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No ano 51, o Concílio de Jerusalém convocou os apóstolos e os anciãos para lidar com a questão da observância da Lei Mosaica pelos novos cristãos gentios. Ao final, São Paulo e São Barnabé voltaram para Antioquia com uma mensagem aos antioquinos acerca da decisão que o concílio tomara de não obrigar os gentios a observarem a antiga Lei. Os dois apóstolos foram acompanhados por São Judas, o Barsabás, e São Silas, “homens notáveis entre os irmãos”, para conseguirem atender a todo o povo. Após entusiasmarem os cristãos com as notícias do concílio, São Judas voltou para Jerusalém, enquanto São Silas decidiu permanecer em Antioquia.<ref>Atos 15</ref> | No ano 51, o Concílio de Jerusalém convocou os apóstolos e os anciãos para lidar com a questão da observância da Lei Mosaica pelos novos cristãos gentios. Ao final, São Paulo e São Barnabé voltaram para Antioquia com uma mensagem aos antioquinos acerca da decisão que o concílio tomara de não obrigar os gentios a observarem a antiga Lei. Os dois apóstolos foram acompanhados por São Judas, o Barsabás, e São Silas, “homens notáveis entre os irmãos”, para conseguirem atender a todo o povo. Após entusiasmarem os cristãos com as notícias do concílio, São Judas voltou para Jerusalém, enquanto São Silas decidiu permanecer em Antioquia.<ref>Atos 15</ref> | ||
− | O Apóstolo Silas acompanhava São Paulo em suas viagens. Em Trôade na Ásia, Paulo sonhou com um macedônio que lhe rogava para que o apóstolo socorresse os cristãos de lá, e puseram-se a navegar até a cidade de Filipos na Macedônia, para a qual Paulo futuramente escreveu suas epístolas. Lá, chegaram a expulsar um espírito de uma escrava, o qual rendia muito dinheiro aos seus senhores, que logo os denunciaram às autoridades por amotinação dentre o povo. | + | O Apóstolo Silas acompanhava São Paulo em suas viagens. Em Trôade na Ásia, Paulo sonhou com um macedônio que lhe rogava para que o apóstolo socorresse os cristãos de lá, e puseram-se a navegar até a cidade de Filipos na Macedônia, para a qual Paulo futuramente escreveu suas epístolas. Lá, chegaram a expulsar um espírito de uma escrava, o qual rendia muito dinheiro aos seus senhores, que logo os denunciaram às autoridades por amotinação dentre o povo. |
− | + | Após serem espancados com barras e açoitados, os dois apóstolos foram enviados à prisão. À meia-noite, pelas orações de Paulo e Silas, um terremoto devastou a prisão, desatando as correntes de todos os presos. O carcereiro, quando viu todas as portas do cárcere abertas, preparou-se para suicidar-se, mas foi impedido por São Paulo. Caindo aos pés dos santos com temor, o homem aceitou ser instruído no Evangelho de [[Jesus Cristo]] e, após lavar-lhes os ferimentos, recebeu o Santo Batismo com toda sua família.<ref>Atos 16</ref> | |
− | + | Tendo sido libertos do cárcere, ainda na Macedônia, seguiram para o ocidente pelas cidades de Anfípolis e Apolônia, até chegarem Tessalônica, onde São Paulo disputou com os judeus durante três dias, atraindo para a Fé uma grande multidão de gentios e alguns judeus. Lá, com a ajuda dos santos apóstolos [[Apóstolo Timóteo|Timóteo]] e Silvano, São Paulo escreveu as Epístolas aos Tessalonicenses e ordenou São Silvano como Bispo de Tessalônica. Silvano serviu também ao santo Apóstolo Pedro, que o mencionou em sua Primeira Epístola. Como bispo, São Silvano passou por sofrimentos e lamentações em Tessalônica, e posteriormente foi digno de receber de Cristo a coroa do martírio. | |
− | + | Embora tenham sido novamente apresentados às autoridades, Paulo, Silas e Timóteo foram rapidamente soltos e prosseguiram cinquenta quilômetros ao oeste, parando em Bereia, onde São Paulo novamente pregou o Evangelho nas sinagogas. Dessa vez, porém, os judeus receberam-no com desejo, e mais judeus e gentios foram convertidos. Sabendo que os judeus tessalonicenses estavam a caminho de Bereia para novamente acusá-los, Paulo partiu de barco para o sul, até chegar em Atenas na Acaia, enquanto São Silas e São Timóteo permaneceram por lá. Na cidade-Estado, Paulo conseguiu converter poucos gentios, dentre os quais estava [[Dionísio, o Areopagita|São Dionísio, o Areopagita]].<ref>Atos 17</ref> | |
− | Futuramente, enquanto São Paulo escrevia sua última epístola, Segunda a Timóteo, após insistir que esse jamais deixasse de pregar a Cristo e anunciar sua morte iminente, ele registrou entre os apóstolos São Crescêncio, Bispo da Galácia. | + | Em seguida, São Paulo dirigiu-se à península do Peloponeso, onde uniu-se a uma família judia refugiada em Corinto e voltou a pregar na sinagoga, conseguindo trazer a Cristo até o chefe da sinagoga. Num sonho, o Senhor encorajou o santo apóstolo, e ele permaneceu em Corinto por quase dois anos, também suportando as tribulações. Quando Silas e Timóteo encontraram-se com Paulo, São Silas foi consagrado Bispo de Corinto, e São Paulo continuou seu evangelismo pelo oriente. Como Bispo de Corinto, São Silas realizou diversos milagres e viveu todo o resto de sua vida naquela cidade.<ref>Atos 18</ref> |
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+ | Em sua Epístola aos Romanos, São Paulo encerra-a saudando seus irmãos em Cristo, dentre os quais Santo Epêneto, originário da Acaia, e Santo Andrônico, parente de Paulo e companheiro de cela em um de seus encarceramentos juntamente com Santa Júnia.<ref>Romanos 16</ref> Santo Epêneto foi ordenado Bispo de Cartago na África (atual Tunísia), enquanto Santo Andrônico foi ordenado Bispo da Panônia (atual Sérvia). | ||
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+ | Futuramente, enquanto São Paulo escrevia sua última epístola, Segunda a Timóteo, após insistir que esse jamais deixasse de pregar a Cristo e anunciar sua morte iminente, ele registrou entre os apóstolos São Crescêncio, Bispo da Galácia. Além de pregar naquela região da Anatólia, São Crescêncio também difundiu o Evangelho pela Gália (atual França), onde ordenou seu discípulo São Zacarias como Bispo de Viena.<ref group=nota>Essa não é a capital da Áustria, mas sim uma antiga cidade existente até os dias de hoje no sudeste da França, às margens do rio Ródano.</ref> São Crescêncio morreu como hieromártir na Galácia sob o Imperador Trajano (98–117).<ref>II Timóteo 4</ref> | ||
== Hinos == | == Hinos == |
Revisão das 21h25min de 4 de junho de 2020
Os Santos Apóstolos Silas, Silvano, Crescêncio, Epêneto e Andrônico (séc. I) fizeram parte dos hierarcas contados dentre os Setenta Apóstolos, discípulos de Cristo. A Igreja os comemora no dia 30 de julho, além de comemorar Santo Andrônico no dia 17 de maio, juntamente com Santa Júnia.
Índice
Vida
No ano 51, o Concílio de Jerusalém convocou os apóstolos e os anciãos para lidar com a questão da observância da Lei Mosaica pelos novos cristãos gentios. Ao final, São Paulo e São Barnabé voltaram para Antioquia com uma mensagem aos antioquinos acerca da decisão que o concílio tomara de não obrigar os gentios a observarem a antiga Lei. Os dois apóstolos foram acompanhados por São Judas, o Barsabás, e São Silas, “homens notáveis entre os irmãos”, para conseguirem atender a todo o povo. Após entusiasmarem os cristãos com as notícias do concílio, São Judas voltou para Jerusalém, enquanto São Silas decidiu permanecer em Antioquia.[1]
O Apóstolo Silas acompanhava São Paulo em suas viagens. Em Trôade na Ásia, Paulo sonhou com um macedônio que lhe rogava para que o apóstolo socorresse os cristãos de lá, e puseram-se a navegar até a cidade de Filipos na Macedônia, para a qual Paulo futuramente escreveu suas epístolas. Lá, chegaram a expulsar um espírito de uma escrava, o qual rendia muito dinheiro aos seus senhores, que logo os denunciaram às autoridades por amotinação dentre o povo.
Após serem espancados com barras e açoitados, os dois apóstolos foram enviados à prisão. À meia-noite, pelas orações de Paulo e Silas, um terremoto devastou a prisão, desatando as correntes de todos os presos. O carcereiro, quando viu todas as portas do cárcere abertas, preparou-se para suicidar-se, mas foi impedido por São Paulo. Caindo aos pés dos santos com temor, o homem aceitou ser instruído no Evangelho de Jesus Cristo e, após lavar-lhes os ferimentos, recebeu o Santo Batismo com toda sua família.[2]
Tendo sido libertos do cárcere, ainda na Macedônia, seguiram para o ocidente pelas cidades de Anfípolis e Apolônia, até chegarem Tessalônica, onde São Paulo disputou com os judeus durante três dias, atraindo para a Fé uma grande multidão de gentios e alguns judeus. Lá, com a ajuda dos santos apóstolos Timóteo e Silvano, São Paulo escreveu as Epístolas aos Tessalonicenses e ordenou São Silvano como Bispo de Tessalônica. Silvano serviu também ao santo Apóstolo Pedro, que o mencionou em sua Primeira Epístola. Como bispo, São Silvano passou por sofrimentos e lamentações em Tessalônica, e posteriormente foi digno de receber de Cristo a coroa do martírio.
Embora tenham sido novamente apresentados às autoridades, Paulo, Silas e Timóteo foram rapidamente soltos e prosseguiram cinquenta quilômetros ao oeste, parando em Bereia, onde São Paulo novamente pregou o Evangelho nas sinagogas. Dessa vez, porém, os judeus receberam-no com desejo, e mais judeus e gentios foram convertidos. Sabendo que os judeus tessalonicenses estavam a caminho de Bereia para novamente acusá-los, Paulo partiu de barco para o sul, até chegar em Atenas na Acaia, enquanto São Silas e São Timóteo permaneceram por lá. Na cidade-Estado, Paulo conseguiu converter poucos gentios, dentre os quais estava São Dionísio, o Areopagita.[3]
Em seguida, São Paulo dirigiu-se à península do Peloponeso, onde uniu-se a uma família judia refugiada em Corinto e voltou a pregar na sinagoga, conseguindo trazer a Cristo até o chefe da sinagoga. Num sonho, o Senhor encorajou o santo apóstolo, e ele permaneceu em Corinto por quase dois anos, também suportando as tribulações. Quando Silas e Timóteo encontraram-se com Paulo, São Silas foi consagrado Bispo de Corinto, e São Paulo continuou seu evangelismo pelo oriente. Como Bispo de Corinto, São Silas realizou diversos milagres e viveu todo o resto de sua vida naquela cidade.[4]
Em sua Epístola aos Romanos, São Paulo encerra-a saudando seus irmãos em Cristo, dentre os quais Santo Epêneto, originário da Acaia, e Santo Andrônico, parente de Paulo e companheiro de cela em um de seus encarceramentos juntamente com Santa Júnia.[5] Santo Epêneto foi ordenado Bispo de Cartago na África (atual Tunísia), enquanto Santo Andrônico foi ordenado Bispo da Panônia (atual Sérvia).
Futuramente, enquanto São Paulo escrevia sua última epístola, Segunda a Timóteo, após insistir que esse jamais deixasse de pregar a Cristo e anunciar sua morte iminente, ele registrou entre os apóstolos São Crescêncio, Bispo da Galácia. Além de pregar naquela região da Anatólia, São Crescêncio também difundiu o Evangelho pela Gália (atual França), onde ordenou seu discípulo São Zacarias como Bispo de Viena.[nota 1] São Crescêncio morreu como hieromártir na Galácia sob o Imperador Trajano (98–117).[6]
Hinos
Tropário
(Tradução livre)
- Nós, fiéis, louvemos os divinos Apóstolos /
- Silas, Silvano, Crescêncio, Epêneto e Andrônico. /
- Com a glória d’Aquele que Se humilhou por nós, /
- vós resplandecestes como paraísos da sabedoria. /
- Por isso, rogai a Cristo nosso Deus, /
- para que nossas almas sejam salvas.
Outro tropário
(Aos Santos Andrônico e Júnia, em tradução livre)
- Semeando e anunciando a pregação da Graça entre os homens, /
- vós radiastes como verdadeiros apóstolos do Salvador. /
- Assim, exaltando a Cristo, nosso verdadeiro Deus, /
- nós vos louvamos, ó ilustres Andrônico e Júnia. /
Condáquio
(Tradução livre)
- Vós vos revelastes como ramos da videira de Cristo, ó sábios, /
- portando cachos de virtudes derramando o vinho da salvação. /
- Bebendo dele, enchemo-nos de alegria, e celebramos vossa memória, /
- ó Silas, Silvano, Crescêncio, Epêneto e Andrônico, apóstolos do Senhor. /
- Intercedei, pois, para que nos seja concedida a remissão dos pecados /
- e Sua grande misericórdia.
Outro condáquio
(Aos Santos Andrônico e Júnia, em tradução livre)
- Louvemos o apóstolo de Cristo, Andrônico, a radiante estrela /
- que iluminou as nações com a luz do conhecimento de Deus. /
- Junto a ele brilha com a luz da justiça Júnia, a sapientíssima. /
- A eles clamemos: “Orai sem cessar a Cristo Deus por todos nós!”
Louvor
(Por São Nicolau, Bispo de Ócrida, em tradução livre)
- O Apóstolo Andrônico, compatriota de Paulo, /
- pregando a paz e a saúde espiritual, /
- queimou com o ardente amor por Cristo. /
- Pelo mundo ele levou o radiante ensinamento, /
- sem muitos trajes, sem pagamento nem cuidados, /
- mas rico no poder do Espírito de Deus. /
- Com Júnia ele partilhou de seus sofrimentos, /
- até ter carregado a Cruz por toda a Panônia. /
- Desaparecida a escuridão, brilhou a Cruz, /
- e o trigo do joio foi separado. /
- Homens despertaram do sono cruel, /
- e ao dom da adoção de Deus correram. /
- Destruindo os ídolos como simples caniças, /
- os vícios da discórdia e do ódio abandonaram. /
- Quando seu corações começaram a soluçar, /
- suas bocas passaram a clamar: /
- “Somos Teus filhos, ó Pai celestial! /
- “A luz de Teu apóstolo agora recebemos. /
- “Perdoa a nós, que éramos escravos dos ídolos.”
Notas
- ↑ Essa não é a capital da Áustria, mas sim uma antiga cidade existente até os dias de hoje no sudeste da França, às margens do rio Ródano.
Referências
- São Nicodemos, o Hagiorita (1819). Sinaxário dos doze meses do ano. Tomo II.
- São Demétrio, Arcebispo de Rostóvia (1906). A vida dos santos. Livros IX e XI.
- São Nicolau, Bispo de Ócrida (2002). O prólogo de Ócrida. Volumes I e II.
Ligações externas
- Apóstolos Silas, Silvano, Crescêncio, Epêneto e Andrônico (Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul)
- Apóstolos Silas, Silvano, Crescêncio, Epêneto e Andrônico (Arquidiocese Ortodoxa Antioquina de São Paulo e Todo o Brasil)
- Apóstolos Silas, Silvano, Crescêncio, Epêneto e Andrônico (Igreja Ortodoxa na América, OCA)
- Apóstolos Silas, Silvano, Crescêncio, Epêneto e Andrônico (João Sanidopoulos)