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Perpétua de Cartago

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Condenação
Noutro dia, enquanto estavam jantando, foram subitamente levados para o interrogatório no centro da cidade. A notícia chegou a toda a vila, e diversas pessoas reuniram-se ao redor deles. Era 203, e o procônsul da África Minício Opimiano havia acabado de morrer; assim, Hilarião, o procurador, tomou o poder de decidir entre a vida e a morte dos julgados. Quando todos os outros já haviam sido interrogados, Hilarião chamou-a, e seu pai apareceu diante dela com seu filho, suplicando: “Tem piedade do teu menino!”
Hilarião, vendo-os, disse: “Poupa os cabelos brancos do de teu pai, poupa a infância do de teu filho. Oferece o sacrifício para o bem-estar dos imperadores.” Ela respondeu: “Não o farei.” O procurador perguntou se ela era cristã, e ela afirmou. Hilarião, então, atirou seu pai ao chão, e ordenou que fosse espancado com bastões. A dor de seu pai refletia-se nela como se ela mesma estivesse sendo agredida. Em seguida, o procurador condenou que os seis seriam futuramente jogados aos animais selvagens, e foram levados para uma prisão improvisada.
Alguns dias depois, enquanto oravam, veio à mente de Perpétua Dinócrates, seu esquecido e miserável irmão que faleceu falecera aos sete anos de idade vítima de um câncer. Perpétua lamentou-se e sentiu a dignidade de ter sido preservada da doença por Deus; assim, começou a suplicar e chorar por seu falecido irmão a Deus.
Naquela mesma noite, o Altíssimo concedeu-a mais uma visão, e nela Perpétua via Dinócrates saindo de um lugar sombrio e nebuloso junto a várias outras pessoas. Sua pele estava ressecada de tamanha sede, e sua face, pálida, encardida e com o rosto devorado pelo tumor. Entre os dois, havia um hiato para que nenhum pudesse se aproximar do outro. Em frente a Dinócrates havia um tanque cheio de água, e ele esforçava-se para alcançá-lo, mas sua altura era menor que a do tanque. O sofrimento de seu irmão era perceptível à viúva, mas ela sabia que somente sua oração traria ajuda a ele, de forma que seu nome esteve presente em suas orações por todos os dias que se seguiram.
Em 7 de março de 203, aniversário de Geta, filho de Sétimo Severo e futuro imperador, Perpétua persistiu em oração o dia inteiro, lamentando-se e gemendo por seu irmão. De noite, teve uma nova visão: a escuridão havia sido dissipada pela luz, e Dinócrates estava completamente limpo. O tanque tinha diminuído de tamanho até a cintura de seu irmão, e no lugar do tumor havia apenas uma cicatriz. Alguém tirava a água incessantemente, e uma taça estava na beira do tanque; Dinócrates bebeu-a por completo, saciou-se, e afastou-se para brincar à maneira das crianças. Assim, Perpétua entendeu que o menino havia sido poupado da punição.
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