Diferenças entre edições de "Antão, o Grande"

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: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-Me.” (Mateus 19:21)
 
: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-Me.” (Mateus 19:21)
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Antão sentiu ardentemente essas palavras, como se tivesses sido ditas a ele. Após o ofício, decidiu vender a propriedade que seus pais o deixaram e entregou sua irmã aos cuidados de piedosas virgens de um convento da região. Com o dinheiro da venda, distribuiu-o aos pobres e partiu para uma cabana não tão longe de sua antiga casa. Ganhava seu sustento através de artesanato, mas também o distribuía aos pobres. O asceta visitava outros monásticos que viviam nas redondezas e, de cada um, procurava uma orientação na vida monástica. Um deles tornou-se seu guia espiritual.
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Nesse período, Santo Antão enfrentou terríveis tentações do demônio, que o atormentava com pensamentos sobre sua vida mundana, dúvidas sobre o caminho escolhido, preocupações com a vida que sua irmã levava; isso para não mencionar os pensamentos obscenos e os sentimentos carnais. Mas o santo extinguiu esse fogo através de intensas orações a Cristo e vigílias, além de ponderar sobre a punição eterna, vencendo assim o diabo.
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Reconhecendo que o demônio certamente voltaria a atacá-lo, Santo Antão intensificou sua luta, orando para que o Senhor lhe mostrasse o caminho da salvação. Deus o ouviu, e concedeu-o uma visão. Nela, o asceta viu um homem que alternadamente orava e trabalhava. Tratava-se de um anjo enviado por Deus para instruir Seu escolhido.
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Santo Antão adotou um modo de vida ainda mais rigoroso. Alimentava-se somente após o pôr do sol, e passava a noite inteira orando até o sol nascer. Em pouco tempo, passou a dormir uma vez a cada três dias. O demônio, entretanto, não desistiu: tentando assustá-lo, apresentava-se ao monge como horríveis fantasmas e monstros. A essas aparições, o santo protegia-se pelo sinal da Cruz. Finalmente, o demônio apareceu a ele em forma de uma criança chorosa, dizendo que suas orações eram como socos em seu indefeso corpo. Santo Antão não se enganou, e continuou orando até vencê-lo.
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Almejando uma solidão ainda maior, Santo Antão partiu para um cemitério, longe de qualquer outra pessoa. Antes, pediu que um amigo seu lhe levasse um pedaço de pão algumas vezes por semana. O monge, então, fechou-se num túmulo. Os demônios não deixaram de atacá-lo, e faziam como se fossem infligi-lo feridas terríveis, e até a morte. Pela Divina Providência, seu amigo chegou no cemitério no dia seguinte, e vendo-o caído no chão como se estivesse morto, arrastou-o de volta à vila. Lá, constataram que estava morto, e prepararam seu funeral. À meia-noite, Santo Antão recebeu o sopro da vida, e pediu que seu amigo o levasse de volta ao cemitério.
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Sua firmeza foi maior do que as artimanhas do inimigo. Retomando a forma de ferozes animais, os demônios tentaram fazê-lo sair da necrópole, mas sua Fé em Cristo os derrotou. Olhando para alto, viu o teto da tumba se abrindo e um raio de luz chegando até o santo. Os demônios fugiram, e ele clamou: “Onde estiveste, ó Misericordioso Jesus? Por que não apareceste desde o começo para acabar com minha dor?” E o Senhor lhe respondeu: “Eu sempre estive aqui, Antão, mas quis apreciar a tua luta. Como tu não te rendeste, sempre hei de to socorrer, e farei teu nome ser conhecido por todo o mundo.” Deus o curou de todos os ferimentos, e o asceta sentiu-se forte como nunca. Isso lhe ocorreu aos trinta e cinco anos de idade.
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Tendo ganho tamanha experiência espiritual em sua luta contra o demônio, Santo Antão pensou em ir ao deserto de Tebaida, ao sul, para continuar a servir ao Senhor. Para isso, visitou seu guia espiritual e pediu que ele o acompanhasse na jornada. O ancião, sem saber que estava prestes a dar a primeira bênção para a façanha que viria a ser conhecida como eremitismo, decidiu não acompanhá-lo por causa de sua avançada idade.
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Santo Antão foi para o deserto sozinho. O diabo tentou impedi-lo, colocando moedas de prata em seu caminho, e depois ouro, mas o santo ignorou a tentação e continuou seu caminho. Após cruzar um rio, encontrou um antigo forte abandonado e lá estabeleceu-se, cobrindo a entrada com pedras. Dessa vez, havia pedido que seu fiel amigo trouxesse-lhe pão duas vezes por ano. Quanto a água, havia em abundância no forte.
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Passados vinte e sete anos naquele forte em completo isolamento e luta constante com os demônios até alcançar a paz absoluta, seus amigos removeram as pedras da entrada e foram até o santo, implorando que ele os aceitasse como filhos espirituais. Em pouco tempo, o forte foi cercado por várias celas, nas quais viviam seus discípulos. Santo Antão guiava a todos que vinham até ele buscando a salvação. O eremita intensificava o zelo daqueles que já eram monges e inspirava aos leigos na vida monástica.
  
 
== Referências ==
 
== Referências ==

Revisão das 02h01min de 18 de janeiro de 2020

O Venerável Santo Antão, o Grande (ou Antônio; m. 356), foi o… Sua festa é comemorada pela Igreja no dia de seu repouso, 17 de janeiro.

Vida

Antão nasceu em 251 na vila de Coma no Egito, próxima à deserta região de Tebaida. Embora tenha nascido no fim das perseguições do Imperador Décio (249–251), o qual viria a morrer naquele ano após uma batalha contra os góticos e os citas, Antão foi criado por piedosos pais cristãos provenientes de uma nobre linhagem. Antão cresceu como uma criança séria e obediente aos pais, que amava frequentar os ofícios litúrgicos — era tão atento à leitura das Sagradas Escrituras que memorizou-as por completo em sua mente.

Quando Antão tinha cerca de vinte anos de idade seus pais faleceram, e teve que cuidar de sua irmã mais nova. Seis meses depois, quando foi à igreja, ouviu e refletiu sobre como os fiéis, no Livro dos Atos dos Santos Apóstolos, vendiam todas as suas posses e repartiam o dinheiro ganho entre os necessitados. Durante a leitura do Evangelho, ouviu a passagem em que Jesus Cristo respondeu ao jovem que ansiava em obter a vida eterna:

“Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-Me.” (Mateus 19:21)

Antão sentiu ardentemente essas palavras, como se tivesses sido ditas a ele. Após o ofício, decidiu vender a propriedade que seus pais o deixaram e entregou sua irmã aos cuidados de piedosas virgens de um convento da região. Com o dinheiro da venda, distribuiu-o aos pobres e partiu para uma cabana não tão longe de sua antiga casa. Ganhava seu sustento através de artesanato, mas também o distribuía aos pobres. O asceta visitava outros monásticos que viviam nas redondezas e, de cada um, procurava uma orientação na vida monástica. Um deles tornou-se seu guia espiritual.

Nesse período, Santo Antão enfrentou terríveis tentações do demônio, que o atormentava com pensamentos sobre sua vida mundana, dúvidas sobre o caminho escolhido, preocupações com a vida que sua irmã levava; isso para não mencionar os pensamentos obscenos e os sentimentos carnais. Mas o santo extinguiu esse fogo através de intensas orações a Cristo e vigílias, além de ponderar sobre a punição eterna, vencendo assim o diabo.

Reconhecendo que o demônio certamente voltaria a atacá-lo, Santo Antão intensificou sua luta, orando para que o Senhor lhe mostrasse o caminho da salvação. Deus o ouviu, e concedeu-o uma visão. Nela, o asceta viu um homem que alternadamente orava e trabalhava. Tratava-se de um anjo enviado por Deus para instruir Seu escolhido.

Santo Antão adotou um modo de vida ainda mais rigoroso. Alimentava-se somente após o pôr do sol, e passava a noite inteira orando até o sol nascer. Em pouco tempo, passou a dormir uma vez a cada três dias. O demônio, entretanto, não desistiu: tentando assustá-lo, apresentava-se ao monge como horríveis fantasmas e monstros. A essas aparições, o santo protegia-se pelo sinal da Cruz. Finalmente, o demônio apareceu a ele em forma de uma criança chorosa, dizendo que suas orações eram como socos em seu indefeso corpo. Santo Antão não se enganou, e continuou orando até vencê-lo.

Almejando uma solidão ainda maior, Santo Antão partiu para um cemitério, longe de qualquer outra pessoa. Antes, pediu que um amigo seu lhe levasse um pedaço de pão algumas vezes por semana. O monge, então, fechou-se num túmulo. Os demônios não deixaram de atacá-lo, e faziam como se fossem infligi-lo feridas terríveis, e até a morte. Pela Divina Providência, seu amigo chegou no cemitério no dia seguinte, e vendo-o caído no chão como se estivesse morto, arrastou-o de volta à vila. Lá, constataram que estava morto, e prepararam seu funeral. À meia-noite, Santo Antão recebeu o sopro da vida, e pediu que seu amigo o levasse de volta ao cemitério.

Sua firmeza foi maior do que as artimanhas do inimigo. Retomando a forma de ferozes animais, os demônios tentaram fazê-lo sair da necrópole, mas sua Fé em Cristo os derrotou. Olhando para alto, viu o teto da tumba se abrindo e um raio de luz chegando até o santo. Os demônios fugiram, e ele clamou: “Onde estiveste, ó Misericordioso Jesus? Por que não apareceste desde o começo para acabar com minha dor?” E o Senhor lhe respondeu: “Eu sempre estive aqui, Antão, mas quis apreciar a tua luta. Como tu não te rendeste, sempre hei de to socorrer, e farei teu nome ser conhecido por todo o mundo.” Deus o curou de todos os ferimentos, e o asceta sentiu-se forte como nunca. Isso lhe ocorreu aos trinta e cinco anos de idade.

Tendo ganho tamanha experiência espiritual em sua luta contra o demônio, Santo Antão pensou em ir ao deserto de Tebaida, ao sul, para continuar a servir ao Senhor. Para isso, visitou seu guia espiritual e pediu que ele o acompanhasse na jornada. O ancião, sem saber que estava prestes a dar a primeira bênção para a façanha que viria a ser conhecida como eremitismo, decidiu não acompanhá-lo por causa de sua avançada idade.

Santo Antão foi para o deserto sozinho. O diabo tentou impedi-lo, colocando moedas de prata em seu caminho, e depois ouro, mas o santo ignorou a tentação e continuou seu caminho. Após cruzar um rio, encontrou um antigo forte abandonado e lá estabeleceu-se, cobrindo a entrada com pedras. Dessa vez, havia pedido que seu fiel amigo trouxesse-lhe pão duas vezes por ano. Quanto a água, havia em abundância no forte.

Passados vinte e sete anos naquele forte em completo isolamento e luta constante com os demônios até alcançar a paz absoluta, seus amigos removeram as pedras da entrada e foram até o santo, implorando que ele os aceitasse como filhos espirituais. Em pouco tempo, o forte foi cercado por várias celas, nas quais viviam seus discípulos. Santo Antão guiava a todos que vinham até ele buscando a salvação. O eremita intensificava o zelo daqueles que já eram monges e inspirava aos leigos na vida monástica.

Referências

Ligações externas