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'''Kathisma''' (''κάθισμα'', ''pl.'' ''καθίσματα'') é o termo utilizado para a divisão do Livro dos Salmos, escrito pelo santo Profeta Davi, em vinte partes, as quais são lidas durante os ofícios das Vésperas e das Matinas. O termo relaciona-se com a palavra ''κάθημαι'' (sentar-se), indicando tratar-se de uma seção de leitura.
 
'''Kathisma''' (''κάθισμα'', ''pl.'' ''καθίσματα'') é o termo utilizado para a divisão do Livro dos Salmos, escrito pelo santo Profeta Davi, em vinte partes, as quais são lidas durante os ofícios das Vésperas e das Matinas. O termo relaciona-se com a palavra ''κάθημαι'' (sentar-se), indicando tratar-se de uma seção de leitura.
  
Cada um dos vinte kathismata possui três '''staseis''' (''στάσις'', ''pl.'' ''στάσεις''), termo semelhante ao conceito ocidental de “estrofe”. Cada stasis é composta por cerca de três salmos, podendo esse número ser maior ou menor a depender do tamanho do salmo (por exemplo, a Stasis I do Kathisma III contém somente o salmo 17, enquanto que a Stasis I do Kathisma XVIII traz os curtos salmos 119, 120, 121, 122 e 123). O Salmo 118, sendo o maior salmo do livro, é a única exceção em que todo o Kathisma XVII corresponde a ele.
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Cada um dos vinte kathismata possui três '''staseis''' (''στάσις'', ''pl.'' ''στάσεις''), termo semelhante ao conceito ocidental de “estrofe”. Cada stasis é composta por cerca de três Salmos, podendo esse número ser maior ou menor a depender do tamanho do Salmo (por exemplo, a Stasis I do Kathisma III contém somente o Salmo 17, enquanto que a Stasis I do Kathisma XVIII traz os curtos Salmos 119, 120, 121, 122 e 123). O Salmo 118, sendo o maior salmo do livro, é a única exceção em que o Kathisma (XVII) inteiro corresponde a ele.
  
 
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|+ Salmos contidos em cada Kathisma, segundo a Septuaginta
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Terminada uma Stasis, o leitor faz:
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: “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
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: Aleluia, Aleluia, Aleluia. Glória a Ti, ó Deus. <span style="color:red">(3x)</span>
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: Tem piedade, Senhor. <span style="color:red">(3x)</span>
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: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.”
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…e segue para a Stasis seguinte, se houver.
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== Nos ofícios litúrgicos ==
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No Ofício das Vésperas, apenas um Kathisma é lido. Sua leitura começa após a Grande Litania feita pelo diácono e o sacerdote, a qual é realizada após a leitura do Salmo 103. As Vésperas aos domingos — uma vez que são o primeiro ofício realizado na semana litúrgica — marcam o reinício do ciclo, começando com o Kathisma I (veja os [[#Calendário de leituras|calendários]] abaixo). Após a leitura do Kathisma, o diácono e o sacerdote realizam uma Pequena Litania<ref group=nota>Se o ofício estiver sendo feito pessoalmente pelo fiel ou sem a presença do sacerdote, trocam-se todas as litanias dos ofícios por “Tem piedade, Senhor. <span style="color:red">(3x)</span> Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.”</ref> e, em seguida, começa o canto dos Salmos 140, 141, 129 e 116. A exceção à realização da Pequena Litania é às segundas-feiras, quando nenhum Kathisma é lido: nesses dias, terminada a Grande Litania, já começa-se o canto dos Salmos.
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No Ofício das Matinas, a depender do calendário, são lidos de dois a três Kathisma. O primeiro Kathisma é lido imediatamente após o canto dos tropários do dia, que sucedem os Hexassalmos. Assim que a leitura é terminada, o diácono e o sacerdote realizam uma Pequena Litania e, então, é cantado um hino, também chamado de Kathisma I. O hino que será cantado no dia é regido pelo livro litúrgico vigente (Octoechos, Menaion, Triodion, Pentecostarion…). Terminado o hino, a mesma coisa se repete para o segundo Kathisma das Matinas: ele é lido, o sacerdote realiza outra Pequena Litania e canta-se um outro hino, chamado de Kathisma II, que também é dado pelo livro vigente.
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=== Terceiro Kathisma ou Polyeleos ===
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Com o fim desse hino, o terceiro Kathisma é lido. Nos dias em que não há um terceiro Kathisma nas Matinas (como no [[#Calendário de leituras|calendário 1]] abaixo), canta-se o '''Polyeleos''' (''πολυέλεος''). Esse termo refere-se ao canto dos Salmos 134 e 135, usando a palavra “Aleluia” para separar os versículos do Salmo 134 e duas vezes para separar os versículos do Salmo 135. A depender da festa comemorada no dia, o livro litúrgico pode ainda definir um '''Eklogi''' (''ἐκλογή''), um conjunto de versículos do Livro dos Salmos escolhidos em honra à festa do dia. Depois do último versículo do Eklogi, há um hino à Santíssima Trindade (chamado de Triadikon) e um hino à Mãe de Deus (chamado de Theotokion).
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A seguir, estão três exemplos do Polyeleos sendo cantado nas Matinas:
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* [https://www.youtube.com/watch?v=4YhKMSxkPOY Salmo 134 cantado no Monte Athos]
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* [https://www.youtube.com/watch?v=2el_noTKxqU Salmo 135 cantado por São Paísios no Monte Athos]
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* [https://www.youtube.com/watch?v=clQabMMfBv4 Salmos 134, 135 e Eklogi cantados pelo Ancião Efraim do Mosteiro de Xiropotamos]
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Por fim, após a leitura do terceiro Kathisma ou o canto do Polyeleos, canta-se ainda outro hino, chamado de Kathisma III (igualmente fornecido pelo livro vigente). Se não há terceiro Kathisma e o Polyeleos é cantado em seu lugar, significa que o coral (ou o fiel) canta ininterruptamente por dezenas de minutos: desde o hino do Kathisma II até o hino do Kathisma III. Após uma última Pequena Litania realizada pelo sacerdote (ou sua substituição mencionada acima), o Ofício das Matinas é continuado normalmente.
  
 
== Nota sobre a utilização de traduções para o português ==
 
== Nota sobre a utilização de traduções para o português ==
Entretanto, todas as traduções das Sagradas Escrituras do Antigo Testamento para a língua portuguesa utilizam como base o Texto Massorético — uma reescrita do cânone judaico realizada e mantida por uma tribo de escribas judeus que se situavam ao redor do Mar da Galileia na Palestina (mais especificamente na cidade de Tiberíades) durante a Alta Idade Média (sécs. V a X). Esse texto reflete uma série de mudanças feitas pelo Rabinato Palestino a partir do século I de forma a subverter as profecias contidas no Antigo Testamento que apontassem a Cristo como Messias e Deus, bem como alterar passagens referenciadas pelo Novo Testamento.
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Infelizmente, todas as traduções das Sagradas Escrituras do Antigo Testamento para a língua portuguesa utilizam como base o Texto Massorético — uma reescrita do cânone judaico realizada e mantida por uma tribo de escribas judeus que se situavam ao redor do Mar da Galileia na Palestina (mais especificamente na cidade de Tiberíades) durante a Alta Idade Média (sécs. V a X). Esse texto reflete uma série de mudanças feitas pelo Rabinato Palestino a partir do século I de forma a subverter as profecias contidas no Antigo Testamento que apontassem a Cristo como Messias e Deus, bem como alterar passagens referenciadas pelo Novo Testamento.
  
 
A mudança que afeta a leitura dos kathismata não é exatamente essa subversão, mas sim um erro de divisão que os escribas empregaram durante a separação dos salmos logo ao início do Livro dos Salmos — digno do apreço que tinham pela Palavra de Deus —, o que acabou comprometendo a numeração. O leitor que utilizar uma tradução das Sagradas Escrituras para o português conseguirá seguir, na tabela acima, apenas o Kathisma I. Isso se deve ao fato do Texto Massorético ter dividido o Salmo 10 em dois: 10 e 11. Daí em diante, a numeração dos Salmos na Septuaginta é afetada, uma vez que o Salmo 11 passa a corresponder ao 12 massorético, o Salmo 12 ao 13 massorético, etc.
 
A mudança que afeta a leitura dos kathismata não é exatamente essa subversão, mas sim um erro de divisão que os escribas empregaram durante a separação dos salmos logo ao início do Livro dos Salmos — digno do apreço que tinham pela Palavra de Deus —, o que acabou comprometendo a numeração. O leitor que utilizar uma tradução das Sagradas Escrituras para o português conseguirá seguir, na tabela acima, apenas o Kathisma I. Isso se deve ao fato do Texto Massorético ter dividido o Salmo 10 em dois: 10 e 11. Daí em diante, a numeração dos Salmos na Septuaginta é afetada, uma vez que o Salmo 11 passa a corresponder ao 12 massorético, o Salmo 12 ao 13 massorético, etc.
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== Calendário de leituras ==
 
== Calendário de leituras ==
Assim como o [[calendário de leituras]] para as epístolas e os evangelhos, o calendário dos Kathismata inicia seu ciclo no [[Páscoa|Domingo de Páscoa]]. Ainda assim, nenhum Kathisma é lido durante a Semana Luminosa, motivo pelo qual começamos a contá-los a partir do Domingo de São Tomé. Fora da Grande Quaresma, interpretamos o calendário de duas formas diferentes:
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Assim como o [[calendário de leituras]] para as epístolas e os evangelhos, o calendário dos Kathismata inicia seu ciclo no [[Páscoa|Domingo de Páscoa]]. Ainda assim, nenhum Kathisma é lido durante a Semana Luminosa, motivo pelo qual começamos a contá-los a partir do Domingo de São Tomé. Fora da [[Grande Quaresma]], interpretamos o calendário de duas formas diferentes:
  
 
* Do Domingo de São Tomé à Despedida da Festa da Santa Cruz (21 de setembro): Calendário 1
 
* Do Domingo de São Tomé à Despedida da Festa da Santa Cruz (21 de setembro): Calendário 1
* De 22 de setembro ao dia anterior à Pré-festa da Natividade (19 de dezembro): Calendário 2
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* De [[22 de setembro]] ao dia anterior à Pré-festa da Natividade (19 de dezembro): Calendário 2
* Da Pré-festa da Natividade (20 de dezembro) à Despedida da Festa da Teofania (14 de janeiro): Calendário 1
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* Da Pré-festa da [[Natividade do Senhor|Natividade]] (20 de dezembro) à Despedida da Festa da Teofania (14 de janeiro): Calendário 1
* De 15 de janeiro ao dia anterior ao Domingo do Filho Pródigo: Calendário 2
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* De [[15 de janeiro]] ao dia anterior ao Domingo do Filho Pródigo: Calendário 2
 
* Do Domingo do Filho Pródigo ao Domingo do Perdão: Calendário 1
 
* Do Domingo do Filho Pródigo ao Domingo do Perdão: Calendário 1
  
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[[Categoria:Espiritualidade]]
 
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Edição atual desde as 07h43min de 24 de junho de 2023

Esse artigo faz parte de uma série sobre a
Liturgia da Igreja
Cristo Pantocrator do Sinai.jpg
Sagradas Escrituras
Calendário de leituras
KathismaEothinon
Santos Mistérios
SacramentosBatismoCrismaConfissão
EucaristiaMatrimônioOrdenação
Festas
PáscoaDoze Grandes Festas

Natividade da Mãe de DeusElevação da Cruz
Apresentação da Mãe de DeusEpifania
Natividade do SenhorApresentação do Senhor
AnunciaçãoAscensãoPentecostes
TransfiguraçãoDormição da Mãe de Deus

Kathisma (κάθισμα, pl. καθίσματα) é o termo utilizado para a divisão do Livro dos Salmos, escrito pelo santo Profeta Davi, em vinte partes, as quais são lidas durante os ofícios das Vésperas e das Matinas. O termo relaciona-se com a palavra κάθημαι (sentar-se), indicando tratar-se de uma seção de leitura.

Cada um dos vinte kathismata possui três staseis (στάσις, pl. στάσεις), termo semelhante ao conceito ocidental de “estrofe”. Cada stasis é composta por cerca de três Salmos, podendo esse número ser maior ou menor a depender do tamanho do Salmo (por exemplo, a Stasis I do Kathisma III contém somente o Salmo 17, enquanto que a Stasis I do Kathisma XVIII traz os curtos Salmos 119, 120, 121, 122 e 123). O Salmo 118, sendo o maior salmo do livro, é a única exceção em que o Kathisma (XVII) inteiro corresponde a ele.

Salmos contidos em cada Kathisma,
segundo a Septuaginta
Kathisma Stasis I Stasis II Stasis III
I Salmos 1–3 Salmos 4–6 Salmos 7–8
II 9–10 11–13 14–16
III 17 18–20 21–23
IV 24–26 27–29 30–31
V 32–33 34–35 36
VI 37–39 40–42 43–45
VII 46–48 49–50 51–54
VIII 55–57 58–60 61–63
IX 64–66 67 68–69
X 70–71 72–73 74–76
XI 77 78–80 81–84
XII 85–87 88 89–90
XIII 91–93 94–96 97–100
XIV 101–102 103 104
XV 105 106 107–108
XVI 109–111 112–114 115–117
XVII 118:1–72 118:73–131 118:132–176
XVIII 119–123 124–128 129–133
XIX 134–136 137–139 140–142
XX 143–144 145–147 148–150

Terminada uma Stasis, o leitor faz:

“Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Aleluia, Aleluia, Aleluia. Glória a Ti, ó Deus. (3x)
Tem piedade, Senhor. (3x)
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.”

…e segue para a Stasis seguinte, se houver.


Nos ofícios litúrgicos

No Ofício das Vésperas, apenas um Kathisma é lido. Sua leitura começa após a Grande Litania feita pelo diácono e o sacerdote, a qual é realizada após a leitura do Salmo 103. As Vésperas aos domingos — uma vez que são o primeiro ofício realizado na semana litúrgica — marcam o reinício do ciclo, começando com o Kathisma I (veja os calendários abaixo). Após a leitura do Kathisma, o diácono e o sacerdote realizam uma Pequena Litania[nota 1] e, em seguida, começa o canto dos Salmos 140, 141, 129 e 116. A exceção à realização da Pequena Litania é às segundas-feiras, quando nenhum Kathisma é lido: nesses dias, terminada a Grande Litania, já começa-se o canto dos Salmos.

No Ofício das Matinas, a depender do calendário, são lidos de dois a três Kathisma. O primeiro Kathisma é lido imediatamente após o canto dos tropários do dia, que sucedem os Hexassalmos. Assim que a leitura é terminada, o diácono e o sacerdote realizam uma Pequena Litania e, então, é cantado um hino, também chamado de Kathisma I. O hino que será cantado no dia é regido pelo livro litúrgico vigente (Octoechos, Menaion, Triodion, Pentecostarion…). Terminado o hino, a mesma coisa se repete para o segundo Kathisma das Matinas: ele é lido, o sacerdote realiza outra Pequena Litania e canta-se um outro hino, chamado de Kathisma II, que também é dado pelo livro vigente.

Terceiro Kathisma ou Polyeleos

Com o fim desse hino, o terceiro Kathisma é lido. Nos dias em que não há um terceiro Kathisma nas Matinas (como no calendário 1 abaixo), canta-se o Polyeleos (πολυέλεος). Esse termo refere-se ao canto dos Salmos 134 e 135, usando a palavra “Aleluia” para separar os versículos do Salmo 134 e duas vezes para separar os versículos do Salmo 135. A depender da festa comemorada no dia, o livro litúrgico pode ainda definir um Eklogi (ἐκλογή), um conjunto de versículos do Livro dos Salmos escolhidos em honra à festa do dia. Depois do último versículo do Eklogi, há um hino à Santíssima Trindade (chamado de Triadikon) e um hino à Mãe de Deus (chamado de Theotokion).

A seguir, estão três exemplos do Polyeleos sendo cantado nas Matinas:

Por fim, após a leitura do terceiro Kathisma ou o canto do Polyeleos, canta-se ainda outro hino, chamado de Kathisma III (igualmente fornecido pelo livro vigente). Se não há terceiro Kathisma e o Polyeleos é cantado em seu lugar, significa que o coral (ou o fiel) canta ininterruptamente por dezenas de minutos: desde o hino do Kathisma II até o hino do Kathisma III. Após uma última Pequena Litania realizada pelo sacerdote (ou sua substituição mencionada acima), o Ofício das Matinas é continuado normalmente.

Nota sobre a utilização de traduções para o português

Infelizmente, todas as traduções das Sagradas Escrituras do Antigo Testamento para a língua portuguesa utilizam como base o Texto Massorético — uma reescrita do cânone judaico realizada e mantida por uma tribo de escribas judeus que se situavam ao redor do Mar da Galileia na Palestina (mais especificamente na cidade de Tiberíades) durante a Alta Idade Média (sécs. V a X). Esse texto reflete uma série de mudanças feitas pelo Rabinato Palestino a partir do século I de forma a subverter as profecias contidas no Antigo Testamento que apontassem a Cristo como Messias e Deus, bem como alterar passagens referenciadas pelo Novo Testamento.

A mudança que afeta a leitura dos kathismata não é exatamente essa subversão, mas sim um erro de divisão que os escribas empregaram durante a separação dos salmos logo ao início do Livro dos Salmos — digno do apreço que tinham pela Palavra de Deus —, o que acabou comprometendo a numeração. O leitor que utilizar uma tradução das Sagradas Escrituras para o português conseguirá seguir, na tabela acima, apenas o Kathisma I. Isso se deve ao fato do Texto Massorético ter dividido o Salmo 10 em dois: 10 e 11. Daí em diante, a numeração dos Salmos na Septuaginta é afetada, uma vez que o Salmo 11 passa a corresponder ao 12 massorético, o Salmo 12 ao 13 massorético, etc.

Dessa forma, a partir do Salmo 10, o leitor precisa acrescentar 1 ao número indicado para que corresponda ao salmo contido em sua tradução. O Kathisma II, que na Septuaginta é “9–10; 11–13; 14–16” passa a corresponder a “9–11; 12–14; 15–17” no Texto Massorético. Isso se repete pelos kathismata seguinte.

No Kathisma XVI, mais um erro de divisão ocorre, dessa vez envolvendo os versículos. O último versículo do Salmo 114 não termina no último versículo do salmo massorético 115, mas sim no 116:9. Com efeito, o Salmo 115 começa no massorético 116:10. Os Salmos seguintes não apresentam mais erros nos versículos, embora continuem com a adição de 1 ao número do salmo.

No Kathisma XX, como que em arrependimento, o escriba retorna à numeração correta através da aglutinação dos Salmos 146 e 147 em um só: o massorético 147. Daí em diante, a numeração dos Salmos é a mesma.

Calendário de leituras

Assim como o calendário de leituras para as epístolas e os evangelhos, o calendário dos Kathismata inicia seu ciclo no Domingo de Páscoa. Ainda assim, nenhum Kathisma é lido durante a Semana Luminosa, motivo pelo qual começamos a contá-los a partir do Domingo de São Tomé. Fora da Grande Quaresma, interpretamos o calendário de duas formas diferentes:

  • Do Domingo de São Tomé à Despedida da Festa da Santa Cruz (21 de setembro): Calendário 1
  • De 22 de setembro ao dia anterior à Pré-festa da Natividade (19 de dezembro): Calendário 2
  • Da Pré-festa da Natividade (20 de dezembro) à Despedida da Festa da Teofania (14 de janeiro): Calendário 1
  • De 15 de janeiro ao dia anterior ao Domingo do Filho Pródigo: Calendário 2
  • Do Domingo do Filho Pródigo ao Domingo do Perdão: Calendário 1
Calendário 1
Kathisma Vésperas Matinas
Domingo I II e III
Segunda-feira IV e V
Terça-feira VI VII e VIII
Quarta-feira IX X e XI
Quinta-feira XII XIII e XIV
Sexta-feira XV XIX e XX
Sábado XVIII XVI e XVII
Calendário 2
Kathisma Vésperas Matinas
Domingo I II e III
Segunda-feira IV, V e VI
Terça-feira XVIII VII, VIII e IX
Quarta-feira X, XI e XII
Quinta-feira XIII, XIV e XV
Sexta-feira XIX e XX
Sábado XVI e XVII

Notas

  1. Se o ofício estiver sendo feito pessoalmente pelo fiel ou sem a presença do sacerdote, trocam-se todas as litanias dos ofícios por “Tem piedade, Senhor. (3x) Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.”