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Constantino I de Kiev

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=== Arcebispado ===
[[Imagem:РНБ. F.IV.233. Л. 109.png|miniatura|Miniatura do séc. XVI mostrando a ordenação de São Constantino pelo Patriarca Constantino IV e o caminho de São Constantino e São Nifão a Quieve.]]A primeira ação de São Constantino I foi representar a Igreja da Rússia no Concílio de Blaquerna em 26 de janeiro de 1156, o qual anatemizou as crenças antitrinitárias de que o Sacrifício do Corpo e Sangue de [[Jesus Cristo]] havia sido oferecido somente ao Pai, mas não também para Si mesmo e para o Espírito; e que Seu Sacrifício Eucarístico a cada Divina Liturgia era apenas simbólico, mas não o mesmo que o Seu na Cruz. Há de se notar que essa decisão foi tomada após o discurso de Constantino, louvado por todos os hierarcas presentes. Assim como seu padroeiro São Constantino, o Grande, o ancião acreditava no caráter sinodal da Santa Igreja ao invés de aceitar que líderes reais e religiosos pudessem moldar a Fé do jeito que bem entendessem.
De volta a Quieve, São Constantino lamentou o repouso de São Nifão, a quem havia prometido encontrar-se após a quirotonia devido ao grande amor que um tinha para com o outro. Em seguida, sabiamente depôs todos os sacerdotes e bispos eleitos por seu antecessor, os quais eram contrários a Constantinopla e fiéis à nobreza russa e a Clemente, e os substituiu por clérigos gregos. Além disso, Clemente e o já falecido Grão-Príncipe Iziaslau II foram anatemizados. Os depostos, entretanto, amparados pelos poderes reais de seus principados, não entregaram suas igrejas a São Constantino, e consideraram Clemente como verdadeiro Arcebispo de Quieve.
Em 1157, São Constantino organizou um concílio em Quieve o qual anatemizou o herético Martinho, um monástico armênio que havia chegado às terras russas durante o arcebispado de Clemente e propositalmente difundido suas ideias miafisistas e latinas entre os russos. Nesse concílio, foi confirmada a maneira correta de fazer-se o sinal da Cruz — os dedos polegar ao médio unidos simbolizando a Trindade e os dedos anelar e mínimo encostados na palma, simbolizando as duas naturezas de Cristo, enquanto se recita a fórmula trinitária.<ref group=nota>Ainda assim, a forma contrária — polegar, anelar e mínimo representando a Trindade, indicador e médio estirados para cima e a recitação da Oração de Jesus em vez da fórmula trinitária — erroneamente permaneceram na cultura russa até o século XVII, quando finalmente foram condenadas pelo Patriarca Nicão (1652–1666), resultando no cisma dos que se denominaram “velhos crentes”.</ref>
 
A Festa do Salvador do Mel, realizada todo 14 de agosto — o primeiro dia do Jejum da Dormição —, embora tenha sido inaugurada de fato por Santo André I, Grão-Príncipe de Vladimir (1157–1174), foi originalmente proposta por São Constantino. Nessa festa, o mel é levado pelos camponeses às igrejas para ser abençoado e, em seguida, usa-se uma porção do mel para abençoar as águas.
=== Fuga ===
O curto período de São Constantino como hierarca durou apenas três anos, pois o repouso de Iuri em 1157 permitiu que seus oponentes tomassem o trono de Quieve para si. Iziaslau III (1157–1162) depôs São Constantino e declarou a Sé de Quieve vacante. Quando o Príncipe Mistislau II da Volínia (1157–1159) atacou Quieve em 1158, as seguintes palavras do Salvador vieram à sua mente: “Se vos perseguirem numa cidade, fugi para uma outra.” (Mateus 10:23)
Constantino, então, confiando nos cuidados da [[Mãe de Deus]], a quem sempre teve como protetora, seguiu o rio Desna até a Chernigóvia, cento e trinta quilômetros ao norte de Quieve, onde exilou-se no Mosteiro de Elécia, fundado por [[Antônio e Teodósio de Quieve|Santo Antônio de Quieve]] no século anterior. Lá, o monge foi protegido pelo Bispo Antônio da Chernigóvia (1156–1169), seu discípulo, e derramou muitas lágrimas, considerando-se o mais indigno de todos os nascidos, culpado pela crise real e eclesiástica (a qual ele era inocente). Enquanto isso, Mistislau cumpriu sua promessa e entregou o grão-principado ao seu tio, São Rastislau I de Quieve (1159–1167). Longas negociações foram feitas entre ambos, e tocou-se no assunto de quem ocuparia a Igreja de Quieve. Enquanto que Mistislau era leal a Clemente (pois seu pai havia sido anatemizado por São Constantino), São Rastislau considerava o verdadeiro hierarca como o justo detentor da sé. Essa discussão só chegaria ao fim em 1161, quando São Rastislau finalmente receberia de Constantinopla Teodoro (1161–1163) como Arcebispo de Quieve e Toda a Rússia.
A saúde de São Constantino deteriorou-se muito naquele inverno por conta de sua tristeza, e o monge soube que logo seria chamado ao terrível Julgamento de Deus. Escrevendo seu testamento, Constantino confiou-o a Antônio, e pediu que só fosse lido após seu repouso. Foi assim que, em 5 de junho de 1159, o grande e zeloso campeão da Ortodoxia entregou sua alma ao Senhor, cumprindo com justiça a pregação iniciada pelos seus santos antecessores [[Miguel I de Quieve|Miguel I]], Hilarião e João II.
Naquele mesmo dia, um feroz vendaval anunciou a escura tempestade que logo atingiu Quieve, e muitos presenciaram pela primeira vez em suas vidas um terremoto tão grande na capital das terras russas. Todos correram por suas vidas, e a terra tremeu tanto que muitas edificações, incluindo templos e palácios, vieram ao chão. Durante aquele caos, um só raio tirou a vida de quatro sacerdotes heréticos e outros quatro leigos que haviam maldito de São Constantino.
De acordo com os cronistas daquele tempo, durante três dias não se viu a luz do sol naquelas terras, mas só o clarão dos raios e relâmpagos. Durante três dias não se ouviam os gritos, pois os assobios dos ventos eram mais altos. São Rostislau I, Grão-Príncipe de Quieve (1159–1167)Rastislau, ao saber que tratava-se do repouso de São Constantino, entendeu que a cidade estava sendo punida pelos seus pecados, e ordenou que todas as igrejas de Quieve realizassem vigílias noturnas pela alma do hierarca. As pessoas aguardavam em filas no meio da tempestade para que pudessem ser ouvidas em confissão, pois muitos haviam caluniado o hierarca e atribuído a ele a culpa da crise.
Enquanto o mundo despencava em Quieve, o sol radiava na Chernigóvia e, durante cada uma das três noites que se seguiram, uma coluna de fogo descia do céu até o corpo do santo, espantando as bestas que tentavam aproximar-se dele. Vendo isso, muitos dos que ainda estavam no campo maravilharam-se, e creram de coração que São Constantino já havia chegado ao Paraíso.
No terceiro dia, o Príncipe Esvetoslau permitiu ao Bispo Antônio que seu corpo fosse solenemente sepultado ao lado do de Santo Igor na Catedral da Transfiguração, onde até hoje ele encontra-se escondido dos olhares humanos. Após a grande cerimônia, os céus finalmente se abriram em Quieve, e todos os cristãos glorificaram a Deus e Seu santo, cujas relíquias realizaram muitos milagres pelos anos que se seguiram. A Graças a São Rastislau, a Sé de Quieve permaneceu vacante de Clemente até 1161. == Hinos ===== Tropário ===''(Tradução livre)'': Sucessor dos apóstolos e companheiro dos hierarcas, /: tu te mostraste como o pastor e mestre de toda a Rússia. /: Ó bendito pai Constantino, roga a Cristo nosso Deus, /: para que seja concedida a paz ao teu rebanho, /: e às nossas almas, a grande misericórdia. === Outro tropário ===''(Tradução livre)'': Ó Arcebispo Constantino, /: os teus justos atos mostraram aos fiéis uma lei de fé, /: uma imagem de mansidão e um mestre de renúncias. /: Por isso conseguiste, pela mansidão, consideração e pobreza, a grande riqueza. /: Intercede, pois, junto ao Senhor, /: pela salvação de nossas almas. === Condáquio ===''(Tradução livre)'': A estrela da Rússia brilhou desde Quieve, /: e iluminou a Chernigóvia com seu bem-aventurado repouso. /: Nós, fiéis, louvemos o santo e abençoado Constantino, /: rogando por suas intercessões a Cristo. /: Que ele conceda a paz à sua nação e às nossas almas, /: com sua grande misericórdia.
== Notas ==
== Ligações externas ==
* [http://ocafs.oca.org/FeastSaintsViewer.asp?FSID=101612 Venerável ConstantinoI, Arcebispo de Quieve] (Igreja Ortodoxa na América, OCA)* [https://www.johnsanidopoulos.com/2018/06/saint-constantine-metropolitan-of-kiev.html Venerável ConstantinoI, Arcebispo de Quieve] (João Sanidopoulos)
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