Isaac (Attalah)

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Hieromonge Isaac (Attalah)

Bem-aventurado Hieromonge Isaac (Attalah) (1937-1998), de origem libanesa, viveu no Monte Athos de 1978 a 1998, o ano de seu repouso, e ficou conhecido por seu ascetismo e luta espiritual. Pela Graça de Deus, tornou-se um renomado pai espiritual no Monte Athos e na Grécia, exigente consigo mesmo e um fervoroso promotor da prática assídua do Sacramento da Confissão. Em sua vida, ele também se tornou uma ponte viva entre a Igreja de Antioquia e a Montanha Sagrada. Um dos mais notáveis discípulos e filhos espirituais de São Paísios, sendo também seu biógrafo.

Vida

Infância e família

O ancião Isaac nasceu de Martha e Nemr Atallah, no dia 12 de abril de 1937 em uma vila libanesa chamada Nabay, ao norte da região de Metn, dependente da Arquidiocese Ortodoxa do Monte Líbano. Ele recebeu o nome de Fares, e foi o primeiro dos dez filhos do casal. Cresceu em uma família Ortodoxa devota e aprendeu com seu pai, o cantor da paróquia, o amor a Cristo e a fidelidade à tradição da Igreja. Desde a juventude, apreciava a solidão e a oração. Muitas vezes acontecia de seus pais o perderem de vista, e encontrá-lo muito depois rezando nos campos ao redor de sua aldeia, não muito longe da casa onde nascera. Desde cedo, o futuro monge Isaac já encontrava toda a sua felicidade na proximidade com Deus e Sua Igreja.

Certa vez, quando ele ainda era bastante jovem, deixou a casa da família para se juntar ao mosteiro do Profeta Elias em Shwayya, na região de Metn, porém seu pai foi buscá-lo. Naquela época, eles disseram, talvez para consolá-lo, que não era tradição dos mosteiros aceitar o filho mais velho de uma família como monge, uma vez que ele é o apoio da família. Fares concordou e voltou para casa.

Frequentou a escola de sua aldeia, Nabay, deixou a escola para trabalhar como aprendiz de carpinteiro. Ao final de seu aprendizado, foi praticar seu ofício no "souk dos carpinteiros" em Beirute. Ao final da jornada de trabalho, Fares começou fazer aulas de canto bizantino no distrito de Ashrafiyya, na escola de Mitri el-Murr, Protopsaltis da Igreja de Antioquia.

Vida monástica

No verão de 1962, aos 25 anos, Fares tomou a decisão de sua vida. Pegou sua bolsa, cuidadosamente arrumou suas roupas e deixou seu trabalho no grande Hotel Phoenicia, que era o padrão de luxo de Beirute naquela época, e voltou para sua casa após ter se demitido.

Diante de seu pai, por quem tinha enorme respeito e obediência infalível, entregou-lhe sua caderneta de poupança, dizendo: “Esta conta poupança foi aberta em seu nome. Quando maturar, gostaria que sacasse o dinheiro e distribuísse igualmente entre todos os membros da família. Quanto a mim, não preciso de nada porque vou ao mosteiro.” Entristecido, o pai perguntou-lhe: “O que posso oferecer a você neste mundo para que você não se torne um monge?” Fares respondeu: “Ainda que me desse este mundo como herança, meus olhos não o cobiçarão. Minha vida não está aqui, mas no mosteiro.” Nemr, seu pai, tentou dissuadi-lo de seguir o caminho do monasticismo, colocando pressão sobre os outros membros da família, mas foi em vão.

Naquele mesmo dia, Fares pegou sua mala e seguiu com seu irmão Anthony para o Mosteiro da Dormição da Mãe de Deus, em Bkeftin, na região de Koura — um lugar que nunca tinha visto. Tinha apenas o endereço e o nome de seu hegúmeno, o Arquimandrita Youhanna (Mansour), futuro Metropolita de Lattakia na Síria, que teve sua formação no seio do Movimento Juvenil Ortodoxo na cidade, cujo bispo mais tarde seria ele.

Chegando ao local, Fares desceu do táxi e se ajoelhou, de frente para o mosteiro. Levantando os braços recitou uma oração, fez o sinal da cruz, e agradeceu a Deus em voz alta: “Agradeço-Te, ó Senhor, por teres agora concedido o meu desejo!” Na entrada do mosteiro, estava o Arquimandrita Youhanna para recebê-los. O mosteiro estava em ruínas, a maioria dos quartos estava quase inabitável, em estado desapontamento. Além do hegúmeno, apenas um outro monge morava lá.

O sol já estava se pondo quando Anthony voltou para casa, deixando seu irmão mais velho no mosteiro. Na casa da família, todos aguardavam ansiosos. Seu pai falou primeiro, dizendo: “Então, para onde exatamente ele foi?”, ao que Anthony respondeu: “Para o mosteiro de Bkeftin, em Koura. Mas garanto que, dado o estado de ruína do mosteiro, e que Fares trabalhou pela última vez no Phonecia Hotel em Beirute, não vai durar dois ou três dias antes de vê-lo voltar para casa.” Seu pai olhou diretamente para ele e disse: “Não importa em que dificuldades ele se encontre, seu irmão não voltará.”

A vivacidade de seu espírito e o zelo demonstrado por Fares em seus estudos certamente encorajaram o hegúmeno Youhanna a autorizá-lo a expandir seus estudos, o que ele fez ao se matricular na escola anexa ao Mosteiro Patriarcal da Dormição da Mãe de Deus, em Balamand, na região de Koura, norte do Líbano. Assim, viu-se sob a autoridade do Bispo Inácio de Palmira (1962–1966; mais tarde Patriarca de Antioquia), que naquele mesmo ano havia sido ordenado hierarca pelo Patriarca Teodósio VI (1958–1970) e escolhido como hegúmeno do mosteiro.

Em 1963, pelas mãos do Metropolita Elias de Trípoli (1962–2009), sob quem o mosteiro de Bkeftin estava ligado, foi ordenado diácono sob o nome de Philippos. Durante todo esse período, foi notado por sua atenção na oração, por realizar o que lhe foi confiado, em paz e com muito zelo, e por obedecer aos superiores.

São Paísios e o Ancião Isaac

A Providência, como sempre, usou circunstâncias locais e o levou a deixar a escola de Balamand para ir para Patmos, na Grécia, em 1968, onde recebeu o diploma sancionando o final de seus estudos secundários. Assim, continuou seu desejo de aprofundar seu conhecimento das escrituras, tornando-se um estudante na faculdade de teologia de Tessaloniki, onde serviu como diácono na Catedral de São Dimitrios, padroeiro da cidade. Sua voz era muito bonita, e passou a ser conhecido por cantar e dizer as litanias em árabe e em grego, algo que atraiu muitos fiéis para a igreja.

Durante todo esse tempo, o diácono se familiarizou com a Montanha Sagrada do Athos e com a vida monástica que era cultivada naquele jardim da Mãe de Deus. Lá, em particular, ele conheceu quem se tornaria seu pai espiritual, o Ancião Paísios.

Ordenação ao sacerdócio

Em 1970, durante a estadia do Diácono Philippos na Grécia, o Patriarca Teodósio VI repousou no Senhor, e o então Metropolita de Alepo foi eleito como seu sucessor, sendo chamado de Elias IV (1970–1979). Em seu retorno ao Líbano, Philippos foi ordenado sacerdote no mosteiro patriarcal da Dormição da Mãe de Deus, em Balamand, pela imposição de mãos do Patriarca Elias IV, mantendo o nome de Philippos.

Entre 1973 e 1975, o Padre Philippos viveu no pequeno mosteiro dedicado à memória do Santo e Grande Mártir Jorge, o Vitorioso, em Zgharta, uma dependência do Mosteiro da Dormição da Mãe de Deus em Hamatoura, cuja área, embora nas cercanias da Metrópole de Trípoli, pertencia à Metrópole de Byblos, então dirigida pelo Metropolita Georges (Khodr, 1970–2018). O padre Philippos assumiu com muito entusiasmo sua missão no mosteiro de São Jorge. Imediatamente, dedicou-se a restaurar a igreja do mosteiro e as celas dos monges que a circundavam. Cuidava também dos campos negligenciados, replantando as oliveiras e videiras.

A personalidade do padre e o trabalho que ele fez começaram a dar frutos e o mosteiro aos poucos se tornou um lugar de renovação espiritual bem conhecido, que atraía cada vez mais almas ao Senhor.

Vale a pena notar que o Padre Phillipos serviu durante sua estada no mosteiro à paróquia dedicada ao Santo Arcanjo Miguel, na aldeia perto de Ras Kifa. Mas a Graça de Deus havia previsto um destino diferente para ele. Assim, sob pressão da guerra no Líbano, teve que deixar seu mosteiro, localizado como a tradição exige no topo de uma montanha, que se tornara uma valiosa posição militar, e buscar refúgio mais uma vez em Tessolônica, onde foi elevado à categoria de arquimandrita em 1976.

Exerceu seu sacerdócio na própria cidade, na igreja de Santa Bárbara e encarregou-se dos estudantes de teologia do Mosteiro Patriarcal da Dormição da Mãe de Deus em Balamand, pela faculdade de Tessalônica.

No Monte Athos

Em 1978, obteve permissão do Metropolita Georges, de quem ainda dependia, para ingressar na vida monástica no Monte Athos. Mudou-se para o Mosteiro de Stavronikita e recebeu o nome de seu santo padroeiro, Isaac, o Sírio. Assim, pôde seguir mais de perto os ensinamentos de seu pai espiritual, o ancião Paísios, que vivia no eremitério dedicado à Venerável Cruz, não muito longe do mosteiro.

O hieromonge Isaac falaria de seu encontro com Santo Isaac na introdução de seu Nuskiyyat, sua tradução do grego para o árabe dos Discursos Ascéticos e das cartas de Santo Isaac, o Sírio. Conta que um venerável monge do Monte Athos disse a ele, quando ainda conhecia muito pouco o santo: “Então, você veio de uma terra que produziu tantos santos, como o virtuoso Isaac, o Sírio, para aprender os fundamentos da vida monástica?”, ao que o padre respondeu: “Sim, santo pai, porque a experiência de nossos pais foi transmitida aqui e eu vim recuperá-la neste lugar.”

Um ano após sua chegada ao Mosteiro de Stavronikita, retirou-se para o que se tornaria seu refúgio, a ermida da Ressurreição, que ele próprio restaurou na região de Kebssala, não muito longe de Karyes, a capital da Montanha Sagrada. Viveu ali por quatro anos, sozinho em uma vida de duro ascetismo e luta.

O hieromonge foi confrontado com muitas tentações e provações que procuravam fazê-lo deixar sua solidão. Até que um dia, sobrecarregado pelo sofrimento de seus pensamentos, seu cansaço e seus sofrimentos, descobriu uma pequena sepultura enquanto caminhava para lugar nenhum. Parou diante dela, orou fervorosamente, chamando dentro de si a lembrança da morte. Então ele disse com uma voz resoluta: “Aqui eu posso morrer.”

A partir desse momento, os pensamentos que o atormentavam desapareceram completamente. Essa lembrança da morte nunca mais o deixou, uma vez que, de acordo com a tradição monástica, ele cavou um túmulo do seu tamanho com as próprias mãos no jardim do seu eremitério. Ele incensou esse túmulo todos os dias, até que seu corpo foi colocado para descansar lá depois de adormecer no Senhor numa quinta-feira, 16 de julho de 1998.

Costumava dizer “eu represento Antioquia no Monte Athos”, e ele se orgulhava disso. Muitos cristãos libaneses, mas também de língua árabe, assim como outros que vieram do Novo Mundo, vieram receber sua bênção e pedir seus conselhos. O ancião fez várias viagens breves ao Líbano, seu país de origem, à Síria, à Jordânia e ao Egito.

Ligações externas