Profeta Elias

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Santo Elias.

O Santo Glorioso Profeta e Taumaturgo Elias (séc. IX a.C.) foi um dos maiores profetas do Antigo Testamento, e o primeiro que se dedicou à castidade. A Igreja o comemora em 20 de julho.

Vida

Em Tisbe, Gileade (atual Jordânia), na tribo dos levitas nasceu Elias, 900 anos antes da vinda de Jesus Cristo. Quando Elias nasceu, seu pai Sobac teve uma visão em que seu filho estava rodeado de anjos, que o cercavam com fogo. Desde sua infância, Santo Elias dedicava-se ao Deus Uno, viajava ao ermo constantemente e passava sua vida em estrito jejum, meditação e oração. Chamado para o serviço profético, o qual o pôs em conflito com o Rei Acabe I de Israel (874–853 a.C.), Elias tornou-se um feroz zelote da Fé e da piedade.[1]

Naquele tempo, Israel já havia deixado a fé de seus pais e abandonado o Deus Verdadeiro. O Rei Jeroboão I de Israel (922–901 a.C.) havia começado o culto aos deuses pagãos, que se expandiu entre os israelitas. A Rainha Jezabel, esposa de Acabe, era devota aos ídolos, e persuadiu Acabe a erguer um templo dedicado ao deus pagão Baal, para o qual diversos israelitas foram seduzidos. Estando diante das ruínas de sua nação, o profeta começou a queixar-se contra a impiedade do rei, exortando-o a arrepender-se e voltar-se para o Deus de Israel. Após o rei não lhe dar ouvidos, Elias declarou que, como punimento, os solos de Israel não veriam nem gotas de chuva — sequer gotas de orvalho — até o Senhor ouvir a oração do rei.

“Suas palavras queimavam como uma tocha ardente.” (Eclesiástico 48:1)

Os céus se fecharam por três anos e meio naquela região, trazendo secas e fomes por toda a terra. Elias havia sido enviado pelo Senhor a uma caverna após o rio Jordão, onde ele foi milagrosamente alimentado por corvos. Quando a torrente do rio Carite, pelo qual ele recebia água, secou, o Senhor o enviou para Sarepta, onde havia uma pobre viúva de Sidom que estava prestes a morrer de fome com seus filhos. Crendo no profeta, a viúva preparou-o um pão com tudo que a restava de farinha e óleo conforme pedido por ele. Pelas orações do santo, farinha e óleo abundaram na casa da viúva durante todo o tempo de fome, e, quando seu filho morreu, o profeta realizou um milagre: ele trouxe seu filho de volta à vida.[2]

Após três anos de seca, o Senhor Misericordioso enviou o profeta perante o Rei Acabe, com a promessa de permitir novamente a chuva em Israel mediante o comparecimento de toda a nação no Monte Carmelo, juntamente com os sacerdotes pagãos. Então, apresentando-se perante todo o povo, Elias propôs que fossem feitos dois altares de sacrifício: um a Baal, outro ao Senhor. O povo invocaria então o nome de seu deus, enquanto Elias sozinho invocaria o do Altíssimo. A lenha que se acendesse milagrosamente determinaria se Deus ou Baal seriam reconhecidos como verdadeiros. Os israelitas ficaram a manhã inteira invocando o nome de Baal, mas nada acontecia. Chegaram até a se cortarem para oferecerem seus próprios sangues, mas o novilho permanecia intacto. Pelo início da tarde, o Profeta Elias ergueu seu altar com doze pedras, que simbolizavam as tribos de Israel. Pediu então que fossem derramadas doze talhas d'água sobre o holocausto e orou:

“Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, saibam todos hoje que sois o Deus de Israel, que eu sou Vosso servo e que por Vossa ordem fiz todas estas coisas. Ouvi-me, Senhor, ouvi-me, para que este povo reconheça que Vós, Senhor, sois Deus e que sois Vós que converteis os seus corações!”

Nisso, labaredas desceram dos céus, consumindo o sacrifício, a lenha e até a água. O povo então caiu por terra e exclamou: “O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!” Liderados por Santo Elias, os israelitas não deixaram vivos um só dos falsos profetas de Baal. Pelas orações do profeta, os céus trouxeram a chuva, que irrigou toda a terra.[3]

O rei arrependeu-se das suas transgressões, mas a Rainha Jezabel jurou por sua vida que acabaria com a vida do santo profeta. Elias fugiu para Bersabeia, onde caminhou sozinho pelo deserto de Judá durante um dia. Lamentando seu “fracasso”, o piedoso profeta faria uma última oração: “Basta, Senhor, tirai-me a vida, porque não sou melhor do que meus pais.” Um anjo do Senhor apareceu a ele e fortaleceu-o com um pão, o qual o deu o vigor para caminhar quarenta dias e quarenta noites até o Monte Horebe, onde abrigou-se numa caverna. No dia seguinte, o Senhor disse-lhe para permanecer no cume do monte. Houveram furacões, terremotos e até labaredas, mas o Senhor não estava no meio delas. Então houve uma brisa, e nela estava o Senhor. A Presença revelou-o que subsistiriam sete mil israelitas que não ajoelharam-se perante Baal nem o beijaram, e então disse-lhe para Hazael como rei da Síria (842–796 a.C), Jeú de Jeosafá como rei de Israel (841–814 a.C.) e Eliseu de Abel-Meolá como seu sucessor profético.[4]

Naquele tempo, o Rei Beneadade II da Síria (880–842 a.C.) cercou Samaria e preparou uma guerra com o Rei Acabe, mas esse recebeu uma revelação de um certo profeta que Deus estaria com Israel, e assim Acabe saiu vitorioso. Porém, o profeta avisou-o que Beneadade voltaria a atacar Israel no ano seguinte. Pela descrença dos sírios, que entenderam que Deus era um deus dos montes e não das planícies, o Senhor novamente esteve com Israel no novo ataque, no qual, mesmo em desvantagem, Israel matou cem mil sírios. Beneadade pediu misericórdia a Acabe, que o poupou e estabeleceu um tratado entre as duas nações. Isso, porém, foi contra a vontade de Deus, e futuramente Beneadade voltaria a atacá-lo.[5]

Elias então foi informado pela Palavra do Senhor que Nabote, dono de um vinhedo, havia sido apedrejado até a morte após negar cedê-la ao rei, pois era herdeiro dela. A rainha falsamente acusou-o ao povo de ter amaldiçoado a Deus e ao rei, e a multidão o matou. Elias pôs-se em direção ao palácio de Acabe, e lá profetizou o aniquilamento de toda a família real, cujos cadáveres seriam comidos pelos cães e pelas aves do céu. Acabe, ao ouvir essas palavras, humilhou-se perante o Senhor, rasgou suas vestes e jejuou. Com isso, o Senhor revelou a Elias que o castigo não mais viria durante seu reinado, mas sim nos dias de seu filho e sucessor, Acazias (853–852 a.C.).[6]

Três anos depois, o Rei Jeosafá de Judá (871–848 a.C) encontra-se com Acabe e convoca-o para uma guerra contra Beneadade II pelas terras de Ramote-Gileade, que há muito tempo haviam sido tomadas pelos sírios.

Referências

  1. 3 Reis 16
  2. 3 Reis 17
  3. 3 Reis 18
  4. 3 Reis 19
  5. 3 Reis 20
  6. 3 Reis 21

Ligações externas