Abrir menu principal

OrthodoxWiki β

Alterações

Antão, o Grande

8 994 bytes adicionados, 04h57min de 9 de julho de 2020
Condáquio
[[Imagem:Anthony the Great Pammakaristos.jpg|miniatura|Santo Antão, o Grande.]]
O '''Venerável Santo Antão, o Grande''' (ou '''Antônio'''; mséc. 356IV), foi um monge taumaturgo e fundador do monasticismo eremítico, motivo pelo qual é chamado de '''Pai dos Monges'''. Na língua portuguesa, seu nome consagrou-se exclusivamente como “Antão”, embora essa forma não ocorra em nenhum outro idioma. O onomástico de quem cujo o santo é padroeiro permanece sendo Antônio, como é caso de [[Antônio das Cavernas de Quieve|Santo Antônio das Cavernas de Quieve]]. Segundo [[João , o Crisóstomo|São João , o Crisóstomo]], sua vida deve ser lida por todo cristão. No Brasil, uma capela antioquina é consagrada a Santo Antão no distrito de Santo Amaro em São Paulo. Sua festa é comemorada pela Igreja no dia de seu repouso, [[17 de janeiro]].
== Vida ==
Antão nasceu em 251 na vila de Coma no Egito, próxima à deserta região de Tebaida, na era do santo Patriarca Dionísio de Alexandria (248–264). Embora tenha nascido no fim das perseguições do Imperador Décio (249–251), o qual viria a morrer naquele ano após uma batalha contra os góticos e os citas, Antão foi criado por piedosos pais cristãos provenientes de uma nobre linhagem. Antão cresceu como uma criança séria e obediente aos pais, que amava frequentar os ofícios litúrgicos — era tão atento à leitura das Sagradas Escrituras que pode pôde memorizá-las por completo em sua mente.
Quando Antão tinha cerca de vinte anos de idade, seus pais faleceram, e teve de cuidar de sua irmã mais nova. Seis meses depois, quando adentrou uma igreja, ouviu e refletiu sobre como os fiéis, no Livro dos Atos dos Santos Apóstolos, vendiam todas as suas posses e repartiam o dinheiro ganho entre os necessitados. Durante a leitura do Evangelho, ouviu a passagem em que [[Jesus Cristo]] respondeu ao jovem que ansiava em obter a vida eterna:
Nesse período, Santo Antão enfrentou terríveis tentações do demônio, que o atormentava com pensamentos sobre sua vida mundana, a lisonja, os prazeres que poderiam ter sido comprados com a fortuna deixada para ele, dúvidas sobre o caminho escolhido, preocupações com a vida que sua irmã levava; isso para não mencionar os pensamentos obscenos e os sentimentos carnais que ardiam em seu corpo. Mas o santo extinguiu esse fogo através de intensos jejuns e orações a Cristo, mortificações e vigílias, além de ponderar sobre a morte e a punição eterna, vencendo assim os pensamentos demoníacos e saindo das batalhas espirituais mais fortalecido ainda.
Em seguidaCerta vez, uma voz humana foi ouvida pelo monge: “Pude enganar e conquistar a muitos nos tempos passados, muitos… Agora, entretanto, tu e teus companheiros me afrontam.” Reconhecendo que o demônio certamente voltaria a atacá-lo, Santo Antão não relaxou sua vigília e intensificou a luta, orando para que o Senhor lhe mostrasse o caminho da salvação. Deus o ouviu e, ao longe no deserto, o asceta viu um homem que alternadamente orava levantava-se para orar e trabalhavasentava-se para trabalhar. Tratava-se de um anjo enviado por Deus para instruir Seu escolhido., que gritava ao longe: “Faz como eu e tu serás salvo!”
Santo Antão adotou um modo de vida ainda mais rigoroso. Alimentava-se somente após o pôr do sol com um pedaço de pão, e costumeiramente passava noites inteiras orando até o sol nascer. Em pouco tempo, passou a dormir uma vez a cada três dias. O demônio, entretanto, não desistiu: tentando assustá-lo, apresentava-se ao monge como horríveis fantasmas e monstros. A essas aparições, o santo protegia-se pelo sinal da Cruz. Finalmente, o demônio apareceu a ele em forma de uma criança chorosa, dizendo que suas orações eram como socos em seu indefeso corpo. Santo Antão não se enganou, e continuou orando até vencê-lo. A severidade de suas labutas surpreendia até os anciões mais experientes, mas o jovem monge nunca tinha em mente seu progresso espiritual, considerando cada dia o início de sua jornada espiritual.
Almejando === A necrópole ===[[Imagem:Theban Necropolis.jpg|miniatura|Necrópole em Tebaida, um exemplo do cemitério em que Santo Antão lutou contra os demônios.]]Depois de alguns anos, almejando uma solidão ainda maior, Santo Antão partiu para um cemitério, longe de qualquer outra pessoa. Antes, pediu que um amigo seu lhe levasse um pedaço de pão algumas vezes por semana. O monge, então, fechou-se num túmulo. Os demônios não deixaram de atacá-lo, porém dessa vez não foi espiritualmente. Uma tropa inteira de demônios começaram a atacá-loavançaram contra ele, infligindo ferimentos e hematomas terríveis em seu corpo, até que caísse morto.
Pela Divina Providência, seu amigo chegou no cemitério no dia seguintee, e vendo-o caído no chão, arrastou-o de volta à vila. Lá, constataram que estava realmente morto, e prepararam seu funeral. À meia-noite, Santo Antão recebeu de Deus o sopro da vida, e pediu que seu amigo carregasse-o de volta ao cemitério. De volta ao sepulcro, incapaz de se levantar, Antão disse em alta voz: “Aqui, ó demônios, aqui estou eu, Antão, pronto para mais golpes. Tentai vosso pior, pois jamais haveis de me separar de Cristo!” Ele fortificava-se cantando o salmo: “Se todo um exército se acampar contra mim, não temerá meu coração.”
Sua firmeza foi maior do que as artimanhas do inimigo. Retomando a forma de ferozes animais, os Os demônios tentaram fazêdiziam entre si: “Não veem? Se nem pelo espírito da luxúria ou por ferimentos podemos contê-lo sair da necrópole, mas sua Fé em Cristo os derrotouhemos de atacá-lo por outros meios. Olhando para alto” Então, começaram a sacudir as paredes do túmulo, viu o teto da tumba se abrindo e pela abertura era possível ver cobras e um raio touro, além de luz chegando até o santoouvir rugidos e uivados ferozes. Os Santo Antão não deixou-se assustar com as criaturas, mas zombou da impotência dos demônios fugiram, e ele clamou: “Onde estiveste“De que serve todo esse vosso alvoroço? Se tendes o poder para ferir-me, ó Misericordioso Jesus? Por por que não apareceste desde o começo para acabar com minha dorfazeis?” E Mas não podeis mais, pois o Senhor lhe respondeu: “Eu sempre estive aqui, Antão, mas quis apreciar a tua luta. Como tu não te rendeste, sempre hei de to socorrer, é meu escudo e farei teu nome ser conhecido por todo o mundominha segurança.” Deus o curou de todos os ferimentos, e o asceta sentiu-se forte como nunca. Isso lhe ocorreu aos trinta e cinco anos de idade.
Tendo ganho tamanha experiência espiritual em sua luta contra o demônio, Santo Antão pensou em ir ao deserto Provando-se um verdadeiro atleta de TebaidaCristo, ao sul, para continuar foi-lhe concedido conhecer a servir ao presença do Senhor. Para issoOlhando para alto, visitou seu guia espiritual viu o teto da tumba se abrindo e pediu que ele um raio de luz chegando até o acompanhasse na jornadasanto. Os demônios fugiram, e seu corpo deixou de sentir as dores das pancadas. O anciãoConsolado, Antão descansou e clamou: “Onde estiveste, sem saber ó misericordioso Senhor Jesus? Por que estava prestes a dar a primeira bênção não apareceste desde o começo para acabar com minha dor?” E o Senhor lhe respondeu: “Eu sempre estive aqui, Antão, mas quis apreciar a façanha que viria a tua luta. Como tu não te rendeste, sempre hei de te socorrer, e Eu farei teu nome ser conhecida conhecido por todo o mundo.” Deus o curou de todos os ferimentos, e o asceta sentiu-se forte como eremitismonunca, decidiu não acompanháe ajoelhou-se para adorá-lo por causa Lo. Isso lhe ocorreu aos trinta e cinco anos de sua avançada idade.
Tendo ganho tamanha experiência espiritual em sua luta contra o demônio, Santo Antão foi pensou em descer ao deserto de Tebaida, no Alto Egito, para o deserto sozinhocontinuar servindo ao Senhor. O diabo tentou impedi-loPara isso, colocando moedas de prata em visitou seu caminho, guia espiritual e depois ouro, mas pediu que ele o santo ignorou a tentação e continuou seu caminhoacompanhasse na jornada. Após cruzar um rioO ancião, encontrou um antigo forte abandonado e lá estabeleceu-se, cobrindo sem saber que estava prestes a dar a primeira bênção para a façanha que viria a entrada com pedras. Dessa vezser conhecida como eremitismo, havia pedido que seu fiel amigo trouxessedecidiu não acompanhá-lhe pão duas vezes lo por ano. Quanto a água, havia em abundância no fortecausa de sua avançada idade.
Passados vinte e sete anos naquele forte === O deserto ===Santo Antão foi para o deserto sozinho. O diabo tentou impedi-lo, colocando moedas de prata em completo isolamento seu caminho, e luta constante com os demônios até alcançar a paz absolutadepois ouro, seus amigos removeram as pedras da entrada e foram até mas o santoignorou a tentação e continuou sua jornada, dizendo: “Ó diabo, implorando que ele os aceitasse como filhos espirituaistu não me afastarás tão facilmente do meu propósito! Ajunta essa tua prata e desce à perdição junto dela. Em pouco tempo” Após cruzar um rio, a menos de trinta quilômetros do litoral do Golfo de Suez, o encontrou um antigo forte foi cercado por várias celasabandonado e lá estabeleceu-se, nas quais viviam seus discípulos. Daí se surgiu o primeiro mosteiro. Santo Antão guiava cobrindo a todos que vinham até ele buscando a salvaçãoentrada com pedras. O eremita intensificava o zelo daqueles Dessa vez, havia pedido que já eram monges e inspirava os leigos na vida monásticaseu fiel amigo trouxesse-lhe pão duas vezes por ano. Ele lhes recomendava lutar para agradar ao Senhor e não se desanimarem em suas labutas; e também os exortava Quanto a não temer os ataques demoníacoságua, mas a repeli-los pelo poder do sinal da vivificante Cruzhavia em abundância no forte.
Em 311, quando o teóforo asceta havia alcançado seus sessenta O monge passou um total de vinte e sete anos de vidanaquele forte em completo isolamento, ouviu falar sobre a feroz (fome e maior) perseguição aos cristãos iniciada pelo Imperador Diocleciano (284–305). Ansiando sofrer luta constante com os mártires, Santo Antão deixou o deserto e foi a Alexandriademônios. Certa vez, pregava abertamente aos presosum grupo de monges peregrinou ao forte na esperança de ouvir uma palavra do famoso asceta, faziamas assustaram-se presente no julgamento dos santos confessores e acompanhava com os mártires até o local estrondos quando chegaram. Eles ouviam gritos como: “Parte de execução. Preservar nós! Por que vieste ao nosso país para matar-nos?” Quando olharam por uma fissura, viram o santo asceta completamente só, e entenderam que o tumulto era um agrado ao Senhorfeito pelos demônios egípcios. De fato, por benefício os demônios tentaram de todos tudo para impedir que seu exemplo inspirasse outros a invadirem os cristãosseus domínios — os desertos — com jejuns e salmos. Mas foi isso que aconteceu.
Quando Aqueles monges foram até o santo Imperador Constantino, o Grande (306–337), assinou o Édito de Mediolano em 313, o qual pôs fim à Grande Perseguição, implorando que ele os aceitasse como filhos espirituais. Santo Antão retornou ao desertofoi persuadido por suas súplicas, onde continuou suas façanhase renunciou a solidão para compartilhar sua experiência. De Deus recebeu o dom da taumaturgiaEm pouco tempo, e multidões de noviços partiam ao deserto com ele expulsou demônios e curou doentes pelo poder o fim de sua oraçãomorrerem para o mundo. As grandes multidões que vinham a ele perturbavam sua solidãoEm pouco tempo, e o santo decidiu avançar ainda mais no desertoforte foi cercado por várias celas, nas quais viviam seus discípulos, estabelecendo-futuros santos. Daí se no topo de uma montanhasurgiu o primeiro mosteiro. Mesmo assim, seus filhos continuaram Santo Antão guiava a ir todos que vinham até ele pedindo buscando a salvação. O eremita intensificava o zelo daqueles que visitasse suas comunidadesjá eram monges e inspirava os leigos na vida monástica.
Após algum tempoEle lhes recomendava lutar para agradar ao Senhor e não se desanimarem em suas labutas; e também os exortava a não temer os ataques demoníacos, mas a repeli-los pelo poder do sinal da vivificante Cruz. O monge costumava dizer: “Para o verdadeiramente disposto, Santo Antão voltou a Alexandria para defender promessa da vida eterna pode ser comprada a Fé das heresias maniqueísta um preço baixo, e ariana que estavam assolando as terras egípciaslabutas tornam-se fáceis. A primeiraÀs vezes, inventada por um “profeta” autoproclamadoos demônios nos aparecem como monges, era um sincretismo e falam de religiões forma muito religiosa para conseguirem seduzir-nos a pensar que afirmava haverem dois seres primordiais: um da Luz, responsável pelo espírito, são humanos. Se nos encontram alegres no Senhor e outro das Trevasmeditando ou conversando sobre coisas divinas, responsável pela matériaeles não têm poder sobre nós. No cristianismo, isso significaria equiparar Deus ao demônio e atribuir toda Quando veem a matéria criada alma protegida por Deus ao demônio. A segunda afirmava que Jesus Cristo não possuía natureza divina e havia sido somente um homem. Logotais pensamentos, não poderia ser chamado afastam-se com vergonha de Deus e consequentemente a Santíssima Trindade não existiriasi mesmos.
Como seu nome já era conhecido e venerado por toda a parte=== Em Alexandria ===Em 311, os arianos falsamente declararam que Santo Antão aderia aos quando o teóforo asceta havia alcançado seus ensinamentos. O santosessenta anos de vida, por sua vez, publicamente escarneceu ouviu falar sobre a heresia na presença de Santo Atanásioferoz (e maior) perseguição aos cristãos iniciada pelo Imperador Diocleciano (284–305), o Grande, Bispo de Alexandria mas que agora já perdurava oito anos e era continuada no Oriente por Licínio (328–373308–324). Durante sua estada em AlexandriaAnsiando sofrer com os mártires, ele converteu uma grande multidão de pagãos Santo Antão deixou o deserto e foi a CristoAlexandria. Pessoas de todos Lá, pregava abertamente aos presos, fazia-se presente no julgamento dos santos confessores e acompanhava os tipos vinham mártires até o santo em busca local de seus amados conselhosexecução. Filósofos pagãos, com a intenção de zombar dele, vinham até Preservar o mongesanto asceta era um agrado ao Senhor, mas eram reduzidos ao silêncio através por benefício de suas palavras. Santo Antão também era reverenciado pela família de São Constantino, e a instruiu na vida cristã, no julgamento futuro e em saber que Cristo é o verdadeiro Reitodos os cristãos.
Quando o santo Imperador Constantino, o Grande (306–337), assinou o Édito de Mediolano em 313, o qual pôs fim à Grande Perseguição, Santo Antão retornou ao deserto, onde continuou suas façanhas. Além de sua habilidade em discernir espíritos, Santo Antão também curava enfermos, expulsava demônios e tinha o dom da clarividência. Mesmo sem saber ler nem escrever, o monge superava os filósofos pagãos, que vinham até ele tentando escarnecer sua Fé e eram envergonhados quando viam o monge livrar os cativos de seus demônios através da oração e do sinal da Cruz feito três vezes sobre eles. Santo Antão ainda desafiava-os: “Podeis vós curar esses homens através da razão? E pela magia de vossos ídolos, podeis?”
 
Multidões vinham conhecer o médico do deserto. Os tristes voltavam regozijando-se, seus inimigos retornavam como seus discípulos, os jovens retornavam renunciando os prazeres, os pobres retornavam desprezando a riqueza e dando graças a Deus pela pobreza, e nenhum monge permanecia negligente após ouvir o santo falar. Santo Antão jamais atribuía seus dons espirituais às suas próprias realizações pois considerava-se “um idiota”, mas exortava a todos os beneficiados por suas orações a agradecer a Deus, que é a causa de todo o bem.
 
Através de suas palavras, seus discípulos conseguiram escrever um livro de cento e setenta dizeres, que mais tarde pôde compôr a Filocalia. As levas de pessoas que vinham a ele perturbavam sua solidão, e o santo decidiu avançar ainda mais no deserto, estabelecendo-se no topo de uma montanha. Mesmo assim, seus filhos continuavam a ir até ele pedindo que visitasse suas comunidades.
 
=== As bestas ===
[[Imagem:Saint Anthony and the Desert Tribes.jpg|miniatura|Santo Antão e as tribos do deserto.]]
Após algum tempo, Santo Antão voltou a Alexandria para defender a Fé das heresias maniqueísta e ariana que estavam assolando as terras egípcias. A primeira era um sincretismo de religiões persas que afirmava haverem dois seres primordiais: um da Luz, responsável pelo espírito, e outro das Trevas, responsável pela matéria. Isso significaria equiparar Deus ao demônio e atribuir toda a matéria criada por Deus ao diabo. A segunda afirmava que Jesus Cristo não possuía natureza divina e havia sido somente um homem. Logo, não poderia ser chamado de Deus e consequentemente a Santíssima Trindade não existiria.
 
Como seu nome já era conhecido e venerado por toda a parte, os arianos falsamente declararam que Santo Antão aderia aos seus ensinamentos. O santo, por sua vez, publicamente escarneceu a heresia na presença de Santo Atanásio, o Grande, Patriarca de Alexandria (328–373). Durante sua segunda estada em Alexandria, ele converteu uma grande multidão de pagãos a Cristo. Santo Antão também era reverenciado pela família de São Constantino, e a instruiu na vida cristã, no julgamento futuro e em saber que Cristo é o verdadeiro Rei. Depois, o monge retornou ao deserto.
 
Aos noventa anos de idade, Santo Antão estava sendo atormentado com o pensamento de que era o mais perfeito monge do deserto. Deus, então, revelou a Santo Antão através de um sonho acerca da existência de São Paulo de Tebas, outro eremita no deserto de Tebaida mas que até então possuía cento e treze anos de idade, e o Senhor exigiu que Antão fosse visitá-lo, pois aquele era superior a este. Ao romper do dia, o eremita pegou seu cajado e partiu de sua cela, sem saber qual direção tomar.
 
Depois de uma longa jornada rumo ao desconhecido e acreditando que Deus lhe levaria ao Seu servo, eis que um centauro com dorso de humano e corpo de cavalo apareceu ao ancião. Armando-se com o sinal da Cruz, perguntou: “Ó demônio, onde por estas bandas vive um servo de Deus?” A besta rangia e falava numa língua desconhecida, mas sua mão apontava a uma direção. O centauro, então, partiu em debandada pelo deserto, até sumir de sua vista.
 
Seguindo na direção dada, Antão pensou no que tinha visto durante toda a caminhada. Não demorou muito até que chegasse num vale rochoso cercado pelos lados, e eis que um homem coberto de pelos até os pés e com chifres e orelhas de boi chegou até ele. Novamente assustado, o asceta armou-se com o sinal da Cruz, mas a criatura ofereceu-lhe um fruto, dizendo: “Não te assustes, não sou um demônio, toca-me e vê que sou um ser mortal! Minha raça habita o deserto e é a que os gregos adoram sob o nome de faunos, sátiros, íncubos e súcubos. Pois eu represento nossa tribo, e nós imploramos que tu nos leve a esse teu Senhor que veio para salvar o mundo e cujo som pôde ser ouvido por toda a terra, para que nós possamos chamá-Lo de ‘nosso’ também!”
 
Os olhos do monge encharcaram-se de lágrimas, e seu coração estava na plenitude da alegria. Maravilhando-se com a vitória de Cristo sobre satã, ele dava graças a Deus por ter recebido o dom de entender as línguas das bestas. Batendo no chão com seu bastão, o ancião dizia: “Ai de ti, ó Alexandria, que em vez de Deus adorastes monstros! Ai de ti, cidade meretriz, para onde correram juntos os demônios do mundo inteiro! Que dirás tu agora? Até as bestas proclamam a Cristo, e tu adoras monstros!”
 
Após abençoar as criaturas do deserto, elas o guiaram até a morada de São Paulo. Os dois conversaram entre si durante um dia e uma noite, partindo um pão para honrar o encontro. Alguns meses mais tarde, Santo Antão voltou para reencontrar-se com o asceta, mas encontrou-o morto. Após vesti-lo com uma túnica presenteada por Santo Atanásio, dois leões cavaram sua sepultura, e Antão voltou ao seu mosteiro com o manto de São Paulo. Tamanha era a reverência que tinha para com o manto que o monge só a vestia duas vezes por ano, na Grande Páscoa e em Pentecostes.
 
=== Repouso ===
[[Imagem:Anthony Menologion.png|miniatura|Santo Antão sepultado por seus discípulos.]]
Oitenta Aos cento e cinco anos de idade, oitenta e cinco anos após aceitar o monasticismo, Santo Antão caiu enfermo e avisou aos seus filhos espirituais que logo seria logo retirado deles. Ele os instruiu a preservar a Fé em sua pureza, a evitar quaisquer associações com os heréticos e a não serem negligentes em suas lutas.
: “Esforçai “Tende sempre o temor de Deus diante dos vossos olhos e lembrai-vos d’Aquele que dá a vida e a morte. Odiai o mundo e tudo o que há nele, odiai toda a paz que vem da carne. Renunciai vossas vidas para que possais estar vivos para Deus. Não confieis em vossa própria justiça, nem vos preocupeis com o passado, mas controlai vossa língua e vosso estômago. A obediência agregada à abstinência dá ao homem poder sobre as bestas selvagens. Se ganhardes vosso irmão, ganhareis a Deus, mas se escandalizardes contra ele, tereis faltado contra Cristo. A vós que pedis orações, nem eu e nem Deus teremos misericórdia de vós se não vos esforçardes para orar por vós mesmos. Esforçai para sedes serdes unidos primeiro ao Senhor e depois aos santos, para que, após a morte, eles possam vos receber como íntimos amigos nas moradas eternas.Que adianta jejuar uma semana inteira se a pobreza não significa para vós o mesmo que abundância, a desonra o mesmo que louvor ou vossos inimigos o mesmo que vossos amigos? Voltai a trabalhar, pois não alcançastes nada. Sofrei fome, sede e nudez; vigiai e lamentai; chorai e gemei vosso coração. Aquele que não experimentou a tentação não adentrará o Reino dos Céus, pois sem tentações nenhum homem poderá salvar-se. Deus não permite mais à vossa geração as mesmas guerras e tentações de outrora pois vós vos tornastes fracos. Virá o tempo em que os homens enlouquecerão, e quando virem alguém que não está louco, atacá-lo-ão e dirão: ‘Tu és louco, pois tu não és como nós!’”
Santo Antão instruiu dois de seus discípulos, os quais haviam lhe assistido nos últimos quinze anos de sua vida, a enterrá-lo no deserto. Deixou um de seus mantos monásticos a Santo Atanásio (o qual compôs sua biografia) e o outro a São Serapião, Bispo de Tmuis (339–370). Santo Antão repousou pacificamente no Senhor em 17 de janeiro de 356 após completar cento e cinco anos , na era de idadeSanto Atanásio. Sua saúde física e mental era tamanha que, mesmo se alimentando duas vezes ao ano, Deus não permitiu que um só dente caísse de sua boca. Santo Antão nos deixou vinte sermões sobre as virtudes e sete cartas sobre a perfeição moral e a vida monástica como uma luta espiritual que foram escritas aos seus mosteiros.
== Pós-vida ==
Em 544[[Imagem:Monastery of Saint Anthony.jpg|miniatura|O milenar Mosteiro de Santo Antão.]]O Mosteiro de Santo Antão passou a ser um aglomerado de celas monásticas ao redor de uma igreja central, onde realizava-se a Divina Liturgia. Com o tempo, na o eremitismo entrou em decadência no mosteiro e seus santos partiram para o deserto, enquanto que os monges restantes passaram a viver de forma comunitária. Após o Quarto Concílio Ecumênico de 451 anatemizar a heresia miafisista, a qual negava as duas naturezas (humana e divina) de Cristo em favor de uma só natureza humano-divina, o hegúmeno e seus monges decidiram abandonar a Igreja para juntar-se aos miafisistas. Na era do santo Imperador Justiniano, o Grande(527–565), as relíquias de Santo Antão foram transferidas do deserto para a capital Alexandria. Após a Antes da conquista do Egito pelos islâmicos em 641nos tempos do herético Imperador Heráclio (610–641), as esquadras imperiais puderam trazer as relíquias e outros quarenta mil egípcios para Constantinopla. No século XI, pouco  Algumas décadas antes do Grande Cisma de 1054 ocorrer, certo imperador o Imperador Basílio II (976–1025) presenteou um conde francês com as relíquias de Santo Antão, e este as levou para os Alpes franceses. O conde deu início à construção de uma igreja para sediar as relíquias, porém seu falecimento fez com que as obras parassem. Depois do Grande Cisma, os monges beneditinos de Montemaior assumiram a construção, e transformaram a igreja numa abadia. Seu crânio e um osso de sua perna estão hoje na Catedral de São Trófimo em Arelate, também nos Alpes.
== Hinos ==
: e fortaleceste o mundo por tuas orações. /
: Ó pai Antão, intercede ante o Verbo, /
: Cristo nosso Deus, para que salve nossas almassejam salvas.
=== Condáquio ===
: imitando o Batista em todos os caminhos. /
: Com ele te honramos, ó venerável Antão, /
: a fundação dos Paisde nossos pais.
=== Louvor ===
== Ligações externas ==
* [http://ecclesia.com.br/synaxarion/?p=860 Venerável Antão, o Grande] (Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul)
* [http://www.catedralortodoxa.com.br/single-post/2016/1/17/Santo-Ant%C3%A3o-o-grande-17-de-Janeiro Venerável Antão, o Grande] (Arquidiocese Ortodoxa Antioquina de São Paulo e Todo o Brasil)
* [https://www.goarch.org/chapel/saints?contentid=389 Venerável Antão, o Grande] (Arquidiocese Ortodoxa Grega da América, GOARCH)
* [http://ocafs.oca.org/FeastSaintsViewer.asp?FSID=100216 Venerável Antão, o Grande] (Igreja Ortodoxa na América, OCA)
<!-- * [https://www.johnsanidopoulos.com/2016/01/saint-anthony-great-resource-page.html Venerável Antão, o Grande] (João Sanidopoulos) -->
[[Categoria:Monásticos]]
11 779
edições