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Arcádio acordou, e crendo em seu sonho, regozijou-se e deu graças a Deus. “Caso volte para a casa de meus pais sem meu irmão, não trarei nada a eles senão a tristeza. Caso volte a Beirute e termine meus estudos na filosofia, para então voltar para casa sem ele, apenas tardarei a tristeza deles. Que hei de fazer? Meu pai muitas vezes exaltou a vida ascética, que traz o homem para perto de Deus. Logo, resta-me partir para o monasticismo!”
Depois de mais uma oração, Arcádio partiu para Jerusalém. Tendo venerado os lugares santos, partiu para o deserto em busca de um mosteiro. No caminho encontrou um monge — santo, clarividente e de aparência venerável, e adornado de cabelos grisalhos. Caindo aos seus pés e beijando-os, implorou: “Pai“Santo pai, eis que estou muito abatido, não me esqueças em tuas orações!” O monge respondeu-o: “Não te entristeças, meu filho, teu irmão está vivo. Ele e os vossos escravos foram salvos por Deus, e já entraram em vários mosteiros. Inclusive, João já foi tonsurado monge. Tua oração foi ouvida: em breve verás o teu irmão.” Assombrado, Arcádio novamente caiu aos pés do clarividente, e exclamou: “Deus revelou-lhe tudo sobre mim! Não me rejeites, leva-me a um mosteiro e salva a minha alma!” “Deus seja louvado, meu filho, segue-me.” E levou-o à Lavra de São Caritão, no deserto da Judeia. Lá, Arcádio foi tonsurado monge e recebeu a antiga cela de um grande Pai do Deserto que lutou durante cinquenta anos. O ancião viveu com Arcádio durante um ano, ensinando-o a combater os inimigos invisíveis, e então partiu para o deserto, com a promessa que tornaria a vê-lo após três anos. Arcádio, por sua vez, cumpriu fielmente a regra dada pelo ancião, e labutou dia e noite em serviço a Deus.
Por muito tempo seus pais não tiveram notícias de seus filhos, e presumiram que estivessem mortos. Xenofonte, no entanto, já bastante idoso, manteve uma firme esperança no Senhor e consolou sua esposa Maria, dizendo-lhe para não ficar triste, mas para acreditar que seus filhos estavam sendo cuidados pelo Senhor. Depois de vários anos, o casal fez uma peregrinação aos lugares santos, e, em Jerusalém, encontraram seus filhos vivendo como ascetas em diferentes monastérios. Os pais, consolados, deram graças ao Senhor pelo reencontro.