Gregório de Nissa

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São Gregório, Bispo de Nissa (séc. IV), chamado de “Pai dos Pais”, foi uma santa chama da Ortodoxia em meio às heresias dos primeiros séculos. Sua abençoada memória é comemorada pela Igreja no dia 10 de janeiro.

Vida

Gregório nasceu provavelmente durante o reinado de Constâncio II (324–350) na província romana do Ponto (atual costa norte da Turquia). Era o irmão mais novo de São Basílio, o Grande, e viveu durante a controvérsia do Arianismo. Tendo recebido uma excelente educação, tornou-se professor em retórica. Em 370, São Basílio foi escolhido Bispo de Cesareia (370–379).

Em 372, durante o reinado de Valente (364–378), um ariano, foi consagrado Bispo de Nissa, na Capadócia, por seu irmão. Gregório era um fervoroso defensor da Ortodoxia, e lutou contra a heresia ariana com São Basílio. Os arianos, por sua vez, perseguiram-no, acusando-o falsamente de apropriação dos bens da igreja e de ordenação irregular de bispos, o que levou a ser preso em 375 em Ancira (atual Turquia central). No ano seguinte, Gregório foi deposto por um concílio de bispos arianos, mas continuou a pregar a Ortodoxia ao seu rebanho, vagando de um lugar para o outro.

Após a morte de Valente, Graciano (367–383), do Ocidente, escolheu São Teodósio, o Grande (379–395) para ser Imperador no Oriente. Em 379, São Gregório foi reinserido no episcopado e com alegria foi recebido pelo seu rebanho. No mesmo ano, São Basílio repousou no Senhor. São Gregório sobreviveu à perda de seu irmão e guia com muita dificuldade. Ele compôs uma oração fúnebre e concluiu o estudo de São Basílio acerca dos seis dias da Criação, o Hexamerão.

Ainda em abril de 379, São Gregório esteve presente no Concílio de Antioquia contra os heréticos que se recusavam a reconhecer a virgindade perpétua da Mãe de Deus ou que adoravam a Mãe de Deus como sendo o próprio Deus. Durante esse tempo, visitou e afirmou os ensinamentos ortodoxos às igrejas da Arábia e da Palestina, as quais estavam infectadas com a heresia ariana. Nessa jornada, São Gregório peregrinou a Jerusalém e às terras santas. Logo em seguida, outro São Gregório, o Teólogo, foi proclamado Arcebispo de Constantinopla (379–381), embora sua formalização só tenha acontecido em 381.

Em 381, os santos Imperador e Arcebispo convocaram em Constantinopla o Segundo Concílio Ecumênico, que anatemizou também outra heresia, a do Macedonianismo, que negava a divindade do Espírito Santo. Nesse concílio, por iniciativa de São Gregório, foi concluído o Credo Niceno-Constantinopolitano, usado por toda a Igreja Ortodoxa até o presente.

Na era do santo Arcebispo Nectário de Constantinopla (381–397), São Gregório participou do Concílio de Constantinopla de 383, o qual anatemizou o Anomeanismo, que reafirmava Jesus Cristo como sendo de uma natureza diferente da do Pai. Na ocasião, pregou um sermão sobre a divindade do Filho e do Espirito Santo. Em 386, realizou o ofício fúnebre em memória à santa Imperatriz Flacila, esposa de São Teodósio e mãe do santo Imperador Arcádio (383–408). Esteve também presente no Concílio de Constantinopla de 394, o qual abortou questões sobre a Igreja na Arábia.

São Gregório distinguia-se por sua magnanimidade, paciência e amor pela paz, tendo influenciado significativamente a vida da Igreja de sua época. Sua irmã, Santa Macrina, a Jovem, escreveu-o:

“És conhecido tanto nas cidades como nas reuniões de pessoas e em todos os distritos. As igrejas clamam por sua ajuda.”

São Gregório é conhecido na história como um dos maiores pensadores cristãos do século IV. Dotado do talento filosófico, o santo bispo via a Filosofia como um meio para a penetração mais profunda no significado verdadeiro da revelação divina. Tendo atingido a velhice, repousou logo após esse último concílio. São Gregório nos deixou muitas obras notáveis de caráter dogmático, além de sermões e discursos.