Alterações

Ir para: navegação, pesquisa

Xenofonte de Constantinopla

1 746 bytes adicionados, 19h28min de 27 de janeiro de 2020
sem resumo de edição
Tendo dado um último abraço e beijo, clamaram mais uma vez a Deus: “Ó Rei e Mestre de todos, uma morte cruel nos espera! Se nossas vidas hão de se terminar nas profundezas, pelo menos não nos separes. Que uma só onda nos cubra, e que as entranhas de um monstro do mar sejam o nosso túmulo comum.” E, aos escravos que os acompanhavam: “Salvai-vos, bons irmãos e amigos, e perdoai-nos!”
Depois disso, o navio naufragou, salvos tendo agarrado nas tábuas no navio, cada um chegou em terra em lugares diferentes: Arcádio em Tetrapírgia na Ásia (atual Antália na Turquia), João em Malmefetânia (lugar desconhecido) e os escravos predominantemente em Tiro, na Feníciavários lugares do Mediterrâneo. Cada irmão pensou que o outro havia se afogado, e sofreram mais pela perda do que se regozijaram com sua própria libertação. João, chegando em terra, perguntou-se:
: “E agora? Não posso aparecer nu numa cidade. É melhor que eu encontre um mosteiro onde seus piedosos ascetas trabalham na pobreza e na obscuridade para Deus, meu salvador. De que servem as riquezas deste mundo? Talvez o Senhor não nos tenha ouvido quando orávamos no barco pois nossos pais tinham planos para casarmos e herdarmos grandes riquezas e bens. Teríamos perecido com a vaidade do mundo da mesma forma que pereceríamos com o mar. Sabendo o que é bom para nós, o onipotente Deus que tudo vê apartou a tempestade de nós. Não podemos prever o futuro, mas nosso divino Benfeitor faz e ordena os eventos sempre tendo em vista nossa salvação.”
Com isso eles se levantaram e trancaram-se na capela até o amanhecer, orando, derramando lágrimas e confiando que o Senhor atenderia ao seu pedido. Ao amanhecer, adormeceram. Ambos, então, sonharam que seus filhos estavam gloriosamente de pé diante de [[Jesus Cristo]]. Um trono havia sido preparado para João, e ele segurava um cetro e usava uma coroa ricamente ornamentada com pérolas e joias. Outro trono radiante havia sido preparado para Arcádio, que segurava uma cruz em sua mão destra e usava um diadema de estrelas. Ao despertarem, cada um contou ao outro sobre o sonho, e entenderam que seus filhos estavam vivos e sob a proteção da misericórdia de Deus. Consolado, Xenofonte disse: “Meu amor Maria, de alguma forma, acredito que nossos filhos estão em Jerusalém. Deveríamos descer até lá e venerar os lugares santos. Talvez nós também encontremos nossos filhos.”
XenofonteMaria concordou, e os piedosos pais começaram a fazer os preparativos para a viagem. Emitiram as instruções ao mordomo e distribuíram esmolas aos necessitados. Então, levando consigo ouro para suas despesas e para caridade, partiram a Jerusalém. Quando chegaram à Cidade Santa, visitaram os lugares santos, no entantodistribuindo grandes quantias aos pobres pelo caminho. Em seguida, já bastante idosoforam aos mosteiros da região para perguntar sobre seus filhos. Não obtendo êxito, manteve uma firme esperança conseguiram encontrar um dos escravos que estava no Senhor naufrágio e consolou sua esposa Mariatornou-se monge. Imediatamente abraçaram-no, dizendobeijaram-lhe para no e jogaram-se aos seus pés. O monge, prostrado, se opôs: “Mestres, isso é muito indecoroso… Pelo amor de Deus, não ficar vos rastejeis perante o vosso servo!” Xenofonte insistiu: “Nós temos o mais profundo respeito pelo monasticismo. Não fique triste, mas diga-nos tudo o que puder sobre os nossos filhos!” Os olhos do monge encheram-se de lágrimas, e disse: “Nossa embarcação naufragou, e cada um segurou-se numa tábua. A tempestade nos separou um do outro; não sei se mais alguém foi salvo, mas apenas que cheguei à costa de Tiro na Fenícia.” Os dois despediram-se do monge, recompensando-o generosamente e pedindo-lhe que rezasse por eles e pelos seus filhos. Depois, desceram à Jordânia, com a intenção de encontrar um lugar para acreditar orar e dar esmolas por lá. No caminho, cruzaram-se com o mesmo ancião clarividente que há dois anos havia tonsurado Arcádio e, caindo aos pés do monge e implorando por suas orações, o ancião os anunciou: “Foi o amor pelos filhos que seus trouxe meus senhores Xenofonte e Maria a Jerusalém. Não entristeçais: vossos filhos estavam sendo cuidados pelo estão vivos. Deus já vos revelou em sonho a glória que os espera nos Céus. Ide, operários da videira do Senhor, orai no Jordão e voltai à Cidade Santa. Tornareis a ver vossos filhos.” O ancião, então, continuou seu caminho a Jerusalém, e o casal dirigiu-se ao Rio Jordão.  Depois de vários anos, o casal fez uma peregrinação aos lugares santos, e, em Jerusalém, encontraram seus filhos vivendo como ascetas em diferentes monastérios. Os pais, consolados, deram graças ao Senhor pelo reencontro.
Os santos Xenofonte e Maria foram para monastérios separados e dedicaram-se a Deus. Os monges Arcádio e João, tendo se despedido de seus pais, saíram para o deserto, onde, depois de muito tempo de trabalho ascético, foram glorificados pelos dons da taumaturgia e do discernimento. Seus santos pais, trabalhando em silêncio e em estrito jejum, também receberam de Deus o dom da taumaturgia.
11 779
edições

Menu de navegação