Quarenta mártires de Sebaste
Os Quarenta Santos Mártires de Sebaste (os quais, Cirião, Cândido, Domno, Hesíquio, Heráclio, Esmaragdo, Eunoico, Valente, Viviano, Cláudio, Prisco, Teódulo, Eutíquio, João, Xântias, Eliano, Sisínio, Ângias, Aécio, Flávio, Acácio, Ecdício, Lisímaco, Alexandre, Elias, Gorgônio, Teófilo, Domiciano, Gaio, Leôncio, Atanásio, Cirilo, Sacerdão, Nicolau, Valério, Filoctimão, Severiano, Cudião, Aglaio e Melitão) foram um grupo de soldados romanos martirizados pela Fé durante a Grande Perseguição sob Licínio. Os quarenta são comemorados pela Igreja no dia 9 de março.
O Santo Mártir Severiano de Sebaste, responsável pela firme confissão de Fé dos quarenta mártires, é comemorado no dia 9 de setembro. Além dessas datas, a Igreja também celebra no dia 29 de dezembro a consagração da Igreja dos Santos Quarenta em Constantinopla e no dia 9 de agosto pela restauração da mesma.
Índice
Vida
Em 313, o Édito de Mediolano do santo Imperador Constantino I (306–324) trouxe fim à maior perseguição de cristãos do Império Romano, promovida em 303 por Diocleciano (284–305) e Maximiano (285–305). No Oriente, entretanto, o Imperador Licínio (308–324) se mostrava ainda disposto a erradicar a Fé do território em que governava. Licínio preparou seu exército para guerrear contra São Constantino e, temendo um motim, resolveu expulsar dele os cristãos.
Agrícola, seu comandante militar em Sebaste na Armênia, onde operava a gloriosa Legião XII Fulminata, era um fervoroso defensor do paganismo. Sob seu comando estava uma companhia de quarenta valentes soldados, vindos de todas as províncias, que saíram vitoriosos de incontáveis batalhas, defendendo agora as fronteiras orientais do império. Todos eles criam em Jesus Cristo e recusaram a sacrificar aos ídolos, medida exigida pelas autoridades para que se comprovasse lealdade ao império. Assim, foram acorrentados e levados ao cárcere por Agrícola.
Na prisão, os soldados se entregaram à oração e todas as noites sonhavam com uma voz que lhes dizia: “Aquele que crer em Mim, ainda que morra, viverá. Sede corajosos e não temais, e vós obtereis a coroa da imortalidade.” Eles também eram visitados pelo piedoso Severiano, um oficial cristão conhecido por sua virtude, que encorajava os confessores por Cristo e salvava os pobres com suas esmolas.
Na manhã seguinte, foram novamente levados diante do comandante, que buscou adulá-los com grandes honrarias a fim de acariciar o orgulho dos soldados e levá-los à apostasia. Um deles, que tinha por nome Cândido, respondeu: “Não apenas as honras, mas tira-nos também a vida, pois nada nos é mais querido e honrável que Cristo, nosso Deus!” Todos os outros concordaram e, diante de tal recusa unânime, Agrícola enviou-os novamente à prisão, onde tornaram a orar incessantemente ao Senhor.
Sete dias depois, o renomado jurista Lício chegou a Sebaste para levar os soldados cristãos ao tribunal, e eles se mostravam tão corajosos diante do martírio como se mostravam anteriormente no campo de batalha. Lício condenou-os ao apedrejamento, mas cada pedra que os torturadores atiravam voltava na direção deles, acertando-os. Uma pedra acabou indo em direção ao comandante, e quebrou-lhe os dentes. Isso convenceu os carrascos que os soldados eram protegidos por alguma força invisível, e desistiram de lançar pedras.
No dia seguinte, a tortura aos mártires recomeçou, mas eles se mostravam mais irredutíveis e convictos que antes. Procurando quebrar a vontade dos soldados, o Lício aproveitou o inverno e levou-os às margens de um lago congelado, próximo à cidade. Então, ordenou que se construísse uma banheira e pusesse-se lenha debaixo dela para manter a água quente, a fim de torturar-lhes os sentidos. Todos foram jogados ao lago frio, e lá ficariam até morrerem ou entrarem na banheira quente, renunciando assim a Cristo. Todos permaneceram com o corpo debaixo d’água durante todo o dia, mas, assim que veio a noite, um dos soldados não resistiu a isso, saiu do lago e entrou na banheira. Imediatamente caiu morto. Os demais permaneceram inabaláveis, e durante a noite uma luz divina miraculosamente tornava o gelo em que foram colocados quente e agradável.
Conversão de Aglaio
Um dos militares pagãos que vigiava os soldados cristãos viu o que acontecia e percebeu a luz e várias coroas radiando em cima da cabeça de cada um deles, mas não na do que acabara de morrer. O militar Aglaio, que testemunhava o milagre, contou trinta e nove coroas, o que indicavam que o soldado que adentrara o banho havia perdido a sua. Convencido da verdade da Fé dos cristãos, acordou os demais guardas, retirou seu uniforme e se declarou cristão. Com isso juntou-se aos mártires na água congelada, rogando ao Senhor para que lhe apagasse seus pecados e na busca pela coroa da imortalidade.
Pela manhã, os torturadores e outros curiosos se espantaram ao ver que os mártires ainda se encontrassem vivos — embora com a aparência de mortos por congelamento — e que Aglaio estivesse a glorificar Cristo junto deles. Retiraram-nos então da água e foram-lhes quebrar as pernas, como faziam com os crucificados. Entretanto, um deles, chamado Melitão, ainda possuía uma aparência muito viva, e o jurista decidiu fazê-lo “vencedor” para tentá-lo a oferecer sacrifício aos ídolos e retornar ao exército com mais honrarias ainda. Todos os trinta e nove, então, em 9 de março de 320, na era de São Gregório, Patriarca da Armênia (288–325), tiveram suas pernas quebradas e entregaram suas almas ao Senhor, recebendo nos Céus as coroas do martírio.
Sua piedosa mãe, temendo que seu jovem filho, por amor à vida, cedesse ao medo e fosse considerado indigno da coroa de Cristo, estendeu suas mãos ao filho e clamou: “Ó doce filho meu e do Pai Celestial, aguenta só mais um pouco, e te tornarás uma perfeita testemunha de Cristo! Não temas os tormentos, ó meu filho, pois eis que Deus está conosco como um amparo invisível. Suporta só mais um pouco, ó minha criança, e não verás mais tristeza nem dor… Todos os tormentos passarão, e tua bravura terá conquistado o mundo. Tu receberás a alegria, o descanso, o deleite e tudo o mais há de bom, reinando junto de Cristo e sendo um intercessor para Ele em meu nome, tua piedosa mãe!”
Em seguida, os carrascos começaram a jogaram seus corpos em um carro, todos amontoados. Quando começaram a movê-lo para um lugar onde pudessem incendiá-lo, a corajosa mãe teve misericórdia para com o seu filho e, esquecendo os afetos da maternidade, levantou-o sobre os seus próprios ombros e correu o máximo que podia em direção à carroça, para que ele não fosse esquecido por Deus. Eis que o Senhor viu a determinação de Sua serva, e fez com que seu filho não resistisse à hipotermia, morrendo em seus ombros.
Quando chegou ao lugar onde os corpos dos outros trinta e nove estavam à espera do fogo, percebeu que seu filho havia entregado a alma ao Senhor, e deu graças a Deus por Sua grande misericórdia. Então, os carrascos fizeram uma grande fogueira, e todos os quarenta corpos foram consumidos. Seus restos, depois, foram atirados novamente às águas para que os cristãos não mais os encontrassem. Entretanto, três dias depois, o bispo de Sebaste foi avisado em um sonho onde se encontravam os restos mortais dos mártires e, com a ajuda de outros cristãos, encontraram-nos brilhando na superfície da água. Então, reverentemente deram-lhes um sepultamento digno.
Paixão de Severiano
Depois de alguns meses, Lício decidiu ir atrás do homem santo que havia inflamado nos corações dos quarenta o desejo pelo martírio, Severiano. Deus mostrou-lhe um sinal de que estavam em sua procura, e Severiano apresentou-se por conta própria ao jurista, antes mesmo que os soldados voltassem da busca sem tê-lo encontrado. Perante Lício e todos, Severiano confessou Cristo como Deus e falou sobre seu Senhor sem deixar-se abalar. O jurista, então, ordenou que ele fosse chicoteado, mas a cada chibatada, mais o santo falava sobre Cristo, e sua sabedoria persuadia os que lá estavam à Fé.
Furioso, Lício ordenou que Severiano fosse suspenso numa estaca de madeira, e os torturadores começaram a rasgar seu corpo com garras de ferro. O confessor suportou pacientemente durante toda a tortura, e quando suas entranhas já estavam visíveis, Lício mandou-o à prisão. Lá, Severiano passou cinco dias exortando as pessoas a darem suas vidas por Cristo, e muitos cristãos adentravam a prisão buscando seus conselhos.
Severiano foi novamente levado em julgamento, e mais uma vez repreendeu o jurista com suas sábias palavras. Então, Lício ordenou que sua boca fosse apedrejada, para que não pudesse mais falar de Cristo, e foi pendurado na estaca para que dilacerassem seu corpo mais ainda com garras de ferro. Em seguida, levaram-no às muralhas da cidade, amarraram duas pesadas pedras em seus pés e pescoço e uma corda em seu torso e penduraram-no na muralha. Foi assim que São Severiano gloriosamente entregou sua alma ao Senhor, em 9 de setembro de 320.
Quando os cristãos estavam trazendo suas relíquias de volta a Sebaste, havia pouco tempo que um dos servos de São Severiano tinha falecido. A viúva ainda estava se lamentando amargamente sobre o corpo de seu esposo, e não tinha forças para ir venerar as relíquias do mártir. Voltando-se para ele, dizia como se ele estivesse vivo: “Levanta-te, ó meu esposo, levanta-te e saiamos para dar as boas-vindas ao nosso amado mestre, pois suas santas relíquias então para chegar!” Depois de mais algumas exortações, o morto milagrosamente voltou à vida. Atirando seu sudário ao chão, imediatamente o homem correu em direção às relíquias de seu amo, para a maravilha de todos os que estavam no velório. Depois disso, o homem viveu por mais quinze anos.
Pós-vida
Os santos mártires foram grandiosamente honrados nas terras armênias e capadócias, com diversas igrejas consagradas a eles. Foi numa igreja dedicada a eles na Capadócia que São Gregório de Nissa caiu no sono, e foi despertado após ser espancado pelos quarenta, que censuraram-no pela sua preguiça e foram indispensáveis em seu caminho para a santidade. Tanto ele como São Basílio, seu irmão, sempre mencionavam os feitos dos quarenta mártires em suas homilias, e era a eles que aconselhavam aos capadócios e armênios que pedissem por suas intercessões durante as aflições.
Nessa mesma época, a heresia macedoniana, que negava a divindade do Espírito Santo, estava tomando conta da Anatólia, e a família da diaconisa Eusébia, responsável por tomar conta das relíquias, cedeu à heresia. Quando Eusébia já estava idosa, confiou sua casa na área campestre de Constantinopla aos monges de um mosteiro macedônio próximo, e pediu que fosse enterrada lá, com as relíquias dos santos mártires. Eles concordaram, e ambos chegaram a um acordo que isso não seria informado a ninguém, mas uma catacumba seria secretamente aberta abaixo de sua casa para que os monges pudessem devidamente venerar as relíquias.
Pouco tempo depois, o aristocrata César, cônsul e prefeito, perdeu sua esposa, e teve permissão para enterrá-la ao lado do túmulo de Eusébia, pois ambas eram próximas uma da outra. Ele, entretanto, não era conhecido de Eusébia, e poderia ser enterrado lá quando morresse. Por isso, César cogitou comprar aquela terra para si, e vendo que os monges não mais faziam peregrinações ao local, ordenou a demolição da casa e o aplainamento da terra. Em seguida, uma grande igreja foi construída no local em honra a São Tirso da Bitínia, martirizado durante a Perseguição de Décio (249–251). Suas relíquias também foram trazidas à igreja.
Quando São Gaudêncio, Bispo de Bréscia (387–410), havia partido da Itália rumo à Terra Santa, estava peregrinando pela Anatólia, e duas monjas, sobrinhas de São Basílio, encontraram-se com ele. Elas lhe presentearam com um fragmento das relíquias dos santos, e pediram que fossem guardadas em Jerusalém. Quando chegou à Palestina, São Gaudêncio construiu uma capela em honra aos santos na Igreja do Santo Sepulcro, onde atualmente estão as fundações da torre de sinos. Alguns dos patriarcas de Jerusalém foram enterrados nessa capela, existente até hoje.
Depois de décadas, na era do santo Imperador Teodósio II (402–450), sua irmã, a santa e futura Imperatriz Pulquéria (450–453), sonhou três vezes com São Tirso, revelando que os quarenta santos estavam debaixo da terra e ordenando que deviam ser trazidos ao lado de suas relíquias, para que ele e os quarenta pudessem ser honrados juntos. Em seguida, os quarenta apareceram em outro sonho a ela, confirmando as aparições anteriores, e Santa Pulquéria consultou todo o clero procurando pelas relíquias. Entretanto, nem mesmo os anciãos sabiam que fim haviam dado a elas e aonde haviam sido escondidas.
Quando tudo parecia perdido, Policrônio, um velho presbítero que havia sido servo na casa do aristocrata César em sua juventude, foi lembrado por Deus que aquele local havia sido habitado no passado pelos monges macedonianos. Então, o presbítero pôs-se a ir atrás do mosteiro em questão para indagar os monges quanto à localização. Todos os monges da época já haviam morrido, com a exceção de um, que havia sido preservado por Deus justamente para esse fim. O monge, como havia prometido a Eusébia, foi relutante, mas disse tudo o que lembrava quando soube que os santos haviam aparecido perante a própria imperatriz.
O monge revelou que ainda era um noviço quando era levado à catacumba pelos anciãos para venerar as relíquias dos santos mártires, mas que não soube o que aconteceu após a demolição da casa. Então, Policrônio lembrou-se que estava presente no enterro da esposa de César, e que seu túmulo havia ficado debaixo do futuro púlpito da Igreja de São Tirso. Como ambas as mulheres haviam sido íntimas amigas, o túmulo de Eusébia junto das relíquias deveria estar também abaixo do púlpito. Policrônio voltou à cidade para informar a imperatriz.
Assim que soube, Santa Pulquéria ordenou a escavação abaixo do púlpito da igreja, e em pouco tempo chegaram à catacumba contendo os túmulos e um oratório ricamente decorado com mármore branco e púrpura. O túmulo de Eusébia tinha a forma de um altar, e um pequeno furo na tampa permitia ver as relíquias dos mártires dentro dele. Um dos escavadores, então, enfiou uma haste dentro do furo até a base do mármore, e quando retirou sentiu o doce aroma de mirra, o que confirmou aos operários que aquelas eram as relíquias dos quarenta mártires.
Quando abriram o túmulo, ao lado do corpo de Eusébia estavam dois baús menores com as relíquias, trancados com ferro fundido. Assim que os ferreiros puderam abri-lo, uma doce fragrância pode ser sentida por toda a igreja. A imperatriz deu graças a Deus por tê-la considerado digna de tamanho feito, e realocou as relíquias num túmulo mais ornamentado ainda, ao lado do de São Tirso. Em seguida, uma grande procissão acompanhada de salmos foi feita em Constantinopla.
Santa Pulquéria ordenou também a construção de um mosteiro em honra aos quarenta no litoral central da Montanha Sagrada, fazendo desse um dos mais antigos (senão o mais antigo) mosteiros da península da Mãe de Deus. Quando o asceta Procópio chegou ao Monte Atos no século X, encontrou as ruínas do mosteiro construído cerca de quinhentos anos antes e fundou o Mosteiro de Xiropotamo, consagrando-o também aos santos. Procópio foi glorificado como “São Paulo de Xiropotamo” após seu repouso. Atualmente, o Mosteiro de Xiropotamo é um dos vinte mosteiros do Monte Atos, e guarda algumas relíquias dos santos desde a era de Santa Pulquéria, inclusive o maior fragmento da Vivificante Cruz. Desde sua fundação no século X, um milagre ocorria anualmente no mosteiro durante a Festa dos Santos Quarenta. Para o deslumbramento de todos os monges e peregrinos, exatamente quarenta cogumelos com quarenta raízes nasciam ao redor do altar todo dia nono do mês de março.
No século XIII, após o Grande Cisma, quando São José I, Patriarca de Constantinopla (1266–1283), foi exilado pelo ímpio Imperador Miguel VIII (1261–1282) e a Sé de Constantinopla caiu nas mãos dos latinos, os cruzados invadiram a Montanha Santa e torturaram e assassinaram os santos monges de Zografo, Iverão e Vatopedi. Assim que invadiram Xiropotamo, seus monges concelebraram a Divina Liturgia e comungaram junto dos heréticos. A ira da Mãe de Deus imediatamente caiu sobre o mosteiro, e um grande terremoto destruiu a Igreja dos Santos Quarenta e as celas dos monges. Um imenso temor caiu sobre os latinos, que fugiram rapidamente da península, poupando as vidas dos monges dos outros mosteiros. Desde então, o milagre dos quarenta cogumelos nunca mais ocorreu em Xiropotamo.
Igreja dos Santos Quarenta em Constantinopla
Na era do Imperador Anastácio I (491–518), a grande Igreja dos Santos Quarenta foi consagrada no sudoeste de Constantinopla num 29 de dezembro, e nela toda a cidade celebrava a Festa dos Santos Quarenta em 9 de março. Sob Santo Eutíquio, Patriarca de Constantinopla (552–582), a igreja foi restaurada, e tamanha foi a celebração que outro dia no sinaxário foi adicionado para comemorá-la, 9 de agosto.
A igreja havia sido construída próxima ao Tetrápilo de Bronze, uma estrutura triunfal de quatro colunas que representava o marco zero do Império Romano, e a presença do imperador mesmo em sua ausência. Embora não se tenha mais conhecimento da forma dos tetrápilos de Constantinopla, infere-se que eles tenham sido iguais — ou maiores — que os outros tetrápilos em Roma, Alexandria e Antioquia. O Arco do Triunfo, na França, é um exemplo de tetrápilo, embora tenha sido construído no século XIX.
Os tetrápilos de Constantinopla situavam-se ao longo da rua principal da cidade, denominada Mese, que ligava a Porta Áurea à Porta de Bronze, sendo essas as entradas para a cidade e para o palácio, respectivamente. A entrada triunfal de um imperador à Rainha das Cidades era feita seguindo essa caminho, adornado de monumentos honoríficos, dos quais a Igreja dos Santos Quarenta fazia parte. Quando o mesmo passava pelos tetrápilos, ele simbolicamente transformava-se numa pessoa divina.
Haviam ao menos três tetrápilos ao longo da Mese: um sobre o Milião, construído São Constantino para demarcar a inauguração da Nova Roma, um próximo ao Bairro do Sigma, denominado Tetrápilo Áureo, e um entre os fóruns de Constantino e Teodósio, denominado Tetrápilo de Bronze. Esse último abrigava as relíquias dos quarenta mártires, santificando a estrutura e o autocrata. No início do século XV, antes da Queda de Roma em 1453, o tetrápilo foi destruído, e as relíquias foram protegidas na Igreja de Santa Sofia até o fim.
Hinos
Tropário
(Tradução livre)
- Nós, fiéis, louvemos a santa companhia unida pela Fé, /
- os majestosos guerreiros do Mestre de todos. /
- Divinamente alistados em Cristo, fogo e água suportaram, /
- e, no repouso da vitória, intercedem pelos que clamam: /
- Glória Àquele que vos deu a força! /
- Glória Àquele que vos deu a coroa! /
- Glória Àquele que vos magnificou, /
- ó quarenta santos mártires!
Outro tropário
(A São Severiano; em tradução livre)
- Com sábias palavras tu ungiste um exército, /
- e aos atletas exortaste a competir. /
- Desdenhando as honrarias terrenas, /
- tu recebeste a glória imperecível. /
- Por isso, ó santo Mártir Severiano, /
- nós cantamos os teus louvores.
Condáquio
(Tradução livre)
- Abandonando todos os exércitos e batalhões terrenos, /
- vos unistes ao Mestre dos Céus, ó benditos mártires. /
- Suportando fogo e água, ó quarenta santos do Senhor, /
- recebestes dignamente a coroa e a glória celestial.
Outro condáquio
(A São Severiano; em tradução livre)
- Tu resplandeceste como um nobre mártir, /
- ó São Severiano, o atleta de Cristo. /
- Brilhantemente adornado com Suas feridas, /
- tu te tornaste a glória dos vitoriosos. /
- E assim, clamamos a ti, ó santo mártir: /
- intercede para que nossas almas sejam salvas!
Louvor
(Por São Nicolau, Bispo de Ócrida, em tradução livre)
- Os mártires, no lago, acorrentados pelo gelo, /
- aderindo firmemente à Fé e por ela iluminados, /
- clamaram esperançosamente ao seu amado Deus: /
- “Tu, que o mundo maravilhaste pela Ressurreição, /
- “pelo Teu fantástico sacrifício — vivifica-nos Tu! /
- “As alturas do Firmamento e toda a criação Te glorificam; /
- “abismo, fogo, granizo, neve, gelo e calor Te glorificam! /
- “Tu viestes em socorro ao grande Moisés, servo Teu, /
- “a Josué, filho de Num, e, depois dele, a Elias, /
- “ordenando a natureza a se acalmar e as águas a se dividirem. /
- “Socorre agora Teus fiéis, como até agora fizeste, /
- “e não permitas que mais forte que o homem o gelo seja, /
- “para que nós, os quarenta, sujeitos ao escárnio não sejamos. /
- “Tu podes, se Tu quiseres, pois Tu governas sobre todos; /
- “Tu podes, se Tu quiseres, transformar gelo em calor, e calor em gelo. /
- “Por Teu Nome a geada como furiosa besta nos consome, /
- “ajuda-nos Tu, para que glorificado seja o Nome do Altíssimo!” /
- Os mártires, no lago, acorrentados pelo gelo, /
- aquecidos foram pela luz celestial de Deus. /
- Gloriosamente os quarenta ao martírio sucumbiram, /
- para o terror, horror e vergonha dos incrédulos.
Referências
- São Nicodemos, o Hagiorita (1819). Sinaxário dos doze meses do ano. Tomo II.
- São Demétrio, Arcebispo de Rostóvia (1906). A vida dos santos. Livro VII.
- São Nicolau, Bispo de Ócrida (2002). O prólogo de Ócrida. Volume I.
Ligações externas
- Quarenta Mártires de Sebaste (Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul)
- Quarenta Mártires de Sebaste (Arquidiocese Ortodoxa Antioquina de São Paulo e Todo o Brasil)
- Quarenta Mártires de Sebaste (Igreja Ortodoxa na América, OCA)
- Quarenta Mártires de Sebaste (João Sanidopoulos)