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Em 1793 Serafim foi [[Ordenação|ordenado]] um [[hieromonge]], após o que durante um ano ele oficiou e tomou a Santa Comunhão todos os dias. Após esse tempo, começou a retirar-se para sua "[[Eremitério|ermida]] distante", uma floresta afastada cinco quilômetros do Monastério de Sarov. Lá jejuou, leu as [[Escrituras Sagradas]] e os [[Patrística|escritos patrísticos]], e rezou todos os dias. Grande foi a perfeição alcançada por ele nesse tempo. Animais selvagens como ursos, coelhos, lobos, raposas e outros se aproximavam da cabana do asceta. A ''staritza'' do [[Monastério de Diveevo]], Matrona Plescheiva, viu pessoalmente Serafim dando de comer em suas mãos a um urso que veio até ele. "''O rosto dele me pareceu excepcionalmente maravilhoso; estava radiante e iluminado, como o de um anjo''", ela descrevia.  
 
Em 1793 Serafim foi [[Ordenação|ordenado]] um [[hieromonge]], após o que durante um ano ele oficiou e tomou a Santa Comunhão todos os dias. Após esse tempo, começou a retirar-se para sua "[[Eremitério|ermida]] distante", uma floresta afastada cinco quilômetros do Monastério de Sarov. Lá jejuou, leu as [[Escrituras Sagradas]] e os [[Patrística|escritos patrísticos]], e rezou todos os dias. Grande foi a perfeição alcançada por ele nesse tempo. Animais selvagens como ursos, coelhos, lobos, raposas e outros se aproximavam da cabana do asceta. A ''staritza'' do [[Monastério de Diveevo]], Matrona Plescheiva, viu pessoalmente Serafim dando de comer em suas mãos a um urso que veio até ele. "''O rosto dele me pareceu excepcionalmente maravilhoso; estava radiante e iluminado, como o de um anjo''", ela descrevia.  
  

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Ícone de São Serafim com momentos da sua vida

São Serafim de Sarov (30 de julho de 1754 — 14 de janeiro de 1833) foi um dos mais renomados monges russos e místicos da história da Igreja, sendo geralmente considerado o maior staretz (ancião) do século XIX. Ele é lembrado por estender os ensinamentos monásticos de contemplação, theoria e abnegação aos leigos, e ensinar que o propósito da vida cristã era adquirir o Espírito Santo. Sua memória é celebrada no dia 2 de janeiro e a abertura das suas relíquias no dia 19 de julho.

Vida

Primeiros anos

Serafim, batizado Prokhor Issidórovitch Moshnin (em russo: Прохор Исидорович Мошнин) em honra a São Prócoro, um dos Sete Diáconos e discípulo do Santo Apóstolo João, nasceu em 1754 na cidade de Kursk, filho de Isidoro e Ágata Moshnin (Mashnin, segundo algumas fontes), uma família de comerciantes.

Alguns milagres aconteceram ainda na infância de Serafim. Com 7 anos anos de idade caiu da torre em construção da Catedral de Sérgio-Kazan, mas escapou ileso. Aos 10 anos de idade ele ficou seriamente enfermo e viu em um sonho a Theotokos, que prometia curá-lo. Pela graça de Deus, alguns dias depois aconteceu uma procissão em Kursk com o ícone milagroso de veneração local conhecido como Ícone da Mãe de Deus de Kursk. Devido ao mau tempo a procissão seguiu um caminho mais curto que passou exatamente diante da casa dos Mochnin. Sua mãe o levou até o ícone e depois disso se recuperou rapidamente.

Na adolescência precisava ajudar seus pais na loja da família, porém, ao contrário de seu irmão mais velho Alexis, o comércio pouco o atraía. O jovem Serafim gostava de ler a vida dos santos, frequentar a Igreja e se isolar para rezar. Em 1776 fez uma peregrinação a Kiev com outros cinco filhos de comerciantes à Lavra de Kiev-Pechersk. Kiev era uma cidade santa, "a mãe das cidades russas" onde em 989 o Santo Príncipe Vladimir batizou seu povo no Rio Dniepr. Serafim encontrou ali a vida que ele buscava. O Ancião Dositeu de Kiev o abençoou e mostrou-lhe o lugar onde ele deveria fazer os votos: Sarov. "Vai sem medo" teria dito o ancião, "e permanece lá. É lá que salvarás tua alma. É lá também que terminarás tua peregrinação terrestre. Familiariza-te com a lembrança constante de Deus. Invoca seu Santo Nome. E o Espírito Santo virá habitar em ti e guiará tua vida em total santidade."

Ao retornar para casa contou a notícia a família. Apesar da separação com a mãe ter sido muito difícil, ela o abençoou com um grande crucifixo de cobre, o qual ele usou durante toda a vida, por cima de suas vestes. Em 1977, com 19 anos de idade, entrou para o Monastério de Sarov como um noviço.

Entrada ao monastério

Desde o primeiro dia no mosteiro, a abstinência excepcional de alimentos e sono tornou-se particularidade característica de sua vida. Ele se alimentava apenas uma vez ao dia, e assim mesmo de muito pouco. Às quartas e sextas-feiras não comia nada. Após pedir a benção de seu starets (superior espiritual), ele passou a se embrenhar na floresta com freqüência para oração e contemplação religiosa. Pouco tempo depois ele adoeceu gravemente, e durante três anos foi forçado a ficar acamado a maior parte do tempo.

E mais uma vez ele foi curado pela Virgem. Ela apareceu para ele acompanhada por vários santos, e apontando para o venerável Serafim, a Virgem falou ao Apóstolo João, o Teólogo: "Este é da nossa linhagem." Depois, tocando seu flanco com o bastão, Ela o curou.

A tonsura monástica realizou-se em 1786, quando ele tinha 27 anos. Deram-lhe o nome de Serafim, o que em hebraico significa "ardente, ígneo." Logo ele foi feito hierodiácono. Ele de fato justificava seu nome pelo seu ardor extraordinário da oração. Todo o tempo, exceto em um breve descanso, ele passava na Igreja. Por conta dessa comunhão com Deus e de sua frequência nos serviços religiosos, foi digno de poder ver anjos servindo e cantando dentro do templo, assim como pode ver durante a liturgia da quinta-feira Santa o próprio Senhor Jesus Cristo na forma do Filho do Homem, seguindo para a Igreja junto com uma legião celestial e abençoando a todos que rezavam. Assombrado com esta visão o Santo não conseguiu falar por um longo tempo.

Ordenação e início da vida ermita

São Serafim alimentando um urso. Fragmento de litografia "O caminho para Sarov", 1903

Em 1793 Serafim foi ordenado um hieromonge, após o que durante um ano ele oficiou e tomou a Santa Comunhão todos os dias. Após esse tempo, começou a retirar-se para sua "ermida distante", uma floresta afastada cinco quilômetros do Monastério de Sarov. Lá jejuou, leu as Escrituras Sagradas e os escritos patrísticos, e rezou todos os dias. Grande foi a perfeição alcançada por ele nesse tempo. Animais selvagens como ursos, coelhos, lobos, raposas e outros se aproximavam da cabana do asceta. A staritza do Monastério de Diveevo, Matrona Plescheiva, viu pessoalmente Serafim dando de comer em suas mãos a um urso que veio até ele. "O rosto dele me pareceu excepcionalmente maravilhoso; estava radiante e iluminado, como o de um anjo", ela descrevia.

Um dia, enquanto cortava madeira, Serafim foi atacado por uma gangue de ladrões. Em resposta às ameaças e as exigências de dinheiro, ele colocou o machado no chão, cruzou os braços sobre o peito e obedientemente se rendeu aos bandidos. Eles começaram a golpeá-lo na cabeça com o cabo do seu próprio machado e o sangue começou a escorrer de sua boca e ouvidos. Serafim caiu sem sentidos e começaram a bater nele com um pedaço de madeira tosca, dando inclusive pontapés e o arrastando pelo chão. Eles pararam de golpeá-lo somente quando pensaram que ele estava morto. O único tesouro que os bandidos acharam em sua cela foi o ícone do Enternecimento da Mãe de Deus, diante do qual ele sempre orava. Quando, após algum tempo, os bandidos foram capturados e julgados, o hieromonge tomou a defesa deles diante do juiz. Serafim ficou encurvado pelo resto da sua vida após essas as agressões físicas.

Entretanto, após este incidente começa o período estilista de sua vida, quando ele passou mil noites sucessivas em uma rocha na floresta em oração contínua e com os braços levantados para o céu, um feito quase super-humano de ascetismo, especialmente considerando a dor que os seus ferimentos já lhe causavam.

Por causa da visão especial da Mãe de Deus, ao final de sua vida tomou para si a incumbência de tornar-se um staretz (ancião). Ele começou a receber todos que vinham procurá-lo atrás de um conselho ou orientação. Muitos milhares de pessoas, de todo tipo de vida e condição, começaram a visitar Serafim, o qual as enriquecia do seu tesouro espiritual adquirido por ele pelos feitos (ou atos) de muitos anos. Todos o viam como uma pessoa dócil, alegre, meditativamente cordial. Ele saudava os que chegavam com as palavras: "Minha alegria"! A muitos ele aconselhava: "Adquire a paz de espírito e milhares se salvarão a teu redor." Não importa quem viesse até ele, ele se inclinava diante de todos até o chão e os abençoava, beijando-lhes as mãos. Ele não necessitava de que os visitantes lhes contassem a seu respeito, pois sabia de antemão aquilo que cada um tinha na alma. Ele dizia ainda: "Alegria não é pecado. Ela afasta o cansaço, pois, do cansaço surge o desânimo, e não há nada pior do que isto."

"Ah, se você soubesse", dizia ele certa vez a um monge, "que alegria, que doçura aguardam a alma do justo no Céu, você decidiria suportar com gratidão qualquer tristeza, aflição, perseguição e calúnia nesta vida passageira. Se esta nossa própria cela estivesse cheia de vermes, e se esses vermes estivessem comendo nossa carne no decorrer de toda nossa vida na terra, deveríamos concordar com isso, com todas as nossas forças, afim de não perdermos de forma alguma a alegria celestial que Deus preparou para aqueles que O amam".

Motovilov e a transfiguração

Um acontecimento milagroso da transfiguração da face de Serafim foi descrito por um discípulo e admirador próximo: Nikolai Motovilov. Aconteceu no inverno, num dia nublado. Motovilov estava sentado sobre um tronco na floresta. Padre Serafim estava acocorado diante dele falando sobre o sentido da vida cristã, explicando, por que nós, cristãos, vivemos na terra.

"É preciso que o Espírito Santo penetre em nosso coração", dizia ele. "Tudo aquilo de bom que nós fazemos por Cristo, nos é dado pelo Espírito Santo, porém mais do que tudo a oração, a qual está sempre em nossas mãos."

"Batiushka" (padre), respondeu Motovilov, "como é que eu posso ver a graça do Espírito Santo; como posso saber se Ele está comigo ou não?"

Padre Serafim começou a dar-lhe exemplos da vida dos santos e apóstolos, porém Motovilov ainda não havia compreendido. Ele então tomou-o com firmeza pelo ombro e disse: "nós dois agora, meu caro, estamos no Espírito Santo". Foi como se os olhos de Motovilov se abrissem, e ele viu que o rosto de Serafim brilhava mais do que o sol. Em seu coração Motovilov sentiu alegria e paz, seu corpo estava cálido, como no verão, e ao redor deles se espalhava uma doce fragrância.

Ele se apavorou com esta mudança extraordinária, principalmente com o fato de que o rosto do starets resplandecia como o sol. Mas Serafim disse-lhe: "Não tenha medo, meu caro. Você nem poderia estar me vendo se você mesmo não estivesse na plenitude do Espírito Santo. Agradeça ao Senhor por Sua misericórdia para conosco." Foi assim que Motovilov compreendeu, na mente e no coração, o que significava a descida do Espírito Santo e Sua transfiguração no homem.

Hinos

Tropário, Tom 4:

Tu amaste a Cristo desde a tua juventude, Ó Bendito,
e desejando somente a Ele servir, no deserto tu lutastes com trabalho e oração constantes.
Com coração penitente e grande amor a Cristo, tu foste escolhido como favorito pela Theotokos.
Por este motivo nós clamamos a ti: salva-nos com tuas preces, Ó Serafim nosso bondoso pai.

Kondákion, Tom 2:

Tendo deixado a beleza da terra e o que há de corrupto nela, Ó santo,
tu te estabeleceste no Mosteiro de Sarov, e ali viveste uma vida angélica,
fostes para muitos o caminho para a salvação.
Por isto Cristo te glorificou, Ó Pai Serafim,
e te enriqueceu com o dom da cura e milagres.
E então nós clamamos a ti: Alegra-te, Ó Serafim, nosso bondoso pai.

Fontes