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Jorge, o Vitorioso

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O '''Santo Megalomártir Jorge, o Vitorioso''' (séc. IV), é um dos mais venerados santos taumaturgos da Igreja, responsável pela conversão da esposa do imperador mais tirânico da história do Império Romano. Seu incrível e único relato de vida corresponde ao maior artigo desta enciclopédia. São Jorge é comemorado juntamente com as milhares de testemunhas de sua gloriosa vida, entre as quais conhecemos '''Policrônia, Gerôncio, Atanásio, Anatólio, Protoleão, Escolástica e Glicério''', no dia [[23 de abril]] (se a Grande Páscoa ainda não tiver ocorrido, a comemoração é postergada para a Segunda-Feira Luminosa).
A '''A Mais Ortodoxa Santa Imperatriz e Mártir Alexandra , Imperatriz de Roma''' é comemorada em [[21 de abril]], quando foi martirizada juntamente com os santos mártires '''Isaque, Apolo e Quadrado'''. As santas testemunhas '''Vitor, Zótico, Zenão, Acindino, Severiano, Cesário, Cristóvão, Teonas e Antonino''' foram martirizadas no dia anterior, em [[20 de abril]]. '''Eusébio, Neão, Leôncio, Longino, Danabo, Demétrio, Nestabo e Cristóvão''' tiveram o mesmo glorioso fim, em [[24 de abril]]. '''Santa Vitória''' também creu em Cristo pelos milagres do grande mártir, e recebeu sua coroa em [[25 de abril]].
O calendário eclesiástico também celebra a consagração da Igreja de São Jorge em Quieve Kiev no dia [[26 de novembro]] e da Igreja de São Jorge em Constantinopla no dia [[24 de abril]]. Além dessa data, a Igreja honra o santo nos dias [[8 de julho]] pela Sinaxe de Todos os Santos Militares, em [[3 de novembro]] pela transladação de suas relíquias e em [[10 de novembro]] pelo início de suas torturas. São Jorge também é padroeiro de toda a Geórgia e da Montanha Santa (atrás da [[Mãe de Deus]]).
== Vida ==
Diocleciano amava Jorge como se fosse um irmão, e considerava que não havia nenhum soldado tão bravo e essencial como o tribuno. Mesmo sendo tentado pelas lisonjas e promessas do tirano imperador, o santo tribuno não se deixou levar pelas persuasões e rejeitou-as, preferindo as ameaças que o foram dirigidas caso negasse oferecer sacrifícios. O imperador, então, ordenou que Jorge fosse torturado. Os carrascos chicotearam-no até suas entranhas estarem visíveis, e aspergiram sal sobre elas. Escoriaram ainda o seu corpo com pelos ásperos até que seu sangue começasse a jorrar como água. Em todos esses sofrimentos, o confessor suportou-os pacientemente. Naquela noite, o Senhor apareceu perante Jorge no cárcere e disse:
: “Sê forte e anima-te, Meu amado Jorge, pois eis que fortalecer-te-ei para suportar a todos esses sofrimentos. Juro, por Mim mesmo e por todos os Meus anjos, que dentre os nascidos das mulheres ninguém se manifestou maior que João, o Batista, e que depois de ti ninguém manifestar-se manifestará semelhante a ti. Porque eis que te constituí senhor sobre os setenta homens que consentiram em iniciar a perseguição do Meu povo, e tudo o que lhes disseres lhes acontecerá. Três vezes morrerás e Eu te ressuscitarei, mas, após a quarta, Eu mesmo virei sobre uma nuvem e te levarei ao lugar seguro que preparei para a tua santa morada. Sê forte e não temas, porque Eu estou contigo.”
=== A mãe e o mago ===
Era noite, e o imperador e seus servos estavam a jantar. Encontrando-os, gritou: “Sabeis quem vos fala? Sou eu, Jorge, a quem matastes ontem porque desprezastes o meu Deus que podia destruir-vos num instante!” Diocleciano não creditou-o, e disse a todos que era um impostor disfarçado, mas os santos tribunos Anatólio e Protoleão, que o conheciam há anos, exclamaram: “Em verdade, este é Jorge, ele ressuscitou dos mortos!” Todos concordaram, e mais de três mil soldados e cidadãos que conheciam Jorge, dos quais sabemos o nome de Vitor, Zótico, Zenão, Acindino e Severiano, passaram a crer em Cristo. No dia seguinte, todos foram levados à prisão.
Não se importando se aquele era ou não o tribuno ressuscitado, Diocleciano levou-o novamente em julgamento, e ordenou que ele fosse deitado e amarrado numa placa de ferro. Então, os carrascos queimaram seu corpo e boca com chumbo derretido, e lançaram uma enorme pedra ao alto, que quebrou os ossos do confessor ao atingi-lo. Em seguida, penduraram-no de cabeça para baixo, ataram-no uma pedra pesada ao pescoço e acenderam uma grande fogueira debaixo dele. O mártir suportou a essas e outras torturas em silêncio. Novamente lançado à prisão, São Jorge possuía cada vez mais uma aparência angelical, e naquela mesma noite foi novamente visitado pelo Senhor que, curando-o, disse:
: “Sê paciente, ó Meu escolhido Jorge, tem bom ânimo e não te desanimes, pois Eu estou contigo. Haverá grande alegria nos Céus por tua causa e por causa de tua vitória. Eis que já morreste uma vez e Eu te ressuscitei; ainda hás de morrer mais duas, e Eu te ressuscitarei. Mas, após a quarta, Eu mesmo virei sobre as nuvens e te levarei ao lugar seguro que preparei para ti. Sou Eu que dou forças ao teu santo corpo, e Eu que te farei repousar com Abraão, Isaque e Jacó. Não entristeças teu coração, pois Eu estou contigo. Teu martírio será consumado diante desses setenta homens, e de Mim testificarás diante deles. Durante sete anos serás torturado por amor de Mim, mas anima-te, não entristeças teu coração.”
O valente mártir tornou a voltar para a cidade, e ainda mais testemunhas de seu segundo martírio viam-no e passavam a crer em Jesus Cristo. De repente, uma mulher de nome Escolástica gritou a São Jorge: “Ó meu senhor, meu filho estava a pôr o jugo em nosso boi quando esse caiu e morreu! Ó meu senhor, ajuda a minha pobreza, sei que tu podes ajudar-me através de Deus!” O tribuno deu-lhe o cajado que estava em suas mãos e pediu que ela recitasse essas palavras quando chegasse ao boi: “Assim diz Jorge em nome de Jesus Cristo: levanta-te!” A mulher fez como ele havia dito, e o sopro da vida adentrou o animal, que ergueu-se perante toda a multidão que a havia acompanhado. A mulher, o fazendeiro Glicério e toda a multidão glorificaram a Deus, dizendo: “Bem-aventurada a hora em que entraste nesta cidade! Tu és em verdade um profeta, e Deus visitou o Seu povo!” Em seguida, todos foram presos.
São Jorge foi com eles, e após passar alguns meses no cárcere, voltou a ser interrogado. Os interrogadores desafiaram-no: “Há aqui perto alguns túmulos de centenas de anos. Juramos por todos os nossos deuses que creremos no teu deus e tornar-nos-emos como ti se tuas orações fizerem esses ossos tornarem à vida.” De fato, nem mais ossos haviam lá dentro, mas somente o pó deles. Ao lado do sepulcro, o tribuno orou durante o espaço de uma hora. Assim que finalizou sua prece oração com um “Amém”, a terra tremeu, e alguns clarões começaram a aparecer de dentro do sepulcro (assim como durante a cerimônia do Fogo Santo no Santo Sepulcro).
Assim que notaram algo acontecendo dentro do jazigo, as pessoas que lá estavam reabriram sua porta, e eis que cinco homens, nove mulheres e três crianças saíram de lá, caindo aos pés do santo. Os que assistiam ao milagre perguntaram espantados a um dos homens quem ele era, e o ressuscitado, venerando São Jorge, os respondeu que havia vivido antes da vinda de Cristo, e sua ilusão que o levou a adorar os ídolos havia-o feito queimar sem misericórdia nos rios do inferno por todos esses anos, até seu espírito ter sido reunido ao corpo através das orações de São Jorge.
No início de 303, Diocleciano desceu à Cária para consultar Apolo. Diocleciano estava sendo pressionado pelo também Imperador Galério (293–311) a decretar o extermínio dos cristãos, mas necessitava dos conselhos de seu deus. O oráculo respondeu que os ímpios haviam impedido a capacidade de Apolo de dar conselhos, e o imperador entendeu de que “ímpios” o oráculo falava. Assim, em 24 de fevereiro de 303, Diocleciano, Maximiano, Galério e Constâncio deram início à Grande Perseguição.
Tendo passado vários meses no cárcere, Diocleciano tornou a convocar o mártir São Jorge foi novamente convocado ao tribunalpor Diocleciano. Até então, já haviam se passado sete anos desde o começo de suas torturas, e todos esses meses no cárcere serviram para que o mártir estabelecesse uma plena comunhão com Deus, orando incessantemente e recebendo cada vez mais da Sabedoria de Deus. Diocleciano fez um último apelo, incluindo prometê-lo o cargo de Maximiano caso o fizesse: “Ó Jorge, juro pelo sol, pela lua e por todos os deuses que benevolentemente tratar-te-ei como meu filho amado, e dar-te-ei tudo o que pedires; só me toma por pai e adora os deuses comigo.”
São Jorge, conhecendo a astúcia do imperador, disse: “Tuas palavras são admiráveis, e me fazem perguntar — tenho estado sob teu poder até hoje, por que não as disseste antes? Eis que durante sete anos me torturaste e três vezes me mataste, e mesmo assim nunca ouvi tais palavras. Não sabes tu, ó imperador, que a raça dos cristãos ama a vitória e luta contra aqueles que a rejeitam? Agora me alegro de poder agradar a tua força, e oferecerei sacrifício ao teu grande deus Apolo, a quem tu amas.”
Diocleciano não podia mais conter-se, e começou pôs-se a beijar a cabeça de São Jorge. Ele resistiu, dizendo que não era costume saudar-se antes de adorar os deuses, e pediu que pudesse voltar à prisão até o dia seguinte. Diocleciano respondeu-o: “Longe de mim punir-te daqui em diante! Perdoa-me por todos os sofrimentos que te infligi, pois te os causei em ignorância. Aceita-me como teu pai, e te levarei ao meu palácio, onde a imperatriz descansa em seu quarto.” Levando-o ao quarto, Diocleciano deixou-os a só e foi dormir, pois já era noite.
De joelhos, o santo começou a orar, dizendo: “Ó DeusSenhor, meu DeusSenhor, não há deus algum semelhante a Ti, e Tu és o Deus que fazes maravilhas. Por que esse povo inventa para si coisas vãs e clamam a elas? Todos esses setenta homens reuniram-se contra Deus e contra o Seu Cristo…” Alexandra, Imperatriz de Roma (284–303), ouvia atentamente a oração e interrompeu-o: “Ó Jorge, meu amo, ouço-te com atenção e gosto das tuas palavras… Quem são estes que clamam? Quem são estes que imaginam coisas vãs e quem é Cristo? Ensina-me para que eu possa conhecê-lo!”
: “Se tu desejas conhecer a Cristo e Sua Palavra, ó Imperatriz Alexandra, ouve-me. Quando Deus criou os Céus e a terra, Ele tomou um torrão de terra e fez um homem em Sua semelhança, e da terra fê-lo ter carne. Em seguida, criou seus músculos, sua pele e todo o resto: olhos, língua, garganta, mãos… Nosso Senhor Jesus Cristo tomou sobre Si a carne da santíssima Virgem Maria e Se fez homem. Ele é o Deus que me ressuscitou dentre os mortos, e foi pelo Santo Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo que eu suportei esses sofrimentos. Por amor de Adão, ó imperatriz, Deus fez os céus e criou o sol, a lua, as estrelas e todo o resto. Os idólatras que hoje estão no mundo adoram coisas abomináveis a Deus, pois servem ídolos sem alma e formados pelas mãos do homem. Assim, eles acabam desprezando a Deus, o criador do universo.” — “Então são esses deuses demônios? Como é que o Filho de Deus veio ao mundo?” — “Sim, eles são demônios. O Profeta Davi dizia coisas como ‘Tu que estás sentado sobre os querubins, aparece, mostra a Tua Força e vem em nosso auxílio’ e ‘Ele descerá como a chuva sobre a relva’, ou seja, sobre a bendita Virgem Maria. O Profeta Habacuque clamava, dizendo ‘Senhor, eu ouvi a vossa Tua mensagem e enchi-me de temor diante de vossa Tua obra’, pois sabia que o Cristo viria a esse mundo, e O temia. Ele sabia que era Deus quem Se tornaria homem, para que a salvação fosse nossa e para que Ele nos livrasse das mãos do diabo, o inimigo de toda a verdade, que desvia esses setenta homens.”
A imperatriz foi vencida pelo discurso do santo, e disse: “Em verdade falas bem, e convenceste-me de que Cristo é o Deus do universo. Agora peço-te que ores por mim, para que todos os artifícios e artimanhas dos demônios e dos ídolos possam fugir imediatamente de mim!” São Jorge explicou que nenhum demônio poderia se aproximar dela se cresse em Jesus Cristo, mas ela resistia: “Ó Jorge, meu mestre, eu creio, mas tenho medo de meu esposo, que devora inocentes como um animal selvagem… Mantém esse assunto em segredo, não contes a ninguém até que minha coroa, a coroa do martírio, seja posta sobre minha cabeça no Reino de Cristo!” Nisso, a piedosa imperatriz pôs-se a dormir.
Diocleciano desconfiou, e disse: “Acabaram de me dizer que ele desceu ao abismo, e agora queres mandar-me vivo para lá também!” O tribuno, entretanto, desafiou-o: “Se Apolo era tamanho deus que confiaste até em teus dias de infortúnio, como então foi ele incapaz de se ajudar, sendo o primeiro dos ídolos a cair no abismo? Quando Deus vier para julgar os Céus e a terra, o que farás tu e esse a quem confias?” Com isso, São Jorge foi novamente mandado para sofrer na prisão.
=== O martírio e a prece oração ===
De volta ao palácio, o imperador confessou-se com Santa Alexandra pela destruição do grande ídolo de Apolo: “Sofro muito por causa da raça dos cristãos, e especialmente por esse galileu.” A imperatriz censurou-o: “Quantas vezes já disse que deixes os cristãos em paz? Pois o seu Deus é o verdadeiro, e Ele há de humilhar-te por teu orgulho!” Diocleciano não podia acreditar — até sua própria esposa estava sob o “feitiço” dos cristãos. Chorando “Ai de mim, Alexandra”, levou-a pelos cabelos até os outros sessenta e nove homens, contando o que havia acontecido. Eles foram unânimes: ela não poderia mais viver.
Depois de presa, Santa Alexandra foi sentenciada à lenta morte por hemorragia. Ela não relutou, e foi torturada em silêncio, olhando para o céu. Depois de um tempo, ela olhou para Jorge e disse, em dor: “Ora por mim enquanto sofro a tortura…” O santo consolou-a, e disse: “Aguenta só mais um pouco, ó minha rainha, e receberás tua coroa das mãos de nosso Senhor Jesus Cristo.” Depois de mais um tempo, tendo já banhado todo o chão com seu sangue, ela soltou um grito: “Ó meu Senhor Jesus Cristo, eis que mantive a porta de meu palácio aberta para Ti e não a fechei… Senhor, não feches contra mim a porta do Teu Paraíso!” A essas palavras, a santa Imperatriz Alexandra entregou sua alma, e recebeu a coroa incorruptível de Cristo na manhã de 21 de abril de 303, juntamente com Isaque, Apolo e Quadrado, seus servos que também creram no Deus de Jorge.
Dois dias após o ocorrido, São Jorge foi novamente condenado à morte, desta vez pela espada. Sabendo que essa seria a última vez que morreria, o corajoso mártir dirigiu-se por conta própria ao lugar onde seria decapitado. Teve ainda tempo de dizer aos soldados: “Irmãos, tende um pouco de paciência para que eu faça uma última preceoração.”
: “Ó meu Senhor Jesus Cristo, vejo aqui uma multidão que deseja levar meu corpo, mas meu corpo não será suficiente para o mundo inteiro. Rogo-Te que me concedas um favor, que o meu nome cure a todos os infligidos por espíritos impuros que a mim recorrerem. Ó Senhor, meu Deus, que todo aquele que estiver amedrontado quando chegar seu juízo possa sair em paz se recorrer ao meu nome. Escreve no Livro da Vida todo o nome que escrever sobre meu martírio e os sofrimentos pelos quais padeci. Se os céus negarem chuva à terra e os homens recorrerem a Ti através de mim, rogo que conceda-lhes a chuva. Ó Deus da verdade, por causa de cujo Nome sofri minhas dores, lembra-Te de todos os que, em meu nome, mostrarem a bondade aos pobres, e perdoa-lhes os pecados cometidos.”
Terminada sua preceoração, eis que viu o Senhor diante de si, dizendo: “Sobe agora ao Céu, e descansa na morada que te preparei no Reino do Pai. Ó excelente Jorge, cumprirei tudo o que pediste, e coisas maiores do que essas também.” Chamando os soldados, o grande mártir estendeu seu pescoço. Assim que o decapitaram, água e leite saíram junto de seu sangue. Um novo terremoto atingiu a cidade, e trovões e relâmpagos pairaram pelo ar. Assim, em 23 de abril de 303, Jorge, o grande e vitorioso mártir por Cristo, entrou para a vida eterna junto de seu Criador e Salvador, intercedendo incansavelmente a Deus pela segurança das nações e pela salvação de toda a humanidade, até o fim do mundo.
Nos dias seguintes ao seu martírio, aqueles que haviam sido presos por crerem em Deus através de seus milagres foram anunciados que receberiam a anistia caso oferecessem sacrifícios aos ídolos. Dos que não traíram a Cristo, conhecemos o nome dos santos Eusébio, Neão, Leôncio, Longino, Danabo, Demétrio, Nestabo e Cristóvão, os quais foram dilacerados no dia seguinte ao martírio, e de Santa Vitória, decapitada em 25 de abril.
Santa Nina da Geórgia era parenta de São Jorge, e trouxe sua veneração à Geórgia ainda no século IV. Por conta disso, a maior parte das igrejas georgianas são dedicadas ao santo, que também é considerado como o protetor da nação. Durante as Cruzadas, as relíquias de Santa Policrônia foram pilhadas pelos latinos e ou vendidas ou levadas ao Ocidente. A mão destra de São Jorge está no Mosteiro de Xenofonte, na Montanha Santa.
No tempo do Imperador Anastásio Anastácio I de Roma (491–518), um santuário foi construído para abrigar suas relíquias em Zorava, no sul da Síria. Essa catedral existe até a atualidade, e é uma das mais antigas da Síria. <small>([//www.google.com/maps/uv?pb=!1s0x0%3A0x221a89b930274186!2m0!1e0!2s&imagekey=!1e10!2sAF1QipNzBysnTMv9IVnuv1GepEky7Dz4xQKKk7sIcNC3 ver panorâmica])</small>
Já no outro lado do império, São Gregório, Bispo de Turono (573–594), já relatava a presença das relíquias do santo na Gália e a operação de milagres nos enfermos que as veneravam. Atualmente, é possível que elas estejam espalhadas por toda a França, especialmente em Cenomano, onde elas ficavam nos tempos de São Gregório.
Em 614, durante o Cerco de Jerusalém, uma força divina impediu que os soldados sassânidas pudessem adentrar a Igreja de São Jorge, e o próprio cavalo do comandante recusou-se dar um passo adiante. O comandante entendeu que, como havia conseguido invadir toda a fortificada cidade de Lida menos uma igreja centenária, Deus o havia permitido aquela invasão. O persa fez uma promessa caso Deus o permitisse retornar da guerra vivo e, na vitória persa, ordenou que a igreja fosse ornamentada da melhor maneira possível.
Certa vez, Santo Adomnano, Abade de Iona da Escócia (679–704), recebeu um peregrino que havia visitado a Terra Santa, e registrou sobre a existência da coluna milagrosa na qual São Jorge havia sido flagelado na igreja em Lida, pela qual operavam-se milagres. Outro manuscrito, escrito por um monge desconhecido de nome Epifânio no século VIII, atestou novamente a existência dessa coluna, que jorrava sangue durante três horas todo 23 de abril. Não somente a coluna, mas também a roda com lanças afiadas na base que feriu o santo também parece ter sido levada de Nicomédia a Lida, de acordo com o manuscrito.
Na era de São Zacarias, Papa de Roma (741–752), o mesmo misteriosamente encontrou o venerável crânio de São Jorge guardado a salvo numa urna (provavelmente no Oriente), com uma inscrição em grego sobre sua autenticidade. Tamanha foi sua felicidade, que o papa convocou toda a cidade de Roma numa procissão com hinos e cânticos até depositá-lo na milenar Igreja de São Jorge em Velabro, próxima ao Arco de Jano. Sua lança e seu estandarte também acabaram sendo levados para lá. Desde sua transladação à igreja, inúmeros milagres foram registrados por aqueles que veneravam o grande mártir. <small>([//www.google.com/maps/uv?pb=!1s0x0%3A0x491e76a7434134e3!15sCAESAggI&imagekey=!1e10!2sAF1QipOzV__w7pAs6o0Re1q876J4svKwRx1cNSE3jgrD ver panorâmica])</small>
O templo também possuía o epíteto de “Ciparíssia”, pois havia um enorme cipreste plantado ao lado da igreja. Pelo curso da história, dois incêndios destruíram completamente a igreja, incluindo a árvore. No século XIX, a igreja foi reconstruída e outro cipreste foi plantado. Por conta da falta de cristãos em Samátia, bairro onde a igreja está construída, a Divina Liturgia é realizada somente uma vez por ano, pelo próprio Patriarca de Constantinopla. Em 2018, a igreja ganhou uma bela reforma das paredes externas. <small>([https://www.google.com/maps/place/Samatya+Aya+Yorgi+Rum+Ortodoks+Kilisesi+Vakf%C4%B1/@41.0009059,28.9331168,3a,75y,111.13h,90.16t/data=!3m6!1e1!3m4!1s79NaarxVOpiDB1jI0JiaJA!2e0!7i16384!8i8192!4m5!3m4!1s0x14cabbc96cc94ef5:0x18799f37aa90964a!8m2!3d41!4d28 ver panorâmica])</small>
=== Igreja de São Jorge em Quieve Kiev ===[[Imagem:Church of St George in Kiev.jpg|miniatura|Igreja de São Jorge em Quieve Kiev antes de sua destruição.]]A veneração de São Jorge nas terras russas iniciou-se graças a São Jaroslau, o Sábio, Grão-Príncipe de Quieve Kiev (1019–1054), filho de [[Vladimir I de QuieveKiev|São Vladimir]]. Em 1030, São Jaroslau, que tinha por onomástico São Jorge, concluiu a construção do Mosteiro de São Jorge em Novogárdia, atual Patrimônio da Humanidade. <small>([//youtu.be/Z4bV5_yV4vw ver vídeo])</small> Em 1032, São Jaroslau consagrou a grande cidade que havia construído como Iurieve (''cidade de Iuri'', cujo nome é uma adaptação de Jorge). Depois da invasão lituana do século XIV, a cidade passou a ser conhecida como “Igreja Branca”, e na atualidade é uma das maiores cidades do entorno de QuieveKiev. <small>([[:commons:File:Bila Tserkva Montage.png|ver colagem]])</small>
Duas décadas depois, em 26 de novembro de 1051, São Jaroslau consagrou a Igreja de São Jorge em QuieveKiev, uma das maiores de todas as terras russas até então. O acontecimento foi tamanho que o santo Metropolita Hilarião de Quieve Kiev (1051–1055) adicionou esse dia ao calendário de festas da Igreja como o Dia de São Jorge no Outono, o qual é celebrado ainda hoje na Rússia (o dia 23 de abril é considerado como Dia de São Jorge na Primavera). Era nela em que se consagravam novos hierarcas para as terras russas, e também serviu de túmulo para a família real russa.
No século seguinte, o Grão-Príncipe Iuri I de Quieve Kiev (1149–1151, 1155–1157), que tinha por onomástico São Jorge, fundou a grande cidade de Moscou, consagrada ao santo por [[Constantino I de Kiev|São Constantino I, Arcebispo de Kiev]] (1155–1157), além de igrejas dedicadas ao santo. Até hoje, a bandeira de Moscou representa São Jorge vencendo o mal, representado pelo dragão. <small>([[:commons:File:Flag of Moscow, Russia.svg|ver brasão]])</small> A cidade de Iurieve-Polsco, também construída pelo grão-príncipe, abrigou a Catedral de São Jorge em Vladimir, existente até hoje. <small>([//www.google.com/maps/uv?pb=!1s0x0%3A0x67107a3173f03e62!15sCAQ&imagekey=!1e10!2sAF1QipPXnIGevYYVHGEzlDsRtpCeB0DHhehhKmpe6f6U ver panorâmica])</small> Diferente dela, a Igreja de São Jorge em Quieve Kiev não resistiu à invasão mongol na era do Metropolita José I (1237–1240) e foi destruída.
Em 1674, quando Quieve Kiev estava sob o jugo lituano, o Metropolita José V de Quieve Kiev (1663–1675) construiu uma pequena igreja de madeira sobre as ruínas, a qual foi reconstruída como um grande templo de pedra em estilo barroco pela Imperatriz Isabel da Rússia (1741–1762) em 1752, quando Quieve Kiev já fazia parte da Rússia. Antes de sua transferência para a Lavra das Cavernas, a igreja abrigou o túmulo do Príncipe Constantino da Valáquia (1802–1807), o qual lutou pela Independência da Grécia até ser derrotado pelos otomanos. Entre os reinados de Alexandre III (1881–1894) e São Nicolau II (1894–1917), algumas partes da igreja foram reformuladas no estilo neobizantino. Em 1934, a Igreja de São Jorge foi destruída pelos militantes ateístas.
== Hinos ==
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