Alterações

Ir para: navegação, pesquisa

Ketevan da Geórgia

1 byte removido, 03h55min de 19 de agosto de 2020
Pós-vida
Após jogarem o corpo da rainha para ser comido pelos cães, Deus fez com que as relíquias de Santa Gativanda reluzissem, o que espantou as bestas e chamou a atenção dos missionários portugueses que acompanharam seu martírio. Cortando seu braço para si, levaram-no de navio até Goa na Índia, onde veneraram-na como santa na Igreja de Santo Agostinho.
Uma de suas servas encontrou seu corpo já sem o braço, e escondeu-o com muita reverência na casa de seu novo mestre. Naquele tempo, os jesuítas, que tentavam ganhar influência entre os georgianos, foram atrás do corpo, mas, não o encontrando onde os outros missionários haviam-no deixado, decapitaram um cadáver e envolveram seu corpo em linho perfumado com mirra e incenso. Então, levaram-no à Cachétia, a mais de mil e quinhentos quilômetros de lá, onde anunciaram a Teimuraz e a todos os cachétios que as relíquias haviam chegado. Eles mesmos realizaram uma grande procissão pela Igreja Catedral de São Jorge no Mosteiro de em Alaverdí, depositaram-no lá e chamaram todos para venerá-lo.
Algum tempo depois, as notícias se espalharam e chegaram até a Pérsia. A serva, então, apressou-se para enviar uma correspondência ao rei, informando-o que suas relíquias ainda estavam consigo em Xiraz. A ira caiu sobre Teimuraz, mas os jesuítas já haviam fugido das terras georgianas. Em algum tempo de paz entre 1624 e 16261625, a serva e outros georgianos foram repatriados à Cachétia, e junto deles chegaram as verdadeiras relíquias de Santa Gativanda. O martírio da santa rainha abalou a todos os georgianos, inclusive seu filho Teimuraz, que considerou-se o culpado por tudo o que aconteceu e gemeu-se enquanto compunha um longo poema em honra à sua mãe. Ele dizia:
: “Ai de mim! Eu, transgressor e pecador, não estive com ela, e por isso agora lamento; com a minha mão destra a Cruz não consegui defender, e por isso verto lágrimas. Amedronto-me dos poderosos guardiões do ar e dos tormentos insuportáveis após minha expiração. Ó Arcanjo Gabriel, não me deixes cair das tuas mãos; ó mártires e santos, livrai-me das trevas; ó Senhor, rogo-Te que no Teu Julgamento não me afastes das sábias virgens e de estar à Tua direita faze-me digno… Chegará o dia em que eu ficarei nu, com a cabeça curvada, silente, envolto em meu pecado de outrora, sem bênçãos, com as mãos e os pés atados embora exteriormente resplandecentes. O verme que não morre espera-me no fogo que não se apaga.”
No primeiro ano de seu repouso, os cachétios abriram seu caixão e encontraram-no vazio. Ao mesmo tempo, uma fragrância indescritível tomou conta do ambienteda igreja. Enquanto alguns afirmavam que os latinos haviam roubado voltado para roubar seu corpo, Teimuraz tinha certeza: “A morte não a matou, viva minha mãe está, e com a coroa do martírio ela está sentada na Escada da Divina Ascensão.”
Desde o fim do século XX, diversas delegações georgianas empenharam-se em encontrar as relíquias da rainha na Igreja de Santo Agostinho em Goa, mas tudo o que puderam encontrar eram os documentos dos portugueses atestando que seu braço estava mantido numa urna de pedra abaixo de uma janela do mosteiro. Foi somente em 2005 que as ruínas da referida janela puderam ser encontradas, mas não havia nenhuma urna nas proximidades. Foram encontrados, entretanto, muitos fragmentos de ossos pelas pedras, e foram guardados pelos arqueólogos. Em 2013, um laboratório analisou os ossos e concluiu que pertenciam a uma mulher de um haplogrupo ausente na Índia mas presente na Geórgia. Essa foi a prova final para determinar que aqueles ossos, na verdade, eram as relíquias de Santa Gativanda.
11 779
edições

Menu de navegação