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André de Creta

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Arcebispado
Mesmo sendo Damasco a capital do califado, André foi criado numa piedosa e virtuosa família cristã, cujos pais tinham por nome Jorge e Gregória. Até seus sete anos de idade, o menino era mudo, e seus pais lamentavam-se pensando que seu filho seria mudo pelo resto da vida. Certa vez, enquanto recebia os Santos Mistérios numa igreja, para a fascinação de todos, André milagrosamente começou a falar. O dom da fala queimava em seu coração, e a jovem criança quis dedicar-se a estudar as Sagradas Escrituras. Seus pais glorificaram a Deus por isso, e deram ao filho uma educação completa com base na gramática, retórica e filosofia.
Ainda aos catorze anos de idade, André assumiu que era impossível unir-se ao conhecimento divino sem antes livrar-se das coisas terrenas e materiais, as quais faziam-no desviar da dedicação total a Deus. Implorando e rogando aos seus pais para que pudesse consagrar-se ao Senhor, recebeu a bênção de seus pais, que peregrinaram com ele duzentos quilômetros ao sul até chegarem à Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém. Lá, André foi recebido com muita alegria por um bispo chamado Teodoro, que cuidava da [[Igreja de Jerusalém]] enquanto a Sé estava vacante desde a morte de São Sofrônio, Patriarca de Jerusalém (634–638), um ano após a conquista islâmica da Terra Santa. Após a despedida de seus pais, André ficou como secretário do bispo.
Sob os cuidados de Teodoro, André foi ordenado leitor e, depois de um tempo, hipodiácono. Tornando-se seu pai espiritual, o bispo ajudou André a aperfeiçoar suas virtudes, até que este aceitou a tonsura monástica na Grande Lavra de São Sabas Savas no Deserto da Judeia. Em seguida, tornou-se diácono e, finalmente, arquidiácono. Nos dez anos seguintes, André viveu na lavra, onde superou todos os anciões através de suas virtudes com sua austera e casta vida solitária, tornando-se um exemplo para todos.
O arquidiácono contemplava a atenção que os hinos da Igreja davam às Sagradas Escrituras, e passou a compor cânones para os ofícios litúrgicos. Até então, os versos das Escrituras eram intercalados por um refrão. Os novos cânones possuíam um número livre de odes, as quais começavam com um irmo, que referenciava algum dos ''Nove Cânticos Bíblicos'', presentes tanto no Antigo como no Novo Testamento. O irmo era seguido por um número livre de tropários, hinos curtos sobre o tema do cânone, intercalados por um refrão. O final da ode era marcado pela catabasia, outro hino que poderia ser o mesmo que o primeiro irmo.<ref group=nota>Dentre seus cinquenta e oito (ou mais) cânones e seiscentos e noventa irmos, destaca-se o Grande Cânone Penitencial, com nove odes e surpreendentes duzentos e cinquenta tropários. O Grande Cânone é dividido em quatro partes denominadas metimônias (chamadas assim por conta do cântico ''Deus está conosco'', que em grego lê-se ''Μεθ' ημών ο Θεός'', tr. ''Meth' imon o Theos''), cada qual cantada da segunda à quinta-feira da primeira semana da Grande Quaresma. O cânone é cantado inteiramente durante a vigília da quinta-feira da quinta semana. Composto em primeira pessoa, esse cânone passa cronologicamente por todo o Antigo e Novo Testamento, expondo a necessidade da alma pecadora arrepender-se e retornar com humildade a Deus. Uma das metimônias pode ser lida [//protecaodamaededeus.org/files/canone-santo-andre/5-Canon-Quinta-feira.pdf aqui].</ref>
Em 711, após cercar Constantinopla com seus partidários e decapitar o Imperador Justiniano II (685–711) e sua corte, o monotelista Filípico (711–713) usurpou o trono imperial e queimou as atas do Sexto Concílio Ecumênico. Em seguida, depôs o santo Patriarca Ciro (705–712) e nomeou o herético João VI (712–715) como Patriarca de Constantinopla. Este, por sua vez, convocou um sínodo patriarcal em 712 para abolir o anátema ao monotelismo, e Santo André teve que assinar a abolição à sua própria confissão de Fé para não ser deposto e um monotelista assumir o Arcebispado de Creta.
Pela Providência de Deus, Filípico foi morto em uma rebelião de seu exército no ano seguinte, e Anastásio Anastácio II (713–715) foi proclamado imperador. O novo imperador depôs João VI e substituiu-o por São Germano I (715–730), que até então era Bispo de Cízico na Anatólia e também havia assinado contra seu concílio para não perder seu rebanho para um monotelista. Sob São Germano, o diotelitismo e as determinações do Sexto Concílio Ecumênico foram restaurados, e os heréticos, anatemizados.
Para expressar sua gratidão a Deus, bem como seu arrependimento por ter traído o concílio, acredita-se que tenha sido nesse tempo que o arcebispo compôs seu Grande Cânone. Santo André continuou seu trabalho como hinógrafo, compondo o Cânone da [[Natividade do Senhor|Festa da Natividade]], três odes das Completas do [[Domingo de Ramos]], odes para os primeiros quadro dias da semana da Paixão, versos para a festa da [[Apresentação do Senhor|Festa da Apresentação]] e vários outros hinos e sermões, os quais foram preservados até a atualidade.
O arcebispo brilhou como uma verdadeira chama de Cristo, instruindo todos os seus filhos espirituais a fugirem das tentações mundanas, guardarem os mandamentos de Deus e demonstrarem Seu amor para com todos. Santo André fortalecia os doentes, consolava os aflitos, defendia as viúvas e os órfãos, alimentava os famintos e vestia os pobres.
== Pós-vida ==
Reconhecendo a santidade do arcebispo, não demorou muito tempo até que os habitantes de Éreso construíssem uma igreja em honra a Santo André para sediar suas relíquias. Depois de alguns anos, uma porção de suas relíquias foram transferidas para um mosteiro em Constantinopla também dedicado ao santo, e lá ficaram pelo menos até a Queda de Roma em 1453. Atualmente, a somente as ruínas restaram da igreja em Éreso, mas a capela com o túmulo do santo ainda continua preservada, e uma nova igreja em honra a ele foi construída nas imediações. <small>([//youtu.be/Gk1ivMi_Wyc ver vídeo])</small> Seu sagrado crânio encontra-se no Mosteiro de Vatopedi na Montanha Santa. Devido à perseguição e a destruição de registros históricos promovida pelo período iconoclasta que sucedeu a morte do arcebispo, não é sabido quem foi seu sucessor (ou antecessor) na Igreja de Creta.
== Hinos ==
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