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Apresentação do Senhor

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A '''Festa da Apresentação de Nosso Senhor Jesus Cristo no Templo''' (em grego: ''Υπαπαντή του Κυρίου'') é uma das '''[[Grandes Festas|Doze Grandes Festas]]''', comemorada pela Igreja no dia [[2 de fevereiro]], quarenta dias após o [[Natividade do Senhor|nascimento de Cristo]]. A festa se estende do dia 1 ao 9 de fevereiro, e baseia-se em um importante evento da vida de nosso Senhor [[Jesus Cristo]], relatado no segundo capítulo do Evangelho de São Lucas (versículos 22–40). Nesse acontecimento, pela primeira vez o sacerdócio levítico —representado pelo justo Simeão— foi sujeitado ao sacerdócio de Cristo, Ele a quem ainda recém-nascido abençoa o ancião no Templo.
== História ==
Quarenta dias após Seu nascimento, Jesus foi levado ao Templo de Jerusalém, o então centro da vida religiosa em Israel. De acordo com a Lei Mosaica, a mulher que desse à luz um menino era proibida de entrar no deveria ausentar-se do Templo de Deus por quarenta dias, até que fosse curada. Após esse tempo, a mãe viria com o filho, para oferecer um cordeiro ou um par de rolinhas ou pombas ao Senhor como sacrifício de purificaçãoe para consagrá-lo ao Senhor. A Mãe de Deus não tinha a necessidade de purificar-se, já que ela própria havia dado à luz a Fonte da pureza e da santidade; nem Jesus tinha necessidade de ser consagrado, uma vez que ele mesmo era o Senhor. No entanto, ela os dois humildemente cumpriu cumpriram os requisitos da Lei. A Mãe de Deus, acompanhada de São José, tomou o caminho em direção ao Templo, para apresentar o recém-nascido Jesus a São Zacarias, o Sumo-Sacerdote e esposo de Santa Isabel, pai do Precursor. Quando chegaram lá, São Zacarias sabiamente levou a Mãe de Deus com Jesus ao local no templo reservado para as virgens, e pediu que ela aguardasse enquanto ele preparava o ofício.
Naquele tempo, o justo [[Profetas Simeão e Ana|Ancião Simeão]] vivia em Jerusalém, e a ele havia sido dada a revelação que ele não morreria até que pudesse ver o prometido Messias. Isso porque, três séculos antes, Simeão era um dos setenta membros do Sinédrio escolhidos pelo Faraó Ptolemeu II do Egito para traduzir o Antigo Testamento para o grego, produzindo o que viria a ser conhecido como a Septuaginta.
O Anjo exclamou: “Tu verás essas palavras serem cumpridas. Não morrerás até que contemple a Cristo, o Senhor, nascer de uma pura e imaculada virgem.” Desse dia em diante, Simeão viveu na espera pelo Messias, e após trezentos anos vivendo sem revelar sua idade, foi ao Templo naquele mesmo dia em que a Panagia e São José traziam o infante Jesus para cumprir a Lei, graças à Divina Providência.
Quando viu a Mãe de Deus e a divina Criança, Simeão correu até eles e tomou a divina Criança Cristo em seus braços, e, dando graças a Deus, disse as palavras repetidas pela Igreja todas as tardes, nas Vésperas:
: “Agora, Senhor, despedes em paz o Teu servo, segundo a Tua palavra; pois já os meus olhos viram a Tua salvação, a qual Tu preparaste perante a face de todos os povos; luz para iluminar as nações, e para glória de Teu povo Israel.”<ref>Lucas 2:29–32</ref>
A virgem e José maravilharam-se com suas palavras, mas, voltando-se à Mãe de Deus, Simeão a abençoou e disse a maior das profecias: “Eis que este Menino está destinado a ser uma causa de queda e de ascensão para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições —uma espada trespas­sa­rá a tua alma—, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações.”<ref>Lucas 2</ref>
No Templo estava a viúva Ana, a Profetisa, filha de Fanuel, que, aos seus 84 anos, não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações. Enquanto Cristo era apresentadobendito por Simeão, Santa Ana se aproximou e começou a dar graças a Deus. Ela chamou a todos os que estavam dentro e fora do templo, mostrando-os Aquele por quem viria a redenção de Jerusalém. Nos ícones da Festa, a santa geralmente aparece segurando um pergaminho, escrito: “Essa Criança fundou os Céus e a terra”.
Paradoxalmente, da mesma forma que aconteceria com [[João, o Batista|São João, o Batista]], no dia da [[Teofania]], não era Simeão quem abençoava a Cristo, mas sim o apresentado que abençoava o sacerdote: Jesus, o Sacerdote e Deus Encarnado, apresentava-Se ao ancião na condição de uma criança indefesa. Estranha maravilha! Antes da [[Natividade do Senhor]], os justos viviam pela fé no prometido Messias, e aguardavam pela Sua vinda. O Justo Simeão e a Profetisa Ana, os últimos justos do Antigo Testamento, foram julgados dignos de conhecer o Salvador no Templo. Naquele mesmo dia, Simeão rendeu renderia sua alma ao Senhor com um sorriso no rosto, partindo em direção ao Reino dos Céus. Os fariseus que estavam no templo, vendo aquilo acontecer, indignaram-se com São Zacarias; não somente porque ela a quem deu à luz o Salvador era colocada no lugar reservado para as virgens, mas também porque a profecia de São Simeão era para eles uma blasfêmia. Cansados de dialogar com o sumo-sacerdote, os fariseus retiraram-se do templo e, em segredo, decidiram ir até o Rei Herodes e, em troca de dinheiro, revelar que o Filho de Maria era aquele rei a quem os magos do oriente haviam predito.
== Tradição ==
Enquanto escrevia aos hebreus no séc. I, o [[Apóstolos Pedro e Paulo|santo Apóstolo Paulo]] mencionou o paradoxo de Cristo e Simeão enquanto discursava sobre a ordem sacerdotal de Melquisedeque, à semelhança de quem Cristo Se manifestou como feito não segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível: “Sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo Maior. Se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro Sacerdote se levantasse?”<ref>Hebreus 7</ref> A Festa da Apresentação do Senhor é uma das mais antigas da Igreja, tendo originado em Jerusalém. Sermões dessa festa já foram proclamados pelos santos bispos Methódios de Patara, Cirilo de Jerusalém, [[Gregório, o Teólogo|Gregório o Teólogo]], Anfilóquio de Icônio, [[Gregório de Nissa]] e [[João Crisóstomo]] (com dúbia exceção de Crisóstomo, todos no século IV). A primeira tentativa de equipará-la às outras grandes festas da Igreja parece ter acontecido em Roma na transição do séc. V para o VI. Naquele tempo, embora proibida, a festa pagã da Lupercália ainda era comemorada em segredo pelos pagãos da cidade de Roma, e qualquer iniciativa de suprimi-la era frustrada pelo Senado, cuja boa parte dos membros era cristã só em nome.
A festa não seria celebrada tão esplendidamente até o século VI, quando inúmeros hinos foram compostos em sua honra. Em 528, durante o reinado de Justiniano, um terremoto matou várias pessoas em Antioquia, seguido de outras desgraças. Em 541, uma terrível praga aconteceu em Constantinopla, levando vários milhares de pessoas a cada dia. Nesse tempo de sofrimento nasceu a Litania, uma solene procissão pela libertação dos males. Quando foi celebrada na Festa da Apresentação do Senhor, a praga cessou. Como agradecimento a Deus, a Igreja definiu uma celebração mais solene para a Festa.
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