Eugênio de Trebizonda

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Santos Eugênio, Cândido, Valeriano e Áquila.

Os Santos Mártires Eugênio, Cândido, Valeriano e Áquila de Trebizonda (m. 304) foram martirizados na Ásia Menor durante a Grande Perseguição de Diocleciano. A Igreja celebra suas vidas no dia de seu martírio, 21 de janeiro, e a vida de Santo Eugênio no dia de seu nascimento, em 24 de junho.

Vida

Durante a época da Grande Perseguição (303–313), à província do Ponto, o Imperador Diocleciano (284–305) nomeou seu comandante militar Lísio como Duque de Satala, ao sul de Trebizonda, para dar continuidade à perseguição. Fruto da sangrenta repressão, as colinas de Trebizonda (atual nordeste da Turquia) estavam repletas de cristãos que preferiam partir para viver entre os animais selvagens a continuar convivendo com os pagãos da cidade.

Os soldados de Lísio conseguiram capturar três cristãos nas colinas: Cândido, Valeriano e Áquila. Em seu julgamento, corajosamente confessaram a Cristo como verdadeiro Deus, e foram exilados num forte do litoral de Pítio, no Reino de Lázica (atualmente na Geórgia). Terminado o tempo do exílio, foram levados de volta a Trebizonda para serem julgados novamente. Lísio ordenou que eles fossem açoitados com tendões bovinos. Persistentes em sua confissão de Fé, os carrascos os suspenderam, rasgaram suas peles com garras de ferro e queimaram seus ferimentos com tochas incandescentes. Terminadas as torturas, Lísio enviou-os à prisão.

Poucos dias depois, Eugênio foi capturado enquanto se escondia nas colinas. Tendo também confessado a Cristo, foi cruelmente açoitado pelos carrascos até que Lísio ordenasse que o cristão fosse levado ao templo da deusa Mitra para oferecer sacrifícios ao ídolo, que à época era a deusa mais adorada pelos pagãos de Trebizonda. Lá, Santo Eugênio fez uma oração a Deus, e imediatamente a grande estátua de Mitra foi ao chão em cacos e pó.

Irado, Lísio ordenou que Eugênio tivesse seus membros estirados e seu corpo espancado com varas. Em seguida suspenderam-no, rasgaram sua pele, queimaram as feridas e também esfregaram sal e vinagre nelas. Finalmente, os quatro santos foram jogados em uma fornalha ardente e saíram ilesos das queimaduras, glorificando a Cristo. Tido por vencido, Lísio ordenou que fossem todos decapitados, e assim receberam a preciosa coroa do martírio.

Pós-vida

Santo Eugênio foi enterrado sem identificação em um cemitério comum. Sua cova, entretanto, permaneceu na memória dos cristãos até o ano de 326, na era do santo Imperador Constantino, o Grande (306–337), quando um santuário foi erigido acima da cova. No século VI, São Justiniano, o Grande (527–565), dedicou o novo aqueduto de Trebizonda à proteção do santo.

Em 812, sob o santo Patriarca Nicéforo I de Constantinopla (806–815), a Igreja de Santo Eugênio foi construída no local de seu martírio, entre duas ravinas que separavam a citadela do subúrbio. Suas relíquias foram então transladadas do cemitério à igreja.

Após o Grande Cisma de 1054, o Imperador Isaque I (1057–1059), ao conhecer a vida desses santos, declarou Santo Eugênio como padroeiro da Guarda Imperial. O registro mais antigo sobrevivente da vida dos quatro mártires data dessa época.

Em 1450, quatro anos antes da Queda de Roma, o Imperador de Trebizonda Aleixo III reformou a Igreja de Santo Eugênio, transformando-a numa gloriosa basílica anexa a um mosteiro também dedicado a Santo Eugênio. A efígie de Santo Eugênio compunha todas as moedas de prata de Trebizonda e sua veneração foi exaltada como uma súplica pela proteção do império desde a sua criação após o Saque de Constantinopla pelos cruzados em 1204. Famílias comumente possuíam uma criança cujo padroeiro era Santo Eugênio, e sua veneração era comum a todos os habitantes. O Mosteiro de Dionísio, criado pelo mesmo imperador Aleixo III, celebra a memória de Santo Eugênio desde 1375 até a atualidade.

Hinos

Tropário

(Tom 4; canta-se apenas a Eugênio em 24 de junho)

Teus mártires Eugênio e seus companheiros,
em sua luta por Ti, Senhor,
de Ti receberam a coroa eterna.
Recebendo forças de Ti, ó nosso Deus,
derrotaram os tiranos,
e destruíram a pretensão impotente dos demônios.
Por suas intercessões,
ó Cristo Deus,
salva nossas almas.

Referências

  • São Nicodemos, o Hagiorita (1819). Sinaxário dos doze meses do ano. Tomo segundo.

Ligações externas