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Apresentação do Senhor

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A apresentação de crianças na Igreja
== História ==
Quarenta dias após Seu nascimento, Jesus foi levado ao Templo de Jerusalém, o então centro da vida religiosa em Israel. De acordo com a Lei Mosaica, a mulher que desse à luz um menino deveria ausentar-se do Templo de Deus por quarenta dias, até que fosse curada. Após esse tempo, a mãe viria com o filho para oferecer um cordeiro ou e um par de rolinhas ou pombas jovens ao Senhor como sacrifício de purificação e para consagrá-lo ao Senhor. A consagração de todo primogênito fora ordenada ao Profeta Moisés durante a fuga do povo de Israel do Egito, servindo para relembrar aquele povo da beneficência de Deus, a Quem toda a criação pertence.
A Mãe Segundo os Santos Cirilo de Deus não tinha a necessidade Alexandria e [[Gregório, o Palamas]], o par de purificar-serolinhas, uma das mais loquazes entre os pardais, já que ela própria havia dado à luz significava a Fonte da pureza e da santidadesabedoria dos pais, honrosamente unidos e em toda abençoados de acordo com a terra não havia alguém mais pura lei do que ela; nem Jesus tinha necessidade matrimônio. Já as pombas jovens significavam a virgindade e prefiguraram a Encarnação de Cristo e a Mãe de ser consagradoDeus, ambos gentis e humildes como as pombas, e virgens. Cristo falaria como uma vez pomba até os confins do mundo, enchendo Sua vinha —aqueles que ele mesmo era o Senhor. No entanto, os dois humildemente cumpriram os requisitos da Leicreem n’Ele— com sua doce voz.
A Mãe consagração de Deus, acompanhada todo primogênito fora ordenada ao Profeta Moisés durante a fuga do povo de São José, tomou o caminho em direção ao TemploIsrael do Egito, servindo para apresentar o recém-nascido Jesus relembrar aquele povo da beneficência de Deus —a Quem toda a São Zacariascriação pertence—, o Sumo-Sacerdote divinamente presente na concepção e esposo no nascimento; além de Santa Isabel, pai do Precursor. Quando chegaram lá, São Zacarias sabiamente levou a Mãe ao mesmo tempo prefigurar o nascimento de Deus com Jesus ao local no templo reservado para as virgensCristo, e pediu que ela aguardasse enquanto ele preparava o ofícioPrimogênito.
A Mãe de Deus não tinha a necessidade de purificar-se, já que ela própria havia dado à luz a Fonte da pureza e da santidade, tendo a natureza humana de seu ventre sido deificada pela união da natureza divina e humana do Verbo, e em toda a terra não havia alguém mais pura do que ela; nem Jesus tinha necessidade de ser consagrado, uma vez que ele mesmo era o Senhor Pré-Eterno, o Verbo de Deus, Ele quem falara com os profetas e regeste o universo desde sempre pelo comando do Pai. No entanto, os dois humildemente cumpriram os requisitos da Lei.
 
A Panagia, acompanhada de São José, tomou o caminho em direção ao Templo, para apresentar o recém-nascido Jesus a São Zacarias, o Sumo-Sacerdote e esposo de Santa Isabel, pai do Precursor. Como a Mãe de Deus não tinha dinheiro para comprar um cordeiro devido à pobreza financeira de sua família, foi-lhe permitido trazer apenas o par de rolinhas como oferta. Quando chegaram lá, São Zacarias sabiamente levou a Mãe de Deus com Jesus ao local no templo reservado para as virgens, e pediu que ela aguardasse enquanto ele preparava o ofício.
 
=== O encontro com São Simeão ===
Naquele tempo, o justo [[Profetas Simeão e Ana|Ancião Simeão]] vivia em Jerusalém, e a ele havia sido dada a revelação que ele não morreria até que pudesse ver o prometido Messias. Isso porque, três séculos antes, Simeão era um dos setenta membros do Sinédrio escolhidos pelo Faraó Ptolemeu II do Egito para traduzir o Antigo Testamento para o grego, produzindo o que viria a ser conhecido como a Septuaginta.
Enquanto traduzia o começo do Livro do Santo Profeta Isaías, Simeão se deparou com a profecia de que “uma virgem conceberá e dará à luz um filho.”<ref>Isaías 7</ref> Imaginando ser a palavra “virgem” um equívoco, começou a escrever “mulher” em seu lugar. Antes mesmo que concluísse a palavra, uma mão segurou seu punho, e quando olhou para trás, eis que a mão era de um Anjo.
O Anjo exclamou: “Tu verás essas palavras serem cumpridas. Não morrerás até que contemple a Cristo, o Senhor, nascer de uma pura e imaculada virgem.” Desse dia em diante, Simeão viveu na espera pelo Messias, e após trezentos anos vivendo em retidão sem revelar sua idade, foi ao divinamente inspirado pelo Espírito Santo a visitar o Templo naquele mesmo dia em que a Panagia e São José traziam o infante Jesus para cumprir a Lei, graças à Divina Providência.
Quando viu a Mãe de Deus e a divina Criança, Simeão correu até eles e tomou a Cristo em seus braços, e, dando graças a Deus, disse as palavras repetidas pela Igreja todas as tardes, nas Vésperas:
Enquanto escrevia aos hebreus no séc. I, o [[Apóstolos Pedro e Paulo|santo Apóstolo Paulo]] mencionou o paradoxo de Cristo e Simeão enquanto discursava sobre a ordem sacerdotal de Melquisedeque, à semelhança de quem Cristo Se manifestou como feito não segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível: “Sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo Maior. Se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro Sacerdote se levantasse?”<ref>Hebreus 7</ref>
A Festa da Apresentação do Senhor é uma das mais antigas da Igreja, tendo originado em Jerusalém. Sermões dessa festa já foram proclamados pelos santos bispos Methódios de Patara, Cirilo de Jerusalém, [[Gregório, o Teólogo|Gregório o Teólogo]], Anfilóquio de Icônio, Athanásio de Alexandria, [[Gregório de Nissa]] e [[João Crisóstomo]] (com dúbia exceção de Crisóstomo, todos no século IV). Santo Athanásio no séc. IV e [[Nicodemos do Monte Athos|São Nicodemos do Monte Athos]] no séc. XIX ressaltaram o caráter de humildade da Mãe de Deus e de Seu Filho, os quais não eram requeridos ao rigor da Lei de fazerem isso, pois o mandamento dado ao Profeta Moisés era “Santificai a Mim todo primogênito que abre o ventre,”<ref>Êxodo 13</ref> e Cristo abriu o ventre de Sua mãe sem destruir sua virgindade, fechando-o logo em seguida, como o era antes de Seu nascimento. [[Gregório, o Palamas|São Gregório, o Palamas]], explica que o termo “primogênito” refere-se aos dois nascimentos paradoxais de Cristo: o primeiro sendo o Seu nascimento pré-eterno de um Pai virgem, sem uma mãe; e o segundo sendo Seu nascimento segundo a carne de uma mãe virgem, sem um pai. Além disso, um terceiro significado é atribuído ao termo na Sua Ressurreição, quando Cristo torna-Se o primogênito dos que morreram, ressuscitando-os Consigo.<ref>Colossenses 1</ref> De acordo com São Gregório de Nissa, Cristo tornou-Se primogênito nas três formas para vivificar nossa natureza humana. Assim como ela pode ser vivificada três vezes (no nascimento, no batismo e no falecimento; explicitamente nessa ordem), Cristo tornou-Se o primogênito para vivificá-la e deificá-la através da theosis, pois o nascimento do corpo precisa ser seguido pelo nascimento espiritual. [[João de Damasco|São João de Damasco]], no séc. VIII, explica que embora Cristo, como uma criança indefesa, fosse Deus, Ele expressou sua sabedoria de acordo com Sua idade, pois de outra forma os homens O tratariam como um louco. Através de Sua infância, Cristo curou a mente infantil de Adão, pois quando formou-o no Paraíso, Adão era infantil quanto à graça e santificação, sendo facilmente enganado pelo demônio, o qual abriu sua mente ao pecado e ao mal. Portanto, Cristo, tendo a idade corporal de uma criança, curou não somente a mente infantil de Adão como sua natureza humana, realizando aquilo a que Adão falhara. Pela Encarnação de Seu Filho, o Pai concedeu a theosis aos homens, e em Cristo o demônio não pôde mais enganar a natureza humana, como facilmente fizera com Adão. A essa submissão ou humildade de Cristo em relação à Lei é atribuído o termo ''kénosis'', o qual ultrapassou a compreensão dos Anjos, pois eles também estupefaram-se com a imensa e inexprimível condescendência do Criador. São Gregório, o Teólogo, fala sobre o nascimento de Cristo em meio à pobreza que a Virgem Maria piedosamente vivia. Segundo ele, sendo Cristo o próprio Deus, criador de todas as riquezas do mundo, ele desejou tornar-Se pobre em Seu nascimento segundo a carne para que todos nós pudéssemos tornar-nos ricos com Sua Divindade. === A profecia de São Simeão ===Após Cristo e a Mãe de Deus, o justo Simeão é a figura mais central do episódio da Apresentação. Ele honrou o nome dado a ele, que nas línguas semitas significa “Ele a quem Deus escutou”, quando tomou seu Senhor em seus braços e confessou a Cristo como o Salvador em suas últimas palavras. Ele viveu trezentos anos sustentado pelo Espírito Santo, o Qual nutriu-lhe seu nous para que reconhecesse seu Deus naquela Criancinha. A aquisição do Espírito Santo, ensinada por [[Serafim de Sarov|São Serafim de Sarov]] como o verdadeiro objetivo da vida cristã, encontra em São Simeão um de seus maiores exemplos. Ele é o arquétipo perfeito do homem que adquiriu o Espírito Santo para si, sendo por Ele inspirado divinamente em todas as suas ações. São Simeão foi contado entre os inúmeros outros santos que conseguiram o dom da taumaturgia e da clarividência através da aquisição do Espírito Santo pela comunhão imaculada com o Criador. A beleza indescritível das últimas palavras de São Simeão não somente são repetidas durante o Ofício das Vésperas como durante a ação de graças após a comunhão, quando o sacerdote, após comungar o restante do cálice durante a leitura das cinco orações de ação de graças, repete as palavras em voz alta, como um novo Simeão que recebeu em seus braços o Corpo e o Sangue de seu Senhor. Em seguida, o ancião profetiza que Cristo “está destinado a ser uma causa de queda e de ascensão para muitos homens em Israel.” Essa profecia não somente se realizou durante a vida terrena de Cristo como também diariamente na vida de todos os homens. Através de sua atitude em relação ao Senhor, o homem pode elevar-se espiritualmente ou provocar sua própria condenação, como posteriormente o demonstrariam os [[Dimas, o Ladrão|dois ladrões no Gólgota]]. Quando São Simeão diz: “e a ser um sinal que provocará contradições,” São Cirilo de Alexandria diz que o “sinal” pode ser entendido de várias formas. A Encarnação de Cristo, ou mais precisamente, o Verbo de Deus tornar-Se homem, é um sinal. Na Encarnação, inúmeras coisas paradoxais e incompreensíveis aconteceram: Deus tornou-Se homem, e uma virgem tornou-se mãe. Esse sinal foi e é contradito (e duvidado) por muitas pessoas — algumas têm para si que Seu corpo e Seus feitos foram somente uma alegoria, ilusória. São Nicodemos do Monte Athos diz que quando o herege vê as obras de Cristo (como milagres) e em seguida vê o homem sofrendo, perecendo de fome ou sendo humilhado, pensa que Cristo tem um “lado” humano e um “lado” divino. Porém, o cristão não guarda essas dúvidas em seu coração, pois sabe que as duas naturezas de Cristo agem em comunhão uma com a outra por ser Uno em hipóstase. Outro “sinal” duvidado inclusive por seitas modernas que dizem-se cristãs é a Santa Cruz, e já no séc. V São Cirilo de Alexandria fala sobre isso. O cristão aceita a Cruz, pela qual Cristo conquistou os principados das trevas, como sua salvação; já o herege a nega, recusando-se a aceitar que Cristo tenha sido crucificado. O [[Apóstolos Pedro e Paulo|Santo Apóstolo Paulo]] refere-Se à Santa Cruz como “escândalo para os judeus e loucura para os gregos.”<ref>I Coríntios 1</ref> O ancião finaliza com as seguintes palavras: “Uma espada trespas­sa­rá a tua alma, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações.” Essa profecia se refere ao doloroso sofrimento da Mãe de Deus quando estava perante a Cruz contemplando seu Filho crucificado, Ele que ao mesmo tempo era o próprio Filho de Deus. Embora a Panagia não tivesse sentido dor durante o nascimento de Cristo por ter concebido-O sem semente e ter dado à luz sem mácula, uma dor imensamente maior tomou conta dela quando viu-O na Cruz. Essa é a espada que trespassaria a alma da Mãe de Deus, a qual revelou os pensamentos que muitos homens escondiam em seus corações. O sofrimento da Mãe de Deus foi prefigurado nos tempos do Rei Salomão, novecentos anos antes. Em Jerusalém, duas meretrizes se apresentaram perante o rei. A primeira disse que ambas viviam sozinhas na mesma casa e haviam dado à luz na mesma semana, mas o filho da segunda havia morrido porque ela deitara em cima dele enquanto dormia. Então, de acordo com a primeira, a segunda teria pego o filho morto e trocado com o dela enquanto dormia. Quando despertou, viu que aquele filho morto não era dela, mas sim da outra mulher. A segunda desmentiu a versão da primeira, dizendo que não havia trocado os filhos, e o vivo era seu filho. Diante disso, o sábio Salomão pediu aos seus guardas por uma espada, dizendo: “Parti a criança ao meio; dai metade a essa mulher e metade a outra.” Assim que ouviu isso, uma das mulheres caiu de joelhos perante o rei, rogando: “Por favor, senhor, entrega o filho a ela, não o mates!” Já a outra disse: “Nem teu nem meu seja; parti-o ao meio.” Através disso, Salomão soube quem era a verdadeira mãe, e entregou a criança a ela.<ref>III Reis 3</ref> Da mesma forma, o sofrimento indescritível da Panagia diante do Gólgota mostrou a todos que ela era verdadeiramente a Mãe de Deus, ela cuja carne havia sido tomada pelo Filho para que encarnasse. Santo Athanásio de Alexandria, esmiuçando o trecho “A fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações” da profecia, explica que a Santa Cruz de Cristo e Sua Paixão revelariam as inclinações do íntimo dos homens: Pedro Lhe negaria, os discípulos fugiriam, Pilatos se arrependeria de sua decisão ao lavar as mãos, sua esposa creria em Cristo após um sonho, o centurião Lhe reconheceria como Deus através dos seus sinais, José de Arimateia e Nicodemos se ocupariam com o sepultamento, Judas se suicidaria, os judeus subornariam os guardas para sumirem com Seu corpo. Da mesma forma até hoje alguns são salvos, permanecendo na Igreja, e outros são condenados, rejeitando seu poder salvífico. Através do Santo Batismo a Graça de Deus é depositada no coração do homem, mas os pecados acumulados vão encobrindo essa Graça, levando o homem à queda. Após o arrependimento e a luta espiritual, a Graça é mais uma vez revelada no coração, e o homem é erguido novamente em direção à salvação.<ref group=nota>O Batismo só pode ser ministrado uma única vez. Por isso, mesmo que o homem apostate, a Graça não é removida dele, mas sim torna-se tão encoberta pelos pecados que deixa de ser perceptível. Somente através do arrependimento e do retorno à Verdadeira Igreja através do Crisma que a Graça do Batismo será purificada de toda mácula no coração da pessoa.</ref>
A primeira tentativa de equipará-la equiparar essa comemoração às outras grandes festas da Igreja parece ter acontecido em Roma na transição do séc. V para o VI. Naquele tempo, embora proibida, a festa pagã da Lupercália ainda era comemorada em segredo pelos pagãos da cidade de Roma, e qualquer iniciativa de suprimi-la era frustrada pelo Senado, cuja boa parte dos membros era cristã só em nome. Aliás, o mês de fevereiro possui esse nome em alusão à festa pagã (do latim ''februum'' – aquilo ofertado para purificação), que ocorria todo 15 de fevereiro. Diante disso, o Patriarca Gelásio de Roma (492–496) reuniu seus mais habilidosos melodistas para expandirem a Festa da Apresentação e assim destruírem a festividade pagã.
=== A praga de Justiniano ===
=== A apresentação de crianças na Igreja ===
Seguindo o exemplo de Cristo e Sua Mãe, toda mãe cristã ortodoxa apresenta à Igreja seus filhos acompanhada do padrinho deles no quadragésimo dia do nascimento, independentes de serem menino ou menina, primogênito ou não. Em primeiro lugar, a mãe é abençoada após os quarenta dias de seu período de recuperação. Assim como a Igreja intercede por todas as enfermidades do corpo ou da alma, ela também o faz pela mãe que deu à luz e naturalmente sente-se cansada e enfraquecida, bem como pela sua purificação, uma vez que nascemos após a queda do homem. Estando os três mãe, filho e padrinho diante das Portas Reais do altar, o sacerdote e o leitor iniciam as orações, começando pelo trisagion.
Então, a mãe inclina sua cabeça e o sacerdote coloca a mão sobre ela, dizendo:
: Ó Senhor Deus Onipotente, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, por cujo verbo formaste todas as criaturas racionais e irracionais, por Quem trouxeste todas as coisas do nada à existência, nós Te rogamos e suplicamos: purifica a Tua serva …, a quem Tu salvaste pela Tua vontade e que agora vem à Tua santa igreja, de todo pecado e de toda impureza, para que seja digna de participar dos Teus Santos Mistérios sem condenação.
Em seguidaA bênção inicial do ofício é propositalmente dirigida à mãe, e não ao filho, de maneira a demonstrar a importância dada pela Igreja à maternidade. Concluída a oração, é realizada a ação de graças pelo nascimento da criança. Tanto a concepção como o nascimento não são obra somente da natureza, mas sim também da energia de Deus, e por esse motivo os cristãos ortodoxos oferecem seus filhos ao Criador, Ele a Quem as crianças pertencem. A Igreja também intercede pela saúde da criança até que receba o Santo Batismo e, com ele, o Espírito Santo de Deus.<ref group=nota>Embora seja raro, é possível que uma criança tenha recebido o Santo Batismo antes dos quarenta dias de vida, em caso de emergência ou necessidade extrema. Nesse caso, os trechos em itálico são omitidos.</ref> O sacerdote coloca sua mão sobre a cabeça da criança e diz:: Abençoa também essa criança que dela nasceu, concede-lhe o crescimento e a santificação, entendimento e uma mente virtuosa; porque Tu sozinho a trouxeste à existência e mostraste a luz ao seu corpo, ''para que ela seja digna de receber a luz noética no tempo propício e enumerar-se ao Teu santo rebanho'', pelo Teu Filho Unigênito, com o Qual és Bendito, juntamente com o Teu Santíssimo, Bom e Vivificante Espírito. Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.<ref group=nota>Embora seja raro, é possível que uma criança tenha recebido o Santo Batismo antes dos quarenta dias de vida, em caso de emergência ou necessidade extrema. Nesse caso, os trechos em itálico são omitidos.</ref>
Então, todos os presentes inclinam suas cabeças em direção ao altar, e o sacerdote consagra a criança à Santíssima Trindade, nesses termos:
Antes de devolver a criança à mãe, o sacerdote repete as palavras do justo ancião (“Agora, Senhor, despedes em paz…”) com a criança em seus braços, diz a oração de despedida e faz o sinal da Cruz na testa, na boca e no peito da criança, invocando o Nome da Santíssima Trindade.
=== O papel do ofício da apresentação ===
Esse ofício, além de todos os seus aspectos dogmáticos, também chama a atenção por ser o primeiro em que o padrinho da criança será abençoado e chamado por esse nome, ressaltando que o padrinho já deve ter sido escolhido nos primeiros dias de vida da criança (senão antes) para interceder por ela e prover a família com tudo o que for necessário, e não o ser somente após o Santo Batismo.
A apresentação da criança relembra que seu nascimento é uma bênção de Deus, mas a maneira na qual o gênero humano dá à luz é um fruto da queda, na qual o homem desligou-se da Graça de Deus e tornou-se impuro. Esse aspecto é constantemente trazido à mente pela leitura diária do Salmo 50: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.” Portanto, o rito de purificação contido nas orações que o sacerdote faz durante o Ofício de Apresentação deve ser interpretado dessa maneira.
 
Pelo motivo da criança ser apresentada ao Deus Pai, assim como outrora o fora o Cristo, quem toma parte no ofício ao lado da mãe é o padrinho, e não o pai da criança. Conforme a exortação de São Gregório de Nissa, o padrinho deve tomar São José como modelo, e, em vez de oferecer em sacrifício um par de rolinhas, ofertar a pureza de seu corpo e alma; e em troca do par de pombos jovens, oferecer incessantemente suas orações.
 
Dessa maneira, assim como Cristo realizou tudo o que era prescrito pela Lei e retornou à sua pátria segundo a carne, crescendo em sabedoria, da mesma forma as crianças apresentadas retornam à sua verdadeira pátria —a Jerusalém Celestial— se viverem instruídas de acordo com a Lei Divina, pela qual crescerão em sabedoria e alegria, até alcançarem a estatura da perfeição do homem interior, tornando-se moradas do Espírito Santo.
 
Por fim, os outros presentes no ofício não são meros espectadores. Tal como disse Santo Athanásio, o Grande, seu papel está em se assemelharem ao Justo Simeão e a Profetisa Ana, recebendo a Cristo com sabedoria, pureza, inocência, perdão e amor para com Deus e Sua criação. Nenhuma outra pessoa pode receber a Cristo de outra maneira.
 
O ofício da apresentação, continuado ininterruptamente pela Santa Igreja desde o Pentecostes, mostra que Cristo é a vida e a luz dos homens, Ele por Quem todos devem lutar para adquirir a vida verdadeira. Como dizem os hinos da Igreja, “Ilumina minha alma e a luz dos meus sentidos, para que possa ver-Te em pureza; e proclamarei que Tu és o meu Deus.” Para que possamos proclamar a Deus, precisamos primeiro poder vê-Lo com clareza, e para ver a Deus, é necessário que antes sejamos iluminados, resplandecentes em alma e nos sentidos do corpo. Dessa forma, a Festa da Apresentação também é a primeira festa de todos os cristãos nascidos na Igreja.
== Hinos ==
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