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Após seu martírio, o santo bispo apareceu a vários fiéis enquanto dormiam para confortá-los, e alguns o viram orando pela cidade de Roma. Ouvindo a grande coragem do santo, Trajano aboliu a perseguição em todo o império.
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Após seu martírio, o santo bispo apareceu a vários fiéis enquanto dormiam para confortá-los, e alguns o viram orando pela cidade de Roma. Ouvindo a grande coragem do santo, Trajano aboliu a perseguição em todo o império. Mais tarde, suas relíquias foram levadas a Antioquia. Seu venerável crânio existe até os dias de hoje na Grécia.
  
 
== Referências ==
 
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Revisão das 02h45min de 21 de dezembro de 2019

Santo Inácio.

O Santo Hieromártir Inácio, Bispo de Antioquia (m. 107), portando também o título de Teóforo, foi um grande Padre Apostólico e primaz do Patriarcado de Antioquia e Todo o Oriente. Sua festa é celebrada no dia de seu martírio, 20 de dezembro, e no dia da transladação de suas relíquias a Antioquia, 29 de janeiro.

Vida

Conforme relatado pelos santos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas, após a Transfiguração do Senhor, os santos apóstolos perguntavam entre si qual deles seria o maior no Reino dos Céus, mas temiam fazer essa pergunta a Jesus Cristo. Então, penetrando-Se em seus pensamentos, o Senhor tomou uma criancinha e os disse:

“Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos Céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos Céus. E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a mim que recebe. Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que creem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem no fundo do mar.”[1]

Segundo a Santa Tradição, esse menino viria a ser Santo Inácio, ordenado pelo próprio Apóstolo Pedro como segundo Bispo de Antioquia. Seu epíteto “Teóforo” (Portador de Deus), deu-se devido a ele possuir Deus em seu coração e manter com sucesso a oração perpétua a Ele.

Santo Inácio nas paredes do Mosteiro de São Lucas, Grécia.

Santo Inácio foi, juntamente com São Policarpo, Bispo de Esmirna (69–156), discípulo do santo Apóstolo João. Durante a era do Imperador Domiciano (81–96), Santo Inácio alentou muitos confessores na esperança de ganharem a vida eterna, consolou os prisioneiros e compartilhou seu desejo de unir-se a Cristo através do martírio. Mas o bispo não sofreu tormentos durante esse tempo, o que fê-lo sentir-se desiludido pelo fato das perseguições terem chegado ao fim sem que Deus o tivesse chamado. Como Bispo de Antioquia, Santo Inácio era zeloso e não media esforços para expandir a Igreja de Cristo. A partir de uma visão dos anjos no Céu cantando alternadamente louvores ao Senhor, Santo Inácio dividiu seu coral da mesma forma, sendo a ele atribuída a prática das antífonas (canto em dois coros) durante os ofícios litúrgicos.

No ano 106, o Imperador Trajano (98–117), voltando de suas vitoriosas campanhas militares, ordenou que todo o império desse graças aos deuses pagãos, e morte àqueles que se negassem. No ano seguinte, Trajano passava pela província da Síria, quando foi informado de Inácio, um bispo de confessava abertamente a Cristo e ensinava a desprezar as riquezas, viver virtuosamente e preservar a virgindade. Santo Inácio apresentou-se voluntariamente ao imperador, para adverti-lo da perseguição contra os cristãos em Antioquia, além de negar seus vários pedidos para oferecer sacrifícios aos ídolos.

Com desprezo, Trajano lhe perguntou: “Eras discípulo do Crucificado, na época de Pôncio Pilatos?” E o bispo: “Sim, sou discípulo d’Aquele que apagou meus pecados na Cruz, que derrotou o demônio e seus símbolos sob seus pés.” O imperador ainda perguntou: “Por que te chamas teóforo?” E ele: “Pois trago Cristo vivente dentro de mim.” Trajano ainda tentou seduzi-lo a oferecer sacrifícios aos ídolos, oferecendo-o o cargo de senador de Roma e, mesmo assim, Santo Inácio manteve-se firme em sua confissão. Então, o imperador ordenou que o santo fosse flagelado com bolas de ferro. Logo em seguida, queimaram seus lados com incensários de carvão e óleo, fizeram-no ficar em pé sob carvão aceso e o arranharam com garras de ferro. Pela graça divina, o confessor saiu ileso das torturas.

O imperador, então, decidiu enviá-lo a Roma, dizendo: “Que seja então o portador do Crucificado nas prisões de Roma, e que lá sejas jogado aos leões para diversão do povo.” Santo Inácio alegremente aceitou sua sentença. Sua ansiedade pelo martírio foi atestada por uma testemunha, que o acompanhou até Roma. Segundo ela, Santo Inácio fervorosamente beijava suas pesadas correntes que carregava, chamando-as de “minhas preciosas pérolas espirituais”.

No caminho a Roma, o barco fez uma parada em Esmirna, na costa oeste da Anatólia, onde Santo Inácio se reencontrou com São Policarpo e outros cristãos da região. Lá, ele os exortou em ajudá-lo através de suas orações, para que Deus o desse forças em seu iminente martírio por Cristo. Em um trecho de sua Epístola aos Romanos, lê-se:

“A Ele é que procuro, que morreu por nós; quero Aquele que ressuscitou por nossa causa. Aguarda-me o meu nascimento. Perdoai-me, irmãos: não queirais impedir-me de viver, não queirais que eu morra; ao que quer ser de Deus não o presenteeis ao mundo nem o seduzais com a matéria. Permiti que receba luz pura: quando lá chegar serei homem. Permiti que seja imitador do sofrimento de meu Deus. Se alguém o possui dentro de si, há de saber o que quero e se compadecerá de mim, porque conhece o que me impulsiona. […] Meu amor está crucificado e não há em mim fogo para amar a matéria; pelo contrário, água viva murmurando dentro de mim, falando-me ao interior: Vamos ao Pai!”[2]
Martírio de Santo Inácio no Menológio de Basílio II.

De Esmirna, Santo Inácio foi a Trôade (150 quilômetros ao norte), onde recebeu com alegria as notícias do fim da perseguição de cristãos em Antioquia. De lá, foi para Neápolis (na Macedônia), Filipos e então Roma. No caminho, Santo Inácio visitou diversas igrejas, instruindo os cristãos de lá, e também escreveu diversas epístolas aos cristãos de Éfeso, Magnésia, Trales, Roma e Filadélfia, além de uma a São Policarpo. Os cristãos de Roma se reuniram com Santo Inácio com grande alegria e profunda lamentação. Alguns tentaram impedir sua execução, mas o santo implorou-os a não fazer isso. De joelhos, ele orou juntamente com os romanos pela Igreja, pelo amor entre os irmãos e pelo fim da perseguição contra os cristãos.

Em 20 de dezembro de 107, durante um festival pagão, quando Santo Inácio foi conduzido até a arena, viram-no repetindo incessantemente o Nome de Jesus Cristo, e o perguntaram o porquê. Ele os respondeu que Seu Nome estava escrito em seu coração. Adentrando na arena como se fosse um Santo Altar, ele se voltou ao povo e disse:

“Homens de Roma, sabeis que minha sentença de morte não se deu por um crime, mas pelo meu amor por Deus, cujo amor aderi. Minha alma almeja estar com Ele, e ofereço-me a Ele como um puro pão, feito de trigo fino moído pelos dentes destes animais selvagens.”

Em seguida, lançaram os leões, que devoraram seu corpo por completo. Dele, só havia restado o coração e alguns ossos. Quando os pagãos abriram seu coração, em letras douradas, estava escrito:

Jesus Cristo

Pós-vida

Após seu martírio, o santo bispo apareceu a vários fiéis enquanto dormiam para confortá-los, e alguns o viram orando pela cidade de Roma. Ouvindo a grande coragem do santo, Trajano aboliu a perseguição em todo o império. Mais tarde, suas relíquias foram levadas a Antioquia. Seu venerável crânio existe até os dias de hoje na Grécia.

Referências

  1. Mateus 18:1–7, Marcos 10:13–16 e Lucas 9:46–48
  2. Epístola de Santo Inácio aos Romanos, 5

Ligações externas