Diferenças entre edições de "Dez mártires de Creta"
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== Vida == | == Vida == | ||
− | + | Em 249, Décio (249–251), após suas vitórias militares contra a rebelião de Pacaciano no Danúbio, assassinou o Imperador Filipe (244–249) e assumiu seu posto, acrescentando ao seu nome também o nome “Trajano” devido a sua grande admiração pelo imperador homônimo. Essa admiração também viria a se refletir na perseguição aos cristãos. No ano seguinte, Décio assinou um édito exigindo que todo o império oferecesse sacrifícios aos deuses pagãos pelo bem-estar do imperador. | |
− | Naquele tempo, o eparca de Creta, que também se chamava Décio, iniciou uma feroz perseguição aos cristãos na ilha. Foram trazidos a ele cristãos de todas as partes de Creta: Teódulo, Saturnino, Êuporo, Gelásio e Euniciano da capital Gortina, Zótico do litoral de Cnossos, Agátopo do porto de Panormos, Basílides da Cidônia e Evaristo e | + | Naquele tempo, o eparca de Creta, que também se chamava Décio, iniciou uma feroz perseguição aos cristãos na ilha. Foram trazidos a ele cristãos de todas as partes de Creta: Teódulo, Saturnino, Êuporo, Gelásio e Euniciano da capital Gortina, Zótico do litoral de Cnossos, Agátopo do porto de Panormos, Basílides da Cidônia e Evaristo e Pompeu de Heraclião. Os dez firmemente confessaram sua fé em [[Jesus Cristo]] e negaram-se a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos. |
− | O ímpio governador então lhes disse: “Vós, que depreciais esta grande assembleia na qual se rende culto aos todo-poderosos Júpiter, Juno, Reia e outras divindades, vereis o poder dos deuses.” E eles o responderam que a lenda de Júpiter não lhes era estranha, | + | O ímpio governador então lhes disse: “Vós, que depreciais esta grande assembleia na qual se rende culto aos todo-poderosos Júpiter, Juno, Reia e outras divindades, vereis o poder dos deuses.” E eles o responderam que a lenda de Júpiter não lhes era estranha, assegurando que aqueles que o consideravam uma divindade deviam por virtude imitar os seus vícios. Se a multidão de pagãos enfurecidos não tivesse sido contida, eles já haveriam sido martirizados, mas o governador decidiu sentenciá-los a um mês de cruéis torturas, como açoites e apedrejamento. |
− | Todos os exortavam a oferecerem sacrifícios para se salvarem, mas os confessores fielmente replicavam que preferiam morrer a isso. Com a ajuda de Deus, todos perseveraram, glorificando a Deus e orando para que | + | Todos os exortavam a oferecerem sacrifícios para se salvarem, mas os valentes confessores fielmente replicavam que preferiam morrer a isso. Com a ajuda de Deus, todos perseveraram nas torturas, glorificando a Deus e orando para que Ele iluminasse seus torturadores com a luz da verdadeira Fé e se mostrasse misericordioso para com eles. Depois de um mês, certo de que os mártires não negariam a Cristo por nada, Décio ordenou que seus membros fossem desarticulados e, então, decapitados. Assim os santos dez de Creta entregaram suas almas ao Senhor e foram contados dentre os mártires por Cristo. Depois da execução, seus corpos puderam ser enterrados pelos cristãos. |
== Pós-vida == | == Pós-vida == | ||
− | Em 312, São Paulo, futuro Arcebispo de Constantinopla, solicitou ao santo Imperador Constantino a transferência de suas relíquias. Quando retornou a Creta junto de piedosos anciãos que foram testemunhas de seu martírio, abriram seus túmulos e viram seus corpos incorruptos. Então, | + | Em 312, São Paulo, futuro Arcebispo de Constantinopla (337–350), solicitou ao santo Imperador Constantino a transferência de suas relíquias. Quando retornou a Creta junto de piedosos anciãos que foram testemunhas de seu martírio, abriram seus túmulos e viram seus corpos incorruptos. Então, reverenciadamente transladaram-nos a Gortina, onde por séculos eles viriam a ser comemorados. |
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+ | No século XIX, havia um jovem pastor que usualmente levava seu rebanho para pastar próximo ao local onde os mártires foram originalmente sepultados. Certo dia, uma forte febre o atacou, e o pastor ficou muito doente, de forma que nem andar conseguia. Como não possuía ninguém para ajudá-lo, começou a orar aos dez mártires. Numa vila próxima, havia um lago artificial criado para que os fazendeiros pudessem lavar seus animais, e sua água, embora viesse de um rio, era muito barrenta. Então, em uma visão, os dez santos apareceram a ele e o instruíram a ir até esse lago, e beber daquela água. | ||
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+ | Através de sua fé, o pastor conseguiu chegar ao lago, e bebendo a água, tornou-se completamente são. Radiante de alegria, o jovem anunciou por toda a vila sobre o milagre. O fato rapidamente se espalhou e pessoas de toda a ilha começaram a peregrinar ao lago. Os anciãos da vila mencionaram todos os milagres ocorridos naquele lago ao hegúmeno do Mosteiro de Cudumas que, por sua vez, informou o Bispo Eugênio II (1898–1920) da então Diocese de Creta. | ||
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+ | Após estudar a região do lago, o bispo decidiu secar o lago sagrado, com fé que haveria algo abaixo dele. Isso se provou verdade, e, abaixo do lago, estavam os túmulos originais dos dez santos mártires. De imediato, Bispo Eugênio ordenou a construção de uma pequena igreja dedicada a eles. | ||
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+ | Imagem:Holy Ten Church.jpg|Igreja dos Santos Dez Mártires de Creta construída acima do lago | ||
+ | Imagem:Holy Ten Grave.jpg|Túmulo original dos santos dez | ||
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+ | == Hinos == | ||
+ | === Tropário === | ||
+ | ''(Tradução livre)'' | ||
+ | : Manifestemos nosso grande louvor à terra de Creta, / | ||
+ | : que presenteou-nos com as preciosas pérolas de Cristo. / | ||
+ | : Os benditos dez, filhos de mártires, embora poucos em número, / | ||
+ | : subjugaram todos os enganos dos inimigos dos homens. / | ||
+ | : Dessa forma, com a vitória foram coroados os mártires de Cristo. | ||
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+ | === Outro tropário === | ||
+ | ''(Tradução livre)'' | ||
+ | : Nós, fiéis, honremos com hinos de louvor, / | ||
+ | : os valentes Dez Mártires de Cristo em Creta. / | ||
+ | : Corajosamente suportando as torturas dos tiranos, / | ||
+ | : nas mãos dos iníquos eles derramaram seu sangue. | ||
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+ | === Condáquio === | ||
+ | ''(Tradução livre)'' | ||
+ | : Resplandecendo como as estrelas da alvorada, / | ||
+ | : a nobre luta dos dez mártires, de antemão, / | ||
+ | : mostrou-nos Aquele que nasceu na gruta, / | ||
+ | : Aquele a quem a Virgem deu à luz sem conhecer homem. | ||
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+ | == Referências == | ||
+ | * São Nicodemos, o Hagiorita (1819). ''Sinaxário dos doze meses do ano.'' Tomo I. | ||
+ | * São Demétrio, Arcebispo de Rostóvia (1906). ''A vida dos santos.'' Livro IV. | ||
+ | * São Nicolau, Bispo de Ócrida (2002). ''O prólogo de Ócrida.'' Volume II. | ||
== Ligações externas == | == Ligações externas == | ||
− | * [http://www.catedralortodoxa.com.br/single-post/2015/12/23/Santos-Dez-M%C3%A1rtires-de-Creta-%E2%80%A0-c-250-23-de-Dezembro | + | * [http://ecclesia.com.br/synaxarion/?p=3145 Dez Mártires de Creta] (Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul) |
− | + | * [http://www.catedralortodoxa.com.br/single-post/2015/12/23/Santos-Dez-M%C3%A1rtires-de-Creta-%E2%80%A0-c-250-23-de-Dezembro Dez Mártires de Creta] (Arquidiocese Ortodoxa Antioquina de São Paulo e Todo o Brasil) | |
− | * [http://ocafs.oca.org/FeastSaintsViewer.asp?FSID=103616 Dez | + | * [http://ocafs.oca.org/FeastSaintsViewer.asp?FSID=103616 Dez Mártires de Creta] (Igreja Ortodoxa na América, OCA) |
− | * [https://www.johnsanidopoulos.com/2010/12/holy-ten-martyrs-of-crete.html | + | * [https://www.johnsanidopoulos.com/2010/12/holy-ten-martyrs-of-crete.html Dez Mártires de Creta] (João Sanidopoulos) |
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+ | [[en:Ten Holy Martyrs of Crete]] |
Edição atual desde as 02h08min de 19 de outubro de 2020
Os Dez Santos Mártires de Creta (os quais, Teódulo, Saturnino, Êuporo, Gelásio, Euniciano, Zótico, Pompeu, Agátopo, Basílides e Evaristo; m. 250) foram cristãos martirizados durante o reinado de Décio, no terceiro século. A Igreja celebra sua festa no dia de seu martírio, 23 de dezembro.
Índice
Vida
Em 249, Décio (249–251), após suas vitórias militares contra a rebelião de Pacaciano no Danúbio, assassinou o Imperador Filipe (244–249) e assumiu seu posto, acrescentando ao seu nome também o nome “Trajano” devido a sua grande admiração pelo imperador homônimo. Essa admiração também viria a se refletir na perseguição aos cristãos. No ano seguinte, Décio assinou um édito exigindo que todo o império oferecesse sacrifícios aos deuses pagãos pelo bem-estar do imperador.
Naquele tempo, o eparca de Creta, que também se chamava Décio, iniciou uma feroz perseguição aos cristãos na ilha. Foram trazidos a ele cristãos de todas as partes de Creta: Teódulo, Saturnino, Êuporo, Gelásio e Euniciano da capital Gortina, Zótico do litoral de Cnossos, Agátopo do porto de Panormos, Basílides da Cidônia e Evaristo e Pompeu de Heraclião. Os dez firmemente confessaram sua fé em Jesus Cristo e negaram-se a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos.
O ímpio governador então lhes disse: “Vós, que depreciais esta grande assembleia na qual se rende culto aos todo-poderosos Júpiter, Juno, Reia e outras divindades, vereis o poder dos deuses.” E eles o responderam que a lenda de Júpiter não lhes era estranha, assegurando que aqueles que o consideravam uma divindade deviam por virtude imitar os seus vícios. Se a multidão de pagãos enfurecidos não tivesse sido contida, eles já haveriam sido martirizados, mas o governador decidiu sentenciá-los a um mês de cruéis torturas, como açoites e apedrejamento.
Todos os exortavam a oferecerem sacrifícios para se salvarem, mas os valentes confessores fielmente replicavam que preferiam morrer a isso. Com a ajuda de Deus, todos perseveraram nas torturas, glorificando a Deus e orando para que Ele iluminasse seus torturadores com a luz da verdadeira Fé e se mostrasse misericordioso para com eles. Depois de um mês, certo de que os mártires não negariam a Cristo por nada, Décio ordenou que seus membros fossem desarticulados e, então, decapitados. Assim os santos dez de Creta entregaram suas almas ao Senhor e foram contados dentre os mártires por Cristo. Depois da execução, seus corpos puderam ser enterrados pelos cristãos.
Pós-vida
Em 312, São Paulo, futuro Arcebispo de Constantinopla (337–350), solicitou ao santo Imperador Constantino a transferência de suas relíquias. Quando retornou a Creta junto de piedosos anciãos que foram testemunhas de seu martírio, abriram seus túmulos e viram seus corpos incorruptos. Então, reverenciadamente transladaram-nos a Gortina, onde por séculos eles viriam a ser comemorados.
No século XIX, havia um jovem pastor que usualmente levava seu rebanho para pastar próximo ao local onde os mártires foram originalmente sepultados. Certo dia, uma forte febre o atacou, e o pastor ficou muito doente, de forma que nem andar conseguia. Como não possuía ninguém para ajudá-lo, começou a orar aos dez mártires. Numa vila próxima, havia um lago artificial criado para que os fazendeiros pudessem lavar seus animais, e sua água, embora viesse de um rio, era muito barrenta. Então, em uma visão, os dez santos apareceram a ele e o instruíram a ir até esse lago, e beber daquela água.
Através de sua fé, o pastor conseguiu chegar ao lago, e bebendo a água, tornou-se completamente são. Radiante de alegria, o jovem anunciou por toda a vila sobre o milagre. O fato rapidamente se espalhou e pessoas de toda a ilha começaram a peregrinar ao lago. Os anciãos da vila mencionaram todos os milagres ocorridos naquele lago ao hegúmeno do Mosteiro de Cudumas que, por sua vez, informou o Bispo Eugênio II (1898–1920) da então Diocese de Creta.
Após estudar a região do lago, o bispo decidiu secar o lago sagrado, com fé que haveria algo abaixo dele. Isso se provou verdade, e, abaixo do lago, estavam os túmulos originais dos dez santos mártires. De imediato, Bispo Eugênio ordenou a construção de uma pequena igreja dedicada a eles.
Hinos
Tropário
(Tradução livre)
- Manifestemos nosso grande louvor à terra de Creta, /
- que presenteou-nos com as preciosas pérolas de Cristo. /
- Os benditos dez, filhos de mártires, embora poucos em número, /
- subjugaram todos os enganos dos inimigos dos homens. /
- Dessa forma, com a vitória foram coroados os mártires de Cristo.
Outro tropário
(Tradução livre)
- Nós, fiéis, honremos com hinos de louvor, /
- os valentes Dez Mártires de Cristo em Creta. /
- Corajosamente suportando as torturas dos tiranos, /
- nas mãos dos iníquos eles derramaram seu sangue.
Condáquio
(Tradução livre)
- Resplandecendo como as estrelas da alvorada, /
- a nobre luta dos dez mártires, de antemão, /
- mostrou-nos Aquele que nasceu na gruta, /
- Aquele a quem a Virgem deu à luz sem conhecer homem.
Referências
- São Nicodemos, o Hagiorita (1819). Sinaxário dos doze meses do ano. Tomo I.
- São Demétrio, Arcebispo de Rostóvia (1906). A vida dos santos. Livro IV.
- São Nicolau, Bispo de Ócrida (2002). O prólogo de Ócrida. Volume II.
Ligações externas
- Dez Mártires de Creta (Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul)
- Dez Mártires de Creta (Arquidiocese Ortodoxa Antioquina de São Paulo e Todo o Brasil)
- Dez Mártires de Creta (Igreja Ortodoxa na América, OCA)
- Dez Mártires de Creta (João Sanidopoulos)