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Jorge, o Vitorioso

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Acreditando que Atanásio era o homem certo para resgatar Jorge para si, Diocleciano tornou a trazê-lo perante o tribunal, dizendo: “Ó Jorge, é por tua causa que invoquei este homem. Tu deves vencer sua magia, ou ele vencerá a tua; tu deves matá-lo, ou ele te matará.” São Jorge olhou para o mago e pediu: “Apressa-te, meu irmão, faze-me depressa o que queres fazer, pois vejo a graça aproximar-se de ti.”
Então, Atanásio tomou um cálice com água, invocou os nomes dos demônios sobre ele e deu-lho a beber. Tendo bebido, nenhum mal aconteceu ao santo. O mago, atônito, disse: “Meu senhor, deixa-me dar-te somente mais uma vez, e se nenhum mal te suceder, acreditarei n’Aquele a quem crucificaram.” Tendo repetido o feitiço, São Jorge tornou a beber do cálice e nada lhe aconteceu. Atanásio não pode conter-se: “Ó Jorge, tu tens a Cruz de Jesus Cristo, Filho de Deus, que veio ao mundo para salvar os pecadores! Tem misericórdia da minha alma e dá-me o Selo de Cristo!” Vendo tudo aquilo, Diocleciano enfureceu-se e ordenou que aquele homem fosse morto pela espada fora da cidade. Foi em seu próprio sangue que Santo Atanásio foi batizado, e foi o primeiro a ser martirizado através dos milagres de São Jorge.
Na manhã seguinte, Diocleciano ordenou que o confessor fosse amarrado a uma roda, cuja base possuía facas e outras pontas cortantes. Imediatamente, Jorge fraquejou-se: “De certo, nunca poderei sair vivo deste instrumento.” Mas, voltando-se a si, disse: “Ai de ti, ó Jorge, por que permitiste que esse pensamento adentrasse teu coração? Considera a sorte que te abraçou, lembra-te de que os judeus crucificaram seu próprio Senhor!” Em seguida, levantou os olhos aos Céus e disse:
O valente mártir tornou a voltar para a cidade, e ainda mais testemunhas de seu segundo martírio viam-no e passavam a crer em Jesus Cristo. De repente, uma mulher de nome Escolástica gritou a São Jorge: “Ó meu senhor, meu filho estava a pôr o jugo em nosso boi quando esse caiu e morreu! Ó meu senhor, ajuda a minha pobreza, sei que tu podes ajudar-me através de Deus!” O tribuno deu-lhe o cajado que estava em suas mãos e pediu que ela recitasse essas palavras quando chegasse ao boi: “Assim diz Jorge em nome de Jesus Cristo: levanta-te!” A mulher fez como ele havia dito, e o sopro da vida adentrou o animal, que ergueu-se perante toda a multidão que a havia acompanhado. A mulher, o fazendeiro Glicério e toda a multidão glorificaram a Deus, dizendo: “Bem-aventurada a hora em que entraste nesta cidade! Tu és em verdade um profeta, e Deus visitou o Seu povo!”
São Jorge foi novamente preso, e depois de um tempo foi após passar alguns meses no cárcere, voltou a ser interrogado. O interrogador desafiou-o: “Há aqui perto alguns túmulos de centenas de anos. Juro por todos os meus deuses que crerei no teu deus e tornar-me-ei como ti se tuas orações fizerem esses ossos tornarem à vida.” De fato, nem mais ossos haviam lá dentro, mas somente o pó deles. Ao lado do sepulcro, o tribuno orou durante o espaço de uma hora. Assim que finalizou sua prece com um “Amém”, a terra tremeu, e alguns clarões começaram a aparecer de dentro do sepulcro (assim como durante a cerimônia do Fogo Santo no Santo Sepulcro).
Assim que notaram algo acontecendo dentro da tumba, as pessoas que lá estavam reabriram sua tampa, e eis que cinco homens, nove mulheres e três crianças saíram de lá, caindo aos pés do santo. Os que assistiam ao milagre perguntaram espantados a um dos homens quem ele era, e o ressuscitado, venerando São Jorge, os respondeu que havia vivido antes da vinda de Cristo, e sua ilusão que o levou a adorar os ídolos havia o feito queimar sem misericórdia nos rios do inferno por todos esses anos, até seu espírito ter sido reunido ao corpo através das orações de São Jorge.
Os dezessete encurvavam-se perante o mártir, implorando que eles os recebesse no Santo Batismo, para que não voltassem a cair no castigo em que estavam. Vendo sua fé, São Jorge feriu a terra com seu pé, e uma pequena poça d’água se formou. Após batizá-los em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, os dezessete afastaram-se para onde ninguém os pudesse ver, e foram arrebatados aos Céus. A maioria dos que viram esse milagre renunciaram o paganismo e aderiram a Cristo. Posteriormente, todos acabaram sendo martirizados pela Fé.
Diocleciano soube do ocorrido, mas foi amenizado pelos governantes, que diziam que Jorge usava de magia para fazer os demônios se levantarem e dizerem que haviam sido ressuscitados, e novamente o tribuno foi enviado ao cárcere por vários meses. O imperador, entãocerto dia, sem conhecer o Evangelho, quis “humilhar” os cristãos levando São Jorge a uma pobre viúva, cuja pobreza não se achava em nenhum outro lugar da cidade. Já sabendo o que havia de acontecer, disse: “Tenho fome. Dá-me pão.” A pobre viúva sequer possuía pão em sua casa, e ele perguntou: “Em que deus crês, que não tens pão em casa?” E ela: “Creio em Apolo e Héracles, os deuses que regem esse império!” E São Jorge finalizou: “De fato, é do justo Juízo de Deus que tu não tenhas pão em tua casa.”
Quando olhou para cima, a viúva viu seu rosto, e ele brilhava como um anjo. Ela maravilhou-se e disse consigo: “Se eu implorar por pão aos meus vizinhos, porventura encontre favor aos olhos deles, visto que esse homem de Deus entrou em minha casa!” Assim que a viúva partiu, um tronco de lenha criou raízes no chão e uma grande árvore cresceu ao lado da casa, e sua altura ultrapassava o telhado. O Arcanjo Miguel desceu dos Céus com um enorme banquete, que saciou o mártir e ainda encheu a mesa da viúva de pão. Quando ela retornou à casa e viu as grandes maravilhas que haviam acontecido, ela jogou-se aos pés do santo e exclamou: “O Deus dos cristãos se lembrou da pobreza dessa viúva e trouxe Seu mártir para ajudá-la, a miserável em espírito!” São Jorge, em sua humildade, fê-la ficar de pé, pois dizia-se apenas um servo de Deus, que sofre por causa de Seu santo Nome.
Seu corpo foi levado até o alto de uma montanha para que os pássaros viessem comê-lo. Quando já haviam ido embora, uma tempestade de trovões fez toda a montanha tremer, e do meio dos relâmpagos desceu o Senhor, curando-o e dizendo: “Ó excelente escolhido, levanta-te de onde estás.” São Jorge voltou à vida, e pôs-se a correr em direção dos quatro que haviam levado seu corpo ao monte, que já estavam há alguns quilômetros dali. Quando os encontrou, gritou: “Esperai por mim!” Quando reconheceram o mártir, caíram aos seus pés, glorificaram a Deus e imploraram pelo Santo Batismo. Mais uma vez, São Jorge realizou o batismo, e eles correram ao imperador, brandando que agora criam em Cristo. Um foi crucificado, dois foram decapitados e o outro foi lançado aos animais selvagens; assim receberam a coroa do martírio.
Dentre as centenas Depois de vários meses preso, Diocleciano tornou a convocar o mártir ao tribunal. Até então, já haviam se passado sete anos desde o começo de presos à espera suas torturas, e todos esses meses no cárcere serviram para que o mártir estabelecesse uma plena comunhão com Deus, orando incessantemente e recebendo cada vez mais da morteSabedoria de Deus. Diocleciano fez um último apelo, incluindo prometê-lo o cargo de Maximiano caso o fizesse: “Ó Jorge, juro pelo sol, estava sua própria esposapela lua e por todos os deuses que benevolentemente tratar-te-ei como meu filho amado, e dar-te-ei tudo o que pedires; só me toma por pai e adora os deuses comigo.” Não tardaria muito até que a Santa Imperatriz Alexandra de Roma Grande Perseguição (284–303303–313)fosse declamada. São Jorge, conhecendo a astúcia do imperador, disse: “Tuas palavras são admiráveis, e me fazem perguntar — tenho estado sob teu poder até hoje, por que não as disseste antes? Eis que durante sete anos me torturaste e três vezes me mataste, e mesmo assim nunca ouvi tais palavras. Não sabes tu, ó imperador, que estava presente nas torturas a raça dos cristãos ama a vitória e luta contra aqueles que a rejeitam? Agora me alegro de poder agradar tua força, e oferecerei sacrifício ao teu grande deus Apolo, a quem tu amas.” Diocleciano não podia mais conter-se, e começou a beijar a cabeça de São Jorge . Ele resistiu, dizendo que não era costume saudar-se antes de adorar os deuses, e confessoupediu que pudesse voltar à prisão até o dia seguinte. Diocleciano respondeu-o: “Longe de mim punir-te daqui em diante! Perdoa-se cristã me por todos os sofrimentos que te infligi, pois te os causei em ignorância. Aceita-me como teu pai, e te levarei ao meu palácio, onde a imperatriz descansa em seu ímpio esposo logo após ver quarto.” Levando-o milagreao quarto, Diocleciano deixou-os a só e foi dormir, pois já era noite.  De fatojoelhos, o santo começou a orar, dizendo: “Ó Deus, meu Deus, não há deus algum semelhante a Ti, e Tu és o Deus que fazes maravilhas. Por que esse povo inventa para si coisas vã e clamam a elas? Todos esses setenta homens reuniram-se contra Deus e contra o Seu Cristo…” Alexandra, Imperatriz de Roma (284–303), ouvia atentamente à oração e interrompeu-o: “Ó Jorge, meu amo, ouço-te com atenção e gosto das tuas palavras… Quem são estes que clamam? Quem são estes que imaginam coisas vãs e quem é Cristo? Por favor, ensina-me para que eu possa conhecê-lo!” : “Se tu desejas conhecer a Cristo e Sua Palavra, ó Imperatriz Alexandra, ouve-me. Quando Deus criou os Céus e a terra, Ele tomou um torrão de terra e fez um homem em Sua semelhança, e da terra fê-lo ter carne. Em seguida, criou seus músculos, tal era sua cólera pele e todo o resto: olhos, língua, garganta, mãos… Nosso Senhor Jesus Cristo tomou sobre Si a carne da santíssima Virgem Maria e Se fez homem. Ele é o Deus que Diocleciano me ressuscitou dentre os mortos, e é foi pelo Santo Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo que eu suportei esses sofrimentos. Por amor de Adão, ó imperatriz, Deus fez os céus e criou o sol, a lua, as estrelas e todo o resto. Os idólatras que hoje estão no mundo adoram coisas abomináveis a Deus, pois servem ídolos sem alma e formados pelas mãos do homem. Assim, eles acabam desprezando a Deus, o único dentre criador do universo.” — “Então são estes deuses demônios? Como é que o Filho de Deus veio ao mundo?” — “Sim, eles são demônios. O Profeta Davi dizia coisas como ‘Tu que estás sentado sobre os querubins, aparece, mostra a Tua Força e vem em nosso auxílio’ e ‘Ele descerá como a chuva sobre a relva’, ou seja, sobre a bendita Virgem Maria. O Profeta Habacuque clamava, dizendo ‘Senhor, eu ouvi a vossa mensagem e enchi-me de temor diante de vossa obra’, pois sabia que o Cristo viria a este mundo, e O temia. Ele sabia que era Deus quem Se tornaria homem, para que a salvação fosse nossa e para que Ele nos livrasse das mãos do diabo, o inimigo de toda a verdade, que desvia estes setenta homens.” A imperatriz foi vencida pelo discurso do santo, e disse: “Em verdade falas bem, e convenceste-me de que Cristo é o Deus do universo. Agora peço-te que ores por mim, para que todos os artifícios e artimanhas dos demônios e dos ídolos possam fugir imediatamente de mim!” São Jorge explicou que nenhum demônio poderia se aproximar dela se cresse em Jesus Cristo, mas ela resistia: “Ó Jorge, meu mestre, eu creio, mas tenho medo de meu esposo, que devora inocentes como um animal selvagem… Mantém esse assunto em segredo, não acreditou contes a ninguém até que a coroa do martírio seja posta sobre minha cabeça no milagreReino de Cristo!” Nisso, a piedosa imperatriz pôs-se a dormir.
O imperador implorou para que seu mais precioso soldado adorasse os ídolos, e chegou prometê-lo o cargo de Maximiano caso o fizesse, mas o santo permaneceu firme em sua confissão. Diocleciano, então, ordenou que ele fosse jogado numa vala de cal ardente e coberto com ela, mas isso não adiantou de nada ao tirano, pois ainda mais pagãos foram testemunhas da perseverança de São Jorge, que aparentava não estar sofrendo dor alguma, e proclamaram Cristo como Deus. O imperador insistiu mais ainda, e ordenou que o confessor corresse calçado de botinas com pregos de ferro no interior, até que seus pés estivessem completamente furados com eles. Os soldados também corriam atrás de seu antigo líder, atacando-o sem piedade com tendões de boi.
Por fim, os leais a Diocleciano levaram-no a um templo pagão, onde vários ídolos estavam possuídos por demônios, a fim de testar a Fé do tribuno e obrigá-lo a oferecer sacrifícios. São Jorge dirigiu-se à estátua principal daquele templo, e pressionou-a a dizer se Cristo era Deus e digno de toda adoração. O demônio, dominado pela santidade do operador de milagres, não conseguiu mais se conter, e respondeu em alta voz que Jesus Cristo era o único Deus. Todos os ídolos do templo começaram a estremecer, e caíram ao chão em cacos. Com isso, ainda mais pagãos declamaram Cristo como Deus.
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