Diferenças entre edições de "Kathisma"
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− | Entretanto, todas as traduções das Sagradas Escrituras do Antigo Testamento para a língua portuguesa utilizam como base o Texto Massorético — uma reescrita do cânone judaico realizada e mantida por uma tribo de escribas judeus que se situavam ao redor do Mar da Galileia na Palestina (mais especificamente na cidade de Tiberíades) durante a Alta Idade Média (sécs. V a X). Esse texto reflete uma série de mudanças feitas pelo Rabinato Palestino a partir do século | + | == Na lusofonia == |
+ | Entretanto, todas as traduções das Sagradas Escrituras do Antigo Testamento para a língua portuguesa utilizam como base o Texto Massorético — uma reescrita do cânone judaico realizada e mantida por uma tribo de escribas judeus que se situavam ao redor do Mar da Galileia na Palestina (mais especificamente na cidade de Tiberíades) durante a Alta Idade Média (sécs. V a X). Esse texto reflete uma série de mudanças feitas pelo Rabinato Palestino a partir do século I de forma a subverter as profecias contidas no Antigo Testamento que apontassem a Cristo como Messias e Deus, bem como alterar passagens referenciadas pelo Novo Testamento. | ||
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+ | A mudança que afeta a leitura dos kathismata não é exatamente essa subversão, mas sim um erro de divisão que os escribas empregaram durante a separação dos salmos logo ao início do Livro dos Salmos — digno do apreço que tinham pela Palavra de Deus —, o que acabou comprometendo a numeração. O leitor que utilizar uma tradução das Sagradas Escrituras para o português conseguirá seguir, na tabela acima, apenas o Kathisma I. Isso se deve ao fato do Texto Massorético ter dividido o Salmo 10 em dois: 10 e 11. Daí em diante, a numeração dos Salmos na Septuaginta é afetada, uma vez que o Salmo 11 passa a corresponder ao 12 massorético, o Salmo 12 ao 13 massorético, etc. | ||
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+ | Dessa forma, <u>a partir do Salmo 10, o leitor precisa acrescentar 1 ao número indicado para que corresponda ao salmo contido em sua tradução</u>. O Kathisma II, que na Septuaginta é “9–10; 11–13; 14–16” passa a corresponder a “9–11; 12–14; 15–17” no Texto Massorético. Isso se repete pelos kathismata seguinte. | ||
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+ | No Kathisma XVI, mais um erro de divisão ocorre, dessa vez envolvendo os versículos. O último versículo do Salmo 114 não termina no último versículo do salmo massorético 115, mas sim no 116:9. Com efeito, o Salmo 115 começa no massorético 116:10. Os Salmos seguintes não apresentam mais erros nos versículos, embora continuem com a adição de 1 ao número do salmo. | ||
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+ | No Kathisma XX, como que em arrependimento, o escriba retorna à numeração correta através da aglutinação dos Salmos 146 e 147 em um só: o massorético 147. Daí em diante, a numeração dos Salmos é a mesma. | ||
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Revisão das 18h43min de 16 de maio de 2023
Esse artigo faz parte de uma série sobre a Liturgia da Igreja | |
Sagradas Escrituras | |
Calendário de leituras Kathisma • Eothinon | |
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Kathisma (κάθισμα, pl. καθίσματα) é o termo utilizado para a divisão do Livro dos Salmos, escrito pelo santo Profeta Davi, em vinte partes, as quais são lidas durante os ofícios das Vésperas e das Matinas. O termo relaciona-se com a palavra κάθημαι (sentar-se), indicando tratar-se de uma seção de leitura.
Cada um dos vinte kathismata possui três staseis (στάσις, pl. στάσεις), termo semelhante ao conceito ocidental de “estrofe”. Cada stasis é composta por cerca de três salmos, podendo esse número ser maior ou menor a depender do tamanho do salmo (por exemplo, a Stasis I do Kathisma III contém somente o salmo 17, enquanto que a Stasis I do Kathisma XVIII traz os curtos salmos 119, 120, 121, 122 e 123).
Kathisma | Stasis I | Stasis II | Stasis III |
---|---|---|---|
I | Salmos 1–3 | Salmos 4–6 | Salmos 7–8 |
II | 9–10 | 11–13 | 14–16 |
III | 17 | 18–20 | 21–23 |
IV | 24–26 | 27–29 | 30–31 |
V | 32–33 | 34–35 | 36 |
VI | 37–39 | 40–42 | 43–45 |
VII | 46–48 | 49–50 | 51–54 |
VIII | 55–57 | 58–60 | 61–63 |
IX | 64–66 | 67 | 68–69 |
X | 70–71 | 72–73 | 74–76 |
XI | 77 | 78–80 | 81–84 |
XII | 85–87 | 88 | 89–90 |
XIII | 91–93 | 94–96 | 97–100 |
XIV | 101–102 | 103 | 104 |
XV | 105 | 106 | 107–108 |
XVI | 109–111 | 112–114 | 115–117 |
XVII | 118:1–72 | 118:73–131 | 118:132–176 |
XVIII | 119–123 | 124–128 | 129–133 |
XIX | 134–136 | 137–139 | 140–142 |
XX | 143–144 | 145–147 | 148–150 |
Na lusofonia
Entretanto, todas as traduções das Sagradas Escrituras do Antigo Testamento para a língua portuguesa utilizam como base o Texto Massorético — uma reescrita do cânone judaico realizada e mantida por uma tribo de escribas judeus que se situavam ao redor do Mar da Galileia na Palestina (mais especificamente na cidade de Tiberíades) durante a Alta Idade Média (sécs. V a X). Esse texto reflete uma série de mudanças feitas pelo Rabinato Palestino a partir do século I de forma a subverter as profecias contidas no Antigo Testamento que apontassem a Cristo como Messias e Deus, bem como alterar passagens referenciadas pelo Novo Testamento.
A mudança que afeta a leitura dos kathismata não é exatamente essa subversão, mas sim um erro de divisão que os escribas empregaram durante a separação dos salmos logo ao início do Livro dos Salmos — digno do apreço que tinham pela Palavra de Deus —, o que acabou comprometendo a numeração. O leitor que utilizar uma tradução das Sagradas Escrituras para o português conseguirá seguir, na tabela acima, apenas o Kathisma I. Isso se deve ao fato do Texto Massorético ter dividido o Salmo 10 em dois: 10 e 11. Daí em diante, a numeração dos Salmos na Septuaginta é afetada, uma vez que o Salmo 11 passa a corresponder ao 12 massorético, o Salmo 12 ao 13 massorético, etc.
Dessa forma, a partir do Salmo 10, o leitor precisa acrescentar 1 ao número indicado para que corresponda ao salmo contido em sua tradução. O Kathisma II, que na Septuaginta é “9–10; 11–13; 14–16” passa a corresponder a “9–11; 12–14; 15–17” no Texto Massorético. Isso se repete pelos kathismata seguinte.
No Kathisma XVI, mais um erro de divisão ocorre, dessa vez envolvendo os versículos. O último versículo do Salmo 114 não termina no último versículo do salmo massorético 115, mas sim no 116:9. Com efeito, o Salmo 115 começa no massorético 116:10. Os Salmos seguintes não apresentam mais erros nos versículos, embora continuem com a adição de 1 ao número do salmo.
No Kathisma XX, como que em arrependimento, o escriba retorna à numeração correta através da aglutinação dos Salmos 146 e 147 em um só: o massorético 147. Daí em diante, a numeração dos Salmos é a mesma.