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Xenofonte de Constantinopla

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Com isso eles se levantaram e trancaram-se na capela até o amanhecer, orando, derramando lágrimas e confiando que o Senhor atenderia ao seu pedido. Ao amanhecer, adormeceram. Ambos, então, sonharam que seus filhos estavam gloriosamente de pé diante de [[Jesus Cristo]]. Um trono havia sido preparado para João, e ele segurava um cetro e usava uma coroa ricamente ornamentada com pérolas e joias. Outro trono radiante havia sido preparado para Arcádio, que segurava uma cruz em sua mão destra e usava um diadema de estrelas. Ao despertarem, cada um contou ao outro sobre o sonho, e entenderam que seus filhos estavam vivos e sob a proteção da misericórdia de Deus. Consolado, Xenofonte disse: “Meu amor Maria, de alguma forma, acredito que nossos filhos estão em Jerusalém. Deveríamos descer até lá e venerar os lugares santos. Talvez nós também encontremos nossos filhos.”
=== Peregrinação ===
Maria concordou, e os piedosos pais começaram a fazer os preparativos para a viagem. Emitiram as instruções ao mordomo e distribuíram esmolas aos necessitados. Então, levando consigo ouro para suas despesas e para caridade, partiram a Jerusalém. Quando chegaram à Cidade Santa, visitaram os lugares santos, distribuindo grandes quantias aos pobres pelo caminho. Em seguida, foram aos mosteiros da região para perguntar sobre seus filhos. Não obtendo êxito, conseguiram encontrar um dos escravos que estava no naufrágio e tornou-se monge. Imediatamente abraçaram-no, beijaram-no e jogaram-se aos seus pés. O monge, prostrado, se opôs: “Mestres, isso é muito indecoroso… Pelo amor de Deus, não vos rastejeis perante o vosso servo!”
Logo em seguida, um outro monge adentrou a igreja: era Arcádio. Por causa do severo asceticismo, seu corpo estava definhado, sua cara, seca, e seus olhos, profundamente afundados. Depois de venerar a igreja, reconheceu o ancião e caiu aos seus pés, exclamando: “Pai, tu abandonaste tuas terras, e por três anos não as visitaste! Muitos espinhos e ervas daninhas brotaram nelas, e sua limpeza exigirá muito trabalho de tua parte!”
O ancião acalmou-o: “Filho, tenho visitado minhas terras todos os dias, e vi que elas estão produzindo não espinhos nem ervas daninhas, mas trigo maduro, digno do banquete do Rei dos reis. Senta-te ao meu lado.” Arcádio obedeceu, e os três permaneceram em silêncio por algum tempo. Então, o ancião perguntou: “De onde tu és, irmão João?”E João: “Sou apenas um pobre vagabundo. Ó pai, intercede por mim para que o Senhor mostre-me Sua Misericórdia e conceda o desejo do meu coração.” O ancião fez que sim, e disse: “Mas fala-me sobre os teus pais, onde nasceste e foste educado, para que o Nome do Senhor seja glorificado.” João explicou que provinha de uma nobre família de Constantinopla, e que certa vez foi enviado a Beirute para estudar com seu irmão Arcádio, o qual nunca mais havia visto após o naufrágio. Ouvindo atentamente a história, Arcádio percebeu que seu irmão estava ao seu lado. Incapaz de se conter por mais tempo, exclamou: “Pai, em verdade este é o meu irmão João!” Os dois choraram, se abraçaram, beijaram e deram graças ao Senhor por permitir que se vissem vivos, vestidos com o manto dos monges e comprometidos a uma vida agradável a Deus. Dois dias depois, Xenofonte e Maria retornaram do Jordão e dirigiram-se ao Gólgota. Após adentrarem a igreja e distribuírem ouro aos sacerdotes, reconheceram o ancião — o qual ainda estava com os dois irmãos na igreja —, caíram aos seus pés e pediram por suas orações. Depois, disseram: “Pelo amor de Deus, pai, cumpre tua promessa e mostra-nos onde podemos encontrar nossos filhos!” João e Arcádio já haviam sido instruídos pelo ancião a não levantar seus olhos ou respondê-los, e nem puderam ser reconhecidos pelos pais devido à aparência a qual o modo de vida austero havia os deixado. O ancião orientou Xenofonte e Maria que preparassem uma refeição a ele e seus discípulos no alojamento onde estavam. Em seguida, ele os diria onde estavam seus filhos. Ambos concordaram e correram para preparar o jantar, e o ancião tornou a dizer aos jovens para que não dissessem nada durante a ceia.
Depois de vários anos, o casal fez uma peregrinação aos lugares santos, e, em Jerusalém, encontraram seus filhos vivendo como ascetas em diferentes monastérios. Os pais, consolados, deram graças ao Senhor pelo reencontro.
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