Diferenças entre edições de "Babylas de Antioquia"

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O '''Santo Hieromártir Babylas, Arcebispo de Antioquia''' (séc. III), foi um hierarca martirizado à espada junto com três crianças pelos pagãos. Sua memória é celebrada pela Igreja no dia [[4 de setembro]].
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O '''Santo Hieromártir Babylas, Arcebispo de Antioquia''' (séc. III), foi um hierarca martirizado à espada junto com três crianças — a mais jovem tendo somente sete anos de idade — pelos pagãos. Sua memória é celebrada pela Igreja no dia [[4 de setembro]].
  
 
== Vida ==
 
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Revisão das 05h31min de 11 de novembro de 2024

São Babylas
miniatura
Arcebispo de Antioquia

Ὁδοὶ δύο εἰσί·
μία τῆς ζωῆς,
ϗ μία τοῦ θανάτου.


Esse artigo faz parte de uma série sobre os
Santos dos Primeiros Séculos
Século I
AbílioDionísioHieroteuLeuco, Calínico e Ciríaco
LídiaNicandroPancrácioProcesso e Martiniano
Torpes e EvélioZenaide e Filonila
Século II
BucólioEleuthériosFelicidadeGlicériaHegésipo
InácioJacintoLeonilaParaskeví
PolicarpoProclo e Hilário
Século III
Dez de CretaÁgataAglaida e BonifácioAlexandre
BabylasCipriano e JustinaEspiridiãoNicéforo
PansófioPerpétua e FelicidadePolieuto e Nearco
TatianaTemístocles
Século IV
Jorge, o Vitorioso
Quarenta de SebasteBárbaraCatarinaCiro e João
ClementeDimitriosElianEufêmiaEugênio
Eulália e JúliaLucianoPanteleimonProcópioTeodoro
Trófimo e Teófilo

O Santo Hieromártir Babylas, Arcebispo de Antioquia (séc. III), foi um hierarca martirizado à espada junto com três crianças — a mais jovem tendo somente sete anos de idade — pelos pagãos. Sua memória é celebrada pela Igreja no dia 4 de setembro.

Vida

Na primeira metade do século III, Babylas era um dos mais sábios e piedosos sacerdotes da Síria. Mesmo convivendo com a hostilidade dos pagãos, Babylas era um como um farol da Fé verdadeira para seu rebanho.

A crise no Oriente

A Síria, embora tivesse sido conquistada pelo Império Romano no séc. I a.C., possuía uma aristocracia que confessava uma fé sincrética, o que amenizava a perseguição contra não-pagãos. Essa mesma aristocracia descendia da antiga dinastia semita de Homs (também conhecida como Emesa), sacerdotes de Baal que agora viviam na capital Antioquia. Em 218, o sírio Elagábalo (latinização de Ilah al-Jabal, ou Deus da Montanha), além de ser o sumo-sacerdote de Baal em Homs, tornou-se imperador de Roma e tentou sincretizar o paganismo colocando o deus Sol (Baal) no lugar de Júpiter, um dos motivos que levariam ao seu assassinato mais tarde, aos dezoito anos de idade.

Se por um lado a perseguição aos cristãos era menor na Síria em comparação às outras províncias do império, sacerdotes como Babylas também deviam lutar para manter a Fé purificada do sincretismo promovido pela aristocracia. O primo e sucessor de Elagábalo, Severo Alexandre, era igualmente sincrético, e sua mãe Júlia Mameia chegou a custear uma viagem de Orígenes a Antioquia na década de 230, com escolta do exército romano. A partir de então, cristãos passaram a ser aceitos como funcionários da província (àquele tempo chamada de Celessíria).

Naquele tempo, o Oriente romano estava fragilizado com a unificação de várias tribos persas, lideradas por um rei de nome Artaxes, seguidor do zoroastrianismo. O exército de Artaxes conquistara a principal cidade da Mesopotâmia – Ctesifonte – em 224, dando início ao Império Sassânida e a uma série de ataques à Mesopotâmia romana, concentrada na cidade de Nísibis. Na década de 230, além das invasões persas, o Império Romano também enfrentou saques de tribos germânicas na Europa e esteve próximo ao colapso, num período conhecido como “crise do terceiro século”. Em meio à anarquia, o Imperador Severo Alexandre foi assassinado pelo exército romano e substituído pelo tão mais ímpio Maximino Trácio em 235, defensor da pena de morte aos cristãos.

A entronização de Babylas

Em Antioquia, os cristãos tiveram de deixar seus cargos públicos em meio às ameaças, e foram orientados pelo então Arcebispo Zebino de Antioquia a procurarem pelo sacerdote Babylas, o qual prontamente os recebeu e consolou. O padre tornou-se como um verdadeiro pai espiritual para os antioquinos e seus filhos, ensinando-os na Fé e nas virtudes divinas. No final da década de 230, o Arcebispo Zebino adoeceu e repousou no Senhor, e os cristãos, certos de que não havia ninguém maior que Babylas para pastorear o rebanho antioquino, elegeram-no arcebispo em unanimidade.

Durante seu arcebispado, os impérios Romano e Sassânida realizaram um acordo, finalmente trazendo paz à guerra no Oriente. A corte do rei sassânida Shapur I (240–270) enviou um jovem da família real a um certo governador romano Numeriano, para que fosse criado e educado na corte romana, como um sinal sincero do lado sassânida de que a paz prevalecesse.

Numeriano era, na verdade um tirano. Certo dia, para agradar aos pagãos e impulsionar sua fama, tomou a criança e golpeou-a até a morte com suas próprias mãos na presença do imperador, o qual visitou Antioquia justamente para esse fim. Depois, levaram seu corpo ao principal templo pagão de Antioquia e ofereceram-no aos ídolos.

A alegria dos pagãos, cegos em idolatria, pôde ser ouvida por toda a cidade. Ainda com as mãos manchadas do sangue inocente, o imperador decidiu realizar um comício, visitando diversos lugares em busca de aclamação popular. Finalmente, esperando o mesmo dos cristãos, o cortejo do imperador chegou às portas da igreja no momento em que São Babylas orava com os fiéis.

Quando soube quem estava à porta, o hierarca interrompeu o ofício e foi a encontro do imperador.[nota 1] São Babylas corajosamente censurou o tirano, dizendo que um idólatra como ele jamais poderia entrar em um templo onde o Deus Uno e Verdadeiro fosse glorificado. O imperador, envergonhado pela repreensão em frente a tantas pessoas, dispensou seus soldados e retornou ao seu palácio, em busca de vingança.

Nesse dia, o santo ensinou aos cristãos por palavras e ações que nenhum homem — por mais importante que seja — pode ultrapassar os limites da autoridade a ele concedida por Deus, bem como mostrou aos seus sacerdotes como utilizar de sua autoridade clerical para impedir que a presença dos tiranos macule os templos de Deus.

Vingança

No dia seguinte, um grupamento de soldados posicionou-se em frente à igreja onde São Babylas se encontrava, e leram em voz alta a sentença de que o hierarca seria conduzido ao tribunal da província.

Chegando lá, o santo foi feito réu pelos juízes pagãos, e o imperador subiu ao púlpito do tribunal para “repreendê-lo” pelo desrespeito. Após falsamente incriminá-lo de uma série de delitos — afinal, o imperador tinha pleno poder de interpretar as leis —, o tirano determinou como única opção que o arcebispo deveria oferecer sacrifício aos ídolos. São Babylas prontamente recusou fazer tamanha blasfêmia, e foi acorrentado e jogado na prisão.

Em reunião com os magistrados, o imperador decidiu que, devido à sua posição, São Babylas não seria punido; antes, assistiria o seu próprio rebanho receber a condenação. Dessa forma, o imperador acreditava que a tortura psicológica faria-o ceder e oferecer sacrifício aos deuses pagãos.

Em Antioquia havia uma certa Cristódula, uma das mais honráveis cristãs da cidade, a qual já havera sofrido perseguição por sua Fé em tempos passados e tinha São Babylas como um pai na Fé. Por decisão do imperador, o exército cercou sua casa e levou-a junto com seus três filhos para a prisão, os quais não demonstraram nenhum tipo de relutância.

Urbano era o filho mais velho, e tinha doze anos de idade. Prilidiano possuía nove, e Hipolino, o mais novo, sete. Os três jovens foram brutalmente chicoteados em frente à mãe e o hierarca, porém suportaram às torturas com a certeza de que sofriam por Cristo. Todos permaneceram inabaláveis em sua confissão de Fé e, com o cansaço dos algozes, foram levados às celas da prisão.

Novamente envergonhado — dessa vez por crianças —, o imperador retirou-se e, no dia seguinte, ordenou que as três santas crianças fossem decapitadas. São Babylas, então, encorajou-as e ensinou tudo o que ainda restava sobre a Fé, e os três jovens foram martirizados à espada, herdando a vida eterna e intercedendo para sempre por nós.

Em seguida, São Babylas inclinou sua cabeça, e foi da mesma forma martirizado, ascendendo aos Céus junto com as crianças e transformando suas relíquias em uma fonte de bens aos cristãos, como testemunho constante de seu heroísmo.

Notas

  1. Embora incerto, é possível que o referido imperador fosse Filipe, o Árabe, que governou de 244 a 249.