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Quarenta mártires de Sebaste

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Sete dias depois, o renomado jurista Lício chegou a Sebaste para levar os soldados cristãos ao tribunal, e eles se mostravam tão corajosos diante do martírio como se mostravam anteriormente no campo de batalha. Lício condenou-os ao apedrejamento, mas cada pedra que os torturadores atiravam voltava na direção deles, acertando-os. Uma pedra acabou indo em direção ao comandante, e quebrou-lhe os dentes. Isso convenceu os carrascos que os soldados eram protegidos por alguma força invisível, e desistiram de lançar pedras.
No dia seguinte, a tortura aos mártires recomeçou, mas eles se mostravam mais irredutíveis e convictos que antes. Procurando quebrar a vontade dos soldados, o Lício aproveitou o rigoroso inverno armênio e levou-os às margens de um lago congelado, próximo à cidade. Então, ordenou que se construísse uma banheira e pusesse-se lenha debaixo dela para manter a água quente, a fim de torturar-lhes os sentidos. Todos Após quebrarem uma parte do gelo, todos foram jogados ao lago friocongelado, e lá ficariam até morrerem ou renunciarem a Cristo e entrarem na banheira quente, renunciando assim a Cristo. Todos permaneceram com o corpo debaixo d’água congelante durante todo o dia, mas, assim que veio a noite, um dos soldados não resistiu a isso, saiu do lago , renunciou a Cristo e entrou na banheira. Imediatamente caiu morto. Os demais permaneceram inabaláveise, e durante a noite , uma luz divina miraculosamente milagrosamente tornou o gelo em que foram colocados quente e agradável.
=== Conversão de Aglaio ===
Um dos militares pagãos que vigiava os soldados cristãos viu o que acontecia e percebeu a luz e várias coroas radiando em cima da cabeça de cada um deles, mas não na do que acabara de morrer. O militar Aglaio, que testemunhava o milagre, contou trinta e nove coroas, o que indicavam indicava que o soldado que adentrara o banho havia perdido a sua. Convencido da verdade da Fé dos cristãos, acordou os demais guardas, retirou seu uniforme e se declarou cristão. Com isso juntou-se aos mártires na água congelada, rogando ao Senhor para que lhe apagasse seus pecados e na busca pela coroa da imortalidade.
Pela manhã, os torturadores e outros curiosos se espantaram ao ver que os mártires ainda se encontrassem vivos — embora com a aparência de mortos por congelamento — e que Aglaio estivesse a glorificar a Cristo junto deles. Retiraram-nos então da água e foram-lhes quebrar as pernas, como faziam com os crucificados. Entretanto, um deles, chamado Melitão, ainda possuía uma aparência muito viva, e o jurista decidiu fazê-lo “vencedor” para tentá-lo a oferecer sacrifício aos ídolos e retornar ao exército com mais honrarias ainda. Todos os trinta e nove, então, em 9 de março de 320, na era de São Gregório, Patriarca da Armênia (288–325), tiveram suas pernas quebradas e entregaram suas almas ao Senhor, recebendo nos Céus as coroas do martírio.
Sua piedosa mãe, temendo que seu jovem filho, por amor à vida, cedesse ao medo e fosse considerado indigno da coroa de Cristo, estendeu suas mãos ao filho e clamou: “Ó doce filho meu e do Pai Celestial, aguenta só mais um pouco, e te tornarás uma perfeita testemunha de Cristo! Não temas os tormentos, ó meu filho, pois eis que Deus está conosco como um amparo invisível. Suporta só mais um pouco, ó minha criança, e não verás mais tristeza nem dor… Todos os tormentos passarão, e tua bravura terá conquistado o mundo. Tu receberás a alegria, o descanso, o deleite e tudo o que há mais de bom, reinando junto de Cristo e sendo um intercessor para Ele em meu nome, tua piedosa mãe!”
Em seguida, os carrascos começaram a jogar jogaram seus corpos em um carro, todos amontoados. Quando começaram puseram-se a movê-lo para um lugar onde pudessem incendiá-los, a corajosa mãe teve misericórdia para com o seu filho e, esquecendo os afetos da maternidade, levantou-o sobre os seus próprios ombros e correu o máximo que podia em direção à carroça, para que ele não fosse esquecido por Deus. Eis que o Senhor viu a determinação de Sua serva, e fez com que seu filho não resistisse à hipotermia, entregando sua alma em seus ombros.
Quando chegou ao lugar onde os corpos dos outros trinta e nove estavam à espera do fogo, percebeu que seu filho havia se rendido ao Senhor, e deu graças a Deus por Sua grande misericórdiaMisericórdia. Então, os carrascos fizeram uma grande fogueira, e todos os quarenta corpos foram consumidos. Seus restoscarbonizados, depois, foram atirados novamente às águas para que os cristãos não mais os encontrassem. Entretanto, três dias depois, o bispo de Sebaste foi avisado alguns cristãos foram avisados em um sonho onde se encontravam estavam os restos mortais dos mártires , e, com a ajuda de outros cristãos, encontraram-nos brilhando na superfície da água. Então, reverentemente deram-lhes um sepultamento digno.
=== Paixão de Severiano ===
[[Imagem:Severian of Sebaste.jpg|miniatura|São Severiano.]]
Depois de alguns meses, Lício decidiu ir atrás do homem santo que havia inflamado nos corações dos quarenta o desejo pelo martírio, Severiano. Deus mostrou-lhe um sinal de que estavam em sua procura, e Severiano apresentou-se por conta própria ao jurista, antes mesmo que os soldados voltassem da busca sem tê-lo encontrado. Perante Lício e todos, Severiano confessou a Cristo como Deus e falou sobre seu Senhor sem deixar-se abalar. O jurista, então, ordenou que ele fosse chicoteado , mas, a cada chibatada, mais o santo falava sobre Cristo, e sua sabedoria persuadia os que lá estavam à Fé.
Furioso, Lício ordenou que Severiano fosse suspenso numa estaca de madeira, e os torturadores começaram a rasgar seu corpo com garras de ferro. O confessor suportou pacientemente toda a tortura e, quando suas entranhas já estavam visíveise o chão já banhado de seu sangue, Lício mandou-o à prisão. Lá, Severiano passou cinco dias exortando as pessoas a darem suas vidas por Cristo, e muitos cristãos adentravam o cárcere buscando seus conselhos.
Severiano foi novamente levado em julgamento, e mais uma vez repreendeu o jurista com suas sábias palavras. Então, Lício ordenou que sua boca fosse apedrejada, para que não pudesse mais falar de Cristo, e foi pendurado na estaca para que dilacerassem seu corpo ainda mais com garras de ferro. Em seguida, levaram-no às muralhas da cidade, amarraram duas pesadas pedras em seus pés e pescoço e uma corda em seu torso e penduraram-no na muralha. Foi assim que São Severiano gloriosamente entregou sua alma ao Senhor, em 9 de setembro de 320.
Quando os cristãos estavam trazendo suas relíquias de volta a Sebaste, havia pouco tempo que um dos servos de São Severiano havia falecido. A viúva ainda estava se lamentando amargamente sobre o corpo de seu esposo, e não tinha forças para ir venerar as relíquias do mártir. Voltando-se para ele, dizia como se ele estivesse vivo: “Levanta-te, ó meu esposo, levanta-te e saiamos para dar as boas-vindas ao nosso amado mestre, pois suas santas relíquias então estão para chegar!” Depois de mais algumas exortações, o morto milagrosamente voltou à vida. Atirando seu sudário ao chão, imediatamente o homem correu em direção às relíquias de seu amo, para a maravilha de todos os que estavam no velório. Depois disso, o homem viveu por mais quinze anos.
== Pós-vida ==
[[Imagem:Xeropotamou Monastery.jpg|miniatura|Mosteiro de Xiropotamo, consagrado aos Santos Quarenta.]]
Os santos mártires foram grandiosamente honrados nas terras armênias e capadócias, com diversas igrejas consagradas a eles. Foi numa igreja dedicada a eles em uma delas na Capadócia que [[Gregório de Nissa|São Gregório de Nissa]] caiu no sono, e foi despertado após ser espancado pelos quarenta, que censuraram-no pela sua preguiça e foram indispensáveis em seu caminho para a santidade. Tanto ele como São Basílio, seu irmão, sempre mencionavam os feitos dos quarenta mártires em suas homilias, e era a eles que aconselhavam aos capadócios e armênios que pedissem por suas intercessões durante as aflições.
Nessa mesma época, a heresia macedoniana, que negava a divindade do Espírito Santo, estava tomando conta da Anatólia, e a família da diaconisa Eusébia, responsável por tomar conta das relíquias, cedeu à heresia. Quando Eusébia já estava idosa, confiou sua casa na área campestre de Constantinopla aos monges de um mosteiro macedônio próximo, e pediu que fosse enterrada lá, com as relíquias dos santos mártires. Eles concordaram, e ambos chegaram a um acordo que isso não seria informado a ninguém, mas uma catacumba seria secretamente aberta abaixo de sua casa para que os monges pudessem devidamente venerar as relíquias.
Pouco tempo depois, o aristocrata César, cônsul e prefeito, perdeu sua esposa, e teve permissão para enterrá-la ao lado do túmulo de Eusébia, pois ambas eram próximas uma da outra. Ele, entretanto, não era conhecido de Eusébia, e não poderia ser enterrado lá quando morresse. Por isso, César cogitou comprar aquela terra para si, e vendo que os monges não mais faziam peregrinações ao local, ordenou a demolição da casa e o aplainamento da terra. Em seguida, uma grande igreja foi construída no local em honra a São Tirso da Bitínia, martirizado durante a Perseguição de Décio (249–251). Suas relíquias também foram trazidas à igreja.
Quando São Gaudêncio, Bispo de Bréscia na Lombardia (387–410), havia partido da Itália rumo à Terra Santa, estava peregrinando pela Anatólia, e duas monjas, sobrinhas de São Basílio, encontraram-se com ele. Elas lhe presentearam com um fragmento das relíquias dos santos, e pediram que fossem guardadas em Jerusalém. Quando chegou à Palestina, São Gaudêncio construiu uma capela em honra aos santos na Igreja do Santo Sepulcro, onde atualmente estão as fundações da torre de sinos. Alguns dos patriarcas de Jerusalém foram enterrados nessa capela, existente até hoje.
Depois de décadas, na era do santo Imperador Teodósio II (402–450), sua irmã, a santa e futura Imperatriz Pulquéria (450–453), sonhou três vezes com São Tirso, revelando que os quarenta santos estavam debaixo da terra e ordenando que deviam ser trazidos ao lado de suas relíquias, para que ele e os quarenta pudessem ser honrados juntos. Em seguida, os quarenta apareceram em outro sonho a ela, confirmando as aparições anteriores, e Santa Pulquéria consultou todo o clero procurando pelas relíquias. Entretanto, nem mesmo os anciãos sabiam que fim haviam dado a elas e aonde haviam sido escondidas.
Quando tudo parecia perdido, Policrônio, um velho presbítero sacerdote que havia sido servo na casa do aristocrata César em sua juventude, foi lembrado por Deus que aquele local havia sido habitado no passado pelos monges macedonianos. Então, o presbítero sacerdote pôs-se a ir atrás do mosteiro em questão para indagar os monges quanto à localização. Todos os monges da época já haviam morrido, com a exceção de um, que havia sido preservado por Deus justamente para esse fim. O monge, como havia prometido a Eusébia, foi relutante, mas disse tudo o que lembrava quando soube que os santos haviam aparecido perante a própria imperatriz.
O monge revelou que ainda era um noviço quando era levado à catacumba pelos anciãos para venerar as relíquias dos santos mártires, mas que não soube o que aconteceu após a demolição da casa. Então, Policrônio lembrou-se que estava presente no enterro da esposa de César, e que seu túmulo havia ficado debaixo do futuro púlpito da Igreja de São Tirso. Como ambas as mulheres haviam sido íntimas amigas, o túmulo de Eusébia junto das relíquias deveria estar também abaixo do púlpito. Policrônio voltou à cidade para informar a imperatriz.
Quando abriram o túmulo, ao lado do corpo de Eusébia estavam dois baús menores com as relíquias, trancados com ferro fundido. Assim que os ferreiros puderam abri-lo, uma doce fragrância pôde ser sentida por toda a igreja. A imperatriz deu graças a Deus por tê-la considerado digna de tamanho feito, e realocou as relíquias num túmulo mais ornamentado ainda, ao lado do de São Tirso. Em seguida, uma grande procissão acompanhada de salmos foi feita em Constantinopla.
Santa Pulquéria ordenou também a construção de um mosteiro em honra aos quarenta no litoral central da Montanha Sagrada, fazendo desse um dos mais antigos (senão o mais antigo) mosteiros da península da [[Mãe de Deus]]. Quando o asceta Procópio chegou ao Monte Atos no século X, encontrou as ruínas do mosteiro construído cerca de quinhentos anos antes e fundou o Santo Mosteiro de Xiropotamo, consagrando-o também aos santos. Procópio foi glorificado como “São Paulo de Xiropotamo” após seu repouso. Atualmente, o Mosteiro de Xiropotamo é um dos vinte mosteiros do Monte Atos, e guarda algumas relíquias dos santos desde a era de Santa Pulquéria, inclusive o maior fragmento da Santa e Vivificante Cruz. Desde sua fundação no século X, um milagre ocorria anualmente no mosteiro durante a Festa dos Santos Quarenta. Para o deslumbramento de todos os monges e peregrinos, exatamente quarenta cogumelos com quarenta raízes nasciam ao redor do altar todo dia nono do mês de março.
No século XIII, após o Grande Cisma, quando São José I, Patriarca de Constantinopla (1266–1283), foi exilado pelo ímpio Imperador Miguel VIII (1261–1282) e a Sé de Constantinopla caiu nas mãos dos latinos, os cruzados invadiram a Montanha Santa e torturaram e assassinaram os santos monges de Zografo, Iverão e Vatopedi. Assim que invadiram Xiropotamo, seus monges concelebraram a Divina Liturgia e comungaram junto dos heréticos. A ira da Mãe de Deus imediatamente caiu sobre o mosteiro, e um grande terremoto destruiu imediatamente a Igreja dos Santos Quarenta e as celas dos monges. Um imenso temor caiu sobre os latinos, que fugiram rapidamente da península, poupando as vidas dos monges dos outros mosteiros. Desde então, o milagre dos quarenta cogumelos nunca mais ocorreu em Xiropotamo.
=== Igreja dos Santos Quarenta em Constantinopla ===
A igreja havia sido construída próxima ao Tetrápilo de Bronze, uma estrutura triunfal de quatro colunas que representava o marco zero do Império Romano, e a presença do imperador mesmo em sua ausência. Embora não se tenha mais conhecimento da forma dos tetrápilos de Constantinopla, infere-se que eles tenham sido iguais — ou maiores — que os outros tetrápilos em Roma, Alexandria e Antioquia. O Arco do Triunfo, na França, é um exemplo de tetrápilo, embora tenha sido construído no século XIX.
Os tetrápilos de Constantinopla situavam-se ao longo da rua principal da cidade, denominada Mese, que ligava a Porta Áurea à Porta de Bronze, sendo essas as entradas para a cidade e para o palácio, respectivamente. A entrada triunfal de um imperador à Rainha das Cidades era feita seguindo essa esse caminho, adornado de monumentos honoríficos, dos quais a Igreja dos Santos Quarenta fazia parte. Quando o mesmo passava pelos tetrápilos, ele simbolicamente transformava-se numa pessoa divina.
Haviam ao menos três tetrápilos ao longo da Mese: um sobre o Milião, construído por São Constantino para demarcar a inauguração da Nova Roma, um próximo ao Bairro do Sigma, denominado Tetrápilo Áureo, e um entre os fóruns de Constantino e Teodósio, denominado Tetrápilo de Bronze. Esse último abrigava as relíquias dos quarenta mártires, santificando a estrutura e o autocrata. No início do século XV, antes da Queda de Roma em 1453, o tetrápilo foi destruído, e as relíquias foram protegidas na Igreja de Santa Sofia até o fim.
== Hinos ==
''(A São Severiano, em tradução livre)''
: Tu resplandeceste como um nobre mártir, /
: ó São Severiano, o atleta de Cristo. /
: Brilhantemente adornado com Suas feridas, /
: tu te tornaste a glória dos vitoriosos. /
: E assim, clamamos a ti, ó santo mártir: /
: intercede para que nossas almas sejam salvas!
=== Louvor ===
''(Por São Nicolau, Bispo de Ócrida, em tradução livre)''
: Os mártires, no lago, acorrentados pelo geloacorrentados, /: aderindo aderiam firmemente à Fé e por ela eram iluminados, . /: clamaram esperançosamente ao Ao seu amado Deus: “Vivifica-nos!” clamavam com esperança, /: “Tu, Àquele que o mundo maravilhaste pela Ressurreição, /trouxe a Nova Aliança.: “pelo Teu fantástico sacrifício — vivifica-nos Tu! /: “As “Te glorificam até as alturas do Firmamento e toda a criação Te glorificam, ó Criador; /: “abismo“Te glorificam o gelo, o fogo, granizo, a neve, gelo e o calor Te glorificam! /: “Tu viestes vieste em socorro ao grande Moisés, servo Teuo hebreu, /: “a Josué, filho de Num, e, depois dele, a Elias, /servo Teu. : “ordenando “A eles ordenaste a natureza a se acalmar e as águas a se dividirempartirem. /: “Socorre , então , Teus fiéis, como até agora nos fizeste, /
: “e não permitas que mais forte que o homem o gelo seja, /
: “para que nós, os quarenta, sujeitos ao fujamos do escárnio não sejamosque nos almeja. / 
: “Tu podes, se Tu quiseres, pois Tu governas sobre todos; /
: “Tu podes, se Tu quiseres, transformar gelo em calor, e calor em gelo. /
: “Por Teu Nome Ti, ó Altíssimo, a geada como furiosa besta nos consome, /: “ajuda-nos Tu, então, para que glorificado seja o Teu Nome do Altíssimo!” / : Os mártires, no lago, acorrentados pelo geloacorrentados, /: aquecidos foram pela contemplavam Sua luz celestial de Deuse por ela eram alentados. /: Gloriosamente sucumbiram os quarenta ao martírio sucumbiram, /: para o terror, horror humilhação e vergonha dos incrédulosímpios.
== Referências ==
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