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Perpétua de Cartago

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Vida
== Vida ==
Víbia Perpétua nasceu em uma rica família pagã de Cartago na África (atual Tunísia) com outros dois irmãos em 181, na era do santo Papa Eleutério de Roma. Em sua juventude, recebeu uma excelente educação, casou-se e teve um filho. Pouco tempo depois, seu esposo faleceu, e Perpétua passou a crer em [[Jesus Cristo]] aos vinte e dois anos de idade, sendo logo capturada e enviada à prisão junto com seu filho sua criança de um ano. Naquele tempo, o Imperador Sétimo Severo (193–211) havia publicado um édito que proibia a conversão ao cristianismo no império. Acompanharam-na no cárcere um de seus irmãos, Sátiro, e seus servos Felicidade, Revogado, Saturnino e Segundo.
Mesmo com seu pai apelando aos seus sentimentos maternais, a viúva recusou-se a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos. Aos seus apelos, Perpétua disse: “Pai, vês este jarro no chão? Pode ele ser chamado de qualquer outro nome que não corresponda ao que ele já é? Pois bem, da mesma forma não me posso chamar de outra coisa que não seja o que sou, cristã.” Seu pai, então, atirou-se sobre ela com raiva e, dominado pelos por argumentos do demôniodiabólicos, foi-se embora da prisão.
Na prisão, No cárcere ministravam os diáconos Tércio e Pompônio. Foi através deles que Perpétua aceitou o Santo Batismo, e seus cinco companheiros tornaram-se seus catecúmenos. Os diáconos também conseguiram fazer com que eles fossem retirados da temível escura e fria masmorra e levados para uma parte mais aberta da prisão, onde Perpétua conseguiu pôde amamentar seu filho enfraquecido pela fome e consolar sua família.
De volta à masmorra, Deus fortaleceu seu corpo e aliviou-a da ansiedade por seu filho, de forma que a fria e escura masmorra aquele lugar tornou-se como um palácio à viúva. Sátiro disse: “Minha querida irmã, já te encontras numa posição de grande dignidade, e acredito que podes pedir por uma visão, para que saibamos se nosso destino será a paixão ou a fuga.”
Perpétua acatou sua sugestão e, em sonho, viu uma escada dourada tão alta que ultrapassava as nuvens, porém tão estreita que as pessoas só poderiam subi-la uma a uma. Afixados aos lados da escada, haviam todos os tipos de armas: espadas, lanças, garras e punhais, de forma que quem subisse-a descuidosamente e olhasse para trás fosse despedaçado pelas armas. Debaixo da escada, havia um dragão de tamanho inigualável que tentava amedrontar a todos os que ascendiam a escada.
Sátiro foi o primeiro a subir e, chegando no topo, disse: “Perpétua! Estou esperando por ti, mas toma cuidado para que não te sejas mordida pegas pelo dragão.” Repetindo o Nome de Jesus Cristo, a viúva dirigiu-se à escada, e pisou na cabeça do dragão acoado enquanto subia os degraus. Quando chegou lá em cima, Perpétua viu um imenso jardim, e no meio dele havia um Homem de Cabelos brancos e alta estatura. Ele estava sentado com roupas de pastor ordenhando Suas ovelhas, e ao Seu redor haviam milhares de seres de vestes brancas. Ao levantar Sua Cabeça, o Homem olhou para a viúva e chamou-a: “Minha filha, tu és bem-vinda.”
Quando Perpétua se aproximou, o Homem transformou o leite ordenhado em queijo e deu-lha. Ela comeu, e todos os que estavam ao redor disseram: “Amém.” À essa palavra Perpétua despertou e, ainda com o gosto em sua boca, correu para relatar o sonho ao seu irmão. Ambos entenderam que havia de ser uma paixão, e deixaram de ter quaisquer esperanças neste mundo.
Alguns dias depois, soube-se que os confessores estariam prestes a serem interrogados. Ao saber da notícia, seu pai correu até a prisão e, exausto, beijou suas mãos, jogou-se aos seus pés e em lágrimas clamou: “Minha filha, tem piedade dos meus cabelos grisalhos, tem piedade de teu pai, se é que ainda sou digno de ser chamado assim por ti! Se estas minhas mãos trouxeram-te até a flor da idade, se eu te preferi a todos os teus irmãos, não me entregues ao escárnio dos homens. Tem consideração pelos teus irmãos, tem consideração pelas tuas mãe e tia, tem consideração pelo teu filho que não poderá crescer contigo! Despoja-te desta tua coragem e não nos traga a destruição, pois todos nós seremos cativos em teus sofrimentos.” Perpétua chorou, não por suas palavras, mas por ser o único de sua família que não se regozijaria com sua paixão. Ela confortou-o, dizendo: “Naquele cadafalso, o que Deus quiser acontecerá. Não somos colocados em nosso próprio poder, mas no de Deus.” E seu Seu pai partiu amargurado, mas Perpétua perseverou em sua oração ininterrupta.
=== Condenação ===
=== A última visão ===
[[Imagem:Perpetua.png|miniatura|Santa Perpétua.]]
Na noite anterior ao juízo no anfiteatro, logo após o sonho com Dinócrates, Perpétua viu Pompônio bater forte na porta da prisão. Ela abriu a porta ao diácono, o qual estava vestido com um manto branco e sandálias, ambos ricamente ornamentados, e disse: “Perpétua, estamos à tua espera, vem!” Então, segurou a mão dela da viúva sonolenta e levou-a a lugares perigosos e sinuosos até chegar ao centro do anfiteatro. “Não temas, estou contigo e irei te ajudar!” E partiu. Nas arquibancadas, havia um número esplêndido de espectadores, todos aterrorizados com um egípcio de aparência horrível e seus companheiros, ambos prestes a confrontá-la. Ela não estava sozinha, várias crianças começaram a ser se juntar a ela para esfregar óleos em seu corpo, como era costume aos gladiadores. Quando viu, não era mais uma mulher, mas sim um gladiador.
Então, um homem Homem mais alto que o anfiteatro inteiro apareceu. Ele vestia uma túnica e um manto púrpura entre duas faixas que cruzavam seu peitoralSeu Peitoral, além de duas sandálias de prata e ouro. Ele carregava um bastão, simbolizando o treinador dos gladiadores, e um ramo verde sobre o qual pendiam maçãs douradas. Houve um silêncio, e ele Ele disse: “Este egípcio, se vencer esta mulher, mata-la-á à espada; essa esta mulher, se o vencer, receberá o ramo.” E então, desapareceu.
Ambos começaram a se enfrentar. Perpétua golpeava o rosto do egípcio com seu calcanhar, enquanto este tentava feri-lo. Ela foi jogada ao ar e, segurando-se nele, espancou-o até chegar ao chão. Finalmente, empurrou-o com a cara no chão na terra e pisou sobre sua cabeça. A arquibancada gritava de louvor, e as crianças exultavam. O treinador Treinador apareceu a ela e deu-lhe um beijo, dizendo: “Minha filha, a paz esteja contigo.” Ele entregou-a lhe o ramo e ela dirigiu-se gloriosamente à cela dos sobreviventes. E acordou. A viúva entendeu que ela não havia de lutar com as bestas selvagens, mas com o próprio diabo. Mesmo assim, sua vitória seria certeira.
Naquela mesma noite, Sátiro também teve uma visão enquanto dormia. Todos já haviam sofrido nas mãos dos torturadores, e seus espíritos estavam sendo carregados por quatro anjos em direção ao oriente. Suas mãos, entretanto, não os tocavam, mas seus corpos subiam suavemente. Quando já estavam afastados do mundo, passaram a ver uma imensa região de luz, e Sátiro disse a Perpétua, que estava ao seu lado: “Isto é o que o Senhor nos prometeu. Nós recebemos Sua Promessa.”
=== Anfiteatro ===
O dia da vitória raiava, e os confessores dirigiramdirigiam-se da prisão para o anfiteatro trêmulos de alegria e resplandescentes. Perpétua avançava a passos calmos, como uma verdadeira esposa de Cristo, amada por Deus. A expressão viva de seus olhos desviava os olhares de todos. Felicidade, que a acompanhava, regozijava-se por estar liberta de seu fardo e capaz de lutar contra as bestas, das quais havia de passar de um tipo de derramamento de sangue para outro.
Quando chegaram aos portões do anfiteatro, foram obrigados a vestir trajes pagãos: Sátiro, Revogado e Saturnino como sacerdotes do deus Saturno e Perpétua e Felicidade como sacerdotisas do deus Ceres. Perpétua recusou-se: “A razão pela qual viemos por nossa livre vontade foi para que nossa liberdade não fosse violada. Oferecemos nossa vida para que vós não nos imporíeis nada. Tínhamos um acordo!” O ímpio juiz reconheceu a justiça, e permitiu que adentrassem a arena com suas roupas. Perpétua adentrou cantando os Salmos, enquanto Sátiro, Revogado e Saturnino alertavam a multidão do Juízo de Deus. Na presença de Hilarião, o procurador, disseram diziam através de gestos: “O que condenares, Ele há de condenar-te.”
A multidão enfureceu-se, e exigiram que fossem flagelados pelos torturadores. Durante as chibatadas, os mártires deram graças a Deus por poderem participar de Seus sofrimentos; Ele quem dissera “Pedi e recebereis” (João 16:24) lhes deu, conforme pediram, o padecimento que cada um havia desejado. Em seguida, São Saturnino e São Revogado tiveram de enfrentar um leopardo. Não sendo derrotados, foram amarrados num tablado para serem feridos até a morte por um urso, e assim entregaram suas almas a Cristo. Sátiro, por sua vez, foi amarrado a um javali, o qual acabou matando um torturador logo que foi solto e não arrastou Sátiro de forma que ele se ferisse. Então, amarraram-no e abriram a jaula do urso, mas este recusou-se a sair dela. Por isso, Sátiro foi levado de volta à cela dos sobreviventes sem ferimentos.
O uso deste animal na arena era inédito até então, mas assim foi para que Hilarião rivalizasse-as em seu sexo: as duas jovens tiveram que lidar com uma vaca. Tendo amamentado seu filho uma última vez, Felicidade dirigiu-se ao centro da arena com Perpétua. A vaca foi ao ataque de Perpétua, que ao final caiu já com seu manto rasgado e sangrando com grandes cortes. Como a viúva preocupava-se mais com a decência do que com a dor, rapidamente ajeitou seus trapos para que cobrissem seu quadril. Amarrou também seus cabelos despenteados, para que não a dessem uma aparência de luto, mas sim de glória. Quando viu, Santa Felicidade estava ferida e contorcida no chão com os golpes que a vaca lhe deudera. Rapidamente correu à companheira, levantou-a e ambas ficaram juntas uma da outraenquanto eram feridas pela vaca. O ânimo dos espectadores apaziguou-se, e as duas foram chamadas à cela novamente.
Lá, um catecúmeno de nome Rústico manteve-se perto de Perpétua, dando-lhe apoio. De repente, a viúva fez como se tivesse despertado de um sonho, embora estivesse acordada o tempo inteiro. Para a surpresa de todos na cela, ela começou a olhar ao redor e disse: “Não faço ideia de quando seremos levados até aquela vaca!” Quando contaram-na, ela não conseguia acreditar, e espantou-se quando viu os ferimentos e o sangue em seu corpo e manto. Ao catecúmeno que era conhecido dela e a seu irmão, Perpétua exortou: “Permanecei firmes na Fé, amai-vos todos uns aos outros e não vos indigneis com os meus sofrimentos.”
Sátiro dirigiu-se a Pudente, um o soldado, dizendo: “Aqui estou eu, como prometi e predisse, pois até agora não veio a mim besta alguma. Crê com todo o teu coração: avançarei ao leopardo, e este destruir-me-á com uma dentada.” Então, como último ato dos jogos para o aniversário de Geta, Sátiro foi lançado ao leopardo e, com uma mordida, foi banhado com tal quantidade de sangue que o povo gritava enquanto o torturado era levado de volta à cela ainda vivo: “Salvo pelo banho! Salvo pelo banho!”
Encontrando-se de novo com Pudente, disse: “Adeus, mas tendes em mente minha Fé. Não deixes que essas coisas te perturbem, mas comprovem-te.” Pediu-lhe ainda seu anel, e devolveu-lho lavado com seu sangue como símbolo de seu memorial. Em seguida, foi lançado quase sem vida junto de seus companheiros no local costumeiro onde cortavam-se as gargantas dos sobreviventes. Os espectadores, no entanto, queriam vê-los serem mortos pela espada com seus próprios olhos, e os santos mártires levantaram-se e foram por conta própria até o centro da arena.
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