Luciano de Antioquia

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O Santo Hieromártir Luciano de Antioquia

Vida

Luciano nasceu próximo ao ano de 240 na cidade de Samósata, às margens do Rio Eufrates (atual Samsat no sul da Turquia). Filho de pais cristãos, Luciano era descendente dos assírios convertidos e batizados na Fé verdadeira pelos apóstolos no século anterior e que, agora, formavam uma grande comunidade, embora tivessem que exercer a Fé nas catacumbas, longe da maioria pagã de Samósata. Ainda assim, os martirológios parecem sugerir que os cristãos dessa cidade foram poupados da Perseguição do Imperador Décio (249–251). Desejando fornecer-lhe uma boa educação secular, seus pais enviaram-no para grandes escolas, e Luciano destacava-se dos outros alunos em seus estudos.

Porém, a principal educação que o jovem recebia era nas catacumbas. Sempre atento às poucas Sagradas Escrituras que a Igreja de Samósata possuía, Luciano desenvolveu um grande desejo pela vida ascética e pelo estudo da Sagrada Tradição. Naquele tempo, o monasticismo ainda não havia sido estabelecido, mas Luciano fez o que podia para viver de forma austera.

Distribuindo todos os seus bens aos necessitados, Luciano usou sua educação para compilar instruções na vida cristã, alimentando-se noeticamente de seu próprio trabalho. Seu maior presente à Igreja de Samósata foi a correção das Sagradas Escrituras propositalmente adulteradas pelos judeus e pelas seitas gnósticas. Comparando os textos em hebraico com a Septuaginta, Luciano identificou as passagens reescritas pelos judeus para subverter as profecias sobre a vinda de Cristo e as adições dos gnósticos para fazerem de Cristo um de seus aderentes.

Logo seu renome chegou à grande cidade de Antioquia, e a aclamação popular pedia ao arcebispo que trouxesse-o para o clero. Isso provavelmente aconteceu na década de 270, quando um sínodo composto por dezenas de bispos excomungou do trono antioquino o herético Paulo I (c. 261–268) que, além de não acreditar na Trindade, promovia uma vida de luxos e fortunas como algo cristão, embora tivesse nascido em uma família humilde na mesma Samósata de São Luciano. É possível que Domno I, sucessor de Paulo, tenha convidado São Luciano para a Arquidiocese de Antioquia, ordenando-o ao Santo Sacerdócio.

O sacerdote de Antioquia

São Luciano era um exemplo para todos os cristãos de Antioquia. Suas homilias refletiam a Luz das Sagradas Escrituras e preservavam os fiéis de caírem nas várias heresias daqueles tempos. O santo advogava pela comunhão frequente, lembrando dos mártires que, mesmo passando por uma longa batalha, não rendiam seus espíritos até receberem os Santos Dons. As crianças amavam-no, mas a principal admiradora de São Luciano era uma garota de apenas quinze anos, chamada Pelágia. Através dos ensinamentos transmitidos por São Luciano, Pelágia decidiu preservar sua virgindade e oferecer toda a sua vida a Cristo.

O santo pregou por cerca de trinta anos em paz, mas não sem acumular inimigos, muitos destes sendo os próprios membros do clero. Em 303, o Imperador Diocleciano (284–305) iniciou a maior e mais cruel Perseguição aos cristãos, e os inimigos de São Luciano rapidamente denunciaram-no. Seu rebanho foi asperamente perseguido pelas forças de Diocleciano, e até as crianças que se recusassem a comer os alimentos aspergidos no sangue dos sacrifícios aos ídolos pagãos eram raptadas e martirizadas em caldeirões ferventes. Quanto à jovem Pelágia, toda a sua longa vida agradável a Deus que tinha pela frente acabou no momento em que os inimigos de São Luciano revelaram sua morada e suas ambições aos oficiais de Diocleciano, os quais despacharam soldados para destruírem sua virgindade. Assim que arrombaram a porta de sua casa, Pelágia, vestindo-se como noiva de Cristo que era, subiu ao último andar de sua casa e dele se jogou, adentrando as câmaras nupciais celestes aos quinze anos de idade como um sacrifício imaculado ao seu Esposo, para junto d’Ele pelos séculos dos séculos reinar. Santa Pelágia é comemorada pela Igreja no dia 8 de outubro.

São Luciano permaneceu com alguns fiéis que tomaram refúgio fora da cidade, mas um certo Pancrácio, sacerdote da Igreja de Antioquia que nutria uma profunda inveja contra o santo, negociou com os soldados ser libertado em troca de revelar onde São Luciano estava escondido.

O caminho a Nicomédia

São Luciano foi preso pela guarda de Diocleciano e, devido à sua importância, não foi levado ao governador da Celessíria (a província cuja capital era Antioquia), mas sim ao próprio tribunal de Diocleciano em Nicomédia. Durante o caminho de Antioquia a Nicomédia, que passava pela Cilícia e pela Capadócia, tamanha era a santidade daquele já idoso sacerdote que os próprios soldados eram cativados pelas suas palavras. A cada cidade que passavam, um dos soldados declarava-se cristão em alta voz, sendo logo preso pelos seus superiores. Ao todo, mais de quarenta soldados se converteram ao lado de São Luciano e adentraram o Reino dos Céus como santos mártires por Cristo.

Quando finalmente chegaram a Nicomédia, São Luciano foi interrogado e instado a oferecer sacrifícios para o bem-estar do imperador, pois só assim poderia salvar sua vida. O santo, porém, confessou-se cristão e envergonhou os pagãos com seus discursos, os quais o próprio Espírito Santo falava através de sua boca. Grunhindo de raiva como demônios, os juristas julgaram o santo como blasfemador de seus deuses, e condenaram-no a cruéis açoites e chicotes, apesar de sua idade. Em todos esses tormentos, São Luciano louvava a Deus e agradecia-O por fazê-lo digno de sofrer pela Verdadeira Fé em Cristo.

Vendo-o irresoluto em sua confissão de Fé, os magistrados trancaram-no na prisão e proibiram os carrascos de trazerem-no comida. Embora pensassem que o santo não resistiria à fome e abandonaria sua Fé para salvar-se da morte, a verdade é que São Luciano já havia conquistado o seu estômago pelos seus extensos jejuns, de forma que a gula já não era para ele uma paixão.

O santo confessor passou semanas trancado em sua cela sem receber uma única migalha de pão, nutrindo sua alma através da oração incessante. Em um 7 de janeiro, dia da Festa da Teofania de Cristo Deus, São Luciano chegou ao fim de sua batalha, sabendo que sua morte era iminente. Pela Divina Providência, um cristão que visitava a prisão entregou secretamente pão e vinho aos confessores.

Todos os cristãos presos vieram até o padre Luciano, e ele lhes pediu que cercassem-no e colocassem o pão e o frasco de vinho em cima de seu corpo. Deitado e sem mais forças para se levantar, São Luciano ofereceu-se como um altar a Deus. Todos rogaram diante do pão e do vinho, e São Luciano pediu a Deus que aceitasse aquele sacrifício de louvor. Então, iniciou a Santa Anáfora, mencionando as palavras de Cristo aos apóstolos na Divina Ceia Mística e suplicando pela decida do Espírito Santo sobre aqueles dons. Tendo todo o seu rebanho em sua mente, São Luciano falou o Pai Nosso e ofereceu a Santa e Divina Comunhão a si e a todos os cristãos presentes.

No dia seguinte, foi decidido que São Luciano fosse novamente levado às torturas físicas. Quando os soldados abriram o cárcere do ancião, ele deu um brado, exclamando: “Eu sou cristão! Eu sou cristão! Eu sou cristão!” e, caindo sem forças ao chão, entregou sua alma a Deus com mais de sessenta anos de idade, partindo para perpetuamente servir a Divina Liturgia nas Alturas do Reino dos Céus ao lado de seu Criador.