Aleixo II (Ridiger) de Moscou

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Patriarca Aleixo II de Moscou e toda a Rùssia.

Patriarca Aleixo II (Ridiger) de Moscou (23 de fevereiro de 1929 — 5 de dezembro de 2008) foi um Patriarca de Moscou e toda a Rússia e líder da Igreja da Rússia de 1990 até a sua morte. O sobrenome von Ridiger é originário de uma antiga família da nobreza germano-báltica que se converteu à ortodoxia no século XVIII.

Vida e ministério

Nascido em Tallinn como Aleksyei Mikhailovitch Ridiguer, entrou para o Seminário Teológico de Leningrado em 1497, graduando-se em 1949. Posteriormente ingressou na Academia Teológica de Leningrado (atual Academia Teológica de São Petersburgo) e completou os estudos em 1953.[1][2]

Em 15 de abril de 1950, Aleixo foi ordenado diácono pelo Metropolita Gregório (Chukov) de Leningrado e em 17 de abril de 1950 presbítero, sendo apontado como reitor da Igreja da Teofania na cidade de Johvi, Estônia, sub jurisdição da Diocese de Tallinn e toda a Estônia. Em 15 de julho de 1957, Padre Aleixo foi apontado reitor da Catedral da Dormição em Tallinn e decano do distrito de Tartu. Foi elevado ao nível de Arcipreste em 17 de agosto de 1958 e apontado decano do decanato unido de Tartu-Viljandi em 30 de março de 1959. Recebeu a tonsura monástica em 3 de março de 1961 na Catedral da Trindade da famosa Lavra da Santíssima Trindade-São Sérgio.[1] Em 14 de agosto de 1961, hieromonge Aleixo foi ordenado bispo de Tallinn e Estônia. Em 23 de junho de 1964 foi elevado a arcebispo e em 25 de fevereiro de 1968, com 39 anos, a Metropolita.[2]

De 1986 até a sua eleição como Patriarca atuou como Metropolita de Novgorod e Leningrado. Após a morte do Pimen (Izvekov) de Moscou, Aleixo foi eleito para se tornar o novo Patriarca da Igreja da Rússia. Foi escolhido por conta da sua base de experiencia administrativa e por ser considerado "inteligente, energético, trabalhador, sistemático, perspectivo e eficiente".[3] Ele também "possuía reputação como um conciliador, uma pessoa que poderia achar um denominador comum entre vários grupos no episcopado"[4]. Arcebispo Crisóstomo (Martyshkin) comentou: "Com a sua disposição pacífica e tolerante, Patriarca Aleixo será capaz de unir todos nós".[5] Patriarca Aleixo II foi "o primeiro patriarca na história soviética a ser eleito sem pressão do governo; os candidatos foram nomeados a partir da assembléia e a eleição foi realizada por voto secreto".[2]

Ao assumir a função de Patriarca, Aleixo se tornou um defensor dos direitos da Igreja, pedindo que o governo soviético permitisse o ensino religioso nas escolas públicas e que uma lei de "liberdade de consciência" fosse criada.[2] Durante a tentativa de golpe de estado em agosto de 1991, ele denunciou a prisão de Mikhail Gorbachev e anatemizou os conspiradores.[2] Ele questionou publicamente a legitimidade da junta, pediu calma aos militares e exigiu que Gorbachev fosse autorizado a falar com as pessoas.[6] Ele emitiu um segundo apelo contra a violência e fratricídio, que foi ouvido através de alto-falantes pelas tropas russas fora da "casa branca" russa meia hora antes deles atacarem.[4] Em uma última análise, o golpe falhou, o que acabou resultado na dissolução da União Soviética.[7]

Sob sua liderança os Novos Mártires e Confessores da Rússia, aqueles sofreram sob o comunismo, foram glorificados, começando pela Grã-Duquesa Elizabeth e os metropolitas Vladimir de Kiev e Benjamim de Petrogrado, em 1992.[8] Em 2000, o Concílio de Toda Rússia glorificou o Tsar Nicolau II e sua família, assim como muitos outros Novos Mártires.[9] Ainda hoje, muitos outros continuam a serem adicionados à lista assim que a comissão sinodal de canonização completa a sua investigação em cada caso.[10]

Apesar de sua idade durante o seu patriarcado, Aleixo II levou uma vida política ativa. Ele era visto com frequência na televisão russa conduzindo serviços religiosos e se encontrando com várias autoridades governamentais.

Patriarca Aleixo II faleceu no Senhor em 5 de dezembro de 2008.

Criticismo

Desde o colapso da União Soviética, houve acusações de que o Patriarca Aleixo possuía vínculos com a KGB, o que resultou em documentos que supostamente vieram de arquivos do comitê soviético na Estônia e que se referem ao Patriarca Aleixo com o codinome "Drozdov".[11] É importante notar que era muito incomum qualquer pessoa ser referenciada nos documentos da KGB antes de 1980 sem um codinome semelhante, independentemente de uma afiliação com a KGB. Patriarca Aleixo sempre negou que ele tivesse sido um agente da KGB,[12] e a autenticidade dos documentos em questão foram contestadas com base no fato deles usarem fontes anacrônicas que não existiam no momento em que o documentos aparentemente se originaram, e que o governo da Estônia fabricou estes documentos a fim de desacreditar na Igreja Ortodoxa Russa[13], que possuía a jurisdição na Estônia.

Professor Nathaniel Davis salientou: "Se os bispos desejaram defender seu povo e sobreviver no cargo, eles tiveram que colaborar de alguma forma com a KGB, com os comissários do Concílio de Assuntos Religiosos e com outra parte e autoridades do governo."[14] Patriarca Aleixo reconheceu que compromissos foram feitos com o governo soviético por bispos do Patriarcado de Moscou e publicamente se arrependeu destes compromissos.[15]

"Defendendo uma coisa, era necessário dar algo em troca. Haviam quaisquer outras organizações, ou quaisquer pessoas entre os que possuíam responsabilidade, não apenas para si, mas para milhares de outros destinos, que naqueles anos da União Soviética não eram obrigados a agir da mesma forma? Diante destas pessoas, no entanto, para quem os compromissos, silêncio, passividade forçada ou expressões de lealmente permitiram que líderes da igreja nestes anos causassem dor, diante destas pessoas, e não somente diante de Deus, eu peço perdão, entendimento e orações."[16]

De acordo com Nathaniel Davis, quando perguntado pela impressa russa sobre as alegações de que ele era um bispo 'compatível', "Aleksi defendeu seu registro, notando que enquanto ele era bispo de Tallinn em 1961 resistiu aos esforços das autoridades comunistas em transformar a Catedral de Alexander Nevsky da cidade em um planetário (que, de fato, eles fizeram em outras partes dos estados bálticos) e converter o Convento da Dormição Pyukhtitsa em uma casa de repouso para mineiros".[17]

Registros oficiais mostram que a diocese de Tallin durante a posse do Patriarca Aleixo teve um menor número de igrejas fechadas a força do que era típico no resto da URSS. Metropolita Kalistos (Wares) nota: "Opiniões divergem sobre a colaboração passada ou de outra forma entre as autoridades comunistas, mas no geral nota-se que ele mostrou firmeza e independência em sua relações como bispo diocesano com o estado soviético.[8]

Nome

Uma confusão pode ocorrer quanto a transliteração de seu nome. Seu nome secular é 'Алексей', transliterado como Aleksei, Aleksey, Alexei ou Alexey. Seu nome religioso é 'Алексий', transliterado como Aleksii, Aleksy, Alexi ou Alexy. Ambos tem origem no grego Alexios (Αλέξιος), que significa "defensor". Tanto no Brasil como em Portugal é comum ele ser tratado pela versão portuguesa do seu nome, Aleixo. Quando se tornou um monge, seu nome não foi alterado; o que era comum na Igreja russa nos tempos soviéticos.


Aleixo II (Ridiger) de Moscou
Precedido por
João (Alekseyev)
Metropolita de Tallinn e Estônia
1961-1986
Sucedido por
Cornélio (Yacobs)
Precedido por
Antônio (Melnikov)
Metropolita de Novgorod e Leningrado
1986-1990
Sucedido por
João (Snychev)
Precedido por
Pimen (Izvekov)
Patriarca de Moscou
1990-2008
Sucedido por
Cirilo I (Gundyayev)


Notas

  1. 1,0 1,1 Alexy II, Patriarch of Moscow and All Russia, Biographical Note, Biography, on the Moscow Patriarchate's official website.
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 Encyclopedia Britannica Online, s.v. Alexis II, http://www.britannica.com/eb/article-9005644/Alexis-II 1/19/2008
  3. Nathaniel Davis, A Long Walk to Church: A Contemporary History of Russian Orthodoxy, 2nd ed. (Oxford: Westview Press, 2003), p. 85.
  4. 4,0 4,1 Nathaniel Davis, A Long Walk to Church: A Contemporary History of Russian Orthodoxy, 2nd ed. (Oxford: Westview Press, 2003), p. 86.
  5. Zhurnal Moskovskoi Patriarkhii, No. 10 (October), 1990, p.16, quoted in Nathaniel Davis, A Long Walk to Church: A Contemporary History of Russian Orthodoxy, 2nd ed. (Oxford: Westview Press, 2003), p. 284.
  6. Nathaniel Davis, A Long Walk to Church: A Contemporary History of Russian Orthodoxy, 2nd ed. (Oxford: Westview Press, 2003), p. 96.
  7. Nathaniel Davis, A Long Walk to Church: A Contemporary History of Russian Orthodoxy, 2nd ed. (Oxford: Westview Press, 2003), p. 97.
  8. 8,0 8,1 Timothy Ware, The Orthodox Church, new ed., (London: Penguin Books, 1997), p. 164.
  9. Sophia Kishkovsky, Russian Orthodox Church is set to mend a bitter schism, International Herald Tribune, 16 de maio de 2007; Second day of bishops' council: Nicholas' canonization approved, Communications Service, Department of External Church Relations, Moscow Patriarchate, 14 de agosto de 2000.
  10. Maxim Massalitin, The New Martyrs Unify Us: Interview with Archpriest Georgy Mitrofanov, participant of the All-Diaspora Pastoral Conference in Nyack (December 8-12, 2003), Pravoslavie.ru, December 13, 2003.
  11. Veja, por exemplo: The Wall Street Journal, 'Cold War Lingers At Russian Church In New Jersey' 28 de dezembro de 2007.
  12. "Official spokesman for the Moscow Patriarchy Father Vsevolod Chaplin labeled such reports as 'absolutely unsubstantiated' in a Wednesday interview with Interfax. 'There is no data indicating that Patriarch Alexy II was an associate of the special services, and no classified documents bear his signature,' he said. 'I do not think that direct dialogue between the current patriarch and KGB took place,' Father Vsevolod continued. However, 'all bishops communicated with representatives of the council for religious matters in the Soviet government, which was inevitable, since any issue, even the most insignificant one, had to be resolved through this body. It is quite another matter that the council forwarded all its materials to the KGB,' he said." Moscow Patriarchate Rejects Times Report of Alexy II'S Collaboration with KGB, Sept 20, 2000 (Interfax). "Chaplin, the church spokesman, said in March, 'Nobody has ever seen a single real document that would confirm the patriarch used his contacts with Soviet authorities to make harm to the church or to any people in the church.' " Russia's Well-Connected Patriarch, Washington Post Foreign Service, 23 May 2002; "Father Chaplin said: 'In recent times many anonymous photocopies of all sorts of pieces of paper have been circulated. In none of them is there the slightest evidence that the individuals we are talking about knew that these documents were being drawn up, or gave their consent. So I don't think any reasonably authoritative clerical or secular commission could see these papers as proof of anything.' " Russian Patriarch 'was KGB spy', The Guardian (London), February 12, 1999.
  13. Alexey Chumakov Agent Drozdov?, 28 de dezembro de 2007.
  14. Nathaniel Davis, A Long Walk to Church: A Contemporary History of Russian Orthodoxy, (Oxford: Westview Press, 1995), p. 96. Davis quotes one bishop as saying: "Yes, we—I, at least, and I say this first about myself—I worked together with the KGB. I cooperated, I made signed statements, I had regular meetings, I made reports. I was given a pseudonym—a code name as they say there... I knowingly cooperated with them—but in such a way that I undeviatingly tried to maintain the position of my Church, and, yes, also to act as a patriot, insofar as I understood, in collaboration with these organs. I was never a stool pigeon, nor an informer."
  15. Has the MP Repented?, 28 de dezembro de 2007.
  16. Da entrevista do Patriarca Aleixo II, dada à "Izvestia" Nº 137, 10 de Junho de 1991, intitulada "Patriarca Aleixo II:—Eu tomo para mim a responsabilidade por tudo o que ocorreu", Tradução inglesa por Nathaniel Davis, A Long Walk to Church: A Contemporary History of Russian Orthodoxy, (Oxford: Westview Press, 1995), p. 89. Veja também History of the Russian Orthodox Church Abroad, por São João de Xangai e São Francisco, 31 de dezembro de 2007.
  17. Nathaniel Davis, A Long Walk to Church: A Contemporary History of Russian Orthodoxy, (Oxford: Westview Press, 1995) ,p. 89f.