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Áureo de Mogúncia

Santo Áureo.

O Santo Venerável Hieromártir Áureo, Bispo de Mogúncia, e seus companheiros (entre os quais, Justina, Justino e Crescêncio; séc. V), foram um grupo de missionários enviados às terras germânicas que lutaram contra a heresia ariana nas margens do Rio Reno. Sua memória é celebrada pela Igreja no dia 16 de junho. Santo Áureo é padroeiro da cidade de Heiligenstádio na Turíngia.

Vida

Áureo e Justina nasceram no sul da Gália (atual França) na segunda metade do século IV. Por conta de seu intenso amor por Jesus Cristo, ambos os irmãos se tornaram missionários e foram enviados à cidade de Mogúncia na Germânia Superior (atual sul da Alemanha), onde Áureo serviu como sacerdote na companhia de Santo Albano — um missionário grego —, do diácono Justino e dos santos missionários africanos Teonisto, Tabraão e Tubraão.

Todos eles, juntamente com o leigo Crescêncio, pregavam a verdadeira Doutrina de Cristo aos povos germânicos que viviam às margens do Rio Reno e denunciavam a heresia antitrinitária ariana, que afirmava que Jesus Cristo não possuía natureza divina e havia sido somente um homem. Mesmo tendo sido anatemizado pelo Primeiro Concílio Ecumênico em 325, o arianismo permaneceu enraizado entre os hunos e os godos, que exerciam grande influência na região.

Em 406, uma investida huna desolou Mogúncia, e os oito foram detidos e levados em julgamento. Como Santo Albano já estava em exílio a mando dos arianos, foi decapitado logo em seguida, e recebeu do Senhor a coroa do martírio. Os restantes, entretanto, foram exilados da cidade e, enquanto os santos Teonisto, Tabraão e Tubraão partiram para o sul, Áureo e seus companheiros se dirigiram à Turíngia (atual Alemanha central), onde pregaram o Evangelho e a Ortodoxia às tribos da região e realizaram um grande número de batismos.

Depois de alguns anos, souberam que os hunos haviam se afastado de Mogúncia, e retornaram à cidade. Lá, encontraram o vilarejo devastado, e poucos haviam sobrevivido ao saque. Os quatro, então, recomeçaram suas atividades missionárias, instruindo novamente o povo na Fé e trazendo suas almas de volta ao seio da Igreja. Graças aos seus esforços, Áureo foi escolhido em 427 como sucessor de Mariano (417–427) no episcopado moguncino, e continuou servido como um pilar da Fé verdadeira aos germânicos.

No ano de 436, o general Flávio Aécio de Roma fez um acordo com o Imperador Átila dos Hunos (434–453) para dar um fim às invasões do Reino dos Burgúndios, cuja capital era Borbetomago (atual Vormácia), quarenta quilômetros ao sul de Mogúncia e também às margens do Reno. Antes das levas do exército huno reduzirem Borbetomago a pó e assassinarem vinte mil burgúndios, elas passaram primeiro por Mogúncia a fim de saquear novamente a cidade.

Os santos Áureo, Justina, Crescêncio, Justino e uma grande parte dos que corajosamente renunciaram o arianismo foram presos e condenados à morte. Todos estavam na catedral quando os hunos chegaram. Foi assim que, em 16 de junho de 436, na era de São Sisto III, Papa de Roma (432–440), todos estenderam seus pescoços perante a espada e se tornaram dignos de receber o palmo do martírio em sua morada eterna nos Céus.

Pós-vida

 
Gravura da Capela de Santo Áureo após sua reconstrução no século XIX.

Essa investida dos hunos contribuiu para sua expansão em direção à Gália e para a iminente queda da Itália aos povos hunos e godos nos anos que se seguiram. No local onde Santo Áureo e seus companheiros foram martirizados, uma capela foi construída em honra ao bispo, a qual resistiu por mais de um milênio e serviu de túmulo para muitos mártires. Logo após o início das Guerras Revolucionárias Francesas no final do século XVIII, Mogúncia foi ocupada pelas tropas revolucionárias, e seu clero foi expurgado. No ano seguinte, os revolucionários proclamaram uma república na cidade, e as nações germânicas organizaram o Cerco de Mogúncia de 1793 para tomá-la de volta dos ateístas.

Muitas negociações tentaram ser firmadas, mas nenhuma efetuou sucesso. Então, em 17 de junho de 1793, os prussos iniciaram uma campanha de bombardeios por toda a cidade que durou duas semanas ininterruptas, até os democratas se renderem e retornarem à França. Isso destruiu completamente a Capela de Santo Áureo, e levaram-se décadas até que uma nova capela, em estilo neogótico, fosse construída no local. Entretanto, os novos bombardeios da Segunda Guerra Mundial no século seguinte novamente reduziram-na a escombros. Atualmente, sua localização corresponde ao Cemitério de Mogúncia.

Quanto às suas relíquias, ainda no primeiro milênio, elas foram transladadas ao local onde os santos evangelizaram na Turíngia, e muitos milagres de curas aconteceram graças à veneração das relíquias. Naquelas terras, então, iniciou-se a construção de uma estância termal, que posteriormente tornou-se a cidade de Heiligenstádio. Atualmente, as relíquias de Santo Áureo e de São Justino estão no altar da Igreja de Santo Egídio em Heiligenstádio. (ver foto)

Hinos

Tropário

(Tom IV)

Ó Hierarca Áureo, os teus justos atos mostraram aos fiéis uma lei de Fé, uma imagem de mansidão e um mestre de renúncias. Por isso conseguiste, pela mansidão, a consideração, e pela pobreza, a grande riqueza. Intercede, pois, a Cristo Deus, pela salvação das nossas almas.

Outro tropário

(Tom IV; a Santa Justina)

Tua cordeira Justina, ó Jesus, clama em alta voz: “Eu Te amo, ó meu Esposo, e competindo em busca de Ti, sou crucificada e sepultada no Teu Batismo. Sofro por Ti, para que possa reinar junta de Ti; e morro por Ti, para que possa viver em Ti. Aceita-me como um sacrifício imaculado, pois ofereço-me em amor a Ti.” Por suas intercessões, ó Misericordioso, salva as nossas almas.

Referências

  • Santo Ado, Arcebispo de Viena na Alobrógia (1745). Martirológio. Parte I.
  • Santo Usuardo de Paris (1879). Martirológio. Tomo II.


Áureo de Mogúncia
Precedido por
Mariano de Mogúncia
Bispo de Mogúncia
427–436
Sucedido por
Eutrópio de Mogúncia