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Xenofonte de Constantinopla

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Sob as bênçãos do pai, embarcaram numa nau a Beirute. Então, através da Divina Providência, uma tempestade surgiu, e o mar se agitou. Os marinheiros soltaram o leme, e a embarcação se partiu. Todos a bordo choravam por suas vidas, e os irmãos oravam:
: “Ó generoso Mestre, Criador de todas as coisas, não desprezes aqueles a quem Tu moldaste do pó! Permanecei conosco e não Te esqueças das boas ações de nossos pais. Não deixes que morramos na flor da juventude; não permitas que o abismo engula nosso barco; não Te esqueças da Tua misericórdia, mas olha do alto da Tua glória e vê a nossa angústia. Ouvi nossos gemidos e gritos, porque, com coração contrito e um espírito humilde, rogamos a Ti. Estende a Tua Mão destra todo-poderosa e livra-nos das portas da morte, trata-nos segundo a Tua abundante compaixão!<!-- Livra-nos por amor da Tua misericórdia, porque nem os mortos hão de Te louvar, nem os que descem ao Hades, mas nós, os vivos, glorificaremos Teu temido Nome.-->
Como a tempestade estava se tornando cada vez mais violenta e a embarcação estava em perigo iminente de afundar, os tripulantes entraram no bote salva-vidas e fugiram, deixando todos no navio. João e Arcádio, prevendo a morte, exclamaram a seus pais, como se eles estivessem presentes: “Que vós desfruteis sempre de uma boa saúde, queridos pai e mãe! Não tornareis a ver-nos, nem nós hemos de vos ver; nunca mais desfrutaremos juntos dos prazeres do lar!” Então, um disse ao outro:
O hegúmeno instruiu o jovem por um longo tempo nos princípios da vida monástica e salvadora, abençoou-o com o sinal da Cruz e permitiu que ele fizesse parte do mosteiro. Pouco tempo depois, João foi tonsurado, e passou o restante dos seus dias em oração, jejum, trabalho e obediência. Ele, entretanto, jamais deixou de sofrer por seu irmão Arcádio, a quem temia que tivesse morrido afogado.
 
No entanto, pela Vontade de Deus, Arcádio foi salvo. Em Tetrapírgia, Arcádio caiu de joelhos e disse: “Ó Senhor, Deus de Abraão, Isaque e Jacó, Deus do meu pai, eu Te agradeço por livrar-me da morte na tempestade. Assim como Tu me salvaste quando todas as minhas esperanças haviam se esgotado e puseste meus pés em terra, ó Misericordiosíssimo, salva também o Teu servo e irmão meu João. Não permitas que ele seja engolido pelo abismo. Ouve-me, Senhor, meu Senhor, pois grande é a Tua compaixão. Não permitas que João desapareça no mar, não permitas que alguém tão jovem morra! Concede-me ver sua face mais uma vez, e então tira-me desta vida, se for preciso.” Assim dizendo, Arcádio não conteve-se em choro e desmaiou.
 
Quando recuperou seus sentidos, Arcádio conseguiu chegar a uma aldeia, onde um piedoso homem deu-lhe suas roupas. Vestiu-se, comeu um pouco de pão e ficou melhor. Então, achou uma igreja e lá orou e derramou suas lágrimas novamente por seu irmão. Após completar sua súplica, adormeceu sobre uma mesa no lado de fora da igreja. Em sonho, ouviu João dizer-lhe: “Arcádio, não lamentes, pela graça de Cristo estou vivo.”
 
Arcádio acordou, e crendo em seu sonho, regozijou-se e deu graças a Deus. “Caso volte para a casa de meus pais sem meu irmão, não trarei nada a eles senão a tristeza. Caso volte a Beirute e termine meus estudos na filosofia, para então voltar para casa sem ele, apenas tardarei a tristeza deles. Que hei de fazer? Meu pai muitas vezes exaltou a vida ascética, que traz o homem para perto de Deus. Logo, resta-me partir para o monasticismo!”
 
Depois de mais uma oração, Arcádio partiu para Jerusalém. Tendo venerado os lugares santos, partiu para o deserto em busca de um mosteiro. No caminho encontrou um monge — santo, clarividente e de aparência venerável, adornado de cabelos grisalhos. Caindo aos seus pés e beijando-os, implorou: “Pai, estou muito abatido, não me esqueças em tuas orações!”
Por muito tempo seus pais não tiveram notícias de seus filhos, e presumiram que estivessem mortos. Xenofonte, no entanto, já bastante idoso, manteve uma firme esperança no Senhor e consolou sua esposa Maria, dizendo-lhe para não ficar triste, mas para acreditar que seus filhos estavam sendo cuidados pelo Senhor. Depois de vários anos, o casal fez uma peregrinação aos lugares santos, e, em Jerusalém, encontraram seus filhos vivendo como ascetas em diferentes monastérios. Os pais, consolados, deram graças ao Senhor pelo reencontro.
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