Diferenças entre edições de "Dez mártires de Creta"

Da wiki OrthodoxWiki
Ir para: navegação, pesquisa
 
Linha 1: Linha 1:
 
[[Imagem:Menologion of Basil 069.jpeg.jpg|thumb|Os santos dez no Menológio de Basílio II.]]
 
[[Imagem:Menologion of Basil 069.jpeg.jpg|thumb|Os santos dez no Menológio de Basílio II.]]
Os '''Dez Santos Mártires de Creta''' (os quais, '''Teódulo''', '''Saturnino''', '''Êuporo''', '''Gelásio''', '''Euniciano''', '''Zótico''', '''Pompeio''', '''Agátopo''', '''Basílides''' e '''Evaristo'''; m. 250) foram cristãos martirizados durante o reinado de Décio, no terceiro século. A Igreja celebra sua festa no dia de seu martírio, [[23 de dezembro]].
+
Os '''Dez Santos Mártires de Creta''' (os quais, '''Teódulo''', '''Saturnino''', '''Êuporo''', '''Gelásio''', '''Euniciano''', '''Zótico''', '''Pompeu''', '''Agátopo''', '''Basílides''' e '''Evaristo'''; m. 250) foram cristãos martirizados durante o reinado de Décio, no terceiro século. A Igreja celebra sua festa no dia de seu martírio, [[23 de dezembro]].
  
 
== Vida ==
 
== Vida ==
 
Em 249, Décio (249–251), após suas vitórias militares contra a rebelião de Pacaciano no Danúbio, assassinou o Imperador Filipe (244–249) e assumiu seu posto, acrescentando ao seu nome também o nome “Trajano” devido a sua grande admiração pelo imperador homônimo. Essa admiração também viria a se refletir na perseguição aos cristãos. No ano seguinte, Décio assinou um édito exigindo que todo o império oferecesse sacrifícios aos deuses pagãos pelo bem-estar do imperador.  
 
Em 249, Décio (249–251), após suas vitórias militares contra a rebelião de Pacaciano no Danúbio, assassinou o Imperador Filipe (244–249) e assumiu seu posto, acrescentando ao seu nome também o nome “Trajano” devido a sua grande admiração pelo imperador homônimo. Essa admiração também viria a se refletir na perseguição aos cristãos. No ano seguinte, Décio assinou um édito exigindo que todo o império oferecesse sacrifícios aos deuses pagãos pelo bem-estar do imperador.  
  
Naquele tempo, o eparca de Creta, que também se chamava Décio, iniciou uma feroz perseguição aos cristãos na ilha. Foram trazidos a ele cristãos de todas as partes de Creta: Teódulo, Saturnino, Êuporo, Gelásio e Euniciano da capital Gortina, Zótico do litoral de Cnossos, Agátopo do porto de Panormos, Basílides da Cidônia e Evaristo e Pompeio de Heraclião. Os dez firmemente confessaram sua fé em [[Jesus Cristo]] e negaram-se a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos.
+
Naquele tempo, o eparca de Creta, que também se chamava Décio, iniciou uma feroz perseguição aos cristãos na ilha. Foram trazidos a ele cristãos de todas as partes de Creta: Teódulo, Saturnino, Êuporo, Gelásio e Euniciano da capital Gortina, Zótico do litoral de Cnossos, Agátopo do porto de Panormos, Basílides da Cidônia e Evaristo e Pompeu de Heraclião. Os dez firmemente confessaram sua fé em [[Jesus Cristo]] e negaram-se a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos.
  
 
O ímpio governador então lhes disse: “Vós, que depreciais esta grande assembleia na qual se rende culto aos todo-poderosos Júpiter, Juno, Reia e outras divindades, vereis o poder dos deuses.” E eles o responderam que a lenda de Júpiter não lhes era estranha, assegurando que aqueles que o consideravam uma divindade deviam por virtude imitar os seus vícios. Se a multidão de pagãos enfurecidos não tivesse sido contida, eles já haveriam sido martirizados, mas o governador decidiu sentenciá-los a um mês de cruéis torturas, como açoites e apedrejamento.
 
O ímpio governador então lhes disse: “Vós, que depreciais esta grande assembleia na qual se rende culto aos todo-poderosos Júpiter, Juno, Reia e outras divindades, vereis o poder dos deuses.” E eles o responderam que a lenda de Júpiter não lhes era estranha, assegurando que aqueles que o consideravam uma divindade deviam por virtude imitar os seus vícios. Se a multidão de pagãos enfurecidos não tivesse sido contida, eles já haveriam sido martirizados, mas o governador decidiu sentenciá-los a um mês de cruéis torturas, como açoites e apedrejamento.

Edição atual desde as 02h08min de 19 de outubro de 2020

Os santos dez no Menológio de Basílio II.

Os Dez Santos Mártires de Creta (os quais, Teódulo, Saturnino, Êuporo, Gelásio, Euniciano, Zótico, Pompeu, Agátopo, Basílides e Evaristo; m. 250) foram cristãos martirizados durante o reinado de Décio, no terceiro século. A Igreja celebra sua festa no dia de seu martírio, 23 de dezembro.

Vida

Em 249, Décio (249–251), após suas vitórias militares contra a rebelião de Pacaciano no Danúbio, assassinou o Imperador Filipe (244–249) e assumiu seu posto, acrescentando ao seu nome também o nome “Trajano” devido a sua grande admiração pelo imperador homônimo. Essa admiração também viria a se refletir na perseguição aos cristãos. No ano seguinte, Décio assinou um édito exigindo que todo o império oferecesse sacrifícios aos deuses pagãos pelo bem-estar do imperador.

Naquele tempo, o eparca de Creta, que também se chamava Décio, iniciou uma feroz perseguição aos cristãos na ilha. Foram trazidos a ele cristãos de todas as partes de Creta: Teódulo, Saturnino, Êuporo, Gelásio e Euniciano da capital Gortina, Zótico do litoral de Cnossos, Agátopo do porto de Panormos, Basílides da Cidônia e Evaristo e Pompeu de Heraclião. Os dez firmemente confessaram sua fé em Jesus Cristo e negaram-se a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos.

O ímpio governador então lhes disse: “Vós, que depreciais esta grande assembleia na qual se rende culto aos todo-poderosos Júpiter, Juno, Reia e outras divindades, vereis o poder dos deuses.” E eles o responderam que a lenda de Júpiter não lhes era estranha, assegurando que aqueles que o consideravam uma divindade deviam por virtude imitar os seus vícios. Se a multidão de pagãos enfurecidos não tivesse sido contida, eles já haveriam sido martirizados, mas o governador decidiu sentenciá-los a um mês de cruéis torturas, como açoites e apedrejamento.

Todos os exortavam a oferecerem sacrifícios para se salvarem, mas os valentes confessores fielmente replicavam que preferiam morrer a isso. Com a ajuda de Deus, todos perseveraram nas torturas, glorificando a Deus e orando para que Ele iluminasse seus torturadores com a luz da verdadeira Fé e se mostrasse misericordioso para com eles. Depois de um mês, certo de que os mártires não negariam a Cristo por nada, Décio ordenou que seus membros fossem desarticulados e, então, decapitados. Assim os santos dez de Creta entregaram suas almas ao Senhor e foram contados dentre os mártires por Cristo. Depois da execução, seus corpos puderam ser enterrados pelos cristãos.

Pós-vida

Em 312, São Paulo, futuro Arcebispo de Constantinopla (337–350), solicitou ao santo Imperador Constantino a transferência de suas relíquias. Quando retornou a Creta junto de piedosos anciãos que foram testemunhas de seu martírio, abriram seus túmulos e viram seus corpos incorruptos. Então, reverenciadamente transladaram-nos a Gortina, onde por séculos eles viriam a ser comemorados.

No século XIX, havia um jovem pastor que usualmente levava seu rebanho para pastar próximo ao local onde os mártires foram originalmente sepultados. Certo dia, uma forte febre o atacou, e o pastor ficou muito doente, de forma que nem andar conseguia. Como não possuía ninguém para ajudá-lo, começou a orar aos dez mártires. Numa vila próxima, havia um lago artificial criado para que os fazendeiros pudessem lavar seus animais, e sua água, embora viesse de um rio, era muito barrenta. Então, em uma visão, os dez santos apareceram a ele e o instruíram a ir até esse lago, e beber daquela água.

Através de sua fé, o pastor conseguiu chegar ao lago, e bebendo a água, tornou-se completamente são. Radiante de alegria, o jovem anunciou por toda a vila sobre o milagre. O fato rapidamente se espalhou e pessoas de toda a ilha começaram a peregrinar ao lago. Os anciãos da vila mencionaram todos os milagres ocorridos naquele lago ao hegúmeno do Mosteiro de Cudumas que, por sua vez, informou o Bispo Eugênio II (1898–1920) da então Diocese de Creta.

Após estudar a região do lago, o bispo decidiu secar o lago sagrado, com fé que haveria algo abaixo dele. Isso se provou verdade, e, abaixo do lago, estavam os túmulos originais dos dez santos mártires. De imediato, Bispo Eugênio ordenou a construção de uma pequena igreja dedicada a eles.

Hinos

Tropário

(Tradução livre)

Manifestemos nosso grande louvor à terra de Creta, /
que presenteou-nos com as preciosas pérolas de Cristo. /
Os benditos dez, filhos de mártires, embora poucos em número, /
subjugaram todos os enganos dos inimigos dos homens. /
Dessa forma, com a vitória foram coroados os mártires de Cristo.

Outro tropário

(Tradução livre)

Nós, fiéis, honremos com hinos de louvor, /
os valentes Dez Mártires de Cristo em Creta. /
Corajosamente suportando as torturas dos tiranos, /
nas mãos dos iníquos eles derramaram seu sangue.

Condáquio

(Tradução livre)

Resplandecendo como as estrelas da alvorada, /
a nobre luta dos dez mártires, de antemão, /
mostrou-nos Aquele que nasceu na gruta, /
Aquele a quem a Virgem deu à luz sem conhecer homem.

Referências

  • São Nicodemos, o Hagiorita (1819). Sinaxário dos doze meses do ano. Tomo I.
  • São Demétrio, Arcebispo de Rostóvia (1906). A vida dos santos. Livro IV.
  • São Nicolau, Bispo de Ócrida (2002). O prólogo de Ócrida. Volume II.

Ligações externas