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Não tardou até que novos monges surgissem, e a caverna não dava conta de todos. São Barlaão, então, foi até Santo Antônio e disse: “Pai, a irmandade cresceu, e não há mais espaço para todos na cripta! Se Deus e tuas orações nos guiarem, poderemos construir uma igreja fora das cavernas.” Antônio abençoou-os, e uma capela de madeira em honra à Dormição da [[Mãe de Deus]] foi construída. Pelas orações da Virgem Maria, a capela rapidamente foi cercada de celas monásticas, e cada vez mais monges eram tonsurados.
 
Não tardou até que novos monges surgissem, e a caverna não dava conta de todos. São Barlaão, então, foi até Santo Antônio e disse: “Pai, a irmandade cresceu, e não há mais espaço para todos na cripta! Se Deus e tuas orações nos guiarem, poderemos construir uma igreja fora das cavernas.” Antônio abençoou-os, e uma capela de madeira em honra à Dormição da [[Mãe de Deus]] foi construída. Pelas orações da Virgem Maria, a capela rapidamente foi cercada de celas monásticas, e cada vez mais monges eram tonsurados.
  
Depois de mais um tempo, São Barlaão reencontrou-se com Santo Antônio e informou-o: “Pai, a irmandade já está muito grande… Que tu achas sobre construirmos um mosteiro?” Antônio alegrou-se e respondeu: “Bendito seja o Senhor por todas as coisas, que as orações da Santíssima Virgem e dos pais da Montanha Santa estejam convosco.” Imediatamente, outro discípulo foi ter com Iziaslau para entregar-lhe a mensagem: “Sua Alteza, eis que Deus fortaleceu a irmandade, mas sua morada é pequena demais. Pedimos, portanto, que nos conceda o monte acima de nossa caverna.” Iziaslau não mediu esforços e, cercando-a com paliças, deu-lhes toda a montanha. Uma grande igreja foi construída, além de muitas celas e ícones que a adornaram. Foi assim que o Mosteiro das Cavernas Distantes de Quieve surgiu.
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Depois de mais um tempo, São Barlaão reencontrou-se com Santo Antônio e informou-o: “Pai, a irmandade já está muito grande… Que tu achas sobre construirmos um mosteiro?” Antônio alegrou-se e respondeu: “Bendito seja o Senhor por todas as coisas, que as orações da Santíssima Virgem e dos pais da Montanha Santa estejam convosco.” Imediatamente, outro discípulo foi ter com Iziaslau para entregar-lhe a mensagem: “Sua Alteza, eis que Deus fortaleceu a irmandade, mas sua morada é pequena demais. Pedimos, portanto, que nos conceda o monte acima de nossa caverna.”
  
Sendo insistido pelo Grão-Príncipe Iziaslau I de Quieve (1054–1078), Barlaão transferiu-se para o Mosteiro de Dmitrieve. Pelas bênçãos de Santo Antônio e pelo consenso de toda a irmandade, o humilde São Teodósio assumiu o posto. Naquele tempo, a irmandade passava de cem homens, e o grão-príncipe cedeu aquelas terras para eles, além de cercá-la com uma paliçada. A Crônica de Nestor também observa que, embora muitos mosteiros tenham sido construídos por imperadores ou nobres, nenhum deles se comparariam aos construídos por orações, lágrimas, jejuns e vigílias. Mesmo que Santo Antônio não possuísse ouro algum, ele construiu o que se tornou o primeiro centro espiritual na Rus'.
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Iziaslau não mediu esforços e, cercando-a com paliças, deu-lhes toda a montanha. Uma grande igreja foi construída, além de muitas celas e ícones que a adornaram. Foi assim que o Mosteiro das Cavernas Distantes de Quieve surgiu às margens do Rio Dniepre, enquanto que o Mosteiro de São Demétrio era construído a três quilômetros de lá a mando de Iziaslau. Após sua conclusão, o grão príncipe pediu que São Barlaão fosse fundá-lo como hegúmeno, e lá o monge permaneceu com os novos monges. Esse mosteiro, mais tarde, viria a ser o Mosteiro de São Miguel da Cúpula Dourada.
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=== Hegumenato de Teodósio ===
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Após a ida de São Barlaão, os discípulos foram consultar Santo Antônio para que um novo líder designado por Deus assumisse o mosteiro, e Santo Antônio respondeu: “Quem dentre vós é mais obediente, modesto e brando que Teodósio? Deixa-o ser vosso líder.” Por suas bênçãos São Teodósio de Quieve assumiu o posto. Como hegúmeno, o humilde Teodósio praticava ainda mais abstinências, jejuns e orações dignas de lágrimas. Naquele tempo, já havia mais de uma centena de monges no Mosteiro das Cavernas.
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Na era do Metropolita Jorge de Quieve (1069–1073), São Teodósio recebeu o monge Miguel do Mosteiro de Estúdio em Constantinopla, um bastião da Ortodoxia desde os tempos do iconoclasmo no século VIII e cujos monges agora lutavam contra a teologia da recém-anatemizada Sé de Roma.
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A Crônica de São Nestor também observa que, embora Iziaslau tenha construído um mosteiro ao lado do outro com muito mais riqueza material, nenhum desses mosteiros construídos por imperadores e príncipes se comparariam aos construídos por orações, lágrimas, jejuns e vigílias. Mesmo que Santo Antônio não possuísse ouro algum, ele construiu o que se tornou o primeiro centro espiritual das terras russas.
  
 
Através de sua santa vida, Santo Antônio foi glorificado por Deus com o dom da clarividência e da taumaturgia. Em 1073, a santíssima [[Mãe de Deus]] fez com que dois anjos aparecessem na igreja de Blaquerna na forma de Santo Antônio e São Teodósio e entregassem a quatro arquitetos bizantinos uma grande quantia de ouro que deveria ser levada ao mosteiro para a confecção de uma igreja à Eleusa. Nessa aparição a Mãe de Deus predisse a morte iminente de Santo Antônio, que de fato aconteceu em 10 de julho de 1073.
 
Através de sua santa vida, Santo Antônio foi glorificado por Deus com o dom da clarividência e da taumaturgia. Em 1073, a santíssima [[Mãe de Deus]] fez com que dois anjos aparecessem na igreja de Blaquerna na forma de Santo Antônio e São Teodósio e entregassem a quatro arquitetos bizantinos uma grande quantia de ouro que deveria ser levada ao mosteiro para a confecção de uma igreja à Eleusa. Nessa aparição a Mãe de Deus predisse a morte iminente de Santo Antônio, que de fato aconteceu em 10 de julho de 1073.

Revisão das 22h41min de 15 de junho de 2020

Santos Antônio e Teodósio de Quieve.

Os Veneráveis Santos Antônio e Teodósio, Fundadores de Quieve (séc. XI), foram monges taumaturgos responsáveis pela fundação do Mosteiro das Cavernas de Quieve, o primeiro centro monástico das terras russas. As relíquias de Santo Antônio, através da Providência Divina, nunca foram reveladas. A Igreja celebra sua memória no dia 2 de setembro, além dos dias 10 de julho para o repouso de Santo Antônio e 3 de maio para o de São Teodósio.

Vida

Em 983, na era do santo Grão-Príncipe Vladimir, o Grande (980–1015), nasceu Antipas, filho de piedosos pais cristãos de Lubécia na Chernigóvia (atual fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrússia). Possuindo um intenso temor por Deus desde sua infância, o jovem ansiava pela tonsura monástica, e aguardou pela maturidade até dirigir-se à Montanha Santa, que à época estava florescendo de novos monásticos sob a liderança de seu fundador, Santo Atanásio do Monte Atos.

O desejo de imitar as ações de seus santos habitantes fervia na alma de Antipas, e lá recebeu a tonsura no Mosteiro de Esfigmeno sob o nome de Antônio em honra a Santo Antão, o Grande. Imitando seu padroeiro no eremitismo, o jovem monge agradou a Deus em todos os aspectos de sua luta espiritual pela virtude. Sua excelente humildade e obediência trazia regozijo aos outros monges da península.

O hegúmeno de seu mosteiro via nele um grande asceta, e pela inspiração divina quis enviá-lo de volta à sua terra natal para levar seu povo a Deus. Então, quando Antônio possuía 28 anos de idade, o hegúmeno foi até ele e disse: “Antônio, é chegada a hora de guiares outrem à santidade. Volta às terras russas e sê de exemplo aos outros. Que as bênçãos da Montanha Sagrada estejam contigo.” O monge obedeceu, e retornou a uma Quieve mais cristã do que aquela na qual ele havia crescido durante sua infância após o Batismo da Rus'. Antônio andou por todas as terras, mas não encontrou lugar algum que o inspirasse a ter a estrita vida monástica que tinha em Atos.

Pela Providência de Deus, Antônio chegou às colinas de Quieve, às margens do rio Dniepre, onde as florestas de Berestovo o lembravam da amada montanha. Ali havia uma gruta, escavada por Santo Hilarião, Metropolita de Quieve (1051–1055), quando este ainda era um sacerdote. Tendo gostado do lugar, Antônio orou em lágrimas: “Ó Senhor, permite que as bênçãos do Monte Atos e do Teu santo hegúmeno estejam sobre este lugar, e fortalece-me de modo que eu permaneça aqui.”

Antônio voltou com suas lutas em oração, vigília, jejum e labuta. Dia sim, dia não, o santo comia — apenas pão seco e um pouco de água — e raramente dormia. Certas vezes, o monge passava uma semana inteira sem comer, mas sempre punha-se a cavar ainda mais aquela caverna. Devido à sua santa conduta, não demorou até que pessoas o buscassem para receber bênçãos e conselhos, e algumas decidiram juntar-se a ele para fugir dos tempos instáveis que vieram com o assassinato de São Vladimir por seu maldito filho Esvetopolco (1015–1019). Entre os primeiros discípulos de Santo Antônio estava São Nicão, o Seco, que deixou todas as suas riquezas para dedicar-se a Cristo em severos jejuns. Cada vez mais cristãos eram feitos monges, e assim surgiu o Mosteiro das Cavernas Próximas de Quieve.

Florescimento

A virtuosa vida de Santo Antônio iluminou as terras russas com a beleza do monasticismo, que agora desfrutavam da paz vinda da vitória de São Jaroslau (1019–1054) como grão-príncipe. O santo alegremente recebia aqueles que ansiavam pela vida monástica e, após instrui-los a seguir a Cristo, tonsurava-os monges. Aos setenta anos de idade, Antônio possuía doze discípulos, e a caverna já estava enorme, contando com uma igreja com celas para os treze. A fama de Santo Antônio era tão reconhecida por Quieve que o próprio Grão-Príncipe Iziaslau I (1054–1078), filho e sucessor de São Jaroslau após seu repouso, veio pedir por suas bênçãos e orações em sua nova posição.

Querendo evadir-se da reputação que tinha entre os quievanos, Antônio juntou-os e disse: “Foi Deus quem vos uniu, ó meus irmãos, e tendes as bênçãos da Montanha Santa, através da qual fui tonsurado para que no futuro pudesse tonsurar-vos. Que as bênçãos de Deus e de Atos recaiam sobre vós. Vivei separados uns dos outros e vos nomearei um novo líder para substituir-me, pois partirei para além das colinas, como costumava fazer nos tempos de solidão.” Após um tempo, São Barlaão de Quieve foi escolhido hegúmeno, e Santo Antônio retirou-se do mosteiro e cavou uma nova gruta para si, onde passou a viver em seclusão.

Não tardou até que novos monges surgissem, e a caverna não dava conta de todos. São Barlaão, então, foi até Santo Antônio e disse: “Pai, a irmandade cresceu, e não há mais espaço para todos na cripta! Se Deus e tuas orações nos guiarem, poderemos construir uma igreja fora das cavernas.” Antônio abençoou-os, e uma capela de madeira em honra à Dormição da Mãe de Deus foi construída. Pelas orações da Virgem Maria, a capela rapidamente foi cercada de celas monásticas, e cada vez mais monges eram tonsurados.

Depois de mais um tempo, São Barlaão reencontrou-se com Santo Antônio e informou-o: “Pai, a irmandade já está muito grande… Que tu achas sobre construirmos um mosteiro?” Antônio alegrou-se e respondeu: “Bendito seja o Senhor por todas as coisas, que as orações da Santíssima Virgem e dos pais da Montanha Santa estejam convosco.” Imediatamente, outro discípulo foi ter com Iziaslau para entregar-lhe a mensagem: “Sua Alteza, eis que Deus fortaleceu a irmandade, mas sua morada é pequena demais. Pedimos, portanto, que nos conceda o monte acima de nossa caverna.”

Iziaslau não mediu esforços e, cercando-a com paliças, deu-lhes toda a montanha. Uma grande igreja foi construída, além de muitas celas e ícones que a adornaram. Foi assim que o Mosteiro das Cavernas Distantes de Quieve surgiu às margens do Rio Dniepre, enquanto que o Mosteiro de São Demétrio era construído a três quilômetros de lá a mando de Iziaslau. Após sua conclusão, o grão príncipe pediu que São Barlaão fosse fundá-lo como hegúmeno, e lá o monge permaneceu com os novos monges. Esse mosteiro, mais tarde, viria a ser o Mosteiro de São Miguel da Cúpula Dourada.

Hegumenato de Teodósio

Após a ida de São Barlaão, os discípulos foram consultar Santo Antônio para que um novo líder designado por Deus assumisse o mosteiro, e Santo Antônio respondeu: “Quem dentre vós é mais obediente, modesto e brando que Teodósio? Deixa-o ser vosso líder.” Por suas bênçãos São Teodósio de Quieve assumiu o posto. Como hegúmeno, o humilde Teodósio praticava ainda mais abstinências, jejuns e orações dignas de lágrimas. Naquele tempo, já havia mais de uma centena de monges no Mosteiro das Cavernas.

Na era do Metropolita Jorge de Quieve (1069–1073), São Teodósio recebeu o monge Miguel do Mosteiro de Estúdio em Constantinopla, um bastião da Ortodoxia desde os tempos do iconoclasmo no século VIII e cujos monges agora lutavam contra a teologia da recém-anatemizada Sé de Roma.

A Crônica de São Nestor também observa que, embora Iziaslau tenha construído um mosteiro ao lado do outro com muito mais riqueza material, nenhum desses mosteiros construídos por imperadores e príncipes se comparariam aos construídos por orações, lágrimas, jejuns e vigílias. Mesmo que Santo Antônio não possuísse ouro algum, ele construiu o que se tornou o primeiro centro espiritual das terras russas.

Através de sua santa vida, Santo Antônio foi glorificado por Deus com o dom da clarividência e da taumaturgia. Em 1073, a santíssima Mãe de Deus fez com que dois anjos aparecessem na igreja de Blaquerna na forma de Santo Antônio e São Teodósio e entregassem a quatro arquitetos bizantinos uma grande quantia de ouro que deveria ser levada ao mosteiro para a confecção de uma igreja à Eleusa. Nessa aparição a Mãe de Deus predisse a morte iminente de Santo Antônio, que de fato aconteceu em 10 de julho de 1073.

Referências

  • São Nestor. Crônicas dos Anos Passados.
  • São Nicodemos, o Hagiorita (1819). Sinaxário dos doze meses do ano. Tomo segundo.
  • São Demétrio, Arcebispo de Rostóvia (1906). A vida dos santos. Livro nono.
  • São Nicolau, Bispo de Ócrida (2002). O prólogo de Ócrida. Volume primeiro.


Ligações externas