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Mãe de Deus

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Nossa Senhora da Economia
== Pós-vida ==
=== Colocação do Manto em Blaquerna ===
No século V, durante o reinado do Imperador Romano do Oriente Leão I, o Trácio (457–474), os irmãos Gálbio e Cândido, ligados ao imperador, partiram de Constantinopla para a Palestina com a intenção de venerar os lugares santos. Lá, ficaram num pequeno assentamento próximo a Nazaré, na casa de uma senhora judia. Naquela casa, os irmãos notaram que havia uma sala com várias lamparinas acesas e incenso sendo queimado, além de haverem vários enfermos lá reunidos.
 
Nas várias vezes que foi questionada sobre o que havia naquela sala, a piedosa senhora refreou-se de revelá-los o que havia lá, mas após muitos pedidos, ela os contou que lá havia um item sagrado muito precioso: o Manto da Mãe de Deus, que realizara muitos milagres e curas. Antes de sua Dormição, a Panágia teria confiado uma de suas vestimentas a uma piedosa virgem judia, ancestral daquela senhora, instruindo-a a deixá-la a outra virgem após sua morte, e assim de geração em geração o Manto da Mãe de Deus foi preservado naquela família.
 
A arca revestida de joias que continha o Manto foi transferida para Constantinopla. São Genádio, Patriarca de Constantinopla, e o imperador, tendo sabido do tesouro sagrado, convenceram-se da incorruptibilidade do santo Manto, e confirmaram sua autenticidade. No subúrbio de Blaquerna, próximo ao litoral, foi construída uma igreja em honra à Mãe de Deus. Em [[2 de junho]] de 458, São Genádio transferiu o Manto sagrado para a igreja, após uma solenidade. O Manto foi posto num relicário.
 
Com o passar do tempo, o Mafório (a túnica) e o Cinto também foram postos no mesmo relicário. Essa circunstância influenciou a iconografia da Festa, conectando a Colocação do Manto com a Colocação do Cinto em Blaquerna. O peregrino russo Estêvão de Novogárdia, visitando Constantinopla em meados de 1350, testifica: “Chegamos em Blaquerna, onde o Manto repousa acima de um altar num relicário lacrado.” Nas invasões dos inimigos, mais de uma vez a Santíssima salvou a cidade para a qual ela havia dado seu santo Manto. Assim ocorreu no tempo dos cercos a Constantinopla pelos avários em 626, pelos persas em 677, pelos árabes em 717 e pelos russos em 860. Este último está intimamente conectado com a história da Igreja Russa.
 
Em [[18 de junho]] de 860, uma esquadra russa de mais de duzentas embarcações lideradas pelo Príncipe Ascoldo de Quieve, após ter devastado as regiões costeiras do Mar Negro e do Bósforo, entrou no Corno de Ouro, ameaçando Constantinopla. As embarcações navegaram contornando a cidade, colocando em terra tropas estendendo suas espadas à cidade. O Imperador Miguel II (842–867) interrompeu sua campanha contra os árabes para retornar à capital. Todas as noites ele prostrava-se nas pedras da igreja de Blaquerna e orava. São Fócio, Patriarca de Constantinopla (858–867, 877–886), pedia ao seu rebanho lágrimas de arrependimento, para que seus pecados fossem apagados, e que pedissem fervorosamente pela intercessão da Eleusa.
 
A tensão aumentava a cada hora. Em uma de suas homilias, o patriarca relatou: “A cidade mal conseguia ficar de pé contra uma lança.” Sob essas condições, decidiu-se salvar os objetos sagrados da igreja, especialmente o santo Manto. Após servir uma vigília noturna, carregou-se o Manto numa procissão pelos muros da cidade e mergulhou-se uma ponta dele no Bósforo. Então, levaram-no para o centro de Constantinopla, na igreja de Santa Sofia. A Mãe de Deus protegeu a cidade e reprimiu a fúria dos guerreiros russos. Isso culminou numa trégua, e o príncipe desistiu do cerco.
 
No [[25 de junho]] do mesmo ano, o exército russo começou a departir, levando consigo um grande pagamento. Na semana seguinte, em [[2 de julho]], o taumaturgo Manto foi solenemente retornado ao seu local no relicário da igreja de Blaquerna. Em comemoração a esses eventos, uma festa anual pela Colocação do Manto da Mãe de Deus foi oficializado neste dia pelo Patriarca Fócio.
 
: ''O que ocorre a seguir é o '''[[Batismo da Rus']]'''. Recomenda-se ler a seção “História”.''
 
A Festa também marca a fundação canônica do Metropolitanato Ortodoxo Russo em Quieve. Pelas bênçãos da Mãe de Deus e pelo milagre de seu santo Manto, não só Constantinopla foi liberada do pior cerco de sua história como os russos também foram libertados das trevas da superstição pagã à vida eterna.
 
Várias obras notáveis da hinologia e homilética da Igreja Bizantina estão relacionadas com o milagre do Manto da Panágia em Blaquerna. Além das duas homilias compostas pelo Patriarca Fócio ­— uma nos dias do cerco, outra depois da partida dos russos —, também destaca-se a composição do “Acatisto à Santíssima Mãe de Deus”, atribuído por alguns ao santo patriarca. Esse acatisto integra os serviços de louvor à Santíssima, celebrado no quinto sábado da Grande Quaresma até os dias de hoje.
 
O Santo Príncipe André I de Vladimir (1157–1174) construiu uma igreja em honra à Festa nos Portões Dourados da cidade de Vladimir. No fim do século XIV, parte do Manto da Mãe de Deus foi transferida de Constantinopla à Rus' por São Dionísio, Arcebispo de Susdália (1384–1385).
 
O mesmo Manto que salvou Constantinopla também salvou Moscou. No verão de 1451, os tátaros da Horda, liderados por Mazovshi, aproximaram-se dos muros de Moscou. São Jonas, Metropolita de Moscou (1448–1461), através da oração constante e dos serviços divinos, encorajou os defensores da capital. Na noite de 2 de julho, uma grande confusão ocorreu no acampamento dos tátaros. Eles abandonaram os bens saqueados e fugiram em desordem. Em comemoração à libertação milagrosa de Moscou, São Jonas construiu a Igreja da Colocação do Manto no Kremlin, fazendo-a como sua igreja principal, porém ela veio a incendiar-se.
 
Trinta anos mais tarde, entre 1484 e 1486, na era do Metropolita Gerôncio, a igreja foi reconstruída, existindo até hoje. Até a construção da Catedral dos Doze Apóstolos pelo Patriarca Nicão (1652–1666), a igreja serviu como igreja primária para os metropolitas e patriarcas da Rússia.
 
== Ícones ==
=== Nossa Senhora da Economia ===
[[Imagem:Panagia Economissa.jpg|miniatura|Nossa Senhora da Economia.]]
O ícone d’'''A Ecônoma''' (ou ''Economissa'') é comemorado no dia [[5 de julho]] juntamente com [[Atanásio do Monte Atos|Santo Atanásio do Monte Atos]], fundador da Grande Lavra. Entre as décadas de 960 e 970, uma grande fome atingiu sua lavra, e todos os monges abandonaram-na para retornar à civilização. Num momento de fraqueza, o santo também pensou em deixar o mosteiro que ele próprio havia construído para não morrer de fome, mas eis que uma mulher apareceu na estrada, caminhando em sua direção.
 
Ela disse: “Quem és tu e para onde vais?” O santo, então, a contou sobre sua vida e as angústias pelas quais a lavra estava passando. Ao final, a mulher retrucou: “Abandonarias o mosteiro destinado à glória de geração em geração apenas por um pedaço de pão seco? Onde está a tua Fé? Vira para trás, pois hei de te ajudar.” “Mas quem és tu para fazer tal coisa?”, perguntou Atanásio. “Eu sou aquela a qual tu dedicaste vossa comunidade. Eu sou a Mãe de Deus.”
 
Ela ainda disse: “Atinge a tua vara nesta rocha e saberás quem sou eu que falo contigo.” O santo obedeceu, e a fissura começou a jorrar água em abundância. “Sabe tu que eu serei a abadessa e a ecônoma perpétua da tua lavra.” Logo em seguida, a Virgem desapareceu. Quando retornou à lavra, Atanásio encontrou os celeiros transbordando de tanto trigo. Com o tempo, o mosteiro tornou a florescer de novos monges, e até hoje é o único cujo ecônomo não é um monge, mas sim a própria Mãe de Deus.
 
O ícone d’A Ecônoma atualmente está protegido com um relevo de metal, situado antes do túmulo de Santo Atanásio na Grande Lavra. Ao centro, está sentada a Mãe de Deus num trono, e a Divina Criança senta-Se sobre sua perna esquerda. Na parte superior, da esquerda para a direita, estão São Miguel, Bispo de Sínada, segurando um livro; Santo Atanásio com a Grande Lavra em suas mãos; [[João, o Batista|São João, o Batista]], com suas mãos estendidas; dois anjos segurando dois círculos com as inscrições “Η Οικονομισσα” (“A Economissa”); São Simeão, o Novo Teólogo, também com suas mãos estendidas; o [[Apóstolo Estêvão]] com seu turíbulo e a Igreja; São Nicolau, o Taumaturgo, Bispo de Mira, segurando um livro da mesma forma que o outro bispo.
 
Na parte inferior estão São Nicéforo II, Imperador de Roma, que financiou a construção da lavra; [[Jorge, o Vitorioso|São Jorge, o Vitorioso]], com a cruz do martírio em suas mãos; São Demétrio de Tessalônica também com sua cruz; e o Imperador João I, que realizou a concessão permanente da península aos monges.
 
== Ligações externas ==
* [http://ocafs.oca.org/FeastSaintsViewer.asp?FSID=101866 A Colocação do Honrável Manto da Santíssima Mãe de Deus em Blaquerna] (Igreja Ortodoxa na América, OCA)
[[Categoria:Santos| ]][[Categoria:Santos bíblicos| ]][[Categoria:Santos do século I a.C.]][[Categoria:Santos do século I| ]]
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