Silouan do Monte Athos

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São Silouan do Monte Athos

São Silouan do Monte Athos (em russo: Силуан Афонский; 1866–1938) foi um monge do Mosteiro de São Panteleimon no Monte Athos. Sua festa é comemorada pela Igreja em 24 de setembro. Foi também pai espiritual de São Sofrônio de Essex, a quem confiou seus escritos e, posteriormente, o responsável por escrever e publicar sua biografia, espalhando seus ensinamentos pelo mundo.

Vida

Infância e uma crise de fé

Nascido em 17 de janeiro de 1866, sob o nome de Simeão Ivanovitch Antonov. São Silouan foi um de sete filhos de um casal de camponeses bastante humildes, que habitavam a província russa de Tambov, do distrito de Lebedinsk. Desde muito cedo São Silouan ajudava os pais com o trabalho no campo e praticamente não recebeu educação formal. Apesar disso, o pequeno Simeão era esperto e aprendia as coisas com facilidade.

Quando tinha quatro anos, acontecera o primeiro episódio significativo de sua vida espiritual. Como de costume entre camponeses russos, seu pai gostava de receber peregrinos em sua casa, oferecendo-os hospitalidade. Em um dia de festa, convidou um vendedor de livros ambulante para entrar e ir ter com eles. Uma vez que a família era simples e não tinha educação formal, ficaram impressionados com a erudição do homem. Durante a conversa, no entanto, o vendedor tentava provar ao seu pai que Cristo não era Deus e, mais que isso, que Deus sequer existia. São Silouan ficou particularmente impressionado ao ouvir o vendedor questionar "Onde está, então, esse seu Deus?", e pensou consigo mesmo que, quando crescesse, iria buscar a Deus por toda a Terra. Assim que o homem foi embora, seu pai se mostrou decepcionado com a visita, dizendo "pensei que, por ser tão estudado, fosse um homem inteligente. Mas não passa de um imbecil, não preste atenção a nada que ele tenha dito". Apesar dos conselhos de seu pai, a fé do pequeno Simeão foi profundamente abalada. São Silouan levou muitos anos até que seu coração aceitasse plenamente a existência de Deus.

Adolescência

Assim, aos dezenove anos, Simeão trabalhava como carpinteiro não muito longe de seu vilarejo, na propriedade do príncipe Troubetsky. Ali ouviu uma peregrina contando a alguns trabalhadores sobre São João (Sezenov) de Tambov (28 de julho), de quem havia visitado o túmulo há pouco tempo e presenciado milagres. Ela venerava o santo, que vivera entre 1791 e 1839 naquela mesma vizinhança, e contava a quem quisesse ouvir sobre sua história e as maravilhas que tinha visto. São João de Tambov foi servo de um senhor cruel e impiedoso, de quem fugira e passou a viver como um peregrino, visitando lugares sagrados a pé. Chegou até ser aceito como noviço na Lavra das Cavernas de Kiev. Porém, o senhor conseguiu encontrá-lo, tirou-o dali à força e o acorrentou para que vivesse entre os porcos. Depois de alguns meses, Deus milagrosamente o livrou das correntes e São João passou a viver em Sezenov, de maneira reclusa. Posteriormente, ali fundou um mosteiro.

São Silouan ficou fascinado com a história de São João Sezenov. Ao perceber que um homem santo vivera tão perto, São Silouan percebeu que sair em busca de Deus - como se Deus estivesse em algum lugar distante - não fazia qualquer sentido. "Se esse homem era um homem santo, isso significa que Deus está aqui, Deus está conosco". Por anos, São Silouan procurou por Deus, mas Deus estava com ele o tempo todo.

Naquele dia, São Silouan sentiu sua fé renovada e intensificou suas orações: começava a crescer nele o interesse por uma vida completamente voltada a Deus. Aquele acontecimento o transformou, e fez seu coração se inflamar em amor por Deus. São Silouan orava em lágrimas e, percebendo a mudança dentro dele, ansiou pela vida monástica. Até mesmo a beleza das filhas do príncipe não o abalavam, pois com o coração repleto do divino Eros, conseguia olhar para elas como se fossem irmãs, desapegado das paixões mundanas. Essa primeira visita da Graça durou três meses. No entanto, seu pai não permitiu que fosse para o mosteiro, dizendo que devia antes cumprir o serviço militar, e essa recusa o afastou de seu chamado.

Assim, seu divino zelo pela Fé gradualmente se enfraqueceu e declinou. Simeão voltou a se cercar de amigos da sua idade, a beber e sair com garotas do seu vilarejo, ou seja, voltou-se à vida de um típico jovem. Certa vez, sem ter consciência de sua força física, atingiu um homem com um golpe e quase o matou. Além disso, deixou-se envaidecer pela admiração que tinha entre as garotas, e abandonou sua castidade, cedendo à fornicação.

Porém, São Silouan foi novamente chamado à santidade. Desta vez, por uma visão. Ao dormir, sonhou que uma cobra descia por sua garganta. Ouviu, então, uma voz doce e belíssima murmurar "Assim como você achou repugnante engolir uma cobra em seu sonho, acho repugnante olhar para os caminhos que você decidiu trilhar". Quando ouviu aquela voz, ele soube que vinha da Santíssima Mãe de Deus. Sentiu-se envergonhado pelos seus pecados, e se arrependeu profundamente.

Primeira ida ao Monte Athos

Aos vinte e seis anos, todos os elementos negativos de sua juventude foram finalmente superados pelo seu desejo de viver em humilde por Cristo. Sentindo um profundo desdém pela vaidade da vida mundana, São Silouan foi visitar São João de Kronstadt. São João não estava em casa, então Silouan deixou um bilhete, pedindo que orasse por ele, para que nada o impedisse de se tornar monge.

Em 1892, foi para o Monte Athos, mas só seria tonsurado em 1911. Antes disso, precisou retornar para sua terra natal. Sendo natural da Rússia, foi chamado de volta ao seu país durante a guerra russo-japonesa (1904-1905). Devido à idade, não foi recrutado para a guerra, e passou cerca de um ano em casa. Uma vez que era difícil manter sua rotina de oração e viver em meio ao ruído do mundo, construiu um casebre de barro atrás da casa onde se hospedara. Transformou aquele espaço em sua cela monástica, e orava tanto quanto podia. Curiosos para saber como era a vida na Sagrada Montanha, vizinhos se aproximavam com perguntas e pediam também conselhos a ele. A fim de se fortalecer em meio às tentações do mundo, São Silouan iniciou uma peregrinação nos mosteiros das redondezas: Zadonsk, Troiekurovo e Sezinovo.

São Silouan gostava muito de conversar com as crianças. Essas, ao crescer, contaram aos seus filhos e netos sobre o santo que conheceram. Naquele tempo, São Silouan era apenas um monge, mas as crianças já percebiam nele a Graça Divina, e o tomaram como um santo. Em suas conversas, São Silouan lhes apontava o sol, e comparava seus raios com a onisciência de Deus. Inspirava os pequenos a obedecerem e respeitarem seus pais, a amar Deus e servir à Sua Santa Igreja.


Pós-vida

São Silouan repousou no Senhor em 24 de setembro de 1938, e foi glorificado em 1987. Seus escritos foram confiados a um de seus filhos espirituais, São Sofrônio de Essex, que além de editar e publicar suas memórias, escreveu também sua biografia.

Ligações Externas