Metrópole de Cartago

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Metrópole de
Cartago
e África Setentrional
Ιερά Μητρόπολη Καρθαγένης καί Βορείου Αφρικής
Fundação séc. I
Metropolita Melécio de Cartago
(2016–)
Sínodo Santo Sínodo de Alexandria

A Metrópole de Cartago e África Setentrional é uma diocese do Patriarcado de Alexandria. Seu território, no noroeste da África, inclui as paróquias e missões localizadas nas nações da Tunísia, Argélia, Mauritânia e Marrocos.

História

A Sé de Cartago é uma das dioceses mais antigas da Igreja, sendo uma das principais do norte da África. Foi fundada durante a Era Apostólica, quando o santo Apóstolo Epêneto –discípulo de São Paulo– pregou o Evangelho na cidade. Desde antes do Primeiro Concílio Ecumênico, são registrados inúmeros santos dessa região, como Santa Perpétua e São Cipriano, Bispo de Cartago.

Devido à disposição das províncias romanas, a Diocese de Cartago fazia parte da Igreja de Roma. A partir da vida de São Cipriano, sabe-se que Agripino e Donato foram seus antecessores, tendo governado a sé na primeira metade do séc. III. Um certo Optato é mencionado como Bispo de Cartago nos manuscritos do diário de Santa Perpétua, florescendo-o em 203, mas é incerto se esse realmente era o bispo ou uma metonímia a Santo Optato de Milevo (séc. V) inserida pelo copista. O que é possível saber de fato é que diversos sucessores de Santo Epêneto, dos quais somos indignos de conhecer, deram suas vidas por Cristo durante as longas perseguições aos cristãos.

Após São Cipriano, a heresia do novacianismo – a qual negava o arrependimento aos cristãos lapsados durante as perseguições – tomou para si uma quantidade considerável de sacerdotes e paróquias. Entre São Cipriano e Ceciliano, presente no Primeiro Concílio Ecumênico, houveram três arcebispos, dos quais pouco se sabe além de seus nomes: Luciano, Carpóforo e Ciro. A partir de Ceciliano, a heresia do donatismo – a qual negava a validade dos sacramentos e a sucessão apostólica dos clérigos lapsados mesmo após seu período de arrependimento – tornou-se muito forte na cidade, só vindo a cair com a queda desta para os islâmicos.

Seu sucessor Rufo participou de um sínodo que confirmava o anátema ao arianismo – os quais negavam a Santíssima Trindade –, e o sucessor de Rufo, Grato, presidiu um sínodo em Cartago. Esse sínodo foi convocado após a rebelião dos donatistas com uma doação que o Imperador Constante (337–350) havia feito para os empobrecidos da região, a qual julgaram ser uma tentativa de convertê-los de volta à Verdadeira Fé. A rebelião foi vencida pelo exército da província, e a heresia foi quase completamente suprimida, permitindo a realização de um sínodo para tratar dela.

O sínodo proibiu que sacerdotes aplicassem o rebatismo aos lapsados, uma vez que seu primeiro batismo havia sido feito na Igreja e não podem haver mais de um batismo administrado pela Verdadeira Igreja. Outra medida aplicada foi que todo visitante de uma diocese que não a sua precisaria apresentar uma carta de recomendação de seu bispo para poder comungar nas paróquias de outra diocese.

Após Grato, é mencionado um certo Restituto, o qual aceitara a doutrina ariana no Sínodo de Rimini em 359 mas que se arrependeu depois. Ele foi sucedido por Genéthlio, o qual presidiu dois sínodos em Cartago no final do século. Ao início do séc. V, toda a região era majoritariamente cristã. Santo Aurélio, oponente dos donatistas e próximo de Santo Agostinho de Hipona, presidiu outro sínodo cartaginense em 421.

Após a captura de Cartago pelos vândalos em 439, o arianismo tornou-se a religião do governo, e a Igreja foi duramente perseguida e martirizada. O Arcebispo Capreulo não conseguira estar presente no Quarto Concílio Ecumênico devido aos ataques, e São Quodvultdeus, seu sucessor, foi exilado na Itália. A Igreja ficou privada de um hierarca durante quinze anos, até a eleição de São Deográcias, e, após seu repouso, o Estado ariano privou-a por mais vinte e quatro anos.

Santo Eugênio foi eleito em 481, porém exilado duas vezes. Após o fim da perseguição, decretado pelo Rei Hildérico em 523, Bonifácio foi feito arcebispo e presidiu outro sínodo em Cartago. Nesse sínodo, realizado em 525, sessenta bispos das províncias africanas estiveram presentes, e foi reafirmada a condição de Primaz da África para o Metropolita Missor da Numídia.

Após a reconquista da África em 534, sabe-se que o Arcebispo Reparato foi exilado pelo seu envolvimento com os miafisitas, sendo sucedido por Primoso, o qual não pôde estar presente no Quinto Concílio Ecumênico. Seus sucessores foram Publiano, Domínico, Fortúnio e Vitor. Em algum período, a Arquidiocese de Cartago foi transferida para o Patriarcado de Alexandria, aparecendo em uma lista do séc. VIII. Quase nenhum registro sobreviveu após o Arcebispo Vitor em meados do séc. VII devido à conquista islâmica do norte da África.

Em 1152, o Califado Almóada conquistou o Magrebe, e impôs a pena de morte aos cristãos que não se convertessem ao islamismo. Novamente, não fomos dignos de conhecer as miríades de santos martirizados naquele ano.

Lista de hierarcas

  • Santo Epêneto: fl. séc. I
  • Agripino: fl. 240
  • Donato: fl. 248
  • São Cipriano: 248–258
  • Luciano: fl. séc. III
  • Carpóforo: fl. séc. III
  • Ciro: fl. séc. III
  • Ceciliano: 311–325
  • Rufo: fl. 337
  • Grato: fl. 349
  • Restituto: fl. 359
  • Genéthlio: fl. 390
  • Santo Aurélio: fl. 419
  • Capreulo: fl. 431
  • São Quodvultdeus: 437–454
  • São Deográcias: 454–457
  • Santo Eugênio: 481–491
  • Bonifácio: 523–535
  • Reparato: fl. 551
  • Primoso: fl. 553
  • Publiano: fl. 570
  • Domínico: fl. 600
  • Fortúnio: fl. 640
  • Vitor: fl. 646
Bispos recentes
  • Irineu (Talambekos) 1990-1994
  • Crisóstomo (Papadopoulos) 1997-2004
  • Alexios (Leontaritis) 2004-atualmente