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Perpétua de Cartago

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Anfiteatro
A multidão enfureceu-se, e exigiram que fossem flagelados pelos torturadores. Durante as chibatadas, os mártires deram graças a Deus por poderem participar de Seus sofrimentos; Ele quem dissera “Pedi e recebereis” (João 16:24) lhes deu, conforme pediram, o padecimento que cada um havia desejado. Em seguida, São Saturnino e São Revogado tiveram de enfrentar um leopardo. Não sendo derrotados, foram amarrados num tablado para serem feridos até a morte por um urso, e assim gloriosamente entregaram suas almas a Cristo. Sátiro, por sua vez, foi amarrado a um javali, o qual acabou matando um torturador logo que foi solto e não arrastou Sátiro de forma que ele se ferisse. Então, amarraram-no e abriram a jaula do urso, mas este recusou-se a sair dela. Por isso, Sátiro foi levado de volta à cela dos sobreviventes sem ferimentos.
O uso deste animal na arena era inédito até então, mas assim foi para que Hilarião rivalizasse-as em seu sexo: as duas jovens tiveram que lidar com uma vaca. Tendo amamentado seu filho uma última vez, Felicidade dirigiu-se ao centro da arena com Perpétua. A vaca foi ao ataque de Perpétua, que ao final caiu já com seu manto rasgado e sangrando com grandes cortes. Como a jovem preocupava-se mais com a decência do que com a dor, rapidamente ajeitou seus trapos para que cobrissem seu quadril. Amarrou também seus cabelos despenteados, para que não a dessem uma aparência de luto, mas sim de glória. Quando viu, Santa Felicidade estava ferida e contorcida no chão com os golpes que a vaca lhe dera. Rapidamente correu à companheira, levantou-a e ambas ficaram juntas abraçadas uma da à outra enquanto eram feridas pela vacanas costas e nos lados. Ao final, não resistiram e caíram ao chão, enquanto que Perpétua protegia a cabeça de Felicidade com suas mãos. O ânimo dos espectadores apaziguou-se, e as duas foram chamadas arrastadas de volta à cela novamente.
Lá, um catecúmeno de nome Rústico manteve-se perto de Perpétua, dando-lhe apoio. De repente, a viúva jovem fez como se tivesse despertado de um sonho, embora estivesse acordada o tempo inteiro. Para a surpresa de todos na cela, ela começou a olhar ao redor e disse: “Não faço ideia de quando seremos levados até aquela vaca!” Quando contaram-na, ela não conseguia acreditar, e espantou-se quando viu os ferimentos e o sangue em seu corpo e manto. Ao catecúmeno que era conhecido dela e a seu irmão, Perpétua exortou: “Permanecei firmes na Fé, amai-vos todos uns aos outros e não vos indigneis com os meus sofrimentos.”
Sátiro dirigiu-se a Pudente, o soldado, dizendo: “Aqui estou eu, como prometi e predisse, pois até agora não veio a mim besta alguma. Crê com todo o teu coração: avançarei ao leopardo, e este destruir-me-á com uma só dentada.” Então, como último ato dos jogos para o aniversário de Geta, Sátiro foi lançado ao leopardo e, com uma mordida, foi banhado com tal quantidade de sangue que o povo gritava enquanto o torturado era levado de volta à cela ainda vivo: “Salvo pelo banho! Salvo pelo banho!”
Encontrando-se de novo com Pudente, disse: “Adeus, mas tem em mente minha Fé. Não deixes que essas coisas te perturbem, mas comprovem-te.” Pediu-lhe ainda seu anel, e devolveu-lho lavado com seu sangue como símbolo de seu memorial. Em seguida, foi lançado quase sem vida junto de seus companheiros no local costumeiro onde cortavam-se as gargantas dos sobreviventes. Os espectadores, no entanto, queriam vê-los serem mortos pela espada com seus próprios olhos, e os santos mártires levantaram-se e foram por conta própria até o centro da arena.
Trocaram um último beijo entre si, para que fossem consumados com o beijo da paz. Todos permaneceram imóveis e, em silêncio, receberam o golpe da espada. São Sátiro foi o primeiro a render sua alma, e mais uma vez foi à espera de Perpétua no topo da escada. Santa Perpétua foi trespassada pela espada nas costelas, e começou a gritar gritou numa dor excruciante. Ela mesma pegou as mãos trêmulas do gladiador inexperiente e guiou-as à sua garganta. Santa Felicidade teve seu coração enfincado pela espada, e sangrou até render seu espírito. Os outros, embora já mortos, tiveram suas gargantas cortadas. Santa Perpétua e seus companheiros foram coroados pelo Senhor em 203, quando aquela possuía vinte e dois anos de idade, na era de São Zeferino, Papa de Roma (199–217).
== Pós-vida ==
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