Domingo de Ramos

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A Entrada Triunfal em Jerusalém

O Domingo de Ramos corresponde ao sexto domingo da Grande Quaresma, e marca a Entrada Triunfal em Jerusalém (em grego: Βαϊοφόρος) de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde Ele celebraria a Páscoa judaica com seus discípulos. A Festa sucede o Sábado de Lázaro, e dá início à Semana Santa, que culmina na Páscoa. A Epístola lida nesse dia é Filipenses 4:4­–9, e o Evangelho, João 12:1–18. O Domingo de Ramos é a síntese introdutória de tudo aquilo que será vivenciado no decorrer da Semana Santa: o anúncio e a realização do Mistério Pascal.

Evangelho

Seguido pelos discípulos, o Senhor caminhou decidido rumo a Jerusalém, onde foi aclamado: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!”.[1] O caminho não podia ter desvios, caso contrário, não se encontraria a Cruz e, portanto, nada se cumpriria. Sua entrada triunfal em Jerusalém profetizava a vitória de Sua ressurreição, da qual participaremos se tomarmos a decisão de O seguir não apenas na sua entrada em Jerusalém, com palmas e cantos de louvor, mas se continuarmos a sua caminhada até a Cruz.

Este dia, junto com a Ressurreição de Lázaro apontavam às mesmas ações e eventos que encerrariam Seu ministério terreno. O tempo do cumprimento havia chegado. O acontecido com Lázaro apontava à destruição da morte e à alegria na ressurreição, que só seriam alcançáveis através de Sua própria morte e ressurreição. Cumpria-se também a profecia de Zacarias: “Eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta”.[2] Ele era o rei montado num jumento, símbolo de paz e de humildade; não tinha palácios ou uma corte nem estava rodeado de um exército como símbolo de força. Sua entrada em Jerusalém nada tinha a ver com a pompa e o aparato dos reis terrenos, quando estes chegavam triunfantes a uma cidade, após uma vitória.

Na expectativa de estar ali o Messias prometido, Jerusalém transformou-se, era uma cidade em clima de festa. As pessoas que acolhiam Jesus Cristo estendiam mantos pelo caminho, com ramos de oliveiras e folhas de palmeiras nas mãos[3] — daí o nome da Festa. Esses mesmos ramos são levados pelos fiéis para suas casas, para os recordarem, ao longo do ano, que são batizados e estão unidos a Cristo na mesma luta pela salvação do mundo.

O evangelista São Lucas, em sua narrativa da entrada triunfal do Senhor em Jerusalém, informa que alguns fariseus, presentes ali, queriam calar os que O aclamavam, e se queixaram diretamente a Jesus: “Mestre, repreende os teus discípulos”, mas Jesus esclareceu: “Se estes se calarem, clamarão as pedras”,[4] pois a própria natureza saberia reconhecer a plena redenção trazida pelo Rei da Paz, Salvador. A vontade e os desígnios de Deus realizados pelo Filho Unigênito não poderiam ser obstruídos, antes deveriam ser revelados e cumpridos.

Pela coerência de vida e fidelidade à vontade do Pai, o Senhor Se dirige ao altar do sacrifício. Caminha consciente para a morte, solidário até o fim com a humanidade que Ele veio salvar. A entrada de Jesus em Jerusalém foi uma introdução para as dores e humilhações que logo Ele sofreria abundantemente: a mesma multidão que o homenageou movida por seus milagres, virou-lhe as costas e pediu sua morte.

História

Já se falava da celebração deste domingo desde o século IV. Isso pode ser encontrado num manuscrito chamado “Peregrinação de Etéria”, uma peregrina:

Aproximando-se a undécima hora, leem o passo do Evangelho segundo o qual as crianças correram ao encontro do Senhor com ramos e palmas, dizendo: “Bendito o que vem em nome do Senhor”. Levantam-se, imediatamente, o bispo e todo o povo e, do alto do Monte das Oliveiras, descem todos a pé. E caminha todo o povo à frente do bispo, entoando hinos e antífonas e repetindo sempre “Bendito o que vem em nome do Senhor”.

Hinos

Canta-se também o Tropário de Lázaro.

Tropário

(Cantado pela Catedral Ortodoxa Antioquina de São Paulo; em tom 4)

Ó Cristo nosso Deus, fomos sepultados contigo pelo Batismo e, /
por Tua Ressurreição, merecemos a vida eterna. /
Por isso, a Ti cantamos em alta voz: /
Hosana nas alturas! /
Bendito o que vem em nome do Senhor!

Condáquion

(Cantado pela Catedral Ortodoxa Antioquina de São Paulo; em tom 6)

Ó Cristo Deus, que no Céu estás sentado num trono, /
e na terra montado num jumentinho, /
recebeste com agrado o cântico dos Anjos e o louvor das crianças que a ti clamavam: /
Bendito és, Tu que vieste para fazer reviver Adão.

Cântico

Alegra-te, ó Betânia, /
a ti se dirigiu Jesus, /
Ele que ressuscita, /
Ele é sublime, a Luz.


Marta O recebeu /
com choro e muita dor, /
e queixou-se amargamente /
ao amado Salvador.


Gritou, quando O viu: /
“Ó Mestre do grande sermão! /
Ajuda-me, ajuda-me, /
na perda de meu irmão”.


Ele lhe disse: “Para de chorar, /
calma, muita calma e te contém. /
Sabe, com certeza: /
teu irmão ressuscitará em breve”.


Ao túmulo Se dirigiu, /
e chamou, nesta altura: /
“Ó Lázaro, ó Lázaro, /
levanta-te da sepultura!”


Ó irmãos, vinde ver /
este fato expressivo! /
Vinde ver a certeza: /
que o morto já está vivo!


A Ti, Deus do Universo, /
com temor reverenciamos, /
somos mortos no pecado, /
em Jesus ressuscitamos.

Ligações externas

Referências

  1. João 12:13
  2. Zacarias 9:9
  3. Lucas 19:36
  4. Lucas 19:39, 40