João, o Clímaco

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São João Clímaco

São João Clímaco ou São João do Sinai (em grego: Ἰωάννης τῆς Κλίμακος) foi um grande asceta do Monte Sinai, amplamente conhecido pelo seu discernimento e dons espirituais, além de ter escrito a obra "Escada da Ascensão Divina" (Κλῖμαξ). Sua festa é comemorada em 30 de março e também no quarto domingo da Grande Quaresma (Domingo de São João Clímaco).

Vida

Sua biografia é escassa. Uma tradição sugere que São João Clímaco nasceu em Constantinopla por volta do ano de 570, sendo filho dos Santos Xenofonte e Maria (comemorados em 26 de janeiro).

Aos dezesseis anos, São João foi para o Sinai submetendo-se à orientação e instrução do Abba Martírios. Após quatro anos, foi tonsurado monge. Naquela ocasião, Abba Estrategos estava presente e previu que ele se tornaria uma enorme fonte de luz na Igreja de Cristo.

Por dezenove anos, seguiu sua vida monástica em completa obediência ao seu pai espiritual. Após o repouso de Abba Martírios, São João iniciou uma longa jornada rumo a uma vida solitária, indo para uma região isolada chamada Thola, onde passou quarenta anos em silêncio, jejum, oração e lágrimas de arrependimento.

São João teve um discípulo chamado Moses. Uma vez, o santo ordenou que o discípulo trouxesse adubo para fertilizar a horta. Quando ele terminou, Moses deitou para descansar sob a sombra de uma enorme pedra. Enquanto isso, São João estava em sua cela para um cochilo breve. De repente, um homem de aparência notável surgiu e acordou o asceta censurando-o: "João, por que você dorme de modo tão descuidado enquanto Moses está em perigo?!". Imediatamente, São João levantou e começou a orar pelo seu discípulo. Assim que sol se pôs, Moses retornou, e o santo perguntou se ele havia sofrido algum infortúnio durante aquela tarde. Ao que o monge respondeu "uma enorme pedra quase caiu sobre mim enquanto eu tirava um cochilo, mas deixei o lugar antes disso, porque pensei que havia chamado por mim". São João não revelou ao seu discípulo a visão que tivera, mas deu graças a Deus.

O asceta se alimentava daquilo que permitia a regra monástica, mas sempre com moderação. Dormia apenas o suficiente para se fortalecer, para que não arruinasse sua mente com uma vigília incessante. "Não jejuo excessivamente, não me entrego à vigília durante a noite toda, nem durmo no chão, mas me contenho, e o Senhor logo me salvou!", dizia sobre si mesmo.

Dotado de notável discernimento e sabedoria, ambos adquiridos pela experiência em sua longa jornada espiritual, eram muitos os que vinham até ele em busca de orientação. São João amavelmente recebia a cada um, e buscava guiá-los do melhor modo possível no caminho da salvação. Um dia, alguns monges afetados pela inveja censuraram São João por "falar demais", e diante disso o santo ficou em completo silêncio por um ano. Os monges perceberam o erro que haviam cometido, e imploraram a São João que não o privassem dos benefícios espirituais das conversas que poderiam ter com ele.

Procurando esconder seus atos ascéticos, às vezes o santo se isolava em uma caverna, mas os relatos de sua santidade se espalhavam para muito além da vizinhança. Visitantes de todos os lados iam até ele, ansiando por suas palavras de edificação e salvação.

Aos setenta e cinco anos, foi feito hegúmeno do Sinai. São João governou o santo mosteiro por quatro anos. Quando sua vida aproximava-se do fim, o Senhor concedeu a São João os dons de clarividência e dos milagres.

A escada da Ascensão Divina

Admirado com a sabedoria e com os dons espirituais de São João do Sinai, o santo hegúmeno do Mosteiro de Raithu, também chamado João, pediu ao asceta que escrevesse o que se tornou a incomparável "Escada" (em grego: Κλῖμαξ) - título pelo qual ficou conhecido como Clímaco -, um livro com instrução para monges que desejam alcançar a perfeição espiritual. São João sentia que era uma tarefa que excedia suas capacidades, mas por obediência honrou aquilo que lhe fora pedido. Ainda que tenha sido escrito para monges, qualquer cristão que viva no mundo encontrará um guia infalível para ascender ao Reino de Deus, e encontrar apoio em sua vida espiritual.

Os trinta degraus

Passo 1. Renúncia ao mundo Passo 2. Desapego Passo 3. Exílio Passo 4. Obediência Passo 5. Penitência Passo 6. Lembrança da morte Passo 7. Lamentação Passo 8. Placidez e mansidão Passo 9. Malícia: lembrança dos erros Passo 10. Calúnia Passo 11. Tagarelice e silêncio Passo 12. Falsidade Passo 13. Desânimo Passo 14. Glutonaria Passo 15. Castidade Passo 16.