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Xenofonte de Constantinopla

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== Vida ==
Xenofonte, sua esposa Maria e seus filhos Arcádio e João eram uma nobre família cristã de Constantinopla durante a era do santo Imperador Justiniano, o Grande (527–565). Apesar de suas riquezas e renomes, se distinguiam por sua simplicidade de alma, bondade de coração e observância aos mandamentos divinos, e dessa maneira criaram seus filhos no temor a Deus. Desejando dar a seus filhos uma educação secular mais completa, seus pais os enviaram para a cidade de Beirute na Fenícia(atual Líbano), conhecida por suas escolas.
Depois de um tempo, Xenofonte ficou gravemente enfermo. Acreditando que seu esposo poderia estar em seus últimos dias, Maria escreveu aos seus filhos em Beirute para que voltassem a Constantinopla para receberem uma última bênção de seu pai e estarem presentes em seu funeral. Ambos apressaram-se de volta a Constantinopla, e Xenofonte alegrou-se tanto com sua presença que sua condição melhorou. O pai mandou-os sentar junto à cama e disse-lhes:
: “Ó generoso Mestre, Criador de todas as coisas, não desprezes aqueles a quem Tu moldaste do pó! Permanecei conosco e não Te esqueças das boas ações de nossos pais. Não deixes que morramos na flor da juventude; não permitas que o abismo engula nosso barco; não Te esqueças da Tua misericórdia, mas olha do alto da Tua glória e vê a nossa angústia. Ouvi nossos gemidos e gritos, porque, com coração contrito e um espírito humilde, rogamos a Ti. Estende a Tua Mão destra todo-poderosa e livra-nos das portas da morte, trata-nos segundo a Tua abundante compaixão!<!-- Livra-nos por amor da Tua misericórdia, porque nem os mortos hão de Te louvar, nem os que descem ao Hades, mas nós, os vivos, glorificaremos Teu temido Nome.-->”
 
Como a tempestade estava se tornando cada vez mais violenta e a embarcação estava em perigo iminente de afundar, os tripulantes entraram no bote salva-vidas e fugiram, deixando todos no navio. João e Arcádio, prevendo a morte, exclamaram a seus pais, como se eles estivessem presentes: “Que vós desfruteis sempre de uma boa saúde, queridos pai e mãe! Não tornareis a ver-nos, nem nós hemos de vos ver; nunca mais desfrutaremos juntos dos prazeres do lar!” Então, um disse ao outro:
 
: “Ai, amado irmão; ai, luz dos meus olhos! Como é difícil a separação! De que nos serviram as orações de nossos pais, as esmolas aos pobres, a generosidade e o respeito aos monges? Alguma de suas orações por nós chegou a Deus? Se sim, ficaram impotentes, ineficazes pelos nossos muitos pecados, pelos quais não somos dignos de permanecer vivos. Ai de nós! Há pouco tempo lamentávamos a morte de nosso pai; agora seremos nós a causa de lamento a eles. Ó pai, foste solícito para que recebêssemos uma boa educação e levássemos uma vida virtuosa, mas nunca verás sequer os nossos corpos! Ó mãe, esperavas que nos casássemos e nos preparássemos às núpcias, mas jamais verás sequer nossos túmulos! Quão difícil é para os pais testemunharem a morte e o sepultamento da sua prole, e muito mais para os nossos, que perderão seus filhos sem deixarem rastros nem história do seu fim! Tínhamos a esperança de vos pôr a descansar na velhice, mas somos indignos de sermos enterrados por vós. Salva-te, meu irmão, e perdoa-me!”
 
Tendo dado um último abraço e beijo, clamaram mais uma vez a Deus: “Ó Rei e Mestre de todos, uma morte cruel nos espera! Se nossas vidas hão de se terminar nas profundezas, pelo menos não nos separes. Que uma só onda nos cubra, e que as entranhas de um monstro do mar sejam o nosso túmulo comum.” E, aos escravos que os acompanhavam: “Salvai-vos, bons irmãos e amigos, e perdoai-nos!”
 
Depois disso, o navio naufragou, salvos tendo agarrado nas tábuas no navio, cada um chegou em terra em lugares diferentes: Arcádio em Tetrapírgia na Ásia (atual Antália na Turquia), João em Malmefetânia (lugar desconhecido) e os escravos em Tiro, na Fenícia. Cada irmão pensou que o outro havia se afogado, e sofreram mais pela perda do que se regozijaram com sua própria libertação. João, chegando em terra, perguntou-se:
 
: “E agora? Não posso aparecer nu numa cidade. É melhor que eu encontre um mosteiro onde seus piedosos ascetas trabalham na pobreza e na obscuridade para Deus, meu salvador. De que servem as riquezas deste mundo? Talvez o Senhor não nos tenha ouvido quando orávamos no barco pois nossos pais tinham planos para casarmos e herdarmos grandes riquezas e bens. Teríamos perecido com a vaidade do mundo da mesma forma que pereceríamos com o mar. Sabendo o que é bom para nós, o onipotente Deus que tudo vê apartou a tempestade de nós. Não podemos prever o futuro, mas nosso divino Benfeitor faz e ordena os eventos sempre tendo em vista nossa salvação.”
As ondas separaram os irmãos e os trouxeram a terras diferentes. Afligidos pela separação, os irmãos dedicaram-se a Deus e tornaram-se monges. Por muito tempo seus pais não tiveram notícias de seus filhos, e presumiram que estivessem mortos.
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