Policarpo de Esmirna

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São Policarpo de Esmirna

O Santo Hieromártir Policarpo, Bispo de Esmirna foi um Padre Apostólico do século I, que vivia na cidade de Esmirna, na província romana da Ásia. Sua festa é comemorada pela Igreja no dia 23 de fevereiro.

Vida

São Policarpo virou órfão ainda na infância, mas foi criado por uma piedosa viúva chamada Calista. Após a morte de sua mãe adotiva, Policarpo distribuiu suas possessões e começou a seguir uma vida casta, cuidado dos doentes e dos enfermos. Ele era íntimo de São Bucólio, Bispo de Esmirna, o qual gostava muito dele, e o ordenou diácono, confiando a ele a pregação da Palavra de Deus na igreja. Mais tarde, ele o ordenou ao santo sacerdócio.

O santo Apóstolo João, o Teólogo, estava vivo nesse tempo, e também era íntimo de Policarpo, tanto que este o acompanhava em suas viagens apostólicas. Antes de sua morte, São Bucólio expressou seu desejo de tornar Policarpo bispo. Quando foi consagrado como Bispo de Esmirna, o Senhor Jesus Cristo apareceu perante ele.

São Policarpo guiou seu rebanho com um zelo apostólico, e também era amado pelo seu clero. Santo Inácio, Bispo de Antioquia, também possuía um grande apreço por ele; partindo para Roma, onde a execução o aguardava, ele escreveu a São Policarpo: “O tempo atual exige tua presença, para chegares até Deus, assim como os pilotos anelam pelos ventos e os açoitados da tempestade pelo porto.”[1]

Nesse tempo, o imperador Marco Aurélio (161–180) subiu ao trono romano, e deu início a uma perseguição mais feroz aos cristãos. Os pagãos ansiavam que o juiz fosse atrás de São Policarpo, “pai de todos os cristãos” e “sedutor de toda a Ásia”. São Policarpo, pelo persistente pedido de seu rebanho, ficou numa pequena vila, não tão longe de Esmirna. Quando os soldados vieram atrás dele, ele os recepcionou e convidou-os para comer. Pediu também um tempo para orar, para que pudesse preparar-se para o martírio.

Tendo sido levado a julgamento, São Policarpo firmemente confessou sua fé em Cristo, e foi condenado para ser queimado vivo. Os carrascos queriam pregá-lo num poste, porém, tendo declarado que Deus o daria a força para aguentar as chamas, eles simplesmente o amarraram em cordas. As chamas circundavam o santo, como uma muralha de proteção, e não o tocavam. Vendo que o fogo não o feria, os pagãos mataram-no com um punhal. Sua ferida jorrou tanto sangue que o fogo foi extinto. O corpo do Hieromártir foi então cremado.

Pós-vida

Os cristãos de Esmirna reverentemente se reuniam sobre os resquícios de suas santas relíquias, e anualmente celebravam o dia de seu martírio. Seu sofrimento e morte foram gravados na “Epístola dos Cristãos da Igreja de Esmirna às Outras Igrejas”, um dos mais antigos memoriais da literatura cristã.

Um relato foi preservado sobre São Policarpo por seu discípulo, Santo Irineu de Lião:

“Sendo eu ainda criança, te vi na casa de Policarpo na Ásia inferior, […] tanto que posso inclusive dizer o local em que o bem-aventurado Policarpo dialogava sentado, assim como suas saídas e entradas, seu modo de vida e o aspecto de seu corpo, os discursos que fazia ao povo, como descrevia suas relações com João e com os demais que haviam visto o Senhor e como recordava as palavras de uns e de outros; e o que tinha ouvido deles sobre o Senhor, seus milagres e seu ensinamento.
E estas coisas, pela misericórdia que Deus teve para comigo, também eu escutava então diligentemente e as anotava, mas não em papel, mas em meu coração, e pela graça de Deus, sempre as estou ruminando fielmente e posso testemunhar diante de Deus que, se aquele bem-aventurado e apostólico presbítero tivesse escutado algo semelhante, teria lançado um grito, teria tampado os ouvidos e, dizendo como era seu costume: ‘Deus bondoso! Até que tempos me conservaste, para ter que suportar estas coisas!’”[2]

Durante sua vida, o santo Bispo escreveu várias epístolas ao seu rebanho e cartas a inúmeras pessoas. A única epístola que sobreviveu até os dias de hoje foi sua Epístola aos Filipenses, a qual, segundo São Jerônimo, era lida nas igrejas da Ásia Menor durante os ofícios divinos. Ela foi escrita pelo santo em resposta ao pedido dos filipenses de enviar algumas cartas sobre o Hieromártir Inácio, as quais São Policarpo tinha em sua posse.

Referências

Ligações externas