Apóstolo Estêvão
O Santo Protomártir Apóstolo Estêvão, o Arquidiácono (séc. I), foi o primeiro mártir por Cristo. Sua vida foi registrada no livro dos Atos dos Santos Apóstolos. A Igreja o comemora nos dias 27 de dezembro, 4 de janeiro na Sinaxe dos Setenta Apóstolos, 2 de agosto pela transladação de suas relíquias e 15 de setembro pela invenção (descoberta) das mesmas.
Vida
Após os santos doze apóstolos terem suas vidas poupadas graças ao santo doutor da Lei Gamaliel, houve uma discussão entre os cristãos judeus e os cristãos gentios, pois as viúvas gentias não estavam recebendo a distribuição diária.[nota 1] Os apóstolos resolveram eleger sete homens sábios e cheios do Espírito Santo para se encarregarem de administrar a distribuição, e assim escolheram dentre eles Estêvão, feito apóstolo e diácono. Estêvão destacava-se grandemente por sua abençoada sabedoria e por seus milagres, e logo os judeus levantaram-se contra o santo, subornando outros homens para dizerem que Santo Estêvão havia blasfemado contra o santo Profeta Moisés e Deus. Uma multidão então agarrou-o e levou-o ao Sinédrio. Lá, as falsas testemunhas acusaram-no de blasfemar contra o Templo de Jerusalém e contra Moisés, dizendo que o Templo seria destruído e que Jesus Cristo mudaria as tradições da Lei. Relata-se que o rosto do santo brilhava como se fosse um anjo.[1]
Perante todo o Sinédrio, Santo Estêvão proferiu o mais divinamente inspirado discurso sobre a história de Israel e seu desprezo pela Lei, que rendeu-lhe cinquenta e dois versículos na compilação do livro dos Atos dos Apóstolos, e talvez mais, se não fosse interrompido pelos judeus que se esbravejavam de raiva e rangiam seus dentes contra ele. Mas o santo, estando da plenitude do Espírito Santo de Deus, olhou para o céu, e viu com seus próprios olhos a magnífica glória de Deus, com Nosso Senhor Jesus Cristo de pé à direita do Pai. “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus.” Nesse momento, os judeus, espumando de cólera, se atiraram contra ele. O santo foi arremessado para fora da cidade, e, seguindo a Lei Mosaica, as falsas testemunhas pediram a um moço chamado Saulo para que fossem as primeiras a apedrejá-lo. Este consentiu, e logo todos os judeus começaram a apedrejá-lo impiedosamente. Santo Estêvão, entretanto, orava: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”, e de joelhos, exclamou em alta voz suas últimas palavras:[2]
- “Senhor, não lhes leves em conta este pecado.”
Após ter sido apedrejado até a morte pelos judeus, o corpo de Santo Estêvão foi deixado desenterrado para ser devorado pelas bestas e pelas aves do céu, e os judeus iniciaram uma grande perseguição contra os cristãos de Jerusalém, que fugiram para a Judeia e Samaria. Todos os que ficaram foram jogados na prisão. Em 70, o Templo foi destruído.
Pós-vida
Invenção
No dia seguinte de seu martírio, Gamaliel, o mesmo que havia livrado os doze apóstolos da morte, ordenou que o corpo do mártir fosse levado até ele. São Gamaliel enterrou-o em seu próprio túmulo, não longe de Jerusalém. Quando São Nicodemos, o fariseu discípulo do Senhor, faleceu, Gamaliel também enterrou-o junto de Estêvão. Finalmente, quando o próprio Gamaliel morreu, seu corpo foi enterrado junto aos dois santos.
Em 415, na era da santa Imperatriz Pulquéria (414–416, 450–453), as relíquias de Santo Estêvão foram milagrosamente descobertas e solenemente transferidas para Jerusalém, onde diversas curas foram realizadas naqueles que até o relicário peregrinavam.
Transladação
Alguns anos depois, as relíquias de Santo Estêvão foram transferidas para Constantinopla e postas temporariamente numa igreja dedicada a São Lourenço, o Arquidiácono, enquanto uma dedicada ao santo estava sendo concluída. Num 2 de agosto a igreja terminou de ser construída, e suas relíquias foram depositadas lá. Atualmente, a mão direita de Santo Estêvão encontra-se preservada na Lavra da Trindade-São Sérgio, em Moscou.
Notas
- ↑ Naquele tempo, todos os cristãos traziam seus bens para serem redistribuídos entre si. Além do mais, cuidar das viúvas era considerado uma forma de adoração a Deus pelo santo Apóstolo Tiago.
Referências
Ligações externas
- Transladação das relíquias do Protomártir e Arquidiácono Estêvão de Jerusalém a Constantinopla (Igreja Ortodoxa na América, OCA)
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