Apóstolo Estêvão

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Santo Estêvão, o Arquidiácono.

O Santo Protomártir Apóstolo Estêvão, o Arquidiácono (m. 70), foi o primeiro a derramar seu sangue por Cristo após Sua Ascensão. Sua vida foi registrada pelo santo Apóstolo Lucas no livro dos Atos dos Santos Apóstolos. A Igreja o comemora em 27 de dezembro, dia de seu martírio, 4 de janeiro na Sinaxe dos Setenta Apóstolos, 2 de agosto pela transladação de suas relíquias e 15 de setembro pela invenção (descoberta) delas.[nota 1]

Vida

Após os santos doze apóstolos terem suas vidas poupadas graças ao santo doutor da Lei Gamaliel, houve uma discussão entre os cristãos judeus e os cristãos gentios, pois as viúvas gentias não estavam recebendo a distribuição diária. Os apóstolos, que não podiam abandonar a pregação por outro ministério, resolveram eleger sete homens sábios, purificados das paixões e cheios do Espírito Santo para se encarregarem de administrar a distribuição, e assim escolheram dentre eles Estêvão, um judeu helenista, feito apóstolo e diácono. Seu epíteto de “arquidiácono” se deve a ele ter sido o mais velho – possuía cerca de trinta anos – entre os sete diáconos.[nota 2]

Estêvão destacava-se grandemente por sua abençoada sabedoria e por seus milagres, e logo os judeus levantaram-se contra o santo, subornando outros homens para dizerem que Santo Estêvão havia blasfemado contra o santo Profeta Moisés e Deus. Uma multidão então agarrou-o e levou-o ao Sinédrio, a suprema corte dos judeus. Lá, as falsas testemunhas acusaram-no de blasfemar contra o Templo de Jerusalém e contra Moisés, dizendo que o Templo seria destruído e que Jesus Cristo mudaria as tradições da Lei. Relata-se que o rosto do santo brilhava como se fosse um anjo.[1]

O local onde Santo Estêvão foi martirizado atualmente é uma igreja ortodoxa.

Perante todo o Sinédrio, Santo Estêvão proferiu o mais divinamente inspirado discurso sobre a história de Israel e seu desprezo pela Lei, que rendeu-lhe cinquenta e dois versículos na compilação do livro dos Atos dos Apóstolos, e talvez mais, se não fosse interrompido pelos judeus que se esbravejavam de raiva e rangiam seus dentes contra ele. Mas o santo, estando na plenitude do Espírito Santo de Deus, olhou para o céu, e viu com seus próprios olhos a magnífica glória de Deus, com Nosso Senhor Jesus Cristo de pé à direita do Pai. “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus.” Nesse momento, os judeus, espumando de cólera, se atiraram contra ele. O santo foi arremessado para fora da cidade e, seguindo a Lei Mosaica, as falsas testemunhas pediram a um moço chamado Saulo para que fossem as primeiras a apedrejá-lo. Este consentiu, e logo todos os judeus começaram a apedrejá-lo impiedosamente. Santo Estêvão, entretanto, orava: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”, e de joelhos, exclamou em alta voz suas últimas palavras:[2]

“Senhor, não lhes leves em conta este pecado.”

Após ter sido apedrejado até a morte pelos judeus, o corpo de Santo Estêvão foi deixado desenterrado para ser devorado pelas bestas e pelas aves do céu, e os judeus iniciaram uma grande perseguição contra os cristãos de Jerusalém, que fugiram por toda a Judeia e Samaria. Todos os que ficaram foram jogados na prisão ou martirizados, como São Nicanor, o Diácono. Em 70, o Templo foi destruído.

Pós-vida

No dia seguinte de seu martírio, Gamaliel, o mesmo que havia livrado os doze apóstolos da morte, ordenou que o corpo do mártir fosse levado até ele. São Gamaliel enterrou-o em seu próprio túmulo, não longe de Jerusalém. Quando São Nicodemos, o fariseu discípulo do Senhor, faleceu, Gamaliel também enterrou-o junto de Estêvão. Finalmente, quando o próprio Gamaliel morreu, seu corpo foi enterrado junto aos dois santos.

Invenção

Em 415, na era da santa Imperatriz Pulquéria (414–416, 450–453), as relíquias de Santo Estêvão foram milagrosamente descobertas por um sacerdote de nome Luciano, após ser informado sobre sua localização em um sonho. Após a regência de Santa Pulquéria, seu irmão Teodósio II (416–450) assumiu o Império e casou-se com a santa Imperatriz Eudócia (421–450). Nos anos que se seguiram, Teodósio falsamente acusou-a inúmeras vezes de adultério, até matar seu amigo de infância e expulsá-la à Terra Santa, em 443.

Lá, Santa Eudócia financiou obras de caridade e construiu grandes igrejas e mosteiros, além de incorporar as terras da Cidade de Davi e do Monte Sião a Jerusalém. Entre as construções mais notáveis, esteve um complexo monástico dedicado a Santo Estêvão, cujas relíquias foram transferidas para o novo santuário. Antes de morrer, Santa Eudócia indicou que queria ser sepultada abaixo da Igreja de Santo Estêvão, de forma que as procissões monásticas sempre se dessem acima de seu túmulo. Mais tarde, sua filha Licínia foi enterrada ao seu lado. O complexo foi destruído pelos Cruzados no século XII.

Transladação

Relíquia de Santo Estêvão na Lavra de São Sérgio.

Alguns anos depois, as relíquias de Santo Estêvão foram transferidas para Constantinopla e postas temporariamente numa igreja dedicada a São Lourenço, o Arquidiácono, enquanto uma dedicada ao santo estava sendo concluída. Num 2 de agosto a igreja terminou de ser construída, e suas relíquias foram depositadas lá. Atualmente, a mão direita de Santo Estêvão encontra-se preservada na Lavra de São Sérgio, em Moscou.

Notas

  1. Na Igreja Latina, sua festa litúrgica era comemorada em 26, e não 27 de dezembro, imediatamente após a Natividade do Senhor.
  2. Naquele tempo, todos os cristãos traziam seus bens para serem redistribuídos entre si. Além do mais, cuidar das viúvas era considerado uma forma de adoração a Deus pelo santo Apóstolo Tiago. Διάκονος significa assistente; essa posição foi instaurada originalmente para auxiliar o serviço de caridade da Igreja. Os judeus helenistas moravam no estrangeiro, e eram culturalmente gregos.

Referências

  1. Atos 6
  2. Atos 7

Ligações externas