Torpes de Pisa
Santos Torpes e Evélio | |
de Pisa | |
Ὁδοὶ δύο εἰσί· μία τῆς ζωῆς, ϗ μία τοῦ θανάτου. Esse artigo faz parte de uma série sobre os Santos dos Primeiros Séculos | |
Século I | |
Abílio • Dionísio • Hieroteu • Leuco, Calínico e Ciríaco Lídia • Nicandro • Pancrácio • Processo e Martiniano Torpes e Evélio • Zenaide e Filonila | |
Século II | |
Bucólio • Eleuthérios • Felicidade • Glicéria • Hegésipo Inácio • Jacinto • Leonila • Paraskeví Policarpo • Proclo e Hilário | |
Século III | |
Dez de Creta • Ágata • Aglaida e Bonifácio • Alexandre Babylas • Cipriano e Justina • Nicéforo • Pansófio Perpétua e Felicidade • Polieuto e Nearco • Spyridon Tatiana • Temístocles | |
Século IV | |
Jorge, o Vitorioso | |
Quarenta de Sebaste • Bárbara • Catarina • Ciro e João Clemente • Dimitrios • Elian • Eufêmia • Eugênio Eulália e Júlia • Luciano • Panteleimon • Procópio • Teodoro Trófimo e Teófilo |
O Santo Mártir Torpes de Pisa (séc. I) foi martirizado durante a Perseguição de Nero. Sua paixão foi responsável pela conversão do Santo Mártir Evélio de Pisa. São Torpes é um dos padroeiros dos navegadores, especialmente do litoral italiano ao lusitano. A Igreja celebra a memória de São Torpes nos dias 29 de abril e 17 de maio e a de Santo Evélio em 11 de maio.
Vida
Torpes nasceu no século I, e exercia a carreira militar sob o Imperador Nero (54–68), pertencendo à corte real em Pisa na Toscana. Em 60, quando o santo Apóstolo Paulo chegou em Roma e anunciou Jesus Cristo aos pagãos, Torpes estava lá, e fez parte dos que renunciaram os ídolos e se converteram. Em 64, quando Roma foi devastada pelo Grande Incêndio, Nero culpou os cristãos pela destruição da cidade, e deu início a uma perseguição que culminou em inúmeros martírios, inclusive o de São Paulo.
De volta a Pisa, uma comemoração à deusa Diana estava ocorrendo (provavelmente era a Nemorália, que ocorria anualmente em agosto), e Torpes recusou juntar-se à procissão. Sendo pressionado, o guerreiro corajosamente confessou-se cristão, e foi jogado ao cárcere pelos outros oficiais do imperador. Quando Nero soube que alguém tão próximo dele havia se convertido a Cristo, não quis executá-lo, mas tentou persuadi-lo a renunciar sua Fé, oferecendo grandes honras no império.
Torpes passou muitos dias na prisão em profunda oração, persistindo firmemente em sua confissão e preferindo as torturas da prisão às honras de Nero. Este finalmente desistiu, e ordenou que o mártir fosse jogado às bestas num anfiteatro na Toscana. Chegado o dia, amarraram-no e soltaram as bestas. O leão mantinha distância do mártir, como se algo o protegesse, e o leopardo nada fez senão lamber-lhe os pés. Os presentes maravilharam-se com aquilo, e Evélio, um dos conselheiros do imperador, proclamou-se cristão imediatamente após o milagre, e foi encarcerado junto de Torpes.
Na prisão, Evélio foi catequizado por Torpes, e permaneceu fiel a Cristo em todas as tribulações. Em 29 de abril de c. 65, São Torpes foi levado pelos carrascos às margens de Pisa, e entregou seu pescoço à espada, sendo gloriosamente ajuntado por Deus ao coro dos santos mártires. Duas semanas depois, em 11 de maio, Santo Evélio também entregou sua alma ao Senhor, e foi decapitado.
Pós-vida
Os juristas, querendo evitar que o corpo de São Torpes fosse tomado como relíquia pelos cristãos, ordenaram mais uma pena ao santo. Igualando-o a um assassino, seu corpo morto foi jogado dentro de um pequeno barco junto de um galo e um cão, com destino ao Mar Mediterrâneo. À medida que a fome se apoderasse do galo e do cão, ambos devorariam seu corpo, até que ultimamente se devorariam, acabando com quaisquer restos que sobrassem. Já a cabeça do santo foi jogada no Rio Arno, ao sul de Pisa, para ser devorada pelas criaturas do mar.[nota 1]
Alguns dias depois, uma piedosa cristã de nome Celerina que vivia no litoral da Provença, a trezentos quilômetros da Toscana, viu em sonho o barco com o corpo do santo chegando no golfo onde residia. De fato, no dia seguinte, 17 de maio, a cristã foi ao litoral e viu o barco encalhado. Nem o cão nem o galo haviam tocado no corpo para se alimentar, tamanha era sua santidade. Logo em seguida, todo o vilarejo festejou as bênçãos do santo, e passaram a chamar a vila como São Torpes, sendo esse o seu nome até hoje. (ver fotos) Desde então, há quase dois milênios, uma procissão anual é feita por toda a vila em honra ao santo. (ver vídeo)
Notas
- ↑ Durante o Império Romano, a poena cullei era aplicada a patricidas (assassinos de parentes próximos), os quais eram fechados num saco de couro junto com um galo, um cão, uma cobra e um macaco (os animais podiam variar) e, por fim, esse saco era jogado e esquecido no mar. O intuito era que o culpado fosse devorado pelos animais, e estes se devorassem a si mesmos em seguida.