribunal para “repreendê-lo” pelo desrespeito. Após falsamente incriminá-lo de uma série de delitos — afinal, o imperador tinha pleno poder de interpretar as leis —, o tirano determinou como única opção que o arcebispo deveria oferecer sacrifício aos ídolos. São Babylas prontamente recusou fazer tamanha blasfêmia, e foi acorrentado e jogado na prisão. | ||
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+ | Em reunião com os magistrados, o imperador decidiu que, devido à sua posição, São Babylas não seria punido; antes, assistiria o seu próprio rebanho receber a condenação. Dessa forma, o imperador acreditava que a tortura psicológica faria-o ceder e oferecer sacrifício aos deuses pagãos. | ||
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+ | Em Antioquia havia uma certa Cristódula, uma das mais honráveis cristãs da cidade, a qual já havera sofrido perseguição por sua Fé em tempos passados e tinha São Babylas como um pai na Fé. Por decisão do imperador, o exército cercou sua casa e levou-a junto com seus três filhos para a prisão, os quais não demonstraram nenhum tipo de relutância. | ||
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+ | Urbano era o filho mais velho, e tinha doze anos de idade. Prilidiano possuía nove, e Hipolino, o mais novo, sete. Os três jovens foram brutalmente chicoteados em frente à mãe e o hierarca, porém suportaram às torturas com a certeza de que sofriam por Cristo. Todos permaneceram inabaláveis em sua confissão de Fé e, com o cansaço dos algozes, foram levados às celas da prisão. | ||
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+ | Novamente envergonhado — dessa vez por crianças —, o imperador retirou-se e, no dia seguinte, ordenou que as três santas crianças fossem decapitadas. São Babylas, então, encorajou-as e ensinou tudo o que ainda restava sobre a Fé, e os três jovens foram martirizados à espada, herdando a vida eterna e intercedendo para sempre por nós. | ||
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+ | Em seguida, São Babylas inclinou sua cabeça, e foi da mesma forma martirizado, ascendendo aos Céus junto com as crianças e transformando suas relíquias em uma fonte de bens aos cristãos, como testemunho constante de seu heroísmo. | ||
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+ | == Pós-vida == | ||
+ | Como última tentativa de exibir seu poder, o imperador jogou os quatro corpos em via pública para que todos vissem o destino de quem ousasse envergonhar o Império. Os cristãos, porém, fortalecidos com os ensinamentos transmitidos por seu arcebispo, tomaram aquelas relíquias e as enterraram na igreja com grande piedade. Mesmo com a perseguição que viria a eclodir sob o futuro Imperador Décio (249–251) e a grande perseguição de Diocleciano (284–305), as relíquias de São Babylas serviram de consolo e encorajamento a todos os cristãos da Síria. | ||
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+ | === Igreja de São Babylas em Antioquia === | ||
+ | Na era de Constâncio II (337–361), filho de [[Constantino, o Imperador|São Constantino, o Grande]], seu primo Galo foi confiado para governar as províncias orientais do Império, recebendo o nome de Constâncio Galo e passando a residir em Antioquia. Galo, como cristão, manteve a memória de São Babylas viva em sua mente e, sempre que possível, visitava suas santas relíquias. Na década de 350, Galo organizou a transladação das relíquias de São Babylas para uma igreja construída em sua honra, em um bairro chamado Daphne. | ||
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+ | Esse bairro recebera esse nome devido à lenda pagã da ninfa de mesmo nome, que apontava ali como o lugar onde ela havia sido transformada num louro para ser salva de Apolo, inflamado de paixão carnal por ela. Havia nesse bairro um templo pagão com um ídolo de Apolo, que alegadamente era capaz de revelar o futuro. Entretanto, após a consagração da Igreja, o demônio que residia na estátua tornou-se silente e cessou de “revelar” o futuro. | ||
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+ | Na década seguinte, outro primo de São Constantino usurpou o Império e lançou uma ferrenha perseguição contra os cristãos. | ||
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+ | == Notas == | ||
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[[en:Babylas of Antioch]] | [[en:Babylas of Antioch]] |
Edição atual desde as 15h17min de 11 de novembro de 2024
São Babylas | |
Arcebispo de Antioquia | |
Ὁδοὶ δύο εἰσί· μία τῆς ζωῆς, ϗ μία τοῦ θανάτου. Esse artigo faz parte de uma série sobre os Santos dos Primeiros Séculos | |
Século I | |
Abílio • Dionísio • Hieroteu • Leuco, Calínico e Ciríaco Lídia • Nicandro • Pancrácio • Processo e Martiniano Torpes e Evélio • Zenaide e Filonila | |
Século II | |
Bucólio • Eleuthérios • Felicidade • Glicéria • Hegésipo Inácio • Jacinto • Leonila • Paraskeví Policarpo • Proclo e Hilário | |
Século III | |
Dez de Creta • Ágata • Aglaida e Bonifácio • Alexandre Babylas • Cipriano e Justina • Espiridião • Nicéforo Pansófio • Perpétua e Felicidade • Polieuto e Nearco Tatiana • Temístocles | |
Século IV | |
Jorge, o Vitorioso | |
Quarenta de Sebaste • Bárbara • Catarina • Ciro e João Clemente • Dimitrios • Elian • Eufêmia • Eugênio Eulália e Júlia • Luciano • Panteleimon • Procópio • Teodoro Trófimo e Teófilo |
O Santo Hieromártir Babylas, Arcebispo de Antioquia (séc. III), foi um hierarca martirizado à espada junto com três crianças — a mais jovem tendo somente sete anos de idade — pelos pagãos. Sua memória é celebrada pela Igreja no dia 4 de setembro.
Índice
Vida
Na primeira metade do século III, Babylas era um dos mais sábios e piedosos sacerdotes da Síria. Mesmo convivendo com a hostilidade dos pagãos, Babylas era um como um farol da Fé verdadeira para seu rebanho.
A crise no Oriente
A Síria, embora tivesse sido conquistada pelo Império Romano no séc. I a.C., possuía uma aristocracia que confessava uma fé sincrética, o que amenizava a perseguição contra não-pagãos. Essa mesma aristocracia descendia da antiga dinastia semita de Homs (também conhecida como Emesa), sacerdotes de Baal que agora viviam na capital Antioquia. Em 218, o sírio Elagábalo (latinização de Ilah al-Jabal, ou Deus da Montanha), além de ser o sumo-sacerdote de Baal em Homs, tornou-se imperador de Roma e tentou sincretizar o paganismo colocando o deus Sol (Baal) no lugar de Júpiter, um dos motivos que levariam ao seu assassinato mais tarde, aos dezoito anos de idade.
Se por um lado a perseguição aos cristãos era menor na Síria em comparação às outras províncias do império, sacerdotes como Babylas também deviam lutar para manter a Fé purificada do sincretismo promovido pela aristocracia. O primo e sucessor de Elagábalo, Severo Alexandre, era igualmente sincrético, e sua mãe Júlia Mameia chegou a custear uma viagem de Orígenes a Antioquia na década de 230, com escolta do exército romano. A partir de então, cristãos passaram a ser aceitos como funcionários da província (àquele tempo chamada de Celessíria).
Naquele tempo, o Oriente romano estava fragilizado com a unificação de várias tribos persas, lideradas por um rei de nome Artaxes, seguidor do zoroastrianismo. O exército de Artaxes conquistara a principal cidade da Mesopotâmia – Ctesifonte – em 224, dando início ao Império Sassânida e a uma série de ataques à Mesopotâmia romana, concentrada na cidade de Nísibis. Na década de 230, além das invasões persas, o Império Romano também enfrentou saques de tribos germânicas na Europa e esteve próximo ao colapso, num período conhecido como “crise do terceiro século”. Em meio à anarquia, o Imperador Severo Alexandre foi assassinado pelo exército romano e substituído pelo tão mais ímpio Maximino Trácio em 235, defensor da pena de morte aos cristãos.
A entronização de Babylas
Em Antioquia, os cristãos tiveram de deixar seus cargos públicos em meio às ameaças, e foram orientados pelo então Arcebispo Zebino de Antioquia a procurarem pelo sacerdote Babylas, o qual prontamente os recebeu e consolou. O padre tornou-se como um verdadeiro pai espiritual para os antioquinos e seus filhos, ensinando-os na Fé e nas virtudes divinas. No final da década de 230, o Arcebispo Zebino adoeceu e repousou no Senhor, e os cristãos, certos de que não havia ninguém maior que Babylas para pastorear o rebanho antioquino, elegeram-no arcebispo em unanimidade.
Durante seu arcebispado, os impérios Romano e Sassânida realizaram um acordo, finalmente trazendo paz à guerra no Oriente. A corte do rei sassânida Shapur I (240–270) enviou um jovem da família real a um certo governador romano Numeriano, para que fosse criado e educado na corte romana, como um sinal sincero do lado sassânida de que a paz prevalecesse.
Numeriano era, na verdade um tirano. Certo dia, para agradar aos pagãos e impulsionar sua fama, tomou a criança e golpeou-a até a morte com suas próprias mãos na presença do imperador, o qual visitou Antioquia justamente para esse fim. Depois, levaram seu corpo ao principal templo pagão de Antioquia e ofereceram-no aos ídolos.
A alegria dos pagãos, cegos em idolatria, pôde ser ouvida por toda a cidade. Ainda com as mãos manchadas do sangue inocente, o imperador decidiu realizar um comício, visitando diversos lugares em busca de aclamação popular. Finalmente, esperando o mesmo dos cristãos, o cortejo do imperador chegou às portas da igreja no momento em que São Babylas orava com os fiéis.
Quando soube quem estava à porta, o hierarca interrompeu o ofício e foi a encontro do imperador.[nota 1] São Babylas corajosamente censurou o tirano, dizendo que um idólatra como ele jamais poderia entrar em um templo onde o Deus Uno e Verdadeiro fosse glorificado. O imperador, envergonhado pela repreensão em frente a tantas pessoas, dispensou seus soldados e retornou ao seu palácio, em busca de vingança.
Nesse dia, o santo ensinou aos cristãos por palavras e ações que nenhum homem — por mais importante que seja — pode ultrapassar os limites da autoridade a ele concedida por Deus, bem como mostrou aos seus sacerdotes como utilizar de sua autoridade clerical para impedir que a presença dos tiranos macule os templos de Deus.
Vingança
No dia seguinte, um grupamento de soldados posicionou-se em frente à igreja onde São Babylas se encontrava, e leram em voz alta a sentença de que o hierarca seria conduzido ao tribunal da província.
Chegando lá, o santo foi feito réu pelos juízes pagãos, e o imperador subiu ao púlpito do tribunal para “repreendê-lo” pelo desrespeito. Após falsamente incriminá-lo de uma série de delitos — afinal, o imperador tinha pleno poder de interpretar as leis —, o tirano determinou como única opção que o arcebispo deveria oferecer sacrifício aos ídolos. São Babylas prontamente recusou fazer tamanha blasfêmia, e foi acorrentado e jogado na prisão.
Em reunião com os magistrados, o imperador decidiu que, devido à sua posição, São Babylas não seria punido; antes, assistiria o seu próprio rebanho receber a condenação. Dessa forma, o imperador acreditava que a tortura psicológica faria-o ceder e oferecer sacrifício aos deuses pagãos.
Em Antioquia havia uma certa Cristódula, uma das mais honráveis cristãs da cidade, a qual já havera sofrido perseguição por sua Fé em tempos passados e tinha São Babylas como um pai na Fé. Por decisão do imperador, o exército cercou sua casa e levou-a junto com seus três filhos para a prisão, os quais não demonstraram nenhum tipo de relutância.
Urbano era o filho mais velho, e tinha doze anos de idade. Prilidiano possuía nove, e Hipolino, o mais novo, sete. Os três jovens foram brutalmente chicoteados em frente à mãe e o hierarca, porém suportaram às torturas com a certeza de que sofriam por Cristo. Todos permaneceram inabaláveis em sua confissão de Fé e, com o cansaço dos algozes, foram levados às celas da prisão.
Novamente envergonhado — dessa vez por crianças —, o imperador retirou-se e, no dia seguinte, ordenou que as três santas crianças fossem decapitadas. São Babylas, então, encorajou-as e ensinou tudo o que ainda restava sobre a Fé, e os três jovens foram martirizados à espada, herdando a vida eterna e intercedendo para sempre por nós.
Em seguida, São Babylas inclinou sua cabeça, e foi da mesma forma martirizado, ascendendo aos Céus junto com as crianças e transformando suas relíquias em uma fonte de bens aos cristãos, como testemunho constante de seu heroísmo.
Pós-vida
Como última tentativa de exibir seu poder, o imperador jogou os quatro corpos em via pública para que todos vissem o destino de quem ousasse envergonhar o Império. Os cristãos, porém, fortalecidos com os ensinamentos transmitidos por seu arcebispo, tomaram aquelas relíquias e as enterraram na igreja com grande piedade. Mesmo com a perseguição que viria a eclodir sob o futuro Imperador Décio (249–251) e a grande perseguição de Diocleciano (284–305), as relíquias de São Babylas serviram de consolo e encorajamento a todos os cristãos da Síria.
Igreja de São Babylas em Antioquia
Na era de Constâncio II (337–361), filho de São Constantino, o Grande, seu primo Galo foi confiado para governar as províncias orientais do Império, recebendo o nome de Constâncio Galo e passando a residir em Antioquia. Galo, como cristão, manteve a memória de São Babylas viva em sua mente e, sempre que possível, visitava suas santas relíquias. Na década de 350, Galo organizou a transladação das relíquias de São Babylas para uma igreja construída em sua honra, em um bairro chamado Daphne.
Esse bairro recebera esse nome devido à lenda pagã da ninfa de mesmo nome, que apontava ali como o lugar onde ela havia sido transformada num louro para ser salva de Apolo, inflamado de paixão carnal por ela. Havia nesse bairro um templo pagão com um ídolo de Apolo, que alegadamente era capaz de revelar o futuro. Entretanto, após a consagração da Igreja, o demônio que residia na estátua tornou-se silente e cessou de “revelar” o futuro.
Na década seguinte, outro primo de São Constantino usurpou o Império e lançou uma ferrenha perseguição contra os cristãos.
Notas
- ↑ Embora incerto, é possível que o referido imperador fosse Filipe, o Árabe, que governou de 244 a 249.
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