Diferenças entre edições de "Babylas de Antioquia"
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Na primeira metade do século III, Babylas era um dos mais sábios e piedosos sacerdotes da Síria. Mesmo convivendo com a hostilidade dos pagãos, Babylas era um como um farol da Fé verdadeira para seu rebanho. | Na primeira metade do século III, Babylas era um dos mais sábios e piedosos sacerdotes da Síria. Mesmo convivendo com a hostilidade dos pagãos, Babylas era um como um farol da Fé verdadeira para seu rebanho. | ||
+ | === A crise no Oriente === | ||
A Síria, embora tivesse sido conquistada pelo Império Romano no séc. I a.C., possuía uma aristocracia que confessava uma fé sincrética, o que amenizava a perseguição contra não-pagãos. Essa mesma aristocracia descendia da antiga dinastia semita de Homs (também conhecida como Emesa), sacerdotes de Baal que agora viviam na capital Antioquia. Em 218, o sírio Elagábalo (latinização de ''Ilah al-Jabal'', ou ''Deus da Montanha''), além de ser o sumo-sacerdote de Baal em Homs, tornou-se imperador de Roma e tentou sincretizar o paganismo colocando o deus Sol (Baal) no lugar de Júpiter, um dos motivos que levariam ao seu assassinato mais tarde, aos dezoito anos de idade. | A Síria, embora tivesse sido conquistada pelo Império Romano no séc. I a.C., possuía uma aristocracia que confessava uma fé sincrética, o que amenizava a perseguição contra não-pagãos. Essa mesma aristocracia descendia da antiga dinastia semita de Homs (também conhecida como Emesa), sacerdotes de Baal que agora viviam na capital Antioquia. Em 218, o sírio Elagábalo (latinização de ''Ilah al-Jabal'', ou ''Deus da Montanha''), além de ser o sumo-sacerdote de Baal em Homs, tornou-se imperador de Roma e tentou sincretizar o paganismo colocando o deus Sol (Baal) no lugar de Júpiter, um dos motivos que levariam ao seu assassinato mais tarde, aos dezoito anos de idade. | ||
Se por um lado a perseguição aos cristãos era menor na Síria em comparação às outras províncias do império, sacerdotes como Babylas também deviam lutar para manter a Fé purificada do sincretismo promovido pela aristocracia. O primo e sucessor de Elagábalo, Severo Alexandre, era igualmente sincrético, e sua mãe Júlia Mameia chegou a custear uma viagem de Orígenes a Antioquia na década de 230, com escolta do exército romano. A partir de então, cristãos passaram a ser aceitos como funcionários da província (àquele tempo chamada de Celessíria). | Se por um lado a perseguição aos cristãos era menor na Síria em comparação às outras províncias do império, sacerdotes como Babylas também deviam lutar para manter a Fé purificada do sincretismo promovido pela aristocracia. O primo e sucessor de Elagábalo, Severo Alexandre, era igualmente sincrético, e sua mãe Júlia Mameia chegou a custear uma viagem de Orígenes a Antioquia na década de 230, com escolta do exército romano. A partir de então, cristãos passaram a ser aceitos como funcionários da província (àquele tempo chamada de Celessíria). | ||
− | Naquele tempo, o Oriente romano estava fragilizado com a unificação de várias tribos persas, lideradas por um rei | + | Naquele tempo, o Oriente romano estava fragilizado com a unificação de várias tribos persas, lideradas por um rei de nome Artaxes, seguidor do zoroastrianismo. O exército de Artaxes conquistara a principal cidade da Mesopotâmia – Ctesifonte – em 224, dando início ao Império Sassânida e a uma série de ataques à Mesopotâmia romana, concentrada na cidade de Nísibis. Na década de 230, além das invasões persas, o Império Romano também enfrentou saques de tribos germânicas na Europa e esteve próximo ao colapso, num período conhecido como “crise do terceiro século”. Em meio à anarquia, o Imperador Severo Alexandre foi assassinado pelo exército romano e substituído pelo tão mais ímpio Maximino Trácio em 235, defensor da pena de morte aos cristãos. |
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+ | === A entronização de Babylas === | ||
+ | Em Antioquia, os cristãos tiveram de deixar seus cargos públicos em meio às ameaças, e foram orientados pelo então Arcebispo Zebino de Antioquia a procurarem pelo sacerdote Babylas, o qual prontamente os recebeu e consolou. O padre tornou-se como um verdadeiro pai espiritual para os antioquinos e seus filhos, ensinando-os na Fé e nas virtudes divinas. No final da década de 230, o Arcebispo Zebino adoeceu e repousou no Senhor, e os cristãos, certos de que não havia ninguém maior que Babylas para pastorear o rebanho antioquino, elegeram-no arcebispo em unanimidade. | ||
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+ | Durante seu arcebispado, os impérios Romano e Sassânida realizaram um acordo, finalmente trazendo paz à guerra no Oriente. A corte do rei sassânida Shapur I (240–270) enviou um jovem da família real a um certo governador romano Numeriano, para que fosse criado e educado na corte romana, como um sinal sincero do lado sassânida de que a paz prevalecesse. | ||
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+ | Numeriano era, na verdade um tirano. Certo dia, para agradar aos pagãos e impulsionar sua fama, tomou a criança e golpeou-a até a morte com suas próprias mãos na presença do imperador, o qual visitou Antioquia justamente para esse fim. Depois, levaram seu corpo ao principal templo pagão de Antioquia e ofereceram-no aos ídolos. | ||
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+ | A alegria dos pagãos, cegos em idolatria, pôde ser ouvida por toda a cidade. Ainda com as mãos manchadas do sangue inocente, o imperador decidiu realizar um comício, visitando diversos lugares em busca de aclamação popular. Finalmente, esperando o mesmo dos cristãos, o cortejo do imperador chegou às portas da igreja no momento em que São Babylas orava com os fiéis. | ||
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+ | Quando soube quem estava à porta, o hierarca interrompeu o ofício e foi a encontro do imperador. São Babylas corajosamente censurou o tirano, dizendo que um idólatra como ele jamais poderia entrar em um templo onde o Deus Uno e Verdadeiro fosse glorificado. | ||
[[en:Babylas of Antioch]] | [[en:Babylas of Antioch]] |
Revisão das 07h43min de 10 de novembro de 2024
São Babylas | |
Arcebispo de Antioquia | |
Ὁδοὶ δύο εἰσί· μία τῆς ζωῆς, ϗ μία τοῦ θανάτου. Esse artigo faz parte de uma série sobre os Santos dos Primeiros Séculos | |
Século I | |
Abílio • Dionísio • Hieroteu • Leuco, Calínico e Ciríaco Lídia • Nicandro • Pancrácio • Processo e Martiniano Torpes e Evélio • Zenaide e Filonila | |
Século II | |
Bucólio • Eleuthérios • Felicidade • Glicéria • Hegésipo Inácio • Jacinto • Leonila • Paraskeví Policarpo • Proclo e Hilário | |
Século III | |
Dez de Creta • Ágata • Aglaida e Bonifácio • Alexandre Babylas • Cipriano e Justina • Espiridião • Nicéforo Pansófio • Perpétua e Felicidade • Polieuto e Nearco Tatiana • Temístocles | |
Século IV | |
Jorge, o Vitorioso | |
Quarenta de Sebaste • Bárbara • Catarina • Ciro e João Clemente • Dimitrios • Elian • Eufêmia • Eugênio Eulália e Júlia • Luciano • Panteleimon • Procópio • Teodoro Trófimo e Teófilo |
O Santo Hieromártir Babylas, Arcebispo de Antioquia (séc. III), foi um hierarca martirizado à espada junto com três crianças pelos pagãos. Sua memória é celebrada pela Igreja no dia 4 de setembro.
Vida
Na primeira metade do século III, Babylas era um dos mais sábios e piedosos sacerdotes da Síria. Mesmo convivendo com a hostilidade dos pagãos, Babylas era um como um farol da Fé verdadeira para seu rebanho.
A crise no Oriente
A Síria, embora tivesse sido conquistada pelo Império Romano no séc. I a.C., possuía uma aristocracia que confessava uma fé sincrética, o que amenizava a perseguição contra não-pagãos. Essa mesma aristocracia descendia da antiga dinastia semita de Homs (também conhecida como Emesa), sacerdotes de Baal que agora viviam na capital Antioquia. Em 218, o sírio Elagábalo (latinização de Ilah al-Jabal, ou Deus da Montanha), além de ser o sumo-sacerdote de Baal em Homs, tornou-se imperador de Roma e tentou sincretizar o paganismo colocando o deus Sol (Baal) no lugar de Júpiter, um dos motivos que levariam ao seu assassinato mais tarde, aos dezoito anos de idade.
Se por um lado a perseguição aos cristãos era menor na Síria em comparação às outras províncias do império, sacerdotes como Babylas também deviam lutar para manter a Fé purificada do sincretismo promovido pela aristocracia. O primo e sucessor de Elagábalo, Severo Alexandre, era igualmente sincrético, e sua mãe Júlia Mameia chegou a custear uma viagem de Orígenes a Antioquia na década de 230, com escolta do exército romano. A partir de então, cristãos passaram a ser aceitos como funcionários da província (àquele tempo chamada de Celessíria).
Naquele tempo, o Oriente romano estava fragilizado com a unificação de várias tribos persas, lideradas por um rei de nome Artaxes, seguidor do zoroastrianismo. O exército de Artaxes conquistara a principal cidade da Mesopotâmia – Ctesifonte – em 224, dando início ao Império Sassânida e a uma série de ataques à Mesopotâmia romana, concentrada na cidade de Nísibis. Na década de 230, além das invasões persas, o Império Romano também enfrentou saques de tribos germânicas na Europa e esteve próximo ao colapso, num período conhecido como “crise do terceiro século”. Em meio à anarquia, o Imperador Severo Alexandre foi assassinado pelo exército romano e substituído pelo tão mais ímpio Maximino Trácio em 235, defensor da pena de morte aos cristãos.
A entronização de Babylas
Em Antioquia, os cristãos tiveram de deixar seus cargos públicos em meio às ameaças, e foram orientados pelo então Arcebispo Zebino de Antioquia a procurarem pelo sacerdote Babylas, o qual prontamente os recebeu e consolou. O padre tornou-se como um verdadeiro pai espiritual para os antioquinos e seus filhos, ensinando-os na Fé e nas virtudes divinas. No final da década de 230, o Arcebispo Zebino adoeceu e repousou no Senhor, e os cristãos, certos de que não havia ninguém maior que Babylas para pastorear o rebanho antioquino, elegeram-no arcebispo em unanimidade.
Durante seu arcebispado, os impérios Romano e Sassânida realizaram um acordo, finalmente trazendo paz à guerra no Oriente. A corte do rei sassânida Shapur I (240–270) enviou um jovem da família real a um certo governador romano Numeriano, para que fosse criado e educado na corte romana, como um sinal sincero do lado sassânida de que a paz prevalecesse.
Numeriano era, na verdade um tirano. Certo dia, para agradar aos pagãos e impulsionar sua fama, tomou a criança e golpeou-a até a morte com suas próprias mãos na presença do imperador, o qual visitou Antioquia justamente para esse fim. Depois, levaram seu corpo ao principal templo pagão de Antioquia e ofereceram-no aos ídolos.
A alegria dos pagãos, cegos em idolatria, pôde ser ouvida por toda a cidade. Ainda com as mãos manchadas do sangue inocente, o imperador decidiu realizar um comício, visitando diversos lugares em busca de aclamação popular. Finalmente, esperando o mesmo dos cristãos, o cortejo do imperador chegou às portas da igreja no momento em que São Babylas orava com os fiéis.
Quando soube quem estava à porta, o hierarca interrompeu o ofício e foi a encontro do imperador. São Babylas corajosamente censurou o tirano, dizendo que um idólatra como ele jamais poderia entrar em um templo onde o Deus Uno e Verdadeiro fosse glorificado.
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