Metrópole da Núbia

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Metrópole da
Núbia
e Todo o Sudão e Eritreia
Ιερά Μητρόπολη Νουβίας καί παντός Σουδάν καί Ερυθραίας
Fundação Antiguidade
Metropolita Savvas da Núbia
(2015–)
Sínodo Santo Sínodo de Alexandria

A Metrópole da Núbia e Todo o Sudão e Eritreia é uma diocese do Patriarcado de Alexandria localizada na cidade de Khartoum, no Sudão. Seu território inclui paróquias e missões localizadas nas repúblicas do Sudão e Sudão do Sul, bem como no Estado da Eritreia.

História

Fragmento núbio do séc. VIII na Catedral de Faras. Nele, Santa Ana faz apenas um pedido: o silêncio.

A Fé cristã chegou à Núbia provavelmente durante a era apostólica, quando o santo Apóstolo Filipe batizou Santo Aécio, oficial da Rainha Amanitore de Cuxe (1 a.C.–50), no atual Sudão.

A Núbia era uma rica região localizada entre a primeira catarata do Rio Nilo em Siene (atual Aswan no Egito) e aonde os Nilos Azul e Branco convergiam, formando o Rio Nilo (atual Khartoum no Sudão). Isso favoreceu que a região se tornasse o centro de civilizações fortificadas, como os quermas e os cuxitas. Sabe-se também que a Núbia foi um dos lugares onde Santo Abílio, Arcebispo de Alexandria pregou em meados do séc. I.

Entretanto, não seria antes do séc. IV que a Fé cristã triunfaria. Os reinos de Cuxe e Axum entraram em guerra um contra o outro, da qual Axum saiu vitorioso. Os saques ocorridos em Cuxe enfraqueceram a Núbia como um todo, e o paganismo iniciou seu gradual declínio. Três reinos sucederam Cuxe: Nobácia ao norte, Macúria a equador e Alódia ao sul, todos os quais eram oficialmente cristãos no séc. VI.

Já ao fim do séc. IV, na era de Santo Atanásio, algumas cidades núbias eram dioceses do Patriarcado de Alexandria. São Justiniano, no séc. VI, financiou a construção de muitas igrejas na Núbia, cuja catedral provavelmente era em Faras na Nobácia. As ruínas da catedral foram descobertas na década de 1960, revelando afrescos sem iguais, feitos a mando de São Justiniano. Infelizmente, a lista de hierarcas da Núbia não sobreviveu ao domínio islâmico.

No séc. VII, os três reinos ao redor da Núbia sofreram com a invasão islâmica, até que um tratado de paz foi realizado, o qual restringiu o avanço do islã.

No início do séc. VIII, em 719, é registrado que toda a hierarquia da Sé da Núbia havia se convertido ao miafisismo, cujos heresiarcas exerciam mais influência que o próprio patriarcado. O influxo de mercadores muçulmanos desde então fez com que o cristianismo passasse a diminuir, dando espaço ao islamismo. Ao fim do século XIV, a maior parte da população já tinha descendência árabe muçulmana, e não houveram mais registros de igrejas que ainda não haviam sido convertidas em mesquitas.

História recente

A Metrópole da Núbia foi reestabelecida na cidade de Khartoum em 1908, figurando entre as primeiras dioceses do Patriarcado de Alexandria sob domínio otomano. Até então, todos os hierarcas do Patriarcado de Alexandria eram titulares, com exceção do patriarca, e todos serviam no Egito. Como não havia sínodo, a Igreja de Alexandria não era mais que um condomínio do etnarcado de Constantinopla. Naquele ano, o Patriarca Fócio (Peroglou) reestabeleceu seis metrópoles no Egito, Líbia, Etiópia e Sudão, formando assim o Santo Sínodo do Egito (naquele tempo, o patriarcado ainda não possuía jurisdição sobre o restante do continente africano).

O então Metropolita Cristóvão (Danielides) de Axum, eleito em 1908, administrou temporariamente a Metrópole da Núbia enquanto um hierarca não era escolhido. Em 6 de dezembro de 1918, o Arquimandrita Nicolau (Evangelides) foi eleito e consagrado Metropolita da Núbia pelo Patriarca Fócio.

O Metropolita Nicolau governou a Sé da Núbia até 1927, quando foi eleito como primeiro bispo da Metrópole de Hermópolis, diocese fundada naquele ano e sediada na cidade egípcia de Tanta, no delta do Nilo.

Em 8 de novembro de 1931, o Hegúmeno Arsênios (Kakoyiannis) do Mosteiro Patriarcal de São Jorge em Cairo foi eleito e consagrado Metropolita da Núbia pelo Patriarca Melécio II (Metaxakis). A diocese foi renomeada para Metrópole da Núbia e Egito Segundo e África Central.

Em 1936, o Metropolita Nicolau foi eleito Patriarca de Alexandria, sob o nome de Nicolau V. Em 16 de maio de 1937, o Metropolita Arsênios foi eleito para a Metrópole de Hermópolis, a qual havia ficado vacante após a eleição de Nicolau como patriarca.

Em 1940, quando o Metropolita Cristóvão havia sido elevado a patriarca sob o nome de Cristóvão II, a Metrópole de Ptolemaida, localizada na cidade egípcia de Mynia, foi abolida e teve seu território unido à Metrópole da Núbia. Nessa ocasião a metrópole foi renomeada para Metrópole da Núbia e Todo o Sudão, Siene e Ptolemaida. No dia 8 de dezembro, o Arquimandrita Ânthimos (Siskos) foi eleito Metropolita da Núbia.

O Metropolita Ânthimos governou a Sé da Núbia até seu repouso em 26 de abril de 1958 na Escola Teológica de Tessalônica, onde era Professor de Pastoral e Lei Canônica. Ele foi sucedido pelo Arquimandrita Sinésios (Laskarides), que fora secretário-geral do Santo Sínodo em múltiplas ocasiões.

O Metropolita Sinésios foi o hierarca que permaneceu por mais tempo na liderança da metrópole. Ele governou por duas décadas, renunciando em 26 de abril de 1988 devido à sua debilitada saúde (à época, possuía 79 anos de idade). No mesmo dia, o Santo Sínodo, sob presidência do Patriarca Parthênios III (Koinides), elegeu o então Metropolita de Mênfis, Dionísio (Hatzivasiliou), como Metropolita da Núbia. Em 28 de novembro de 1994, seu nome mudou para Metrópole de Khartoum e Todo o Sudão.

Em 1997, com a eleição do Patriarca Pedro VII (Papapetrou), uma série de mudanças foi feita nas metrópoles do trono patriarcal. Entre elas, os metropolitas Dionísio e Tito (Karantzalis) de Leontópolis trocaram de dioceses um com o outro. Então, Tito tornou-se Metropolita de Khartoum.

O Metropolita Tito foi assassinado no Sudão em 31 de julho de 2000.

Em 22 de fevereiro de 2001, o Bispo Calínico (Pippas) de Mareótis, bispo auxiliar e comissário do Patriarcado de Alexandria, foi eleito Metropolita de Khartoum. Ele governou até 1 de novembro de 2006, quando da abdicação do Metropolita Panteleimon (Lampadarios) de Pelúsio, pela qual Calínico foi eleito Metropolita de Pelúsio.

No mesmo dia, o Santo Sínodo elegeu o Bispo Emanuel (Kagias) de Babilônia, bispo auxiliar do patriarcado, como Metropolita de Khartoum. Ele governou até 23 de novembro de 2013, quando saiu do serviço ativo e foi feito Metropolita (titular) de Kavassos, auxiliar do patriarcado.

Em 1 de dezembro de 2013, o Santo Sínodo, sob presidência do Patriarca Theodoro II (Horeftakis), elegeu o Arquimandrita Narciso (Gammoh), reitor da Escola Patriarcal de Alexandria, como Metropolita da Núbia. Nesse dia, a diocese foi renomeada para Metrópole da Núbia e Todo o Sudão. A Divina Liturgia da consagração de Narciso ao episcopado foi realizada na Igreja de São Savvas em Alexandria, concelebrada pelo patriarca, o Metropolita Inácio (Lappas) de Larissa (da Igreja da Grécia) e o Metropolita Bento (Tsekouras) de Filadélfia (do Patriarcado de Jerusalém).

Em 24 de novembro de 2015, os metropolitas Narciso e Savvas (Heimonetos) de Accra trocaram de dioceses um com o outro. Desde então, o Metropolita Savvas governa a Metrópole da Núbia.

Em 26 de outubro de 2017, o Santo Sínodo decidiu transferir o território da Eritreia —que até então pertencia à Metrópole de Axum— para a Sé da Núbia. Com isso, passou a se chamar Metrópole da Núbia e Todo o Sudão e Eritreia.

Atualmente, o Sudão é 97% islâmico, e a conversão para o cristianismo resulta em pena de morte pelo código civil do país.

Lista de hierarcas

  • Nicolau (Evangelides): 1918–1927

(vacante)

  • Arsênios (Kakoyiannis): 1931–1937

(ganha território da Metrópole de Ptolemaida)

  • Ânthimos (Siskos): 1940–1958
  • Sinésios (Laskarides): 1958–1988
  • Dionísio (Hatzivasiliou): 1988–1997
  • Tito (Karantzalis): 1997–2000
  • Calínico (Pippas): 2001–2006
  • Emanuel (Kagias): 2006–2013
  • Narciso (Gammoh): 2013–2015
  • Savvas (Heimonetos): 2015–

(ganha território da Metrópole de Axum)