José de Damasco
José de Damasco | |
يوسف الدمشقي | |
Esse artigo faz parte de uma série sobre os Santos contemporâneos | |
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O Santo Hieromártir José de Damasco (1793-1860; em árabe: يوسف الدمشقي, nascido: جوزيف جورج حداد الفرزلي) foi um protopresbítero damasceno, que dedicou toda sua vida a preservar e transmitir a Fé Ortodoxa. Dotado de exemplar humildade e de uma insaciável sede por conhecimento, foi um notável estudioso autodidata, tornando-se posteriormente professor, tradutor, revisor e editor, tendo sido responsável por um enorme número de traduções de obras litúrgicas e espirituais do original grego para o árabe. Além de ter sido um exemplar mestre e pai espiritual, amplamente conhecido por sua perseverança, humildade e pelas habilidades retóricas com as quais inspirara o coração de muitos à conversão. Sua festa é comemorada em 10 de julho, data em que recebera a coroa do martírio.
Índice
Vida
São José de Damasco era filho de George Moses, filho de Mouhana Al-Haddad, conhecido como padre José Mouhana Al-Haddad. Gostava de se apresentar como uma pessoa cuja "origem era Beirute; sua terra natal, Damasco; e sua fé, Ortodoxa". Seu pai deixou Beirute no último quarto do século XVIII, estabelecendo-se em Damasco; lá São José trabalhou com tecelagem, casou e gerou três filhos: Moisés, Abraão e José. A origem de sua família remonta aos ghassânidas; seus ancestrais se mudaram para a vila libanesa de Al-Firzul no século XVI, e dali para Biskinta, no monte Líbano e, posteriormente, para Beirute. Seus biógrafos descrevem José como um padre de tamanho médio, de pele branca, aparência digna, testa grande, olhos perspicazes e barba espessa, na qual os cabelos grisalhos espalhavam suas linhas, até se parecer com os raios do sol ao amanhecer.
Infância e estudos
Nasceu em 15 maio de 1793, em uma família pobre, mas piedosa. Em tenra idade, obteve alguma educação e se familiarizou com o árabe e com o grego. Incapaz de pagar as mensalidades, seu pai decidiu interromper sua educação em favor de colocá-lo para trabalhar na indústria da seda. Seu desejo de conhecimento, no entanto, não foi saciado pela pobreza e pela miséria, então o jovem José buscou uma solução: passou a trabalhar o dia inteiro e, à noite, estudava por conta própria. A necessidade criou uma pessoa feita por si mesma. Muito provavelmente, seu irmão mais velho, Moisés, que era um escritor instruído e uma pessoa versada na língua árabe, o motivou a ter um desejo tão grande de conhecimento. Moisés tinha uma pequena biblioteca em casa, na qual José embarcou nos estudos, mas, infelizmente, Moisés partiu desta vida aos vinte e cinco anos - diz-se que morreu porque se esforçou demais nos estudos. Essa provação teve um impacto ambivalente nos pais de José, no que se refere ao desejo de José pelos livros. A tocha do conhecimento, no entanto, continuou a arder no coração de José.
Aos 14 anos, o jovem começou a ler os livros de seu irmão, mas se frustrou porque não compreendia a leitura. Sem sucesso, não desanimou, mas sua determinação aumentou tremendamente. Sua pergunta era: “O autor desses livros não era um ser humano como eu? Então, por que eu não os compreendo? Eu deveria entender o significado deles." Depois, estudou com um ancião muçulmano de Damasco, Mouhamad Al-Attar, que foi um dos maiores estudiosos de sua época. Aprendeu com ele a língua árabe, a lógica, a arte do debate e o raciocínio correto. No entanto, precisou interromper seus estudos, porque as mensalidades e o custo dos livros sobrecarregaram seu pai. Assim, José foi obrigado a voltar ao seu antigo estilo de vida - trabalhando o dia inteiro e aprendendo sozinho à noite. Nesse ponto, é importante mencionar que o estudo estava associado à espiritualidade e à teologia. Não devemos esquecer que a Bíblia era o livro mais importante. José dedicou suas noites, de todo o coração, a estudar a Torá, os Salmos e o Novo Testamento, comparando o texto grego da Septuaginta com a tradução árabe, até adquirir domínio na tradução do grego. Seu conhecimento não se limitava à língua grega, mas é notável que tenha sido capaz de memorizar uma boa parte da Bíblia. São José persistiu em aproveitar avidamente todas as oportunidades para obter mais educação. José estudou teologia e história com George Shahadeh Sabagh. Ele então começou a ensinar em sua casa e aprendeu hebraico com um de seus estudantes judeus.
Matrimônio e sacerdócio
Seu esforço tenaz acendeu o medo de seus pais, que tentaram dissuadi-lo de aprender e ensinar, por medo de que ele pudesse enfrentar o mesmo destino de seu irmão. Sem sucesso em seus esforços, tentaram outra solução. Deram-lhe em casamento uma jovem damascena cujo nome era Mariam Al-Kourshi, enquanto ele ainda tinha dezenove anos de idade (1812). O casamento, no entanto, não o afastou de sua busca pelo conhecimento. Sua biografia nos diz que, mesmo na noite de seu casamento, ele persistiu na leitura e no aprendizado.
Ao tomar consciência de sua reputação honrosa, a paróquia de Damasco solicitou ao Patriarca Serafim (1813-1823) que o ordenasse. Visto que o Patriarca tinha grande admiração por ele, ordenou-o diácono e, dentro de uma semana, São José foi ordenado ao sacerdócio, tendo apenas vinte e quatro anos. Quando seu sucessor, o patriarca Metódioss (1824-1850), familiarizou-se com seu fervor, piedade, conhecimento e intrepidez, elevou-o a protopresbítero e lhe deu o título: Grande Oikonomos.
Tendo grande interesse em pregar por muitos anos no púlpito da Catedral Patriarcal (Al-Mariamieh), alcançou um excelente resultado em sua pregação. Algumas pessoas o consideravam o sucessor de Crisóstomo. Naaman Kasatly o elogiou em seu livro The Luxuriant Garden como um “pregador criativo”. Ao final do século XIX, ou seja, trinta e nove anos após sua morte, Amin Kairala mencionou em seu livro "O odor perfumado", que os idosos ainda estavam reiterando alguns de seus sermões. O eco de seus sermões ainda reverberava até o início do século XX. Habib Al-zaiat, um escritor melquita [1], mencionou que ele era conhecido entre os árabes Ortodoxos por seu conhecimento e pregação. Em seus sermões, o padre José de Damasco se distinguia por suas respostas convincentes e irrefutáveis. Segundo Issa Iskander Al-Maloouf, ele tinha “uma voz que podia ser ouvida à distância”. As pessoas costumavam ouvir suas palavras com desejo e prazer, seguiam seus conselhos e guardavam seus mandamentos.
Junto aos seus sermões, foi diligente em confortar os corações partidos, em consolar os aflitos, em ajudar os necessitados e em fortalecer os fracos. Em 1848, quando a febre amarela se espalhou em Damasco, o padre José manifestou grande fervor em ministrar aos doentes e em enterrar os mortos, sem se incomodar com a possibilidade de pegar essa febre infecciosa, porque tinha profunda fé em Deus. Embora tenha perdido um de seus filhos por essa doença contagiosa, São José era incansável no cumprimento de seu dever pastoral. Seu fervor, firmeza e compaixão aumentaram. Era altamente respeitado pelo povo damasceno: estava nele a imagem de São Paulo, que dizia: “De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo” (2 Cor. 4: 8-10).
Protopresbítero e professor
Entre seus múltiplos esforços, conseguiu afastar o povo de muitas tradições não-ortodoxas que perduravam em noivados, casamentos e funerais. Assim como era competente na edificação de almas, era também competente na edificação de igrejas. Em 1845, restaurou a igreja de São Nicolau, que ficava ao lado da catedral patriarcal, embora tenha sido consumida pelo fogo durante os horríveis eventos de 1860. Não se sabe exatamente quem estabeleceu a escola patriarcal em Damasco, nem quando ela foi estabelecida. Confirma-se que a escola se tornou tão associada, no século XIX, ao nome de Padre José, que ficou conhecida como sua escola. Quando assumiu o comando dessa escola, em 1836, reuniu os alunos com seus próprios discípulos. O padre não poupou esforços para desenvolvê-la, nomeando um conselho de administração e dando aos professores salários regulares, até atrair estudantes de toda Síria e Líbano.
A preocupação do padre José era educar as mentes dos jovens Ortodoxos e “prepará-los para o sacerdócio e para o serviço ao rebanho de uma maneira útil”. As despesas de educação foram cobertas pelos fiéis e pelo patriarcado. Sua visão era de que aumentasse o interesse nos estudos teológicos. Em 1852, durante o patriarcado de Hierotheos (1850-1885), o padre José tomou a iniciativa de abrir um departamento de estudos teológicos, esforçando-se por elevá-lo ao nível de outros seminários teológicos no mundo Ortodoxo. Doze alunos estavam matriculados e todos se tornaram bispos na Igreja. Seu martírio em 1860, no entanto, pôs fim ao seu sonho, que visava estabelecer o departamento sobre bases sólidas. São José soprou em seus alunos o espírito de paz e sucesso, que pode ser encontrado entre os santos, até que esse espírito divino se espalhou como uma corrente além de seus alunos e graduados, para alcançar todos os conhecidos, colegas e amigos. Assim, seu ensino se espalhou e sua educação produziu o fruto da justiça. Menciona-se que o Padre José foi por um período um dos professores do Seminário de Balamand, entre 1833 e 1840.
Uma das principais características deste protopresbítero e professor era sua pobreza. Algumas fontes mencionam que seu ministério na Igreja não era remunerado. Um dos estudantes russos disse que ele não tinha renda com o ensino escolar e costumava ganhar a vida com o trabalho de seus filhos. O dinheiro nunca o tentou. Por causa de sua reputação intacta, Cirilo II, Patriarca de Jerusalém (1845-1872), pediu que ensinasse árabe na escola clerical de Jerusalém (Al-Mousalabah). Quando ele recusou, o Patriarca ofereceu a ele um salário tentador, vinte e cinco libras, além de um apartamento e salários sacerdotais. Novamente, São José recusou, apesar de sua necessidade, dizendo: “fui chamado para servir a paróquia em Damasco. Quem me chamou me satisfará".
O padre José era um verdadeiro adorador, fervoroso em sua fé, extremamente paciente, justo, manso, humilde, compassivo e uma pessoa amigável. Detestava falar de si mesmo, e sentia-se envergonhado pelos elogios dos outros, sem saber como respondê-los. Era sábio e paciente em seu cuidado pastoral, costumava confundir os estudantes falando sua língua e convencia as pessoas simples usando sua língua. Certa vez, algumas pessoas simplórias deixaram a Igreja por um motivo insignificante, e o Patriarca Metódios pediu que o padre José as trouxesse de volta. Depois de conhecê-los, José não manifestou ressentimento pelo comportamento deles, mas os tratou com bondade, dando-lhes alguns pequenos ícones. Então, esses fiéis voltaram arrependidos depois de terem seus corações tocados pelo santo padre José.
Como estudioso, ele era o professor entre os professores, a estrela do Oriente e um intelectual trabalhador. Muitos contemporâneos não-Ortodoxos testemunham que foi um dos grandes estudiosos cristãos de sua época. “Na Igreja Ortodoxa, era uma pessoa muito distinta em seu conhecimento; não havia ninguém como ele, exceto George Liam". Como clérigo, ele era considerado um grande teólogo, um orgulho da Ortodoxia, um hieromártir e um exemplo de justiça e piedade. Essas são as características do protopresbítero José, o Damasceno: ele fazia parte do povo de Deus.
Suas obras
Não temos conhecimento do tamanho de sua biblioteca, porque essa foi completamente destruída - acredita-se que tenha explodido em chamas ou fora saqueada durante as calamidades de 1860, quando José de Damasco recebeu a coroa do martírio. Seu sobrinho, José Abraham Al-Haddad, mencionou que o padre José possuía cerca de 1.827 livros (ou provavelmente 2.827 livros) no ano de 1840. Seus escritos eram numerosos: comparou o livro dos Salmos, o Breviário, o Liturgikon e o livro de Epístolas, ao grego original; traduziu para o árabe o livro catequético de Epístolas do grego original; traduziu para o árabe o livro catequético de Philareto, metropolita de Moscou. Ao copiar os manuscritos, costumava compará-los com outros manuscritos e corrigi-los e suas versões eram precisas como “a moeda de prata não forjada”. Também editou a tradução do diácono Abdallah Al-Fedal Al-Antaki do livro de São Basílio sobre o Gênesis, bem como trinta sermões de São Gregório, o Teólogo. Costumava terminar os manuscritos com o seguinte colofão: “Este livro foi copiado de um manuscrito antigo e completamente comparado a ele” e, assim, imprimia com selo e assinatura.
Todos os escritórios de impressão Ortodoxos - tais como São Jorge em Beirute, o Santo Sepulcro em Jerusalém, as gráficas árabes na Rússia - contavam com o padre José na edição, comparação e revisão de livros. Em teologia, literatura e bolsas de estudos, seu selo era um selo de confiança. Ao traduzir do grego para o árabe e do árabe para o grego, juntou esforços com Yanni Papadopoulos. Fez uma grande contribuição na edição da tradução da Bíblia para o árabe, conhecida como Edição de Londres. Todos os rascunhos, preparados por Sr. Fares Al-Shidiak e Sr. Lee, tiveram que ser corrigidos pelo padre José, comparando-os com os idiomas grego e hebraico.
Em sua contribuição literária, José de Damasco mostrou em sua energética fidelidade e correção - sua queixa sempre foi a má leitura das gráficas. Não se tem conhecimento sobre seus próprios escritos, exceto alguns artigos. Aparentemente, o se considerava digno de acompanhar os grandes Padres da Igreja. Então, limitou-se a traduzir, editar e apresentar seus escritos aos fiéis como uma herança pura, intacta e sem mácula.
Dificuldades, cismáticos e o renascimento de Antioquia
Durante a época do padre José, o problema de lidar com os melquitas [2] foram os impedimentos mais difíceis e mais dolorosos que os filhos da fé Ortodoxa enfrentaram. Naquela época, todos os esforços foram direcionados para levar os cismáticos de volta à Igreja. Ao lidar com esta questão, alguns seguiram o caminho da pressão política e administrativa, outros seguiram o caminho para chegar a um acordo mútuo. O padre José pertence ao segundo grupo. Detestava a violência e não admitia ter conexões com o Império Otomano para derrubar e oprimir os melquitas. Este, para ele, era um estilo não lucrativo, que fortalecia a separação e enfraquecia a unidade.
A medida de seu sucesso nisso é desconhecida para nós, mas o que aconteceu em 1857 e nos anos seguintes mostra que sua visão era mais correta que outras. Naquele ano, quando o patriarca melquita Clemente forçou o calendário ocidental sobre sua igreja. Muitos se ofenderam com esse procedimento e decidiram voltar à Igreja mãe. Um grupo deles, sob a liderança de Shibli Al-Demashki, George Anjouri, José Fouraeig, Moses Al-Bahri, Sarkis Dibanah e Peter Al-Jahel, contatou o Padre José, que os abraçou, fortaleceu-os e esforçou-se para esclarecê-los por três anos anos consecutivos. Ele prefaciou um livro escrito por Shibli Al-Demashki sobre os protestos deste grupo. O título do livro era "Christian Law is Far Above The Astrological Considerations", e foi impresso na editora do Santo Sepulcro em 1858. O tamanho do grupo começou a crescer rapidamente, até se dizer que, se o martírio do padre José não tivesse ocorrido durante o massacre de 1860, ele teria conseguido trazer devolver o resto dos melquitas à fé Ortodoxa.
O padre José teve mais de um confronto com protestantes. Os mais importantes foram nas cidades de Hasbaia e Rashaia, depois na cidade de Damasco. Na cidade de Hasbaia, os missionários protestantes americanos tiveram um grande sucesso através da escola que haviam estabelecido naquela cidade. Mais de cento e cinquenta pessoas se converteram ao protestantismo, como resultado do conflito entre o povo Ortodoxo nessas duas cidades. Como um enviado do Patriarca Metódioss, o padre José conseguiu trazer algumas das ovelhas que estavam dispersas de volta ao rebanho Ortodoxo. Depois que refutou os missionários várias vezes, conseguiu contê-los.
Em Damasco, esforçou-se em seu cuidado pastoral, pregando e guiando seu povo para a iluminação e fortalecendo-o contra as seitas e heresias em circulação. É mencionado que um missionário inglês, Grame, costumava encontrar o padre José e discutir questões bíblicas com ele. Percebendo que este missionário estava pervertendo as respostas dadas pelo Padre José nas perguntas feitas, pediu que ele enviasse as perguntas por escrito. No começo, pensaram que o haviam refutado, depois que ele deixou de responder. Quando eles apareceram no começo da Grande Quaresma, ele respondeu todas as perguntas com precisão, até que eles voltaram maravilhados com a correção de seus conhecimentos e pesquisas. Dizem que, como consequência desse incidente, terminaram sua campanha missionária na congregação Ortodoxa; suas perguntas eram para investigação e não para debate.
Sem dúvida, o padre José foi, no século XIX, o maior homem do renascimento da Igreja Antioquina. Naquele tempo, Antioquia estava em uma situação terrível. O cisma dos melquitas [em 1724] levou a repercussões muito críticas em diferentes níveis, especialmente no nível pastoral. Os missionários protestantes eram muito ativos e agressivos, enquanto a Igreja era impotente, fraca, ignorante e pobre. A partir de 1724, os hierarcas [ortodoxos] eram estranhos à terra e à luta de seu povo. Antioquia vivia sob custódia, sob o pretexto de que ela se desintegraria gradualmente e se tornaria católica. Em “nome da Ortodoxia”, Constantinopla e Jerusalém distribuíram entre si a autoridade de nomear bispos antioquinos, tentando determinar seu destino.
Naquela época, não havia padres competentes nem assistência pastoral. A Igreja Antioquia poderia ser descrita como um navio atingido por ondas e pronto para afundar. Em meio a esses desafios e perigos, o padre José floresceu como um novo ramo divino, tendo um grande fervor em relação a Deus e à Igreja de Cristo na terra. Então, o renascimento começou. A vida, o fervor, a piedade, a pobreza, o amor pelo conhecimento, o cuidado pastoral persistente, a pregação, a orientação, os escritos, as traduções, a escola e a vigilância criaram uma atmosfera revivalista, motivaram os espíritos, emocionaram os corações e fortaleceram a determinação. Uma nova geração, um novo pensamento e uma nova direção floresceram. "Os ossos se juntaram, osso a osso, o fôlego entrou neles, e eles viveram" (Ezequiel 37: 7-10).
Mais de cinquenta líderes da Igreja estudaram com ele e se tornaram, tal qual seu mestre, extremamente vigilantes: Patriarca Meletios Al-Doumani (+1906), primeiro patriarca local desde 1724; Gabriel Shatila, metropolitano de Beirute e Líbano (+1901); o grande estudioso Garasimos Yared (1899), Metropolita de Zahle, Saidnaia e Maloula; e seus alunos eram mais de dez bispos, bem como um grande número de padres, entre eles o arquimandrita Athanasius Kaseer (1863), fundador do seminário de Balamand; Padre Speredon Sarouf (+1858), reitor da escola clerical em Jerusalém e editor das publicações do Santo Sepulcro; Arcipreste John Doumai (+1904), fundador da editora árabe em Damasco; além de alguns leigos de renome, como Dimtiri Shahadeh, um pilar do renascimento; Michael Klaila, administrador das escolas patriarcais em Damasco; e Dr. Michael Mashakah (+1888).
O que o padre José ansiava foi realizado durante sua vida e após sua morte. Muitas vezes, repetia: "Plantei a semente na verdadeira vinha de Cristo e estou aguardando a colheita". Tudo isso pode ser explicado na declaração do metropolita Gabriel Shatila: "As estrelas de Damasco são três: o apóstolo Paulo, João de Damasco e José Mouhana Al-Haddad".
A coroa do martírio
Em 9 de julho de 1860, quando o massacre em Damasco começou, muitos cristãos se refugiaram na Catedral Patriarcal (Al-Mariamieh). Alguns vieram das cidades libanesas de Hasbaia e Rashaia, onde o massacre começou e onde a matança ocorreu. Outros vieram das aldeias ao redor de Damasco. Seguindo a tradição dos padres em Damasco, o padre José costumava manter um kit de comunhão em sua casa. Durante o massacre de 1860, o padre escondeu o kit de comunhão debaixo das mangas e pulou de um telhado a outro em direção à catedral.
Passou a noite inteira fortalecendo e encorajando os cristãos a enfrentar a situação, pois os agressores podem matar o corpo, mas não podem matar a alma (Mateus 10:28). As coroas de glória foram preparadas para aqueles que se comprometeram com Deus através de Jesus Cristo. Ao relacionar com eles o martírio de alguns santos, ele os chamou para imitar sua vida.
Na manhã de terça-feira, 10 de julho, os perseguidores atacaram violentamente a Catedral, roubando, matando e queimando tudo que encontravam. Muitos mártires foram massacrados; outros, saíram às ruas e becos - e um deles era o padre José. Enquanto caminhava pelas ruas, um estudante religioso, que era um dos agressores, reconheceu José, porque este o havia refutado em um debate. Ao vê-lo, ele gritou: “Este é o líder dos cristãos. Se o matarmos, matamos todos os cristãos!”. Quando ouviu essas palavras, o padre José sabia que seu fim havia chegado: tirou seu kit de comunhão e participou do Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Os perseguidores o atacaram com suas machadinhas, como se fossem lenhadores, e desfiguraram seu corpo. Amarrando suas pernas com cordas, eles o arrastaram pelas ruas até que ele foi despedaçado.
Embora tenha morrido como mártir, sua vida, sua vigilância e seus sofrimentos foram testemunhas de sua santidade. Ao “tornar-se como Ele em Sua morte”(Filipenses 3:10), o grande José de Damasco foi coroado com Sua glória. Ele se tornou um exemplo a ser imitado, uma bênção a ser adquirida e um intercessor de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, glorificando a Ele para sempre.
Ligações externas
- São José de Damasco (Blog Paradosis)
Notas
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