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Antônio de Dymsk

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== Vida ==
Em 1147, o envolvimento do Patriarca Cosme II de Constantinopla (1146–1147) com a seita dos bogomilos — os quais não somente afirmavam que Cristo e o Espírito Santo eram meras manifestações do Pai, mas que o próprio Satanás era filho de Deus e criador do gênero humano — resultou na convocação de um sínodo em fevereiro que depôs o patriarca. Além da vacância do trono patriarcal, a província eclesiástica da Rússia também estava sem um hierarca desde o repouso do Metropolita Miguel II de Kiev (1130–1145). Aproveitando a situação, em julho, o Grão-Príncipe Iziaslau II de Kiev (1146–1154) proclamou Clemente, um monge de sua corte, como Metropolita de Kiev. Isso causou grande oposição dos bispos da Rússia, uma vez que um metropolita só pode ser eleito pelo sínodo de seu patriarcado (nesse caso, Constantinopla), e que Clemente governaria a Igreja como um fantoche de Iziaslau, exercendo influência contrária a Constantinopla nas terras politicamente independentes de Kiev mas eclesiasticamente subordinadas a Kiev (como a República de Nóvgorod Novgorod e o Principado de Smolensk).
Dentre os bispos que se recusaram a reconhecer a canonicidade de Clemente estava São Nífon, Bispo de Nóvgorod Novgorod (1130–1156). Por conta disso, em 1149 o exército de Iziaslau marchou até a Catedral de Nóvgorod Novgorod e capturou São Nífon, aprisionando-o em Kiev. Clemente governou a Igreja ilegitimamente durante oito anos, até Kiev ser capturada em março de 1155 pelo Príncipe Jorge de Suzdal. Jorge, agora Grão-Príncipe de Kiev (1155–1157), expulsou Clemente e enviou uma carta ao patriarcado em Constantinopla, solicitando a eleição de um metropolita para as terras russas. O Santo Sínodo, sob presidência do Patriarca Constantino IV (1154–1157), elegeu o santo hieromonge Constantino como Metropolita de Kiev (1155–1158). São Constantino iniciou um árduo trabalho para retroceder os feitos de seu antecessor, incluindo excomungar bispos e sacerdotes leais a Clemente e trazer sacerdotes de Constantinopla para assegurarem a pureza da Fé nas igrejas da Rússia. Após o repouso de São Nífon, São Constantino ordenou Santo Arcádio, então hegúmeno do Mosteiro da Dormição da Mãe de Deus em NóvgorodNovgorod, como Bispo de Nóvgorod Novgorod (1156–1162).
Em 1157, havia uma família muito piedosa em Nóvgorod Novgorod e, como fruto das orações e esforços dos Santos Nífon, Constantino e Arcádio pelos povos russos, Deus presenteou aquela família com um filho, o qual foi nomeado Antônio. Durante sua infância, Antônio recebeu uma completa educação cristã pelos seus pais, e não encontrava interesse algum nas brincadeiras infantis, risos e conversas jogadas fora pelas crianças de sua idade. Em vez disso, Antônio afastou-se das crianças para ir visitar sua igreja, e passou a fazer isso todos os dias da semana, distanciando-se dos próprios fiéis para poder conversar com Deus sem ser importunado por conversas vãs e mundanas.
Assim como [[Antão, o Grande|Santo Antão]] — seu padroeiro — outrora fora tocado pelas palavras do Evangelho, da mesma forma estas palavras de Cristo entraram no coração de Antônio:
=== O mosteiro de São Barlaão ===
Naquele tempo, ao norte da cidade de Nóvgorod Novgorod havia um asceta chamado Barlaão, o qual deixara para trás todas as riquezas de sua herança para viver uma vida agradável a Deus nas florestas de Khutyn', às margens do rio Volkhov, distante dez quilômetros do centro de NóvgorodNovgorod. Os antigos espíritos impuros e maldições que habitavam naquela floresta partiram em debandada pela vida austera de São Barlaão, e rotineiramente chegavam pessoas da cidade implorando para serem aceitas como seus discípulos, entre os quais estava Antônio. O nous iluminado de São Barlaão percebeu a grandeza espiritual daquele jovem, e o ancião logo tomou-o para si como noviço.
Sobressaindo-se nas virtudes divinas, Antônio foi tonsurado como monge, e viveu em perfeita obediência ao seu pai espiritual, cumprindo-as com zelo e humildade. Antônio jamais abreviava ou omitia sua regra de oração, e sempre estava presente nos ofícios da Igreja da Transfiguração, construída por São Barlaão. Assim como antes do monasticismo, o jovem monge continuou sendo o primeiro a chegar no templo e o último a sair.
O asceta permaneceu durante cinco anos nos mosteiros de Constantinopla e foi recebido com muito apreço pelo patriarca (provavelmente Nicetas II), o qual presenteou-o com vários itens litúrgicos para levar a São Barlaão. Passados os cinco anos, Antônio retornou a Khutyn'. Pela Divina Providência, o dia da chegada de Antônio coincidiu com o último dia da vida terrena de São Barlaão. Este, reunindo os monges, consolou-os e instruiu a jamais enfraquecerem no jejum e na oração, e a viverem todos os dias como se aquele fosse seu último.
Em sua cama, o ancião abençoou Antônio para ser seu sucessor, ao que seus olhos choviam lágrimas — não apenas por estar vendo seu pai espiritual pela última vez, mas porque considerava-se indigno de tornar-se o sucessor de alguém tão grande como São Barlaão. Além de liderar a irmandade, a Antônio estava também incumbida a construção do mosteiro, através das doações do Príncipe Yaroslav de Nóvgorod Novgorod (1182–1199). Isso aconteceu porque, enquanto Antônio estava em Constantinopla, São Barlaão recebeu a visita do príncipe em 1190, atormentado com as guerras pelos principados. O ancião acalmou-o e abençoou, predizendo que seu filho havia de nascer. Naquele mesmo ano, seu primogênito Izyaslav nasceu, e o príncipe dispensou uma grande quantia para a transformação do eremitério num mosteiro. Quando Antônio retornou de Constantinopla a Khutyn', em 6 de novembro de 1192, apenas a igreja havia sido reconstruída (de madeira para pedra), tendo sido consagrada no mês anterior por São Gregório, Arcebispo de Nóvgorod Novgorod (1186–1193), o qual conferiu o título de hegúmeno a São Barlaão, oficializando o reconhecimento do mosteiro.
=== O ermo de Novgorod ===
== Pós-vida ==
Os monges, desolados com a perda terrena de seu pai, enterraram-no no lado norte da igreja. Cem anos depois, em 1330, na era de São Moisés, Arcebispo de Nóvgorod Novgorod (1325–1359), o túmulo de Santo Antônio foi aberto, e seu corpo foi encontrado incorrupto. Esse milagre foi posteriormente considerado pelos habitantes de Tikhvin como um prenúncio da milagrosa aparição do Ícone da Mãe de Deus de Tikhvin, o qual pairou pela cidade em 1383.
Cerca de oitenta anos mais tarde, em 1409, os islâmicos atacaram Moscou, e um destacamento da Horda Nogai foi enviado para tomar NóvgorodNovgorod. Diante disso, a irmandade do mosteiro escondeu as relíquias de Santo Antônio num local secreto, temendo sua profanação pelos tátaros. Em 1611, durante a Guerra Ingriana, o Rei Carlos IX da Suécia (1604–1611) ordenou a destruição de Tikhvin, e seus guerreiros luteranos atearam fogo ao mosteiro. Pelas intercessões da Mãe de Deus e de Santo Antônio, a população conteve e expulsou os suecos de NóvgorodNovgorod, reconstruindo o mosteiro de Dymsk.
Duas vezes o mosteiro foi atingido por incêndio no século XVII, porém em ambas Santo Antônio apareceu perante o hegúmeno em sonho, alertando-o das chamas. Assim, o fogo foi contido a tempo. Em 1744, certo enfermo de São Petersburgo recorreu às intercessões de Santo Antônio para que fosse curado de sua dura e longa doença. Sendo curado, foi até o mosteiro e custeou um túmulo de madeira e detalhes em ouro para revestir as relíquias do santo. O mosteiro também abriga o pesado chapéu — ou gorro — de ferro utilizado pelo santo, o qual muitos fiéis e enfermos veneram junto às suas relíquias.
<references />
[[Categoria:Santos de NóvgorodNovgorod]]
[[Categoria:Santos de São Petersburgo]]
[[Categoria:Santos russos]]
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