Sínodo de Carvalho

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O Sínodo de Carvalho foi um sínodo provincial ocorrido nos arredores de Constantinopla em julho de 403 que condenou e depôs São João Crisóstomo como Patriarca de Constantinopla. É amplamente visto como politicamente motivado, sendo o resultado de uma conspiração feita por uma série de adversários de Crisóstomo, incluindo a Imperatriz Eudóxia e o Papa Teófilo de Alexandria.

História

Preâmbulo

No ano de 402, o Papa Teófilo tinha sido convocado pelo imperador até Constantinopla para se desculpar perante um sínodo, sobre o qual Crisóstomo presidiria, por conta de diversas acusações que foram feitas contra ele por monges egípcios, especialmente pelos "Grandes Irmãos". Teófilo se voltou contra o grupo e passou a pergui-los sob a acusação de Origenismo. Colocando-se na liderança de soldados e servos armados, Teófilo marchou contra os monges, queimou suas habitações e maltratou os que conseguiu capturar.

Quando estes monges fugiram para Constantinopla para apelar ao Patriarca João, Teófilo escreveu para Santo Epifânio de Salamina pedindo que ele fosse até a cidade imperial e convencesse Crisóstomo a condenar os origenistas. Epifânio foi, mas quando ele percebeu que Teófilo estava apenas manipulando-o, deixou a capital e acabou morrendo no caminho de volta à Chipre em 403. Para complicar a situação, Crisóstomo deu um sermão nesta mesma época sobre a vã luxúria feminina, visto pela imperatriz uma crítica pessoal.

O Sínodo

Papa Teófilo enfim apareceu em Constantinopla em meados de 403, mas não sozinho como havia sido comandado, mas com 29 de seus bispos sufragâneos e com uma grande quantidade de dinheiro e de presentes.[1] Ele se alojou em um dos palácios imperiais e realizou conferências com todos os adversários de Crisóstomo, quando finalmente se retirou com os seus companheiros e sete outros bispos para uma villa nas redondezas chamada Epi Dryn, onde preparam diversas acusações infundadas contra Crisóstomo.[2]

O Sínodo então possuía 42 arcebispos e bispos, muitos dos quais eram sírios e egípcios desfavoráveis ao Patriarca e trazidos por Teófilo. Então o sínodo reunido para julgar Teófilo de acordo com as ordens do imperador, agora convocou Crisóstomo para que se apresentasse e se desculpasse. Severiano de Gabala, bispo de Gabala na Síria, a quem Crisóstomo já tinha antes banido de Constantinopla por causa de seu envolvimento num complô contra o Patriarca, serviu de promotor e comandou a acusação.[3] Crisóstomo naturalmente recusou a reconhecer a legalidade deste sínodo no qual seus inimigos declarados eram juízes. Após a terceira convocação, com o consentimento do imperador, ele foi declarado então deposto.

Resultado

Para evitar um derramamento de sangue inútil, Crisóstomo se rendeu no terceiro dia aos soldados que o aguardavam. Mas as ameaças da população e um acidente inesperado no palácio imperial assustaram a imperatriz, que temia ser uma punição celeste. Ela então ordenou que ele fosse trazido de volta imediatamente. Após alguma hesitação, Crisóstomo reentrou na capital em meio a um grande júbilo da população. Teófilo e seu partido fugiram para se salvar.[4]

Referências

  1. Paládio, Diálogo, Capítulo XVI; Sócrates Escolástico, História Eclesiástica, Livro VI, Capítulo 7; Sozemeno, História Eclesiástica, Capítulo VIII.
  2. Fócio de Constantinopla, Bibliotheca, 59.
  3. Chrysostom Baur. Severian. The Catholic Encyclopedia. Vol. 13. New York: Robert Appleton Company, 1912.
  4. Chrysostom Baur. St. John Chrysostom. The Catholic Encyclopedia. Vol. 8. New York: Robert Appleton Company, 1910.

Fontes